O ET (provavelmente) anda por aí — preparem-se
-
0:00 - 0:02Andará por aí o ET?
-
0:02 - 0:04Bem, eu trabalho no SETI Institute.
-
0:04 - 0:06É quase o meu nome: SETI,
-
0:06 - 0:08Procura de Inteligência Extraterrestre.
-
0:08 - 0:10Por outras palavras,
procuro extraterrestres. -
0:10 - 0:13Quando digo isso às pessoas,
num coquetel, geralmente, -
0:13 - 0:16fitam-me com um olhar
ligeiramente incrédulo. -
0:16 - 0:18Eu tento manter uma fisionomia
relativamente calma. -
0:18 - 0:21Muitas pessoas pensam
que isto é um bocado idealista, -
0:21 - 0:24ridículo, talvez até vão.
-
0:24 - 0:27Mas quero falar-vos um pouco
do motivo por que penso -
0:27 - 0:31que o trabalho que tenho é,
na realidade, um privilégio, -
0:31 - 0:33e falar-vos um pouco
do que me motivou a aceitar -
0:33 - 0:36este tipo de trabalho
— se lhe podemos chamar assim. -
0:36 - 0:38Esta coisa... ops,
podemos voltar atrás? -
0:38 - 0:40Alô, chamo a Terra.
-
0:41 - 0:42Cá está. Muito bem.
-
0:42 - 0:45Este é o Observatório
de Rádio de Owens Valley, -
0:45 - 0:47por trás da Sierra Nevada.
-
0:47 - 0:51Em 1968, eu trabalhava ali,
recolhendo dados para a minha tese. -
0:51 - 0:54É um pouco solitário e maçador,
simplesmente recolher dados, -
0:54 - 0:57por isso, eu distraía-me,
à noite, a tirar fotografias -
0:57 - 0:59aos telescópios ou a mim próprio.
-
0:59 - 1:04Porque, à noite, provavelmente
eu era o único hominídeo -
1:04 - 1:06num raio de 50 km.
-
1:06 - 1:08Estas são fotografias minhas.
-
1:09 - 1:12O observatório tinha acabado
de adquirir um livro novo, -
1:12 - 1:14escrito por um cosmólogo russo
-
1:14 - 1:17chamado Joseph Shklovsky,
e depois aumentado, -
1:17 - 1:20traduzido e editado
por um astrónomo de Cornell, -
1:20 - 1:23pouco conhecido,
chamado Carl Sagan. -
1:23 - 1:24Lembro-me de ler esse livro,
-
1:24 - 1:27de estar a lê-lo às três da madrugada,
-
1:27 - 1:30e de ele explicar como é que
as antenas que eu estava a usar -
1:30 - 1:34para medir a rotação das galáxias,
também podiam ser usadas -
1:34 - 1:36para comunicar,
para enviar informação -
1:36 - 1:39de um sistema estelar para outro.
-
1:39 - 1:41Às três da madrugada,
quando estamos completamente sós -
1:41 - 1:44e dormimos pouco,
essa ideia parece muito romântica. -
1:44 - 1:47Mas foi essa ideia
— o facto de podermos provar -
1:47 - 1:49que existe alguém fora da Terra,
-
1:49 - 1:51usando esta mesma tecnologia —
-
1:51 - 1:54que me atraiu tanto que,
20 anos mais tarde, -
1:54 - 1:55aceitei um emprego no SETI Institute.
-
1:55 - 1:59Devo dizer que a minha memória
é reconhecidamente porosa, -
1:59 - 2:01e frequentemente me interroguei
-
2:01 - 2:03sobre se haveria alguma
verdade nesta história, -
2:03 - 2:04ou se estaria a inventar.
-
2:04 - 2:07Um dia encontrei o negativo
duma minha fotografia -
2:07 - 2:10e devem conseguem ver aí
o livro de Shklovsky e Sagan -
2:10 - 2:12debaixo daquele dispositivo
de cálculo analógico. -
2:12 - 2:14Portanto, é verdade.
Muito bem. -
2:14 - 2:16A ideia de fazer isto não era muito antiga
-
2:16 - 2:18na altura em que tirei aquela foto.
-
2:18 - 2:21A ideia data de 1960,
quando um jovem astrónomo -
2:21 - 2:24chamado Frank Drake
usou esta antena, em West Virginia, -
2:24 - 2:27apontando-a para algumas estrelas próximas
-
2:27 - 2:30na esperança de escutar ETs.
-
2:30 - 2:32Frank não ouviu nada.
-
2:32 - 2:34O que ouviu era a Força Aérea dos EUA,
-
2:34 - 2:37que não conta como
inteligência extraterrestre. -
2:37 - 2:40Mas esta ideia de Drake
tornou-se muito popular, -
2:40 - 2:42porque era muito apelativa
— e voltarei a este ponto — -
2:42 - 2:46e, com base nesta experiência,
que não foi bem sucedida, -
2:46 - 2:48temos feito SETI desde então.
-
2:48 - 2:50Não continuamente, mas desde então.
-
2:50 - 2:52Ainda não ouvimos nada.
-
2:52 - 2:53Ainda não ouvimos nada.
-
2:53 - 2:55De facto, não sabemos de vida
fora da Terra, -
2:55 - 2:59Mas, o que vos digo, é que isso
vai mudar muito em breve. -
2:59 - 3:02A maior parte dos motivos
por que penso que vai mudar, -
3:02 - 3:04reside na melhoria do equipamento.
-
3:04 - 3:07Este é o Complexo do Telescópio Allen,
a cerca de 563 km -
3:07 - 3:09de qualquer lugar onde
estejam agora sentados. -
3:09 - 3:12É o que estamos a usar
atualmente para procurar ETs, -
3:12 - 3:14e a parte eletrónica
também melhorou imenso. -
3:14 - 3:17Estes são os equipamentos eletrónicos
de Frank Drake em 1960. -
3:17 - 3:20Esta é a parte eletrónica
do Complexo do Telescópio Allen. -
3:20 - 3:23Um sábio com muito tempo livre
-
3:23 - 3:26calculou que as novas experiências
são aproximadamente -
3:26 - 3:30100 biliões de vezes melhores
que as de 1960, -
3:30 - 3:32100 biliões de vezes melhores.
-
3:32 - 3:34É um nível de progresso
que ficaria bem -
3:34 - 3:36na vossa ficha informativa, não acham?
-
3:36 - 3:39Mas algo que o público ignora é que,
-
3:39 - 3:41de facto, as experiências
continuam a melhorar -
3:41 - 3:44e, consequentemente,
tendem a tornar-se mais rápidas. -
3:44 - 3:46Este é um pequeno gráfico
-
3:46 - 3:48— quando mostramos um gráfico
perdemos 10% da audiência. -
3:48 - 3:50Eu tenho doze destes.
-
3:50 - 3:51(Risos)
-
3:51 - 3:54Mas o que transpus para este gráfico
são apenas algumas medidas -
3:54 - 3:57que mostram a velocidade
a que estamos a investigar. -
3:57 - 3:59Ou seja, procuramos
uma agulha num palheiro. -
3:59 - 4:01Sabemos a dimensão do palheiro.
É a galáxia. -
4:01 - 4:04Mas já não estamos a percorrer o palheiro
-
4:04 - 4:07com uma colher de chá,
e sim com uma pá carregadora, -
4:07 - 4:08devido a este aumento
de velocidade. -
4:08 - 4:10De facto, quem ainda está consciente
-
4:10 - 4:12e é matematicamente competente,
-
4:12 - 4:15notará que este é um
gráfico semi-logarítmico. -
4:15 - 4:18Ou seja, a taxa de crescimento
é exponencial. -
4:18 - 4:20Melhora exponencialmente.
-
4:20 - 4:22Exponencial é uma palavra
utilizada em excesso. -
4:22 - 4:24Estamos sempre a ouvi-la nos "media".
-
4:24 - 4:26Eles não sabem o que
significa exponencial, -
4:26 - 4:28mas isto é exponencial.
-
4:28 - 4:30Está a duplicar
a cada 18 meses e, claro, -
4:30 - 4:32todos os membros do clube
dos "digerati" sabem -
4:32 - 4:34que se trata da Lei de Moore.
-
4:34 - 4:38Isto significa que, no decurso
das próximas duas dúzias de anos, -
4:38 - 4:41seremos capazes de analisar
um milhão de sistemas estelares, -
4:41 - 4:44procurando sinais que provem
a existência de alguém no espaço. -
4:44 - 4:47Um milhão de sistemas estelares
será interessante? -
4:47 - 4:49Quantos desses sistemas estelares
terão planetas? -
4:49 - 4:53O facto é que não sabíamos a resposta
a essa pergunta até há 15 anos. -
4:53 - 4:57E não a sabíamos até há tão pouco tempo
como há seis meses atrás. -
4:57 - 4:58Mas agora sabemos.
-
4:58 - 5:02Resultados recentes sugerem
que cada estrela pode ter planetas -
5:02 - 5:03e talvez mais do que um.
-
5:03 - 5:06São como os gatinhos.
Às ninhadas. -
5:06 - 5:08Nunca nasce um gatinho só.
Nasce um monte deles. -
5:08 - 5:11De facto, esta é uma
estimativa bastante precisa -
5:11 - 5:15do número de planetas da nossa galáxia.
-
5:15 - 5:17Atenção, só da nossa galáxia.
-
5:17 - 5:20Recordo aos que não são
especialistas em astronomia -
5:20 - 5:22que a nossa galáxia é apenas
uma entre 100 mil milhões -
5:22 - 5:25que conseguimos ver
com os nossos telescópios. -
5:25 - 5:26É muito imobiliário,
-
5:26 - 5:28mas a maioria destes planetas
ficará desvalorizada, -
5:28 - 5:30como Mercúrio, ou Neptuno.
-
5:30 - 5:32Neptuno, provavelmente, não é
muito importante. -
5:32 - 5:36Portanto, a questão é:
que fração destes planetas -
5:36 - 5:38é realmente adequada à vida?
-
5:38 - 5:39Também não sabemos
qual é a resposta, -
5:39 - 5:41mas descobriremos
essa resposta este ano, -
5:41 - 5:44graças ao telescópio espacial Kepler,
da NASA. -
5:44 - 5:47O "dinheiro inteligente", ou seja,
as pessoas que trabalham neste projeto, -
5:47 - 5:51o "dinheiro inteligente" sugere
que a fração de planetas -
5:51 - 5:55que pode ser adequada à vida,
é talvez de um em mil, -
5:55 - 5:58um em cem, qualquer coisa assim.
-
5:58 - 6:00Mesmo aceitando
a estimativa pessimista -
6:00 - 6:03de um em mil, isso significa
-
6:03 - 6:06que há, pelo menos, mil milhões
de primos da Terra -
6:06 - 6:08apenas na nossa galáxia.
-
6:08 - 6:10Muito bem, dei-vos aqui
imensos números, -
6:10 - 6:13mas, na maioria, são números grandes.
-
6:13 - 6:15Tenham-nos em mente.
-
6:15 - 6:18Há muito imobiliário,
muito imobiliário no Universo. -
6:18 - 6:21Se nós formos o único pedaço
de imobiliário onde existem -
6:21 - 6:24ocupantes interessantes,
isso torna-nos num milagre. -
6:24 - 6:27Eu sei que vocês gostam de pensar
que são um milagre, -
6:27 - 6:29mas quem se dedica à ciência
aprende que, -
6:29 - 6:31quando pensamos em um milagres,
estamos errados. -
6:31 - 6:33Por isso, provavelmente não é o caso.
-
6:33 - 6:35Portanto, a conclusão é a seguinte:
-
6:35 - 6:37Devido ao aumento da velocidade
-
6:37 - 6:42e à vastidão do imobiliário
habitável no cosmos, -
6:42 - 6:45eu calculo que vamos captar um sinal
dentro de duas dúzias de anos. -
6:45 - 6:48Tenho tanta certeza disso
que faço uma aposta convosco: -
6:48 - 6:51Ou encontramos ETs
nos próximos 24 anos, -
6:51 - 6:53ou pago-vos um café.
-
6:53 - 6:54(Risos)
-
6:54 - 6:56Portanto, não é muito mau.
-
6:56 - 6:58Daqui a 20 anos, vocês abrem
o vosso navegador -
6:58 - 7:01e ou há notícias sobre um sinal,
ou recebem uma chávena de café. -
7:01 - 7:04Vou falar-vos de um ponto a este respeito
-
7:04 - 7:08sobre o qual as pessoas não pensam,
e que é: o que acontece? -
7:08 - 7:10Suponham que o que eu digo é verdade.
-
7:10 - 7:13Quero dizer: quem sabe?
Mas suponham que acontece. -
7:13 - 7:15Suponham que, a dada altura,
nos próximos 24 anos, -
7:15 - 7:17captamos uma linha ténue
que nos diz -
7:17 - 7:18que temos companhia cósmica.
-
7:18 - 7:20Qual é o efeito?
Qual é a consequência? -
7:20 - 7:22Eu poderia partir da estaca zero.
-
7:22 - 7:25Sei qual seria, para mim, a consequência,
-
7:25 - 7:26porque tivemos falsos alarmes.
-
7:26 - 7:29Esta foto é de 1997,
tirei-a cerca das 3 horas da manhã, -
7:29 - 7:32em Mountain View,
quando estávamos a observar -
7:32 - 7:35os monitores do computador,
porque tínhamos captado um sinal. -
7:35 - 7:37Pensámos: "Isto é a sério".
-
7:37 - 7:40Fiquei à espera que aparecessem
os Homens de Negro. -
7:40 - 7:44Esperei que a minha mãe telefonasse,
-
7:44 - 7:46que alguém, que o governo telefonasse.
-
7:46 - 7:48Ninguém ligou.
-
7:48 - 7:51Eu estava tão nervoso
que não me conseguia sentar. -
7:51 - 7:52Andava de um lado para o outro,
-
7:52 - 7:55a tirar fotografias como esta,
apenas para fazer alguma coisa. -
7:55 - 7:58Às 9h e meia da manhã,
com a cabeça em cima da secretária, -
7:58 - 8:00— não tinha dormido
nada a noite toda — -
8:00 - 8:02toca o telefone e é do The New York Times.
-
8:02 - 8:04Penso que há uma lição a retirar daí:
-
8:04 - 8:07se captarmos um sinal, os "media"
estarão em cima do acontecimento -
8:07 - 8:10mais depressa do que
uma doninha numa roda. -
8:10 - 8:13Vai ser rápido, podem ter a certeza.
Sem segredos. -
8:13 - 8:16Isso é o que me acontece.
Vai estragar-me a semana toda, -
8:16 - 8:19porque, o que eu tenha planeado
para essa semana, vai pela janela fora. -
8:19 - 8:21Mas, e vocês?
O que é que vos vai fazer? -
8:21 - 8:23A resposta é que não sabemos a resposta.
-
8:23 - 8:25Não sabemos,
-
8:25 - 8:28não a longo prazo, e nem mesmo
sabemos muito sobre o curto prazo. -
8:28 - 8:32Seria como perguntar
a Cristóvão Colombo, em 1491: -
8:32 - 8:34"Cristóvão, o que acontecerá
-
8:34 - 8:36"se se der o caso de haver um continente
-
8:36 - 8:39"entre a Europa e o Japão,
para onde vais navegar? -
8:39 - 8:43"Quais serão as consequências
para a humanidade, se for esse o caso?" -
8:43 - 8:46Penso que Cristóvão provavelmente
nos daria uma resposta -
8:46 - 8:49que não teríamos compreendido,
mas que provavelmente, estaria certa. -
8:49 - 8:51E penso que também
não conseguimos prever -
8:51 - 8:54o que poderá significar
a descoberta de ETs. -
8:54 - 8:56Mas há algumas coisas que posso dizer.
-
8:56 - 9:00Para começar, será uma sociedade
muito mais avançada do que a nossa. -
9:00 - 9:02Não serão extraterrestres Neandertais.
-
9:02 - 9:03Não constroem transmissores.
-
9:03 - 9:05Estará mais avançada,
talvez milhares de anos, -
9:05 - 9:08talvez milhões de anos,
mas substancialmente avançada. -
9:08 - 9:10Isso significa que,
se conseguirmos compreender -
9:10 - 9:13alguma coisa do que disserem,
seremos capazes -
9:13 - 9:17de fazer um atalho na história e
obter informação de uma sociedade -
9:17 - 9:19que é muito mais avançada do que a nossa.
-
9:19 - 9:21Isto talvez seja um bocado hiperbólico,
-
9:21 - 9:24contudo, é concebível que isso aconteça.
-
9:24 - 9:26Podemos comparar isto a, sei lá,
-
9:26 - 9:30dar a Júlio César aulas de inglês
e a chave da biblioteca do Congresso. -
9:30 - 9:32Ia mudar-lhe o dia, não era?
-
9:32 - 9:35Outra coisa que vai acontecer, de certeza,
-
9:35 - 9:38é que isso nos vai calibrar.
-
9:38 - 9:41Saberemos que não somos
o tal milagre — certo? — -
9:41 - 9:43que somos simplesmente mais um,
-
9:43 - 9:45não somos os únicos miúdos no bairro.
-
9:45 - 9:48Penso que, filosoficamente,
é algo de muito profundo a aprender. -
9:48 - 9:50Não somos um milagre.
-
9:51 - 9:54A terceira coisa que nos pode
dizer é algo vaga, -
9:54 - 9:57mas penso que é
interessante e importante. -
9:57 - 9:59Se encontrarmos um sinal
de uma sociedade mais avançada -
9:59 - 10:01— porque será mais avançada —
-
10:01 - 10:04isso irá dizer-nos algo sobre
as nossas próprias possibilidades: -
10:04 - 10:08que não estamos inevitavelmente
condenados à autodestruição. -
10:08 - 10:10Se eles sobreviveram à sua tecnologia,
-
10:10 - 10:12nós também o podemos fazer.
-
10:12 - 10:14Normalmente, quando olhamos
para o universo, -
10:14 - 10:16estamos a olhar para o passado.
-
10:16 - 10:18Isso é interessante
para os cosmólogos. -
10:18 - 10:21Mas, neste sentido,
podemos olhar para o futuro, -
10:21 - 10:24nebulosamente, mas podemos
olhar para o futuro. -
10:24 - 10:29Portanto, todo este tipo de coisas
decorreria da deteção. -
10:29 - 10:32Agora vou falar um pouco
sobre algo que acontece entretanto -
10:32 - 10:35e que é, segundo penso,
-
10:35 - 10:40que o SETI é importante
porque é exploração, -
10:40 - 10:43e não é apenas exploração,
é exploração compreensível. -
10:43 - 10:46Tenho de vos dizer que estou sempre
a ler livros sobre exploradores. -
10:46 - 10:48Acho a exploração muito interessante.
-
10:48 - 10:51A exploração do Ártico.
pessoas como Magalhães, -
10:51 - 10:54Amundsen, Shackleton, Franklin,
que veem ali em baixo, -
10:54 - 10:55Scott, todos esses sujeitos.
-
10:55 - 10:57A exploração é realmente fantástica.
-
10:57 - 11:00E eles estão a fazê-lo apenas
porque querem explorar. -
11:00 - 11:03Nós podemos dizer:
"É uma oportunidade um tanto frívola". -
11:03 - 11:05Mas não é uma atividade frívola.
-
11:05 - 11:07Pensem nas formigas.
-
11:07 - 11:09As formigas estão programadas
para seguir as outras, -
11:09 - 11:12ao longo de uma extensa linha,
mas há umas quantas formigas, -
11:12 - 11:15talvez 1 %, que são aquilo a que chamam
-
11:15 - 11:17formigas pioneiras,
e são as que vagueiam. -
11:17 - 11:19São as que encontramos
na bancada da cozinha. -
11:19 - 11:22Temos que as apanhar
antes que descubram o açúcar. -
11:22 - 11:24Essas formigas, mesmo que
a maioria seja eliminada, -
11:24 - 11:28essas formigas são as que são essenciais
à sobrevivência do formigueiro. -
11:28 - 11:31Portanto, a exploração é importante.
-
11:31 - 11:35Também penso que a exploração
é importante no sentido -
11:35 - 11:39de ser capaz de combater
o que penso ser uma falta crítica -
11:39 - 11:43da nossa sociedade, que é
a falta de literacia científica, -
11:43 - 11:46a falta de capacidade sequer
para compreender a ciência. -
11:46 - 11:50Muito tem sido escrito
sobre o estado deplorável -
11:50 - 11:52da literacia científica neste país.
-
11:52 - 11:54Já devem ter ouvido falar nisso.
-
11:54 - 11:56Este é um exemplo disso.
-
11:56 - 11:59As sondagens.
Esta sondagem tem 10 anos. -
11:59 - 12:01Mostra como cerca de um terço
do público pensa -
12:01 - 12:03que os extraterrestres não estão
apenas fora da Terra, -
12:03 - 12:05onde os procuramos,
mas estão aqui, -
12:05 - 12:07percorrendo os céus
nos seus discos -
12:07 - 12:10e raptando pessoas para experiências
que os pais não aprovariam. -
12:11 - 12:14Seria interessante, se fosse verdade,
e garantir-me-ia o emprego. -
12:14 - 12:16Mas as provas existentes
não são muito boas. -
12:16 - 12:19Isto é mais triste do que relevante.
-
12:19 - 12:21Mas há outras coisas
em que as pessoas acreditam -
12:21 - 12:24que são relevantes,
como a eficácia da homeopatia -
12:24 - 12:27ou que a evolução é apenas
uma espécie de ideia louca -
12:27 - 12:30de cientistas sem pernas,
assim como -
12:30 - 12:33todo esse tipo de coisas...
ou o aquecimento global. -
12:33 - 12:36Que este tipo de ideias
não tem qualquer validade, -
12:36 - 12:38que não se pode confiar
nos cientistas. -
12:39 - 12:42Temos de resolver esse problema,
porque é de importância crítica. -
12:42 - 12:44Vocês podem dizer:
-
12:44 - 12:47"Muito bem, como vamos resolver
esse problema com o SETI?" -
12:47 - 12:50Sugiro que o SETI, obviamente,
não pode resolver o problema -
12:50 - 12:52mas pode lutar contra ele,
-
12:52 - 12:56levando os jovens
a interessarem-se pela ciência. -
12:56 - 12:58A ciência é difícil,
-
12:58 - 13:01tem a reputação de ser difícil,
e o facto é que é difícil. -
13:01 - 13:05Isso é o resultado de 400 anos de ciência.
-
13:05 - 13:07Quero dizer, no séc. XVIII,
-
13:07 - 13:10podíamos tornar-nos especialistas
em qualquer campo da ciência -
13:10 - 13:13numa tarde,
indo a uma biblioteca, -
13:13 - 13:16se conseguíssemos encontrar
uma biblioteca. -
13:16 - 13:18No séc. XIX, se tivéssemos
um laboratório na cave -
13:18 - 13:21podíamos fazer grandes descobertas
científicas lá em casa. -
13:21 - 13:24Porque havia toda esta ciência
à nossa volta, -
13:24 - 13:27à espera que alguém a agarrasse.
-
13:27 - 13:29Agora, isso já não acontece.
-
13:29 - 13:31Hoje, precisamos de passar
anos na faculdade -
13:31 - 13:34e em pós-doutoramentos,
só para descobrir -
13:34 - 13:36quais são as questões importantes.
-
13:36 - 13:38É difícil. Não há dúvidas quanto a isso.
-
13:38 - 13:41Este é um exemplo: o bosão de Higgs,
-
13:41 - 13:43a descoberta do bosão de Higgs.
-
13:43 - 13:45Perguntem a 10 pessoas que virem na rua:
-
13:45 - 13:47"Acha que vale a pena gastar
milhares de milhões -
13:47 - 13:49"de francos suíços
à procura do bosão de Higgs?" -
13:49 - 13:52Aposto que a resposta
que vão receber é: -
13:52 - 13:54"Não sei o que é o bosão de Higgs
e não sei se é importante". -
13:54 - 13:57Provavelmente a maioria
das pessoas nem saberia -
13:57 - 13:58o valor de um franco suíço.
-
13:58 - 14:01E gastamos milhares de milhões
de francos suíços neste problema. -
14:01 - 14:04As pessoas não se interessam pela ciência,
-
14:04 - 14:06porque não percebem do que se trata.
-
14:06 - 14:08Mas a procura de ETs é muito simples.
-
14:08 - 14:10Usamos estas grandes antenas
e tentamos escutar sinais. -
14:10 - 14:12Todos conseguem compreender isto.
-
14:12 - 14:14Tecnologicamente, é muito sofisticado,
-
14:14 - 14:16mas todos compreendem a ideia.
-
14:16 - 14:19Outra coisa é que se trata
de ciência entusiasmante. -
14:19 - 14:22É entusiasmante porque
sentimos um interesse natural -
14:22 - 14:24por outros seres inteligentes,
-
14:24 - 14:26faz parte de nós intrinsecamente.
-
14:26 - 14:27Tendemos a sentir interesse
-
14:27 - 14:30por seres que possam ser concorrentes,
-
14:30 - 14:33ou, se forem do tipo romântico,
possivelmente até parceiros. -
14:33 - 14:35Isto é análogo
ao nosso interesse por coisas -
14:35 - 14:37que têm grandes dentes.
-
14:37 - 14:39Temos interesse nessas coisas
-
14:39 - 14:41e podemos ver
o valor evolucionário disso, -
14:41 - 14:45e também as consequências práticas,
assistindo ao "Planeta Animal". -
14:45 - 14:48Reparem que se fazem muito poucos
programas sobre gerbos. -
14:48 - 14:50É normalmente sobre coisas
com grandes dentes. -
14:50 - 14:53Portanto, sentimos interesse
por este tipo de coisas. -
14:53 - 14:56Não somos só nós,
as crianças também. -
14:56 - 14:59Isso permite-nos criar uma corrente,
usando este assunto -
14:59 - 15:01como isco para a ciência,
-
15:01 - 15:03porque a procura de ETs
envolve todo o tipo de ciência: -
15:03 - 15:05a biologia e a astronomia,
-
15:05 - 15:09mas também a geologia e a química
— diversas disciplinas científicas. -
15:09 - 15:12Todas podem ser apresentadas
sob a capa de: -
15:12 - 15:14"Estamos à procura de ETs".
-
15:14 - 15:17Para mim, isto é interessante
e importante. -
15:17 - 15:22Essa é a minha política, apesar de eu
também fazer palestras para adultos. -
15:22 - 15:25Se fazemos uma palestra a adultos,
dois dias depois eles voltam ao mesmo. -
15:25 - 15:27Mas se fazemos uma palestra a crianças,
-
15:27 - 15:31acende-se uma lâmpada numa delas,
em cada 50, que pensa: -
15:31 - 15:33"Nunca tinha pensado nisso!"
-
15:33 - 15:35Vai ler um livro, ou uma revista.
-
15:35 - 15:36Interessa-se por alguma coisa.
-
15:37 - 15:39Esta é a minha teoria
-
15:39 - 15:43— apoiada só na experiência,
em provas empíricas pessoais — -
15:43 - 15:47de que as crianças se interessam
por alguma coisa entre os 8 e os 11anos. -
15:47 - 15:49É preciso apanhá-las aí.
-
15:49 - 15:51Portanto, faço palestras
a adultos, tudo bem -
15:51 - 15:53Mas tento fazer 10 %
das palestras que faço -
15:53 - 15:55para crianças.
-
15:55 - 15:58Recordo-me quando um sujeito
veio à nossa escola secundária. -
15:58 - 16:01aliás, foi no ensino básico,
eu andava no sexto ano. -
16:01 - 16:03Ele fez uma palestra.
-
16:03 - 16:06Dela, só recordo uma palavra: eletrónica.
-
16:06 - 16:08Foi como o Dustin Hoffman
em "A Primeira Noite", -
16:08 - 16:10quando ele disse "plásticos".
-
16:10 - 16:13O sujeito disse "eletrónica".
Não me lembro de mais nada. -
16:13 - 16:14Não me lembro de nada
-
16:14 - 16:17do que o meu professor do 6.º ano
disse durante todo o ano, -
16:17 - 16:19mas lembro-me de "eletrónica".
-
16:19 - 16:21Interessei-me por eletrónica.
-
16:21 - 16:23Obtive a licença de radioamador.
Fazia ligações com cabos. -
16:23 - 16:26Este sou eu, aos 15 anos,
a fazer esse tipo de coisas. -
16:26 - 16:28Aquilo teve um enorme efeito em mim.
-
16:28 - 16:31É isso que acho que podemos ter
um efeito enorme nestas crianças. -
16:33 - 16:35Isto recorda-me uma coisa.
-
16:35 - 16:39Há uns anos fiz uma palestra
numa escola em Palo Alto, -
16:39 - 16:41onde havia uma dúzia
de crianças de 11 anos -
16:41 - 16:43que tinha vindo para esta palestra.
-
16:43 - 16:44Eu devia falar durante uma hora
-
16:44 - 16:47para crianças de 11 anos,
todas sentadas em semicírculo, -
16:47 - 16:49a olhar para mim com grandes olhos.
-
16:49 - 16:51Havia um quadro branco
atrás de mim, e eu comecei -
16:51 - 16:54a escrever um 1 seguido
de 22 zeros, e disse: -
16:54 - 16:56"Muito bem. Olhem,
este é o número de estrelas -
16:56 - 16:59"no universo visível,
e este número é tão grande -
16:59 - 17:02"que nem sequer há um nome para ele".
-
17:02 - 17:05um daqueles miúdos
levantou a mão e disse: -
17:05 - 17:06"Bem, na realidade há um nome para ele.
-
17:06 - 17:09"É um sextra-quadra-hexa-qualquer coisa..."
-
17:09 - 17:13Aquele miúdo estava errado
por quatro ordens de grandeza, -
17:13 - 17:16mas não havia dúvidas,
aqueles miúdos eram espertos. -
17:16 - 17:18Eu parei de fazer a palestra.
-
17:18 - 17:20O que eles queriam era fazer perguntas.
-
17:21 - 17:24Os meus últimos comentários
para estas crianças foram: -
17:25 - 17:29"Vocês são mais inteligentes
do que as pessoas com quem trabalho". -
17:29 - 17:31(Risos)
-
17:31 - 17:33Eles não ligaram nenhuma.
-
17:33 - 17:35O que eles queriam era
o meu endereço de email, -
17:35 - 17:38para me poderem fazer mais perguntas.
-
17:38 - 17:39(Risos)
-
17:39 - 17:40Deixem-me dizer:
-
17:40 - 17:42O meu trabalho é um privilégio,
-
17:42 - 17:44porque vivemos um tempo especial.
-
17:44 - 17:47As gerações anteriores
não podiam fazer esta experiência. -
17:47 - 17:50Penso que, numa próxima geração,
conseguiremos ter sucesso. -
17:50 - 17:54Portanto, para mim isso é um privilégio,
e quando olho para o espelho -
17:54 - 17:56o facto é que não me vejo
a mim próprio. -
17:56 - 17:59O que vejo é a geração
que está atrás de mim. -
17:59 - 18:01Estas são crianças do 4.º ano
da Huff School. -
18:01 - 18:04Falei lá, há coisa de duas semanas,
qualquer coisa como isso. -
18:04 - 18:08Penso que, se conseguirmos instilar
algum interesse pela ciência -
18:08 - 18:11e como ela funciona, bem,
essa é uma compensação -
18:11 - 18:13mais do que suficiente.
-
18:13 - 18:14Muito obrigado.
-
18:14 - 18:17(Aplausos)
- Title:
- O ET (provavelmente) anda por aí — preparem-se
- Speaker:
- Seth Shostak
- Description:
-
Seth Shostak, investigador do SETI, aposta que vamos encontrar vida extraterrestre nos próximos 24 anos ou, então, ele paga-nos um café. No TEDxSanJoseCA, ele explica porque é que as novas tecnologias e as leis da probabilidade tornam esse avanço tão provável — e prevê como a descoberta de civilizações muito mais avançadas do que a nossa nos pode afetar aqui na Terra.
(Filmado no TEDxSanJoseCA.) - Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:40
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