Como olhar para o interior do cérebro
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0:01 - 0:04Este é um desenho do cérebro com mil anos.
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0:05 - 0:07É um diagrama do sistema visual.
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0:07 - 0:09E algumas coisas parecem-nos
hoje muito familiares. -
0:09 - 0:14Dois olhos na base, o nervo ótico fluindo
a partir da zona posterior. -
0:14 - 0:16Há um nariz muito largo
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0:16 - 0:18que parece não estar ligado
a nada em particular. -
0:19 - 0:21Se compararmos isto
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0:21 - 0:23com representações mais recentes
do sistema visual -
0:23 - 0:26verão que as coisas se tornaram
substancialmente mais complicadas -
0:26 - 0:28durante esses mil anos.
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0:28 - 0:31E isso porque hoje podemos ver
o que está no interior do cérebro -
0:31 - 0:33em vez de olharmos apenas
para a sua forma geral. -
0:33 - 0:37Imaginem que queriam compreender
como funciona um computador -
0:37 - 0:40e só podiam ver um teclado,
um rato, um ecrã. -
0:40 - 0:42Vocês não teriam sorte nenhuma.
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0:42 - 0:44Vocês querem poder abri-lo, escancará-lo,
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0:44 - 0:46olhar para as ligações internas.
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0:46 - 0:48Até há pouco mais de um século
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0:48 - 0:51ninguém conseguia
fazer isso com o cérebro. -
0:51 - 0:53Ninguém tinha um vislumbre
das ligações cerebrais, -
0:53 - 0:55porque, se retirarem um cérebro do crânio
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0:55 - 0:57e lhe cortarem uma fatia fina,
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0:57 - 0:59mesmo que a vejam
a um microscópio muito potente, -
0:59 - 1:01não há nada ali.
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1:01 - 1:02É cinzento, sem forma.
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1:02 - 1:04Não tem estrutura. Não vos dirá nada.
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1:04 - 1:07Tudo isto mudou no final do séc. XIX.
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1:07 - 1:09De repente, foram desenvolvidos
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1:09 - 1:11novos corantes químicos
para o tecido cerebral -
1:11 - 1:14o que nos proporcionou o primeiro
vislumbre das ligações cerebrais. -
1:14 - 1:16O computador foi escancarado.
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1:16 - 1:19Portanto, o que lançou
a neurociência moderna -
1:19 - 1:21foi uma coloração
chamada "coloração de Golgi". -
1:21 - 1:23Funciona de uma forma muito particular.
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1:23 - 1:26Em vez de tingir todas as células
no interior de um tecido, -
1:26 - 1:29tinge apenas cerca de 1% das mesmas.
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1:29 - 1:32Limpa a floresta,
revela as árvores no seu interior. -
1:32 - 1:35Se tudo tivesse ficado marcado,
nada teria ficado visível. -
1:35 - 1:38Portanto, de certa forma,
revela-nos o que lá existe. -
1:38 - 1:40O neuroanatomista espanhol
Santiago Ramon y Cajal, -
1:40 - 1:43que é geralmente considerado o pai
da neurociência moderna, -
1:43 - 1:46aplicou esta coloração de Golgi,
e produziu dados com este aspeto, -
1:46 - 1:50e ao fazê-lo deu-nos a noção atual
da célula nervosa, o neurónio. -
1:50 - 1:53Se estiverem a pensar no cérebro
como um computador, -
1:53 - 1:55isto é o transístor.
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1:55 - 1:57Muito rapidamente, Cajal percebeu
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1:57 - 1:59que os neurónios não operam sozinhos,
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1:59 - 2:01mas, antes, estabelecem
ligações com outros -
2:01 - 2:04que formam circuitos,
tal como num computador. -
2:04 - 2:07Um século mais tarde, quando
os investigadores querem ver os neurónios, -
2:07 - 2:10iluminam-nos a partir do interior,
em vez de os escurecer. -
2:10 - 2:11Há várias maneiras de fazer isto.
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2:11 - 2:14Uma das mais populares
envolve proteína verde fluorescente. -
2:14 - 2:16A proteína verde fluorescente,
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2:16 - 2:19que, curiosamente,
vem de uma alforreca bioluminescente, -
2:19 - 2:20é muito útil.
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2:20 - 2:24Porque, obtendo o gene
da proteína verde fluorescente -
2:24 - 2:27e introduzindo-o numa célula,
essa célula ficará verde brilhante -
2:27 - 2:30ou, com as muitas atuais variantes
da proteína verde fluorescente, -
2:30 - 2:33obteremos células a brilhar
em muitas cores diferentes. -
2:33 - 2:34Assim, voltando ao cérebro,
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2:34 - 2:37este é de um rato geneticamente
modificado, chamado "Brainbow". -
2:37 - 2:39Chama-se assim, obviamente,
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2:39 - 2:42porque todos estes neurónios
brilham em cores diferentes. -
2:43 - 2:46Por vezes os neurocientistas
precisam de identificar -
2:46 - 2:49componentes moleculares individuais
dos neurónios, moléculas, -
2:49 - 2:51em vez de células inteiras.
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2:51 - 2:53Há várias maneiras de fazer isso,
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2:53 - 2:56mas uma das mais populares
envolve o uso de anticorpos. -
2:56 - 2:59Claro, vocês estão familiarizados
com os anticorpos, -
2:59 - 3:01como guarda-costas do sistema imunitário.
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3:01 - 3:03Acontece que eles são
muito úteis ao sistema imunitário -
3:03 - 3:06porque reconhecem moléculas específicas,
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3:06 - 3:08como, por exemplo, a proteína código
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3:08 - 3:10de um vírus que esteja a invadir o corpo.
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3:10 - 3:12Os investigadores aproveitaram este facto
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3:12 - 3:17para reconhecerem moléculas específicas
no interior do cérebro, -
3:17 - 3:19reconhecer estruturas
específicas da célula -
3:19 - 3:21e identificá-las individualmente.
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3:21 - 3:24Muitas das imagens que vos tenho
estado a mostrar aqui -
3:24 - 3:26são muito belas,
mas também muito poderosas. -
3:26 - 3:28Têm um grande poder explicativo.
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3:28 - 3:30Esta, por exemplo,
é a coloração de um anticorpo -
3:30 - 3:34contra os transportadores de serotonina
numa fatia de cérebro de rato. -
3:34 - 3:35Já ouviram falar da serotonina
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3:35 - 3:38no contexto de doenças
como a depressão e a ansiedade. -
3:38 - 3:40Ouviram falar de ISRSs,
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3:40 - 3:43que são fármacos usados
para tratar estas doenças. -
3:43 - 3:45Para se compreender
como a serotonina funciona, -
3:45 - 3:49é fundamental compreender onde está
o mecanismo de funcionamento da serotonina. -
3:49 - 3:51Podem usar-se colorações
de anticorpos como esta -
3:51 - 3:53para compreender esse tipo de questões.
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3:53 - 3:56Gostava de vos deixar
o seguinte pensamento: -
3:56 - 3:58Tanto as proteínas como os anticorpos
verde fluorescente -
3:58 - 4:02são, à partida, produtos
inteiramente naturais. -
4:02 - 4:04Evoluíram naturalmente
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4:04 - 4:07para conferir à alforreca um brilho verde,
seja qual for a razão, -
4:07 - 4:11ou para detetar a proteína código
de um vírus invasor, por exemplo. -
4:11 - 4:14E só muito mais tarde
é que os cientistas entraram em cena -
4:14 - 4:16e disseram: "Espera, isto são ferramentas,
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4:16 - 4:18"isto são funções que podíamos usar
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4:18 - 4:21"na nossa paleta
de ferramentas de pesquisa." -
4:21 - 4:24Em vez de porem pobres mentes humanas
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4:24 - 4:26a conceber estas ferramentas
a partir do nada, -
4:26 - 4:29serviram-se destas soluções
prontas a usar ali mesmo, na Natureza, -
4:29 - 4:32desenvolvidas e aperfeiçoadas
durante milhões de anos -
4:32 - 4:34pelo melhor engenheiro existente.
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4:34 - 4:35Obrigado.
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4:35 - 4:39(Aplausos)
- Title:
- Como olhar para o interior do cérebro
- Speaker:
- Carl Schoonover
- Description:
-
Têm ocorrido avanços notáveis na compreensão do cérebro, mas como é que se estudam realmente os neurónios no seu interior? Usando magníficas imagens, o neurocientista e Companheiro TED Carl Schoonover mostra as ferramentas que nos permitem ver o interior dos nossos cérebros.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 19:17
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for How to look inside the brain | ||
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Dimitra Papageorgiou approved Portuguese subtitles for How to look inside the brain | ||
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