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Carl Schoonover: Como olhar dentro do cérebro

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    Esse é um desenho do cérebro de mil anos.
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    É um diagrama do sistema visual.
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    E algumas coisas parecem bem familiares hoje.
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    Dois olhos na base, o nervo óptico fluindo da parte de trás.
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    Tem um nariz muito grande
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    que não parece estar ligado a nada em particular.
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    E se comparamos isso
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    às representações do sistema visual mais recentes,
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    verão que as coisas tornaram-se substancialmente mais complicadas
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    através dos mil anos passados.
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    E isso porque hoje podemos ver o que está dentro do cérebro,
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    em vez de apenas olharmos para a sua forma em geral.
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    Imaginem que gostariam de entender como um computador funciona
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    e que só podiam ver um teclado, um mouse, uma tela.
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    Vocês não teriam como entender.
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    Vocês quereriam abri-lo, abri-lo todo,
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    e examinar a fiação dentro dele.
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    E, até pouco mais de um século atrás,
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    ninguém era capaz de fazer isso com o cérebro.
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    Ninguém tinha tido um vislumbre da fiação do cérebro.
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    E isso porque se vocês tirarem o cérebro do crânio
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    e cortarem uma fatia fina dele e
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    a colocarem em um microscópio mesmo muito poderoso,
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    não haverá nada.
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    É cinzento, sem forma.
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    Não tem estrutura. Não nos informa nada.
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    E tudo isso mudou no final do século XIX.
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    De repente, novos corantes químicos para o tecido cerebral foram desenvolvidos
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    e nos deram os primeiros vislumbres das fiações cerebrais.
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    Abriu-se o computador por completo.
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    Portanto, o que de fato lançou a neurociência moderna
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    foi uma coloração chamada Golgi.
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    E ela funciona de uma maneira muito específica.
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    Em vez de tingir todas as células dentro de um tecido,
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    ela, de alguma forma, apenas tinge cerca de um por cento delas.
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    Ela desmata a floresta, revela as árvores no seu interior.
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    Se tudo tivesse sido rotulado, nada seria visível.
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    Então, de alguma forma revela o que lá existe.
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    O neuroanatomista espanhol Santiago Ramon y Cajal,
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    que é considerado o pai da neurociência moderna,
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    aplicou essa coloração de Golgi, que produz dados como este,
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    e realmente nos proporcionou a noção moderna da célula nervosa, o neurônio.
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    E, se pensam que o cérebro é como um computador,
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    este é o transistor.
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    E imediatamente Cajal percebeu
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    que os neurônios não operam sozinhos,
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    mas estabelecem conexões com outros
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    que formam circuitos tal como num computador.
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    Hoje, um século depois, quando pesquisadores querem visualizar neurônios,
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    eles os iluminam a partir de dentro em vez de escurecê-los.
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    E há várias formas de fazer isto.
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    Mas uma das formas mais populares
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    tem a ver com a proteína verde fluorescente.
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    Agora, a proteína verde fluorescente,
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    que curiosamente é encontrada na água-viva bioluminescente,
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    é muito útil.
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    Porque se pudermos obter o gene da proteína verde fluorescente
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    e introduzi-lo numa célula,
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    esta célula ficará com brilho verde --
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    ou, qualquer uma das muitas variantes da proteína verde fluorescente,
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    conseguimos que uma célula brilhe com muitas cores diferentes.
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    Voltando a falar do cérebro,
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    este é de um rato geneticamente modificado chamado “Brainbow” (cérebro arco-íris).
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    E é assim chamado, claro,
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    porque todos estes neurônios brilham com cores diferentes.
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    Às vezes os neurocientistas precisam identificar
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    os componentes moleculares individuais dos neurônios, as moléculas,
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    em vez da célula toda.
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    E há várias maneiras de fazer isto,
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    mas uma das mais populares
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    tem a ver com anticorpos.
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    E, sem dúvida, vocês estão familiarizados
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    com anticorpos agindo como os capangas do sistema imunitário.
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    Mas acontece que eles são muito úteis para o sistema imunitário
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    porque podem reconhecer moléculas específicas,
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    como, por exemplo, a proteína código
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    de um vírus que esteja invadindo o corpo.
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    E pesquisadores aproveitam este fato
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    para reconhecer moléculas específicas dentro do cérebro,
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    reconhecer subestruturas específicas da célula
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    e as identificar individualmente.
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    E muitas das imagens que estou mostrando a vocês aqui são muito lindas,
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    mas também são muito poderosas.
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    Elas têm um grande poder explanatório.
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    Esta, por exemplo, é uma coloração do anticorpo
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    contra os transportadores de serotonina numa fatia de cérebro de rato.
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    Vocês sem dúvida já ouviram falar de serotonina,
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    em relação à doenças como depressão e ansiedade.
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    Ouviram falar dos ISRS,
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    que são as drogas usadas para o tratamento dessas doenças.
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    E para se entender como a serotonina funciona,
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    é fundamental entender-se onde se encontra o mecanismo da serotonina.
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    E colorações de anticorpos como esta
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    podem ser usadas para entendermos este tipo de questão.
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    Eu gostaria de deixar-lhes com o seguinte pensamento:
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    Tanto as proteínas como os anticorpos verde fluorescentes
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    são, de partida, produtos completamente naturais.
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    Evoluíram naturalmente
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    para fazer uma água-viva com brilho verde por algum motivo,
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    ou para descobrir a proteína código de um vírus invasor, por exemplo.
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    E somente muito mais tarde os cientistas chegaram a esta cena
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    e disseram: Ei, essas são ferramentas,
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    essas são funções que poderíamos usar
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    em nossa própria paleta de ferramentas de pesquisas.”
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    E, em vez de usar as mentes humanas ineficazes
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    para criar estas ferramentas a partir do nada,
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    lá estavam estas soluções já prontas bem ali, na natureza,
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    desenvolvidas e aperfeiçoadas durante milhões de anos
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    pelo maior engenheiro de todos os tempos.
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    Obrigado.
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    (Aplausos)
Title:
Carl Schoonover: Como olhar dentro do cérebro
Speaker:
Carl Schoonover
Description:

Tivemos avanços notáveis na compreensão do cérebro, mas como podemos realmente estudar os neurônios dentro dele? Usando imagens lindíssimas, o neurocientista e companheiro TED Carl Schoonover mostra ferramentas que nos possibilitam ver dentro de nossos cérebros.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
19:17

Portuguese, Brazilian subtitles

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