O que pensam e sentem os animais?
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0:01 - 0:05Já se perguntaram
o que os animais pensam e sentem? -
0:05 - 0:07Comecemos com uma pergunta:
-
0:08 - 0:12O meu cão gosta mesmo de mim
ou só quer um biscoito? -
0:13 - 0:18É fácil de ver
que o nosso cão gosta mesmo de nós, -
0:18 - 0:20é fácil de ver, não é?
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0:20 - 0:24O que se passa
naquela cabecinha felpuda. -
0:25 - 0:27O que se passa?
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0:27 - 0:29Alguma coisa se passa.
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0:30 - 0:34Mas porque perguntamos sempre
se eles nos amam? -
0:34 - 0:37Porque só nos preocupamos connosco?
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0:37 - 0:40Porque somos tão narcisistas?
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0:41 - 0:44Eu descobri uma pergunta diferente
para fazer aos animais. -
0:46 - 0:48Quem são vocês?
-
0:50 - 0:53A mente humana tem capacidades
-
0:53 - 0:58que cremos serem apenas dos seres humanos.
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0:58 - 1:00Mas será verdade?
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1:00 - 1:05O que fazem os outros seres
com os seus cérebros? -
1:05 - 1:08Em que pensam e o que sentem?
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1:08 - 1:09Há maneira de saber?
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1:09 - 1:13Eu acho que há.
Acho que há muitas maneiras. -
1:13 - 1:17Podemos olhar para a evolução,
podemos olhar para o cérebro deles -
1:17 - 1:20e podemos observar o seu comportamento.
-
1:21 - 1:26A primeira coisa a ter em conta é:
o cérebro é hereditário. -
1:26 - 1:30Os primeiros neurónios
vieram das alforrecas. -
1:30 - 1:33As alforrecas deram origem
aos primeiros cordados. -
1:33 - 1:37Os primeiros cordados
deram origem aos primeiros vertebrados. -
1:37 - 1:41Os vertebrados vieram do mar
e aqui estamos nós. -
1:43 - 1:47Mas é verdade que um neurónio,
uma célula nervosa, -
1:47 - 1:52é semelhante num lagostim,
num pássaro ou em nós. -
1:52 - 1:56O que diz isso
sobre o cérebro do lagostim? -
1:57 - 1:59Podemos dizer alguma coisa
a esse respeito? -
1:59 - 2:02Ao que parece,
se dermos a um lagostim -
2:02 - 2:07pequenos choques elétricos
sempre que ele tenta sair da toca, -
2:07 - 2:10o lagostim desenvolve
sintomas de ansiedade. -
2:11 - 2:15Se dermos ao lagostim
o mesmo medicamento -
2:15 - 2:18usado para tratar
o transtorno de ansiedade em humanos, -
2:18 - 2:21ele relaxa, sai da toca e explora.
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2:22 - 2:26Como nos mostramos preocupados
com a ansiedade do lagostim? -
2:26 - 2:28A maior parte das vezes,
cozemo-lo. -
2:28 - 2:30(Risos)
-
2:31 - 2:36Os polvos utilizam ferramentas,
tal como a maior parte dos macacos, -
2:36 - 2:39e reconhecem rostos humanos.
-
2:39 - 2:44Como celebramos a inteligência
simiesca deste invertebrado? -
2:44 - 2:46Na maior parte das vezes,
cozida. -
2:47 - 2:51Se uma garoupa persegue um peixe
para dentro de uma fenda, num coral, -
2:51 - 2:56normalmente, ele irá para onde sabe
que está uma moreia a dormir, -
2:56 - 2:59fará sinal à moreia
para que o siga -
2:59 - 3:03e a moreia compreenderá esse sinal.
-
3:03 - 3:06Talvez a moreia entre na fenda
e apanhe o peixe, -
3:06 - 3:09mas talvez o peixe se desvie
e a garoupa o apanhe. -
3:09 - 3:15Falamos de uma antiga parceria
que descobrimos há pouco tempo. -
3:15 - 3:18Como celebramos
essa velha parceria? -
3:18 - 3:20Na maior parte das vezes, frita.
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3:21 - 3:25Começa a emergir um padrão,
que diz muito mais sobre nós -
3:25 - 3:27do que sobre eles.
-
3:28 - 3:30As lontras marinhas
usam ferramentas -
3:30 - 3:33e retiram tempo às suas tarefas
-
3:33 - 3:37para mostrar às crias o que fazer
e isto chama-se "ensinar". -
3:37 - 3:40Os chimpanzés não ensinam.
-
3:41 - 3:45As orcas ensinam e partilham a comida.
-
3:47 - 3:49Quando a evolução
faz alguma coisa de novo, -
3:49 - 3:53utiliza as partes que tem guardadas,
prontas a usar, -
3:53 - 3:56antes de originar uma nova reviravolta.
-
3:56 - 3:58E o nosso cérebro chegou-nos
-
3:58 - 4:02através do extenso
e profundo curso do tempo. -
4:02 - 4:06Se olharmos para o cérebro humano
comparado com o cérebro de um chimpanzé, -
4:06 - 4:10o que verificamos é que
o cérebro do chimpanzé é enorme. -
4:10 - 4:14Ainda bem que o nosso é maior,
porque também somos muito inseguros. -
4:14 - 4:16(Risos)
-
4:16 - 4:19Mas... falta o golfinho,
-
4:19 - 4:22um cérebro maior
com mais convoluções. -
4:23 - 4:25Talvez pensem:
"Sim, são cérebros, -
4:25 - 4:28mas o que nos diz isso
em relação às mentes?" -
4:28 - 4:32Podemos ver
o funcionamento da mente -
4:32 - 4:35na lógica do comportamento.
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4:35 - 4:38Então, estes elefantes,
como podem ver, -
4:38 - 4:41estão claramente a descansar.
-
4:41 - 4:46Encontraram uma sombra
por debaixo das palmeiras, -
4:46 - 4:48onde deixam as crias a dormir,
-
4:48 - 4:51enquanto eles passam pelas brasas,
mas continuam alerta. -
4:51 - 4:54Esta imagem faz-nos todo o sentido,
-
4:54 - 4:58tal como o seu comportamento
lhes faz todo o sentido, -
4:58 - 5:02porque sob o mesmo sol,
nas mesmas planícies, -
5:02 - 5:05a escutar os uivos
dos mesmos perigos, -
5:05 - 5:10eles tornaram-se quem são
e nós tornámo-nos quem somos. -
5:11 - 5:13Somos vizinhos há muito tempo.
-
5:13 - 5:16Ninguém descreveria estes elefantes
como estando relaxados. -
5:16 - 5:19É óbvio que estão muito preocupados
com alguma coisa. -
5:19 - 5:21O que os preocupa?
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5:22 - 5:25Acontece que, se gravarmos
as vozes dos turistas -
5:25 - 5:29e reproduzirmos essa gravação
numa coluna escondida nos arbustos, -
5:30 - 5:34os elefantes vão ignorá-la,
porque os turistas nunca os incomodam. -
5:34 - 5:39Mas se gravarmos as vozes de pastores,
-
5:39 - 5:44que trazem lanças e muitas vezes magoam
os elefantes em confrontos em lagoas, -
5:44 - 5:49os elefantes vão reunir-se
e fugir da coluna escondida. -
5:49 - 5:52Não só os elefantes sabem
que estão ali humanos, -
5:52 - 5:55como sabem que existem
diferentes tipos de humanos -
5:55 - 5:58e que alguns são simpáticos
e outros são perigosos. -
5:58 - 6:03Eles observam-nos há mais tempo
do que nós os observamos a eles. -
6:03 - 6:06Conhecem-nos melhor do que nós a eles.
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6:06 - 6:09Temos os mesmos imperativos:
-
6:09 - 6:14tomar conta dos nossos bebés,
encontrar comida, tentar sobreviver. -
6:14 - 6:18Quer estejamos equipados
para subir as montanhas de África -
6:18 - 6:23ou para mergulhar no mar,
somos fundamentalmente iguais. -
6:23 - 6:25Somos os mesmos,
por debaixo da pele. -
6:25 - 6:27O elefante tem o mesmo esqueleto,
-
6:27 - 6:31a orca tem o mesmo esqueleto que nós.
-
6:34 - 6:37Vemos ajuda
onde a ajuda é necessária. -
6:37 - 6:40Vemos curiosidade nos mais novos.
-
6:41 - 6:44Vemos os laços familiares.
-
6:46 - 6:48Reconhecemos o afeto.
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6:49 - 6:51Sedução é sedução.
-
6:52 - 6:55E depois perguntamos,
"Eles têm consciência?" -
6:55 - 6:58Quando levamos uma anestesia geral,
ficamos inconscientes, -
6:58 - 7:01o que significa que não sentimos nada.
-
7:01 - 7:05A consciência é simplesmente
aquilo que nos parece alguma coisa. -
7:05 - 7:09Se vemos, se ouvimos, se sentimos,
se estamos cientes de tudo, -
7:09 - 7:13estamos conscientes,
e eles são conscientes. -
7:15 - 7:18Há quem diga que há certas coisas
que tornam humanos os seres humanos -
7:18 - 7:21e uma dessas coisas é a empatia.
-
7:21 - 7:27A empatia é a capacidade da mente
de combinar emoções com os nossos pares. -
7:27 - 7:29É muito útil.
-
7:29 - 7:31Se os nossos companheiros
apressam o passo, -
7:31 - 7:34sentimos que temos de nos despachar.
-
7:34 - 7:36Estamos todos apressados.
-
7:36 - 7:39A forma mais antiga de empatia
é o medo contagioso. -
7:39 - 7:42Se o nosso companheiro
se assusta e começa a voar, -
7:42 - 7:44não resulta muito bem dizermos:
-
7:44 - 7:47"Céus, porque se foram todos embora?"
-
7:47 - 7:49(Risos)
-
7:51 - 7:55A empatia é antiga,
mas tal como tudo na vida, -
7:55 - 7:59é representada numa escala móvel
e tem a sua complexidade. -
7:59 - 8:03Existe a empatia básica:
se te sentes triste, eu fico triste. -
8:03 - 8:05Se te vejo contente, fico contente.
-
8:05 - 8:08E, depois,
há algo a que chamo simpatia, -
8:08 - 8:10um pouco mais distanciada:
-
8:10 - 8:14"Lamento saber que a tua avó faleceu.
-
8:14 - 8:18"Não sinto a mesma dor,
mas percebo, sei o que sentes -
8:18 - 8:19"e preocupo-me."
-
8:19 - 8:22E se estivermos motivados
para agir com simpatia, -
8:22 - 8:24chamo a isso compaixão.
-
8:24 - 8:27Longe de ser
aquilo que nos torna humanos, -
8:27 - 8:31a empatia humana
está longe de ser perfeita. -
8:31 - 8:36Reunimos criatura empáticas,
matamo-las e comemo-las. -
8:36 - 8:39Agora, talvez digam,
"Sim, mas são espécies diferentes. -
8:39 - 8:43"É apenas predação
e os humanos são predadores." -
8:43 - 8:49Mas nós também não tratamos
a nossa espécie lá muito bem. -
8:49 - 8:52Até quem não percebe nada
de comportamento animal -
8:52 - 8:56sabe que não devemos atribuir
emoções e pensamentos humanos -
8:56 - 8:59a outras espécies.
-
8:59 - 9:01Eu acho que isso é uma parvoíce,
-
9:01 - 9:05porque atribuir pensamentos e emoções
humanos a outras espécies -
9:05 - 9:09é a melhor maneira de descobrir
o que estão a fazer e a sentir, -
9:09 - 9:12porque os cérebros deles
são basicamente como os nossos. -
9:12 - 9:14Têm a mesma estrutura,
-
9:14 - 9:19as mesmas hormonas que originam
as emoções e a motivação em nós -
9:19 - 9:22também estão naqueles cérebros.
-
9:23 - 9:28Não é científico dizer
que eles têm fome quando caçam -
9:28 - 9:31e que estão cansados
quando põem a língua de fora -
9:31 - 9:36e depois dizer que,
quando brincam com as crias alegremente, -
9:36 - 9:41não fazemos ideia
se estão a sentir alguma coisa. -
9:41 - 9:43Isso não é científico.
-
9:44 - 9:46Muito bem,
um repórter disse-me: -
9:46 - 9:51"Talvez, mas como sabemos
que os outros animais pensam e sentem?" -
9:51 - 9:54E eu comecei a percorrer as centenas
-
9:54 - 9:56de referências científicas
que coloquei no meu livro -
9:56 - 9:59e apercebi-me de que a resposta
estava à minha frente. -
9:59 - 10:03Quando o meu cão
se levanta do tapete e vem ter comigo -
10:03 - 10:05— não vai para o sofá,
vem ter comigo — -
10:05 - 10:10e rebola mostrando a barriga,
pensou: -
10:10 - 10:13"Gostava que me fizessem
festas na barriga. -
10:15 - 10:17"Eu sei que posso dirigir-me ao Carl
-
10:17 - 10:20"e que ele vai perceber
o que estou a perguntar. -
10:20 - 10:23"Sei que posso confiar nele,
porque somos família. -
10:23 - 10:26"Ele vai fazer o trabalho dele
e vai saber bem." -
10:26 - 10:28(Risos)
-
10:28 - 10:31Ele pensou e sentiu
-
10:31 - 10:34e não é mais complicado do que isso.
-
10:34 - 10:37Mas olhamos para os outros animais
e dizemos: -
10:37 - 10:41"Vejam, orcas, lobos, elefantes."
-
10:41 - 10:44Não é assim que eles o veem.
-
10:44 - 10:48Aquele macho da barbatana alta é o L41.
-
10:48 - 10:50Tem 38 anos.
-
10:50 - 10:55A fêmea à sua direita é a L22.
Tem 44 anos. -
10:56 - 11:01Conhecem-se há décadas.
Sabem exatamente quem são. -
11:01 - 11:04Sabem quem são os seus amigos.
Sabem quem são os seus rivais. -
11:04 - 11:07As suas vidas seguem uma carreira.
-
11:07 - 11:10Eles sabem sempre onde estão.
-
11:11 - 11:15Este elefante chama-se Philo.
É um jovem macho. -
11:16 - 11:18Este é ele, quatro dias depois.
-
11:19 - 11:25Os humanos não só sentem dor,
como também geram muita. -
11:27 - 11:30Queremos esculpir os dentes deles.
-
11:30 - 11:34Porque não podemos esperar
até que morram? -
11:36 - 11:40Outrora, havia elefantes
desde a costa do Oceano Mediterrâneo -
11:40 - 11:42até ao Cabo da Boa Esperança.
-
11:42 - 11:45Em 1980,
havia uma grande variedade de elefantes -
11:45 - 11:47na África Central e Oriental.
-
11:47 - 11:52E agora a sua distribuição
reduz-se a pequenos fragmentos. -
11:52 - 11:56Esta é a geografia de um animal
que estamos a conduzir à extinção, -
11:56 - 12:01um ser semelhante,
a criatura mais incrível do mundo. -
12:01 - 12:06Claro que somos muito mais preocupados
com a vida selvagem, nos EUA. -
12:06 - 12:10No Yellowstone National Park,
matámos os lobos todos. -
12:10 - 12:14Aliás, matámos os lobos todos
a sul da fronteira com o Canadá. -
12:14 - 12:18Mas os guardas florestais
fizeram-no nos anos 20 -
12:18 - 12:20e 60 anos depois,
tiveram de trazê-los de volta, -
12:20 - 12:24porque o número de alces disparara.
-
12:25 - 12:30Depois vieram milhares de pessoas
para ver os lobos, -
12:30 - 12:33os lobos mais fáceis de ver do mundo.
-
12:33 - 12:37Eu fui lá e observei
uma família de lobos fantástica. -
12:37 - 12:39Uma alcateia é uma família.
-
12:39 - 12:43Tem os adultos reprodutores
e os mais novos de muitas gerações. -
12:43 - 12:48E vi a mais famosa e mais estável
alcateia do Yellowstone National Park. -
12:48 - 12:52Um dia, quando passeavam
perto da fronteira, -
12:52 - 12:57dois dos adultos foram mortos,
incluindo a mãe, -
12:57 - 12:59a que costumamos
chamar de fêmea alfa. -
12:59 - 13:04O resto da família sucumbiu
à rivalidade entre irmãos. -
13:05 - 13:08Umas irmãs expulsaram as outras.
-
13:08 - 13:11Aquela da esquerda tentou,
durante dias, voltar à família. -
13:11 - 13:14Não a deixavam,
porque tinham ciúmes dela. -
13:14 - 13:17Estava a receber muita atenção
de dois novos machos -
13:17 - 13:19e era a mais precoce.
-
13:19 - 13:20Era demasiado para elas.
-
13:20 - 13:24Ela acabou por se afastar do parque
e foi alvejada. -
13:24 - 13:28O macho alfa acabou
por ser expulso da família. -
13:28 - 13:30Com a chegada do inverno,
-
13:30 - 13:34perdeu o seu território,
o seu sustento, -
13:34 - 13:38os membros da família
e a sua companheira. -
13:39 - 13:43Causámos-lhe imensa dor.
-
13:44 - 13:49O mistério é, porque não nos
magoam eles mais do que é costume? -
13:50 - 13:53Esta baleia acabara de comer
parte de uma baleia-cinzenta -
13:53 - 13:56com os companheiros,
que a tinham matado. -
13:56 - 13:59As pessoas do barco
não tinham nada a temer. -
14:00 - 14:03Esta baleia é a T20.
-
14:03 - 14:07Acabara de despedaçar uma foca
em três partes com dois companheiros. -
14:07 - 14:10A foca pesava tanto
como as pessoas no barco. -
14:10 - 14:14Elas não tinham nada a temer.
As baleias comem focas. -
14:15 - 14:17Porque não nos comem a nós?
-
14:19 - 14:24Porque deixamos as nossas crianças
chegarem-se perto delas? -
14:25 - 14:28Porque é que as orcas voltaram
para os investigadores, -
14:28 - 14:30perdidos num espesso nevoeiro,
-
14:30 - 14:34e os acompanharam durante quilómetros,
até o nevoeiro se dissipar -
14:34 - 14:37e a sua casa estar à vista,
na costa? -
14:37 - 14:40E isso aconteceu
mais do que uma vez. -
14:41 - 14:44Nas Bahamas, há uma senhora
chamada Denise Herzing, -
14:44 - 14:47que estuda golfinhos pintados,
e eles conhecem-na. -
14:47 - 14:50Ela conhece-os muito bem.
Conhece-os a todos. -
14:50 - 14:52Eles conhecem-na.
Reconhecem o barco. -
14:52 - 14:54Quando ela aparece,
é uma grande alegria. -
14:54 - 14:58Mas, uma vez, ela apareceu e eles
não quiseram aproximar-se do barco. -
14:58 - 15:00Foi muito estranho.
-
15:00 - 15:03Não percebiam qual era o problema,
até que alguém saiu do convés -
15:03 - 15:06e comunicou
que uma das pessoas a bordo morrera, -
15:06 - 15:08enquanto dormia no seu beliche.
-
15:09 - 15:13Como podiam os golfinhos saber
que um dos corações humanos -
15:13 - 15:15parara de bater?
-
15:15 - 15:20Porque se importariam?
E porque ficariam assustados? -
15:21 - 15:26Estas coisas misteriosas
são apenas uma pista do que se passa -
15:26 - 15:29nos cérebros
que residem connosco na Terra, -
15:29 - 15:34nos quais quase nunca pensamos.
-
15:34 - 15:36Num aquário, na África do Sul,
-
15:36 - 15:40havia uma cria de golfinho-roaz
chamada Dolly. -
15:40 - 15:46Estava a mamar e, um dia,
um dos zeladores fez uma pausa -
15:46 - 15:50e estava a olhar pela janela,
para a piscina, a fumar. -
15:51 - 15:53A Dolly aproximou-se e olhou para ele,
-
15:53 - 15:57voltou para a mãe,
mamou um ou dois minutos, -
15:57 - 15:59e voltou para a janela,
-
15:59 - 16:04libertando uma nuvem de leite
que a envolveu como fumo. -
16:04 - 16:07De alguma forma,
esta cria de golfinho-roaz -
16:07 - 16:12teve a ideia de usar o leite
para representar fumo. -
16:12 - 16:16Quando os seres humanos
usam uma coisa para representar outra, -
16:16 - 16:18chamamos-lhe arte.
-
16:18 - 16:20(Risos)
-
16:20 - 16:23As coisas que nos tornam humanos
não são as coisas que achamos -
16:23 - 16:25que nos tornam humanos.
-
16:25 - 16:27O que nos torna humanos é que,
-
16:27 - 16:30de todas estas coisas
que as nossas mentes e as deles têm, -
16:30 - 16:33nós somos os mais extremos.
-
16:34 - 16:37Somos o animal mais bondoso,
-
16:37 - 16:40mais violento, mais criativo
-
16:40 - 16:44e mais destrutivo
que alguma vez existiu. -
16:45 - 16:48Somos um aglomerado
de todas essas coisas. -
16:49 - 16:54Mas o amor não é aquilo
que nos torna humanos. -
16:54 - 16:57Não é um exclusivo nosso.
-
16:58 - 17:02Não somos os únicos que cuidamos
dos nossos companheiros. -
17:02 - 17:05Não somos os únicos
que cuidamos dos nossos filhos. -
17:07 - 17:12Os albatrozes voam 8 km
por vezes, 1600 km, -
17:12 - 17:16durante várias semanas,
para darem uma refeição grande -
17:16 - 17:19à cria que têm à sua espera.
-
17:19 - 17:23Fazem ninho nas ilhas mais remotas
dos oceanos mundiais -
17:23 - 17:26e este é o aspeto delas.
-
17:27 - 17:32Passar a vida de geração em geração
é o curso da história. -
17:32 - 17:35Se isso para, é o fim de tudo.
-
17:35 - 17:38Se há alguma coisa sagrada, é isto.
-
17:38 - 17:42E é para essa relação sagrada
que vai o nosso lixo plástico. -
17:42 - 17:45Todos estes pássaros
ingeriram plástico. -
17:46 - 17:51Este é um albatroz com seis meses,
preparado para voar. -
17:51 - 17:55Morreu, cheio de isqueiros vermelhos.
-
17:55 - 18:00Não é esta a relação que devemos ter
com o resto do mundo. -
18:00 - 18:04Mas nós,
que nos intitulámos de cérebros, -
18:04 - 18:08nunca pensamos nas consequências.
-
18:09 - 18:12Quando acolhemos
novas vidas humanas no mundo, -
18:12 - 18:17recebemos os nossos bebés
na companhia de outras criaturas. -
18:17 - 18:19Pintamos animais nas paredes.
-
18:19 - 18:23Não pintamos telemóveis.
Não pintamos escritórios apertados. -
18:23 - 18:27Pintamos animais para lhes mostrar
que não estamos sozinhos. -
18:27 - 18:30Temos companhia.
-
18:30 - 18:35E todos aqueles animais,
nos quadros da arca de Noé, -
18:35 - 18:40dignos de salvação,
estão agora em perigo -
18:40 - 18:43e a cheia deles somos nós.
-
18:44 - 18:46Por isso,
começámos com uma pergunta: -
18:46 - 18:48Eles gostam de nós?
-
18:50 - 18:52Vamos fazer outra pergunta.
-
18:53 - 18:57Conseguimos usar o que temos
-
18:58 - 19:03e preocupar-nos o suficiente
para os deixar continuar? -
19:05 - 19:06Muito obrigado.
-
19:07 - 19:10(Aplausos)
- Title:
- O que pensam e sentem os animais?
- Speaker:
- Carl Safina
- Description:
-
O que se passa no cérebro dos animais? Podemos saber em que pensam, se é que pensam e sentem? Carl Safina acredita que sim. Servindo-se de descobertas e episódios curiosos que passam pela biologia e pela ciência comportamental, mistura histórias de baleias, de lobos, de elefantes e de albatrozes para mostrar que, tal como nós pensamos, sentimos, usamos utensílios e exprimimos emoções, as outras criaturas — e cérebros — que partilham a Terra connosco também o fazem.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 19:26
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