O cérebro tem sexo? | Franck RAMUS | TEDxClermont
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0:17 - 0:22Existem diferenças
cognitivas entre os sexos? -
0:22 - 0:23É preciso que eu esteja louco
-
0:23 - 0:28para ter escolhido abordar um
tema tão perigoso como este! -
0:28 - 0:32Entretanto, há boas razões para fazê-lo.
E vocês conhecem tais razões: -
0:32 - 0:36são as estatísticas
que conhecem bem. -
0:36 - 0:40Por exemplo: as mulheres estão mais
à procura de trabalho do que os homens, -
0:40 - 0:43Elas são menos remuneradas
do que os homens nos mesmos postos, -
0:43 - 0:46elas atingem com menos frequência
do que os homens -
0:46 - 0:49os postos de gestão e de direção,
-
0:49 - 0:51mesmo que elas tenham as mesmas
qualificações que os homens, -
0:51 - 0:53quiçá ainda mais qualificadas em média.
-
0:54 - 0:58Logo, as estatísticas são realmente
chocantes e imagino que vocês compartilham -
0:58 - 1:03comigo o desejo de modificar estas
estatísticas para que haja equidade. -
1:03 - 1:07Então depois, evidentemente,
diferentes abordagens se opõem -
1:07 - 1:09sobre o modo de atingir esse objetivo.
-
1:09 - 1:13Se vocês recentemente acompanharam
um pouco os debates na mídia -
1:13 - 1:18sobre este tema, vocês sem dúvida
constataram que o leitmotiv principal, -
1:18 - 1:22que sempre retorna, consiste em
simplesmente negar que existem -
1:22 - 1:26diferenças cognitivas ou
cerebrais entre os sexos. -
1:26 - 1:32Ou pelo menos que, se elas existem
seriam verdadeiramente marginais -
1:32 - 1:37ou que elas seriam o efeito de
estereótipos ou que eles seriam -
1:37 - 1:40produto de um viés na educação
de meninos e meninas. -
1:40 - 1:44Então, pessoalmente, eu acho
esta abordagem arriscada, -
1:44 - 1:50porque ela repousa em um princípio
moral sobre os fatos que podem -
1:50 - 1:53ser observados ou não no mundo real.
-
1:54 - 1:59Então, imaginem que amanhã uma
nova pesquisa científica seja publicada -
1:59 - 2:03e demonstre que existem de fato
diferenças cognitivas entre os sexos, -
2:03 - 2:06e então tudo colapsa e
de repente as pessoas se dirão: -
2:06 - 2:10de fato, havia diferenças, eu tinha
razão de discriminar as mulheres -
2:10 - 2:12no emprego e de remunerá-las
menos do que dos homens. -
2:12 - 2:15Portanto, vemos bem que há um
problema nesta argumentação. -
2:16 - 2:19Há ainda mais para que esta
argumentação esteja já desacreditada, -
2:19 - 2:23porque já existem provas de
diferenças cognitivas entre os sexos. -
2:24 - 2:25É o que eu lhes proponho hoje,
-
2:25 - 2:28de começar a fazer uma revisão
dos dados que mostram -
2:28 - 2:32que existem tais diferenças e depois
voltamos à nossa questão inicial. -
2:33 - 2:37Então, existem diferenças cognitivas
entre os sexos, mas quais? -
2:37 - 2:40Todas estas das quais se fala
não são necessariamente reais. -
2:40 - 2:45Por exemplo, no século XIX, acreditava-se
que as mulheres eram menos inteligentes -
2:45 - 2:49que os homens, como disse
o célebre neurologista Paul Broca, -
2:49 - 2:53porque talvez tenha
comparado o tamanho dos cérebros. -
2:53 - 2:56Diante de tal afirmação,
há duas atitudes possíveis. -
2:56 - 3:01Podemos dizer, isto é totalmente
inaceitável, logo necessariamente falso, -
3:01 - 3:05mas vocês concordarão que isto é
tomar os desejos como realidades. -
3:05 - 3:10Ou então pode-se ter uma abordagem mais
científica, e ver os dados -
3:10 - 3:13vejamos se os dados vêm ao
encontro desta hipótese. -
3:13 - 3:15Então se olharmos os dados,
-
3:15 - 3:18primeiro: há uma diferença
de volume cerebral entre os sexos? -
3:18 - 3:22Sim, existe uma: os homens têm um
cérebro que é em média 9% -
3:22 - 3:24maior do que o das mulheres.
-
3:24 - 3:28Segunda questão: é verdade que existe
uma ligação entre volume cerebral e -
3:28 - 3:31inteligência geral,
de modo que se possa medir -
3:31 - 3:33por testes de quociente intelectual?
-
3:33 - 3:38A resposta é novamente sim, o que
vocês verão ilustrado nestas linhas aqui. -
3:39 - 3:44As diferenças de volume cerebral
entre as pessoas explicam -
3:44 - 3:48em torno de 10% de diferenças
quociente intelectual. -
3:48 - 3:51Terceiro ponto: disto
se concluiria que as mulheres têm -
3:51 - 3:54necessariamente um quociente intelectual
menor do que o dos homens? -
3:54 - 3:58É observando os dados
que se pode responder. -
3:58 - 4:00Aqui estão os dados
de um estudo particular -
4:00 - 4:02qui confirmou estudos anteriores.
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4:02 - 4:06Vocês veem no eixo x o volume
do cérebro das pessoas, sobre o eixo y -
4:06 - 4:10seus quocientes intelectuais, os homens
estão em negro, as mulheres em branco. -
4:10 - 4:14O que vocês veem, se observamos
o eixo x, é que efetivamente -
4:14 - 4:16os homens têm um cérebro
mais volumoso do que as mulheres. -
4:16 - 4:22Se observamos as linhas que mostram
a ligação entre tamanho do cérebro e QI, -
4:22 - 4:25vocês verão que para os homens
há uma relação, -
4:25 - 4:27e para as mulheres, há também
uma relação. -
4:27 - 4:31Observem agora o QI no eixo y,
vocês verão que em média não há -
4:31 - 4:35diferença de QI entre
as mulheres e os homens. -
4:35 - 4:38Isto permite, a partir de uma
abordagem científica, dar -
4:38 - 4:41uma resposta fechada e
definitiva a broca, que é: -
4:41 - 4:45não, os homens e as mulheres não diferem
em termos de inteligência geral. -
4:45 - 4:49Então, disto se conclui
que não existe nenhuma diferença? -
4:49 - 4:50Não necessariamente.
-
4:50 - 4:51Podem existir diferenças mais sutis.
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4:51 - 4:55Por exemplo, no cérebro, se
observarmos diferentes regiões cerebrais, -
4:55 - 4:59existem algumas diferentes entre
homens e mulheres. -
4:59 - 5:03Esta imagem lhes mostra que as regiões
em azul têm volumes de matéria cinzenta -
5:03 - 5:07maiores nos homens do que
nas mulheres em média, -
5:07 - 5:10enquanto que as zonas em vermelho têm
um volume de matéria cinzenta maior -
5:10 - 5:12nas mulheres do que nos homens.
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5:12 - 5:14Eu não vou detalhar
todas as regiões, -
5:14 - 5:18mas algumas estão
no sistema límbico, -
5:18 - 5:21dito de outra maneira, o que se poderia
chamar de cérebro emocional. -
5:21 - 5:25Se observarmos no nível cognitivo,
isto seria traduzido por diferenças -
5:25 - 5:27nos resultados destes testes?
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5:27 - 5:30Neste caso ainda, a resposta é sim.
-
5:30 - 5:34Há uma quantidade de funções cognitvas
nas quais homens e mulheres -
5:34 - 5:35diferem um pouco.
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5:35 - 5:37Vejam uma ilustração aqui.
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5:37 - 5:39Trata-se de dois testes cognitivos.
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5:39 - 5:42O primeiro, que se ve acima,
é o jogo dos sete erros. -
5:42 - 5:46Quer dizer, vocês têm uma tábua
com um certo número de objetos. -
5:46 - 5:49Vocês a olham, esta é escondida
e depois vocês veem uma segunda tábua -
5:49 - 5:52e vocês devem achar os objetos
que mudaram de lugar. -
5:52 - 5:56Portanto, é uma tarefa de memória
de localização espacial. -
5:56 - 5:59A tarefa que está abaixo:
vocês veem um objeto em 3D -
5:59 - 6:03e depois, vocês veem
vários outros que são o mesmo objeto -
6:03 - 6:07após a rotação, mas há um
entre eles que é um intruso -
6:07 - 6:10e que não é o mesmo objeto por rotação
mas sua imagem espelhada. -
6:11 - 6:13A tarefa é encontrar
o intruso. -
6:14 - 6:16Uma das tarefas é melhor
realizada por homens, -
6:16 - 6:19enquanto a outra é melhor
realizada por mulheres. -
6:19 - 6:22Será que vocês são capazes
de adivinhar qual é qual? -
6:22 - 6:23Vamos colocá-los à prova.
-
6:23 - 6:26Vocês irão votar imediatamente
levantando a mão. -
6:26 - 6:29As pessoas que pensam que a
tarefa de localização espacial é -
6:29 - 6:33melhor realizada por homens e
a tarefa de rotação mental é -
6:33 - 6:35melhor realizada por
mulheres, levantem a mão. -
6:35 - 6:38Vamos lá, eu quero ver,
não há muitas mãos. -
6:38 - 6:39Será que vocês são tímidos?
-
6:39 - 6:44As pessoas que pensam exatamente
o contrário, levantem as mãos. -
6:44 - 6:46Agora, de repente, vejo
mais mãos. -
6:46 - 6:50E, portanto, posso lhes dizer que a
maioria de vocês efetivamente -
6:50 - 6:51têm a intuição correta.
-
6:51 - 6:54Quero dizer que as mulheres
são melhores nas tarefas -
6:54 - 6:58de memorização das localizações dos
objetos, enquanto os homens são, -
6:58 - 7:02em média, melhores nas tarefas em
que é preciso manipular objetos no espaço. -
7:02 - 7:06Então, há muitas tarefas como esta
e evidentemente não é suficiente -
7:06 - 7:10mostrar que os homens e as
mulheres diferem em tal ou tal teste. -
7:10 - 7:11Já que, o que isto prova?
-
7:11 - 7:14Isto não prova que a
diferença é inata. -
7:14 - 7:18Há um sem número de fatores que induzem
a tais diferenças de performance. -
7:19 - 7:23Portanto, pode ser que a educação seja
um fator. Os meninos não são -
7:23 - 7:27educados da mesma maneira que as meninas,
que não são encorajadas à realizar -
7:27 - 7:30as mesmas atividades, que não são
treinadas para as mesmas coisas. -
7:30 - 7:32É possível haver ainda
um viés de estereótipo. -
7:32 - 7:36Eu vou ilustrar
este viés de estereótipo por -
7:36 - 7:40meio de um estudo americano famoso
no qual foi adminstrado -
7:40 - 7:44um teste de matemática bastante complexo
a estudantes universitários. -
7:44 - 7:47Em uma primeira versão,
com a instrução segundo a qual, -
7:47 - 7:50é um teste de matemática no qual
os homens têm majoritariamente -
7:50 - 7:52melhores performances
do que as mulheres. -
7:52 - 7:55Os resultados observados se
conformam realmente a esta -
7:55 - 7:59sugestão, a saber que os homens obtêm
melhores resultados do que as mulheres -
7:59 - 8:01Em uma segunda versão,
foi administrado exatamente -
8:01 - 8:05o mesmo teste de matemática, mas
foram modificadas somente as instruções, -
8:05 - 8:10que diziam tratar-se de um teste
no qual não havia nenhuma diferença -
8:10 - 8:10entre os sexos.
-
8:10 - 8:15E aí os resultados foram que não
havia nenhuma diferença entre os sexos. -
8:16 - 8:21Portanto, vocês vejam que finalmente,
por uma simples sugestão, pode-se induzir -
8:21 - 8:26na mente das pessoas, os estereótipos
aos quais elas irão acabar se conformando. -
8:26 - 8:29É um pouco como uma
profecia auto-realizável. -
8:29 - 8:33E portanto, de uma vez, diz-se: ah mas,
claro, estereótipos como este, -
8:33 - 8:36há muitos, sobretudo estereótipos
que pouco valorizam as mulheres. -
8:36 - 8:42E se as mulheres o interiorizam
e se conformam a este estereótipo, -
8:42 - 8:45isto poderia explicar as
numerosas diferenças que são observadas. -
8:46 - 8:49Para sabê-lo, uma vez mais
é preciso examinar os dados. -
8:49 - 8:53Portanto, eu lhes mostro uma longa lista
de testes nos quais foram comparadas -
8:53 - 8:56as performances de
homens e mulheres. -
8:56 - 9:01Os que não diferem entre os
homens e as mulheres são os que -
9:01 - 9:06estão na linha do meio, os que estão
nas barras rosas que tendem para -
9:06 - 9:10a esquerda são os testes em que as
mulheres estão em vantagem e os que -
9:10 - 9:14estão com as barras azuis que tendem para
a direita são os testes em que -
9:14 - 9:17os homens estão em vantagem; o tamanho
das barras reflete o tamanho da diferença -
9:17 - 9:20entre os sexos,
em um escala estatística -
9:20 - 9:22que eu não vou
lhes explicar. -
9:22 - 9:25Mas para fixar as idéias, observem
a barra azul que está em baixo. -
9:25 - 9:28É o tamanho da diferença de
altura do corpo entre os sexos. -
9:28 - 9:32Os homens são em média um pouco
maiores que as mulheres. -
9:32 - 9:33Isto não é controverso!
-
9:33 - 9:37E esta diferença tem um
tamanho que é de dois -
9:37 - 9:40sobre esta escala estatística,
o que é representado aqui. -
9:40 - 9:43Em comparação, a maioria
das diferenças cognitivas -
9:43 - 9:45entre os sexos não são
de fato muito grandes. -
9:45 - 9:47Elas são inferiores a 1
nesta esclara -
9:47 - 9:49logo, tomando um homem
e uma mulher ao acaso -
9:49 - 9:52e comparando-os nestes testes,
-
9:52 - 9:54eles têm menos chances
de ser diferentes que se tomarmos -
9:54 - 9:56dois homens ao acaso
ou duas mulheres ao acaso. -
9:56 - 9:59São diferenças pequenas,
vamos dizer. -
9:59 - 10:01Elas poderiam ser
inteiramente explicadas -
10:01 - 10:03pelo viés do estereótipo?
-
10:03 - 10:08Para isto, é preciso compará-los a efeitos
de estereótipo representados na zona cinza. -
10:08 - 10:11Vocês verão que efetivamente
um certo número destas diferenças -
10:11 - 10:15no meio, que são pequenas,
podem ser inteiramente atribuídas -
10:15 - 10:17a diferenças de estereótipo,
potencialmente. -
10:17 - 10:21Há outras que são um pouco maiores
e que provavelmente -
10:21 - 10:24não podem ser inteiramente
explicadas por efeito de estereótipo. -
10:25 - 10:29E eu vou ilustrar a partir de um exemplo
particular, que é a agressividade. -
10:31 - 10:34O fato é que as diferenças
são pequenas, mas, apesar de tudo, -
10:34 - 10:36podem ter
uma certa importancia. -
10:36 - 10:38A agressividade,
como mensurá-la? -
10:38 - 10:41Por exemplo, por questionários
em que é preciso responder -
10:41 - 10:44a dezenas de questões que
interrogam sobre suas atitudes, -
10:44 - 10:47sobre suas reações em um certo
número de situações. -
10:47 - 10:51E acumulamos os escores de todas estas
questões e, ao final, produzimos -
10:51 - 10:54um escore sobre 200 ou 250.
-
10:54 - 10:58E aqui vocês têm a distribuição
dos escores dos homens em azul -
10:58 - 11:00e a distribuição dos escores
das mulheres em vermelho. -
11:00 - 11:05O que vocês veem é que estas
distribuições estão um pouco deslocadas: -
11:05 - 11:08a média dos homens é um pouco
superior à das mulheres. -
11:08 - 11:11Poderíamos dizer que os homens são
em média mais agressivos que as mulheres. -
11:12 - 11:15Mas, as duas distribuições
se sobrepõem bastante, -
11:15 - 11:17então há também
muitas mulhers -
11:17 - 11:19que são mais agressivas do
que muitos homens. -
11:19 - 11:22Poderíamos dizer: esta
diferença é tão pequena -
11:22 - 11:24que ela não tem estritamente
nenhuma importância. -
11:24 - 11:26Se olharmos os dados
de modo diferente, -
11:26 - 11:28se nos interessarmos pela proporção
de homens e mulheres -
11:28 - 11:31que ultrapassa um certo escore
então nos escores baixos, -
11:31 - 11:36temos um homem para uma mulher, mas quando
chegamos aos escores médios, -
11:36 - 11:41temos 2 homens para uma mulher, já
em 150, temos 4 homens para uma mulher -
11:41 - 11:43e em 200 temos 8 homens para uma mulher.
-
11:43 - 11:46Número talvez próximo,
por exemplo, de uma outra estatística -
11:46 - 11:50que é a dos autores de homicídio, há
em média 10 homens para uma mulher. -
11:50 - 11:55Logo, vemos por este exemplo que, mesmo
quando a diferença média é muito -
11:55 - 11:59pequena e que há uma grande sobreposição
entre as duas distribuições, -
11:59 - 12:03pode aí haver consequências muito
importantes no nível social. -
12:03 - 12:06Então, falamos de diferenças
cognitivas entre os sexos, -
12:06 - 12:08de diferenças de personalidades como aqui.
-
12:08 - 12:10Há ainda as
diferenças de preferência. -
12:10 - 12:13Quer dizer que espontaneamente
homens e mulheres -
12:13 - 12:17são atraídos por objetos
e atividades diferentes. -
12:17 - 12:20E estas diferenças
são observadas desde a infância. -
12:20 - 12:23Desde o momento de recreação no
maternal, vemos bem que os meninos -
12:23 - 12:28são atraídos por jogos um pouco
mais ativos, turbulentos, competitivos, -
12:28 - 12:31enquanto as mulheres vão ser atraídas
por jogos mais calmos -
12:31 - 12:34e também mais sociais e cooperativos.
-
12:34 - 12:36São estereótipos mas
também observações -
12:36 - 12:38que podemos fazer na
mais tenra infância, -
12:38 - 12:41Evidentemente, podemos pensar que
a maneira que nós educarmos -
12:41 - 12:45meninos e meninas não é
indiferente a estas observações. -
12:45 - 12:48Mas podem elas
explicá-las inteiramente? -
12:48 - 12:50Será que o viés
da educação pode explicar -
12:50 - 12:52inteiramente estas diferenças?
-
12:53 - 12:56Bem, para sabê-lo, é preciso olhar
crianças ainda mais novas, -
12:56 - 12:58com metodologias apropriadas.
-
12:58 - 13:02Por exemplo, em meu laboratório,
temos métodos para estudar -
13:02 - 13:04a percepção dos bebês.
-
13:04 - 13:08Por exemplo, podemos observar se o
bebê prefere olhar -
13:08 - 13:12mais tempo um estímulo
visual ou outro. -
13:12 - 13:15O que observamos neste tipo
de experiência, é que os bebês, -
13:15 - 13:18quando são meninas vão
preferir olhar mais tempo -
13:18 - 13:21o rosto feminino, mas os
meninos preferem olhar -
13:21 - 13:26mais tempo uma imagem abstrata que,
vocês não a veem, mas há -
13:26 - 13:28uma corda com uma bola na ponta,
uma espécie de móbile. -
13:28 - 13:32Vocês veem que desde a mais tenra idade,
neste caso, uma experiência mostra -
13:32 - 13:35desde o nascimento, que meninos
e meninas já têm -
13:35 - 13:40preferências por
objetos diferentes. -
13:40 - 13:44Vemos também algumas diferenças
no nível das capacidades cognitivas, -
13:44 - 13:46como a famosa rotação
mental no espaço. -
13:47 - 13:51Então, mostramos o objeto em 3D a
este bebê e depois o giramos, -
13:51 - 13:53apresentamos o objeto sob
diferentes orientações e -
13:53 - 13:57depois de um tempo, apresentamos
a imagem espelho deste objeto. -
13:57 - 14:00Então, não será mais o mesmo
objeto obtido por rotação. -
14:00 - 14:04O que observamos, é que os bebês
meninos observam a diferença, -
14:04 - 14:08que é traduzida pelo aumento
no tempo de fixação ocular em -
14:08 - 14:09direção ao novo objeto.
-
14:09 - 14:12Enquanto as meninas, observem
as duas barras da esquerda, -
14:12 - 14:16elas não manifestam diferença
no tempo de fixação ocular, então a priori -
14:16 - 14:19não detectam a diferença
entre o objeto e sua imagem espelho. -
14:19 - 14:23E aqui falamos de experiências que foram
observadas entre três e cinco meses, -
14:23 - 14:26dito de outro modo, em uma idade
em que é muito pouco plausível -
14:26 - 14:30que tenhamos já enviesado
a cognição dos bebês -
14:30 - 14:33pelo tratamento diferente dado
a meninos e meninas. -
14:33 - 14:37Então, se podem existir diferenças
tão precoces, de onde elas vêm? -
14:37 - 14:40Bem temos uma pequena idéia
dos mecanismos que estão em curso. -
14:41 - 14:43Vocês sabem que existem
diferenças genéticas -
14:43 - 14:46entre homens e mulheres
em seus cromossomos sexuais. -
14:47 - 14:52O fato de que o feto masculino possua
um cromossomo Y vai diferenciar -
14:52 - 14:56suas gônadas em testículos, muito
precocemente, e seus testículos vão -
14:56 - 15:02secretar testosterona que vai
impregnar o tecido progressivamente -
15:02 - 15:06atingindo um pico em torno
da 15a semana de gestação. -
15:06 - 15:11Mas se observarem a linha
pontilhada em baixo, a do feto feminino, -
15:11 - 15:15a testosterona mantém-se a zero
durante todo o desenvolvimento. -
15:15 - 15:17O fato de esta testosterona
impregnar todos os tecidos -
15:17 - 15:22vai masculinizar os tecidos, vai modificar
um pouco as células -
15:22 - 15:25para fazer com que elas adotem uma
forma específica do sexo masculino. -
15:25 - 15:29Este fenômeno é produzido também no
cérebro e leva a diferenças -
15:29 - 15:34de estrutura e de função,
e a diferenças de comportamento. -
15:34 - 15:37Estas coisas são muito bem
demonstradas nas diferentes -
15:37 - 15:40espécies animais porque no animal,
podemos fazer experiências -
15:40 - 15:43nas quais manipulamos as taxas
de testosterona dos fetos. -
15:43 - 15:46Vocês imaginem bem que não autorizamos
este tipo de experiência -
15:46 - 15:49em humanos e por consequência
não temos a prova formal -
15:49 - 15:52que a mesma coisa aconteça
exatamente do mesmo modo nos humanos. -
15:52 - 15:55Apesar de tudo, o que se sabe em biologia
sobre o ser humano é compatível -
15:55 - 16:00com a idéia que os mesmos mecanismos
estejam em curso nos seres humanos. -
16:00 - 16:04Então, para resumir: vimos que, sim,
as diferenças cognitivas -
16:04 - 16:08entre homens e mulheres
existem realmente. -
16:09 - 16:12Elas não são enormes, elas têm
uma dimensão moderada, dito de outro modo -
16:12 - 16:15elas não justificam
uma separação de papéis -
16:15 - 16:18muito diferenciada entre homens
e mulheres na sociedade. -
16:18 - 16:20Mas elas são confiáveis.
-
16:20 - 16:24Para alguns, podemos observar desde
a infância, até mesmo desde o nascimento, -
16:24 - 16:26e começamos a conhecer,
podemos dizer, ao menos -
16:26 - 16:30parcialmente, as bases cerebrais,
as origens hormonais e genéticas. -
16:32 - 16:33Então, há diferenças.
-
16:33 - 16:36E então! E então!
-
16:36 - 16:40Isso justificaria a discriminação das mulheres
no trabalho, no valor de seus salários? -
16:40 - 16:42Claro que não!
-
16:42 - 16:44Não porque haja diferenças,
nada pode justificar -
16:44 - 16:49esta discriminação, quaisquer que sejam
as diferenças colocadas em evidência. -
16:49 - 16:51Logo, vemos bem que estamos
ao lado da placa feita. -
16:52 - 16:57Trata-se de uma confusão entre a
igualdade de direito e a igualdade de fato. -
16:57 - 17:00Quando se diz que os seres humanos
nascem livres e iguais em direito, -
17:00 - 17:04não estamos observando um fato,
estamos afirmando um valor. -
17:04 - 17:07E temos vontade de continuar
a afirmar este valor, -
17:07 - 17:09quaisquer que sejam as
observações que pudermos fazer, -
17:09 - 17:13e quaisquer que sejam as diferenças
que pudermos observar entre os indivíduos. -
17:13 - 17:17Porque, de todo modo, as
diferenças existem em todos os lugares, -
17:17 - 17:18e elas existirão sempre!
-
17:18 - 17:22Nós somos todos diferentes e, de fato,
para que sejamos todos iguais, -
17:22 - 17:25seria necessário que fôssemos todos
clones e, portanto, todos do mesmo sexto, -
17:25 - 17:29e, além disso, que fôssemos todos
educados em um laboratório -
17:29 - 17:31sob as mesmas e idênticas condições.
-
17:31 - 17:33Alguém tem vontade disto?
-
17:33 - 17:34Não, que bom.
-
17:34 - 17:37Logo as diferenças existem por todo lado.
-
17:37 - 17:40Finalmente é isto que também
torna interessante a vida humana. -
17:40 - 17:44É a diversidade e é também isto
que permite esperar que mais do que ter -
17:44 - 17:48medo de nossas diferenças, possamos tentar
capitalizar a partir de nossas diferenças -
17:48 - 17:52e reconhecer que nós temos também
qualidades que podem ser complementares. -
17:52 - 17:57De qualquer forma, a idéia de justiça e
equidade é ainda mais importante. -
17:57 - 18:02O que é injusto é desfavorecer
alguém porque esta foi avaliada por -
18:02 - 18:07suas qualidades médias, reais ou supostas,
por seu sexo ou pelo grupo, -
18:07 - 18:08ao qual ela pertence.
-
18:08 - 18:13Isto é fundamentalmente injusto,
enquanto que a justiça é simplesmente avaliar -
18:13 - 18:16as pessoas a partir de suas
qualidades individuais, -
18:16 - 18:21independentemente de seu sexo ou de um
outro grupo ao qual elas pertençam. -
18:21 - 18:25Para concluir, eu penso que é isto que é
preciso reivindicar para as mulheres -
18:25 - 18:28Não é a igualdade de fatos
em relação aos homens. -
18:28 - 18:31É a igualdade de direitos,
e é a justiça e a equidade. -
18:31 - 18:32Obrigado.
-
18:32 - 18:41(Aplausos)
- Title:
- O cérebro tem sexo? | Franck RAMUS | TEDxClermont
- Description:
-
Esta apresentação foi registrada em um evento local do TEDx, produzido independentemente das conferencias do TED.
Filmado durante o TEDxClermont em Clermont-Ferrand, Auvergne, França, em 21 de junho de 2014.
Os homens vem de Marte as mulheres de Vênus? Há reais diferenças de funcionamento cognitivo e cerebral entre os sexos? Se sim, quais são elas, e de onde elas vem? Da educação? Do condicionamento social? Dos hormônios? Dos genes? As ciências nos trazem numerosos dados factuais que permitem abordar estas questões sem se deixar enganar por estereótipos e ideologias.
Mais intervenções em
http://tedxclermont.org/Junte-se a nós nas redes sociais:
https://www.facebook.com/TEDxClermont
https://twitter.com/TEDxClermontFranck Ramus é diretor de pesquisa no CNRS e professor de psicologia no departamento de estudos cognitivos da École Normale Supérieure de Paris. Suas pesquisas portam sobre a aprendizagem da linguagem por crianças e seus problemas (dislexia, problemas de linguagem, autismo).
- Video Language:
- French
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 18:57
Dimitra Papageorgiou approved Portuguese, Brazilian subtitles for Le cerveau a-t-il un sexe ? | Franck RAMUS | TEDxClermont | ||
Roxana Sanchez accepted Portuguese, Brazilian subtitles for Le cerveau a-t-il un sexe ? | Franck RAMUS | TEDxClermont | ||
Elisangela Teixeira edited Portuguese, Brazilian subtitles for Le cerveau a-t-il un sexe ? | Franck RAMUS | TEDxClermont | ||
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