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O cérebro tem sexo? | Franck RAMUS | TEDxClermont

  • 0:17 - 0:22
    Existem diferenças
    cognitivas entre os sexos?
  • 0:22 - 0:23
    É preciso que eu esteja louco
  • 0:23 - 0:28
    para ter escolhido abordar um
    tema tão perigoso como este!
  • 0:28 - 0:32
    Entretanto, há boas razões para fazê-lo.
    E vocês conhecem tais razões:
  • 0:32 - 0:36
    são as estatísticas
    que conhecem bem.
  • 0:36 - 0:40
    Por exemplo: as mulheres estão mais
    à procura de trabalho do que os homens,
  • 0:40 - 0:43
    Elas são menos remuneradas
    do que os homens nos mesmos postos,
  • 0:43 - 0:46
    elas atingem com menos frequência
    do que os homens
  • 0:46 - 0:49
    os postos de gestão e de direção,
  • 0:49 - 0:51
    mesmo que elas tenham as mesmas
    qualificações que os homens,
  • 0:51 - 0:53
    quiçá ainda mais qualificadas em média.
  • 0:54 - 0:58
    Logo, as estatísticas são realmente
    chocantes e imagino que vocês compartilham
  • 0:58 - 1:03
    comigo o desejo de modificar estas
    estatísticas para que haja equidade.
  • 1:03 - 1:07
    Então depois, evidentemente,
    diferentes abordagens se opõem
  • 1:07 - 1:09
    sobre o modo de atingir esse objetivo.
  • 1:09 - 1:13
    Se vocês recentemente acompanharam
    um pouco os debates na mídia
  • 1:13 - 1:18
    sobre este tema, vocês sem dúvida
    constataram que o leitmotiv principal,
  • 1:18 - 1:22
    que sempre retorna, consiste em
    simplesmente negar que existem
  • 1:22 - 1:26
    diferenças cognitivas ou
    cerebrais entre os sexos.
  • 1:26 - 1:32
    Ou pelo menos que, se elas existem
    seriam verdadeiramente marginais
  • 1:32 - 1:37
    ou que elas seriam o efeito de
    estereótipos ou que eles seriam
  • 1:37 - 1:40
    produto de um viés na educação
    de meninos e meninas.
  • 1:40 - 1:44
    Então, pessoalmente, eu acho
    esta abordagem arriscada,
  • 1:44 - 1:50
    porque ela repousa em um princípio
    moral sobre os fatos que podem
  • 1:50 - 1:53
    ser observados ou não no mundo real.
  • 1:54 - 1:59
    Então, imaginem que amanhã uma
    nova pesquisa científica seja publicada
  • 1:59 - 2:03
    e demonstre que existem de fato
    diferenças cognitivas entre os sexos,
  • 2:03 - 2:06
    e então tudo colapsa e
    de repente as pessoas se dirão:
  • 2:06 - 2:10
    de fato, havia diferenças, eu tinha
    razão de discriminar as mulheres
  • 2:10 - 2:12
    no emprego e de remunerá-las
    menos do que dos homens.
  • 2:12 - 2:15
    Portanto, vemos bem que há um
    problema nesta argumentação.
  • 2:16 - 2:19
    Há ainda mais para que esta
    argumentação esteja já desacreditada,
  • 2:19 - 2:23
    porque já existem provas de
    diferenças cognitivas entre os sexos.
  • 2:24 - 2:25
    É o que eu lhes proponho hoje,
  • 2:25 - 2:28
    de começar a fazer uma revisão
    dos dados que mostram
  • 2:28 - 2:32
    que existem tais diferenças e depois
    voltamos à nossa questão inicial.
  • 2:33 - 2:37
    Então, existem diferenças cognitivas
    entre os sexos, mas quais?
  • 2:37 - 2:40
    Todas estas das quais se fala
    não são necessariamente reais.
  • 2:40 - 2:45
    Por exemplo, no século XIX, acreditava-se
    que as mulheres eram menos inteligentes
  • 2:45 - 2:49
    que os homens, como disse
    o célebre neurologista Paul Broca,
  • 2:49 - 2:53
    porque talvez tenha
    comparado o tamanho dos cérebros.
  • 2:53 - 2:56
    Diante de tal afirmação,
    há duas atitudes possíveis.
  • 2:56 - 3:01
    Podemos dizer, isto é totalmente
    inaceitável, logo necessariamente falso,
  • 3:01 - 3:05
    mas vocês concordarão que isto é
    tomar os desejos como realidades.
  • 3:05 - 3:10
    Ou então pode-se ter uma abordagem mais
    científica, e ver os dados
  • 3:10 - 3:13
    vejamos se os dados vêm ao
    encontro desta hipótese.
  • 3:13 - 3:15
    Então se olharmos os dados,
  • 3:15 - 3:18
    primeiro: há uma diferença
    de volume cerebral entre os sexos?
  • 3:18 - 3:22
    Sim, existe uma: os homens têm um
    cérebro que é em média 9%
  • 3:22 - 3:24
    maior do que o das mulheres.
  • 3:24 - 3:28
    Segunda questão: é verdade que existe
    uma ligação entre volume cerebral e
  • 3:28 - 3:31
    inteligência geral,
    de modo que se possa medir
  • 3:31 - 3:33
    por testes de quociente intelectual?
  • 3:33 - 3:38
    A resposta é novamente sim, o que
    vocês verão ilustrado nestas linhas aqui.
  • 3:39 - 3:44
    As diferenças de volume cerebral
    entre as pessoas explicam
  • 3:44 - 3:48
    em torno de 10% de diferenças
    quociente intelectual.
  • 3:48 - 3:51
    Terceiro ponto: disto
    se concluiria que as mulheres têm
  • 3:51 - 3:54
    necessariamente um quociente intelectual
    menor do que o dos homens?
  • 3:54 - 3:58
    É observando os dados
    que se pode responder.
  • 3:58 - 4:00
    Aqui estão os dados
    de um estudo particular
  • 4:00 - 4:02
    qui confirmou estudos anteriores.
  • 4:02 - 4:06
    Vocês veem no eixo x o volume
    do cérebro das pessoas, sobre o eixo y
  • 4:06 - 4:10
    seus quocientes intelectuais, os homens
    estão em negro, as mulheres em branco.
  • 4:10 - 4:14
    O que vocês veem, se observamos
    o eixo x, é que efetivamente
  • 4:14 - 4:16
    os homens têm um cérebro
    mais volumoso do que as mulheres.
  • 4:16 - 4:22
    Se observamos as linhas que mostram
    a ligação entre tamanho do cérebro e QI,
  • 4:22 - 4:25
    vocês verão que para os homens
    há uma relação,
  • 4:25 - 4:27
    e para as mulheres, há também
    uma relação.
  • 4:27 - 4:31
    Observem agora o QI no eixo y,
    vocês verão que em média não há
  • 4:31 - 4:35
    diferença de QI entre
    as mulheres e os homens.
  • 4:35 - 4:38
    Isto permite, a partir de uma
    abordagem científica, dar
  • 4:38 - 4:41
    uma resposta fechada e
    definitiva a broca, que é:
  • 4:41 - 4:45
    não, os homens e as mulheres não diferem
    em termos de inteligência geral.
  • 4:45 - 4:49
    Então, disto se conclui
    que não existe nenhuma diferença?
  • 4:49 - 4:50
    Não necessariamente.
  • 4:50 - 4:51
    Podem existir diferenças mais sutis.
  • 4:51 - 4:55
    Por exemplo, no cérebro, se
    observarmos diferentes regiões cerebrais,
  • 4:55 - 4:59
    existem algumas diferentes entre
    homens e mulheres.
  • 4:59 - 5:03
    Esta imagem lhes mostra que as regiões
    em azul têm volumes de matéria cinzenta
  • 5:03 - 5:07
    maiores nos homens do que
    nas mulheres em média,
  • 5:07 - 5:10
    enquanto que as zonas em vermelho têm
    um volume de matéria cinzenta maior
  • 5:10 - 5:12
    nas mulheres do que nos homens.
  • 5:12 - 5:14
    Eu não vou detalhar
    todas as regiões,
  • 5:14 - 5:18
    mas algumas estão
    no sistema límbico,
  • 5:18 - 5:21
    dito de outra maneira, o que se poderia
    chamar de cérebro emocional.
  • 5:21 - 5:25
    Se observarmos no nível cognitivo,
    isto seria traduzido por diferenças
  • 5:25 - 5:27
    nos resultados destes testes?
  • 5:27 - 5:30
    Neste caso ainda, a resposta é sim.
  • 5:30 - 5:34
    Há uma quantidade de funções cognitvas
    nas quais homens e mulheres
  • 5:34 - 5:35
    diferem um pouco.
  • 5:35 - 5:37
    Vejam uma ilustração aqui.
  • 5:37 - 5:39
    Trata-se de dois testes cognitivos.
  • 5:39 - 5:42
    O primeiro, que se ve acima,
    é o jogo dos sete erros.
  • 5:42 - 5:46
    Quer dizer, vocês têm uma tábua
    com um certo número de objetos.
  • 5:46 - 5:49
    Vocês a olham, esta é escondida
    e depois vocês veem uma segunda tábua
  • 5:49 - 5:52
    e vocês devem achar os objetos
    que mudaram de lugar.
  • 5:52 - 5:56
    Portanto, é uma tarefa de memória
    de localização espacial.
  • 5:56 - 5:59
    A tarefa que está abaixo:
    vocês veem um objeto em 3D
  • 5:59 - 6:03
    e depois, vocês veem
    vários outros que são o mesmo objeto
  • 6:03 - 6:07
    após a rotação, mas há um
    entre eles que é um intruso
  • 6:07 - 6:10
    e que não é o mesmo objeto por rotação
    mas sua imagem espelhada.
  • 6:11 - 6:13
    A tarefa é encontrar
    o intruso.
  • 6:14 - 6:16
    Uma das tarefas é melhor
    realizada por homens,
  • 6:16 - 6:19
    enquanto a outra é melhor
    realizada por mulheres.
  • 6:19 - 6:22
    Será que vocês são capazes
    de adivinhar qual é qual?
  • 6:22 - 6:23
    Vamos colocá-los à prova.
  • 6:23 - 6:26
    Vocês irão votar imediatamente
    levantando a mão.
  • 6:26 - 6:29
    As pessoas que pensam que a
    tarefa de localização espacial é
  • 6:29 - 6:33
    melhor realizada por homens e
    a tarefa de rotação mental é
  • 6:33 - 6:35
    melhor realizada por
    mulheres, levantem a mão.
  • 6:35 - 6:38
    Vamos lá, eu quero ver,
    não há muitas mãos.
  • 6:38 - 6:39
    Será que vocês são tímidos?
  • 6:39 - 6:44
    As pessoas que pensam exatamente
    o contrário, levantem as mãos.
  • 6:44 - 6:46
    Agora, de repente, vejo
    mais mãos.
  • 6:46 - 6:50
    E, portanto, posso lhes dizer que a
    maioria de vocês efetivamente
  • 6:50 - 6:51
    têm a intuição correta.
  • 6:51 - 6:54
    Quero dizer que as mulheres
    são melhores nas tarefas
  • 6:54 - 6:58
    de memorização das localizações dos
    objetos, enquanto os homens são,
  • 6:58 - 7:02
    em média, melhores nas tarefas em
    que é preciso manipular objetos no espaço.
  • 7:02 - 7:06
    Então, há muitas tarefas como esta
    e evidentemente não é suficiente
  • 7:06 - 7:10
    mostrar que os homens e as
    mulheres diferem em tal ou tal teste.
  • 7:10 - 7:11
    Já que, o que isto prova?
  • 7:11 - 7:14
    Isto não prova que a
    diferença é inata.
  • 7:14 - 7:18
    Há um sem número de fatores que induzem
    a tais diferenças de performance.
  • 7:19 - 7:23
    Portanto, pode ser que a educação seja
    um fator. Os meninos não são
  • 7:23 - 7:27
    educados da mesma maneira que as meninas,
    que não são encorajadas à realizar
  • 7:27 - 7:30
    as mesmas atividades, que não são
    treinadas para as mesmas coisas.
  • 7:30 - 7:32
    É possível haver ainda
    um viés de estereótipo.
  • 7:32 - 7:36
    Eu vou ilustrar
    este viés de estereótipo por
  • 7:36 - 7:40
    meio de um estudo americano famoso
    no qual foi adminstrado
  • 7:40 - 7:44
    um teste de matemática bastante complexo
    a estudantes universitários.
  • 7:44 - 7:47
    Em uma primeira versão,
    com a instrução segundo a qual,
  • 7:47 - 7:50
    é um teste de matemática no qual
    os homens têm majoritariamente
  • 7:50 - 7:52
    melhores performances
    do que as mulheres.
  • 7:52 - 7:55
    Os resultados observados se
    conformam realmente a esta
  • 7:55 - 7:59
    sugestão, a saber que os homens obtêm
    melhores resultados do que as mulheres
  • 7:59 - 8:01
    Em uma segunda versão,
    foi administrado exatamente
  • 8:01 - 8:05
    o mesmo teste de matemática, mas
    foram modificadas somente as instruções,
  • 8:05 - 8:10
    que diziam tratar-se de um teste
    no qual não havia nenhuma diferença
  • 8:10 - 8:10
    entre os sexos.
  • 8:10 - 8:15
    E aí os resultados foram que não
    havia nenhuma diferença entre os sexos.
  • 8:16 - 8:21
    Portanto, vocês vejam que finalmente,
    por uma simples sugestão, pode-se induzir
  • 8:21 - 8:26
    na mente das pessoas, os estereótipos
    aos quais elas irão acabar se conformando.
  • 8:26 - 8:29
    É um pouco como uma
    profecia auto-realizável.
  • 8:29 - 8:33
    E portanto, de uma vez, diz-se: ah mas,
    claro, estereótipos como este,
  • 8:33 - 8:36
    há muitos, sobretudo estereótipos
    que pouco valorizam as mulheres.
  • 8:36 - 8:42
    E se as mulheres o interiorizam
    e se conformam a este estereótipo,
  • 8:42 - 8:45
    isto poderia explicar as
    numerosas diferenças que são observadas.
  • 8:46 - 8:49
    Para sabê-lo, uma vez mais
    é preciso examinar os dados.
  • 8:49 - 8:53
    Portanto, eu lhes mostro uma longa lista
    de testes nos quais foram comparadas
  • 8:53 - 8:56
    as performances de
    homens e mulheres.
  • 8:56 - 9:01
    Os que não diferem entre os
    homens e as mulheres são os que
  • 9:01 - 9:06
    estão na linha do meio, os que estão
    nas barras rosas que tendem para
  • 9:06 - 9:10
    a esquerda são os testes em que as
    mulheres estão em vantagem e os que
  • 9:10 - 9:14
    estão com as barras azuis que tendem para
    a direita são os testes em que
  • 9:14 - 9:17
    os homens estão em vantagem; o tamanho
    das barras reflete o tamanho da diferença
  • 9:17 - 9:20
    entre os sexos,
    em um escala estatística
  • 9:20 - 9:22
    que eu não vou
    lhes explicar.
  • 9:22 - 9:25
    Mas para fixar as idéias, observem
    a barra azul que está em baixo.
  • 9:25 - 9:28
    É o tamanho da diferença de
    altura do corpo entre os sexos.
  • 9:28 - 9:32
    Os homens são em média um pouco
    maiores que as mulheres.
  • 9:32 - 9:33
    Isto não é controverso!
  • 9:33 - 9:37
    E esta diferença tem um
    tamanho que é de dois
  • 9:37 - 9:40
    sobre esta escala estatística,
    o que é representado aqui.
  • 9:40 - 9:43
    Em comparação, a maioria
    das diferenças cognitivas
  • 9:43 - 9:45
    entre os sexos não são
    de fato muito grandes.
  • 9:45 - 9:47
    Elas são inferiores a 1
    nesta esclara
  • 9:47 - 9:49
    logo, tomando um homem
    e uma mulher ao acaso
  • 9:49 - 9:52
    e comparando-os nestes testes,
  • 9:52 - 9:54
    eles têm menos chances
    de ser diferentes que se tomarmos
  • 9:54 - 9:56
    dois homens ao acaso
    ou duas mulheres ao acaso.
  • 9:56 - 9:59
    São diferenças pequenas,
    vamos dizer.
  • 9:59 - 10:01
    Elas poderiam ser
    inteiramente explicadas
  • 10:01 - 10:03
    pelo viés do estereótipo?
  • 10:03 - 10:08
    Para isto, é preciso compará-los a efeitos
    de estereótipo representados na zona cinza.
  • 10:08 - 10:11
    Vocês verão que efetivamente
    um certo número destas diferenças
  • 10:11 - 10:15
    no meio, que são pequenas,
    podem ser inteiramente atribuídas
  • 10:15 - 10:17
    a diferenças de estereótipo,
    potencialmente.
  • 10:17 - 10:21
    Há outras que são um pouco maiores
    e que provavelmente
  • 10:21 - 10:24
    não podem ser inteiramente
    explicadas por efeito de estereótipo.
  • 10:25 - 10:29
    E eu vou ilustrar a partir de um exemplo
    particular, que é a agressividade.
  • 10:31 - 10:34
    O fato é que as diferenças
    são pequenas, mas, apesar de tudo,
  • 10:34 - 10:36
    podem ter
    uma certa importancia.
  • 10:36 - 10:38
    A agressividade,
    como mensurá-la?
  • 10:38 - 10:41
    Por exemplo, por questionários
    em que é preciso responder
  • 10:41 - 10:44
    a dezenas de questões que
    interrogam sobre suas atitudes,
  • 10:44 - 10:47
    sobre suas reações em um certo
    número de situações.
  • 10:47 - 10:51
    E acumulamos os escores de todas estas
    questões e, ao final, produzimos
  • 10:51 - 10:54
    um escore sobre 200 ou 250.
  • 10:54 - 10:58
    E aqui vocês têm a distribuição
    dos escores dos homens em azul
  • 10:58 - 11:00
    e a distribuição dos escores
    das mulheres em vermelho.
  • 11:00 - 11:05
    O que vocês veem é que estas
    distribuições estão um pouco deslocadas:
  • 11:05 - 11:08
    a média dos homens é um pouco
    superior à das mulheres.
  • 11:08 - 11:11
    Poderíamos dizer que os homens são
    em média mais agressivos que as mulheres.
  • 11:12 - 11:15
    Mas, as duas distribuições
    se sobrepõem bastante,
  • 11:15 - 11:17
    então há também
    muitas mulhers
  • 11:17 - 11:19
    que são mais agressivas do
    que muitos homens.
  • 11:19 - 11:22
    Poderíamos dizer: esta
    diferença é tão pequena
  • 11:22 - 11:24
    que ela não tem estritamente
    nenhuma importância.
  • 11:24 - 11:26
    Se olharmos os dados
    de modo diferente,
  • 11:26 - 11:28
    se nos interessarmos pela proporção
    de homens e mulheres
  • 11:28 - 11:31
    que ultrapassa um certo escore
    então nos escores baixos,
  • 11:31 - 11:36
    temos um homem para uma mulher, mas quando
    chegamos aos escores médios,
  • 11:36 - 11:41
    temos 2 homens para uma mulher, já
    em 150, temos 4 homens para uma mulher
  • 11:41 - 11:43
    e em 200 temos 8 homens para uma mulher.
  • 11:43 - 11:46
    Número talvez próximo,
    por exemplo, de uma outra estatística
  • 11:46 - 11:50
    que é a dos autores de homicídio, há
    em média 10 homens para uma mulher.
  • 11:50 - 11:55
    Logo, vemos por este exemplo que, mesmo
    quando a diferença média é muito
  • 11:55 - 11:59
    pequena e que há uma grande sobreposição
    entre as duas distribuições,
  • 11:59 - 12:03
    pode aí haver consequências muito
    importantes no nível social.
  • 12:03 - 12:06
    Então, falamos de diferenças
    cognitivas entre os sexos,
  • 12:06 - 12:08
    de diferenças de personalidades como aqui.
  • 12:08 - 12:10
    Há ainda as
    diferenças de preferência.
  • 12:10 - 12:13
    Quer dizer que espontaneamente
    homens e mulheres
  • 12:13 - 12:17
    são atraídos por objetos
    e atividades diferentes.
  • 12:17 - 12:20
    E estas diferenças
    são observadas desde a infância.
  • 12:20 - 12:23
    Desde o momento de recreação no
    maternal, vemos bem que os meninos
  • 12:23 - 12:28
    são atraídos por jogos um pouco
    mais ativos, turbulentos, competitivos,
  • 12:28 - 12:31
    enquanto as mulheres vão ser atraídas
    por jogos mais calmos
  • 12:31 - 12:34
    e também mais sociais e cooperativos.
  • 12:34 - 12:36
    São estereótipos mas
    também observações
  • 12:36 - 12:38
    que podemos fazer na
    mais tenra infância,
  • 12:38 - 12:41
    Evidentemente, podemos pensar que
    a maneira que nós educarmos
  • 12:41 - 12:45
    meninos e meninas não é
    indiferente a estas observações.
  • 12:45 - 12:48
    Mas podem elas
    explicá-las inteiramente?
  • 12:48 - 12:50
    Será que o viés
    da educação pode explicar
  • 12:50 - 12:52
    inteiramente estas diferenças?
  • 12:53 - 12:56
    Bem, para sabê-lo, é preciso olhar
    crianças ainda mais novas,
  • 12:56 - 12:58
    com metodologias apropriadas.
  • 12:58 - 13:02
    Por exemplo, em meu laboratório,
    temos métodos para estudar
  • 13:02 - 13:04
    a percepção dos bebês.
  • 13:04 - 13:08
    Por exemplo, podemos observar se o
    bebê prefere olhar
  • 13:08 - 13:12
    mais tempo um estímulo
    visual ou outro.
  • 13:12 - 13:15
    O que observamos neste tipo
    de experiência, é que os bebês,
  • 13:15 - 13:18
    quando são meninas vão
    preferir olhar mais tempo
  • 13:18 - 13:21
    o rosto feminino, mas os
    meninos preferem olhar
  • 13:21 - 13:26
    mais tempo uma imagem abstrata que,
    vocês não a veem, mas há
  • 13:26 - 13:28
    uma corda com uma bola na ponta,
    uma espécie de móbile.
  • 13:28 - 13:32
    Vocês veem que desde a mais tenra idade,
    neste caso, uma experiência mostra
  • 13:32 - 13:35
    desde o nascimento, que meninos
    e meninas já têm
  • 13:35 - 13:40
    preferências por
    objetos diferentes.
  • 13:40 - 13:44
    Vemos também algumas diferenças
    no nível das capacidades cognitivas,
  • 13:44 - 13:46
    como a famosa rotação
    mental no espaço.
  • 13:47 - 13:51
    Então, mostramos o objeto em 3D a
    este bebê e depois o giramos,
  • 13:51 - 13:53
    apresentamos o objeto sob
    diferentes orientações e
  • 13:53 - 13:57
    depois de um tempo, apresentamos
    a imagem espelho deste objeto.
  • 13:57 - 14:00
    Então, não será mais o mesmo
    objeto obtido por rotação.
  • 14:00 - 14:04
    O que observamos, é que os bebês
    meninos observam a diferença,
  • 14:04 - 14:08
    que é traduzida pelo aumento
    no tempo de fixação ocular em
  • 14:08 - 14:09
    direção ao novo objeto.
  • 14:09 - 14:12
    Enquanto as meninas, observem
    as duas barras da esquerda,
  • 14:12 - 14:16
    elas não manifestam diferença
    no tempo de fixação ocular, então a priori
  • 14:16 - 14:19
    não detectam a diferença
    entre o objeto e sua imagem espelho.
  • 14:19 - 14:23
    E aqui falamos de experiências que foram
    observadas entre três e cinco meses,
  • 14:23 - 14:26
    dito de outro modo, em uma idade
    em que é muito pouco plausível
  • 14:26 - 14:30
    que tenhamos já enviesado
    a cognição dos bebês
  • 14:30 - 14:33
    pelo tratamento diferente dado
    a meninos e meninas.
  • 14:33 - 14:37
    Então, se podem existir diferenças
    tão precoces, de onde elas vêm?
  • 14:37 - 14:40
    Bem temos uma pequena idéia
    dos mecanismos que estão em curso.
  • 14:41 - 14:43
    Vocês sabem que existem
    diferenças genéticas
  • 14:43 - 14:46
    entre homens e mulheres
    em seus cromossomos sexuais.
  • 14:47 - 14:52
    O fato de que o feto masculino possua
    um cromossomo Y vai diferenciar
  • 14:52 - 14:56
    suas gônadas em testículos, muito
    precocemente, e seus testículos vão
  • 14:56 - 15:02
    secretar testosterona que vai
    impregnar o tecido progressivamente
  • 15:02 - 15:06
    atingindo um pico em torno
    da 15a semana de gestação.
  • 15:06 - 15:11
    Mas se observarem a linha
    pontilhada em baixo, a do feto feminino,
  • 15:11 - 15:15
    a testosterona mantém-se a zero
    durante todo o desenvolvimento.
  • 15:15 - 15:17
    O fato de esta testosterona
    impregnar todos os tecidos
  • 15:17 - 15:22
    vai masculinizar os tecidos, vai modificar
    um pouco as células
  • 15:22 - 15:25
    para fazer com que elas adotem uma
    forma específica do sexo masculino.
  • 15:25 - 15:29
    Este fenômeno é produzido também no
    cérebro e leva a diferenças
  • 15:29 - 15:34
    de estrutura e de função,
    e a diferenças de comportamento.
  • 15:34 - 15:37
    Estas coisas são muito bem
    demonstradas nas diferentes
  • 15:37 - 15:40
    espécies animais porque no animal,
    podemos fazer experiências
  • 15:40 - 15:43
    nas quais manipulamos as taxas
    de testosterona dos fetos.
  • 15:43 - 15:46
    Vocês imaginem bem que não autorizamos
    este tipo de experiência
  • 15:46 - 15:49
    em humanos e por consequência
    não temos a prova formal
  • 15:49 - 15:52
    que a mesma coisa aconteça
    exatamente do mesmo modo nos humanos.
  • 15:52 - 15:55
    Apesar de tudo, o que se sabe em biologia
    sobre o ser humano é compatível
  • 15:55 - 16:00
    com a idéia que os mesmos mecanismos
    estejam em curso nos seres humanos.
  • 16:00 - 16:04
    Então, para resumir: vimos que, sim,
    as diferenças cognitivas
  • 16:04 - 16:08
    entre homens e mulheres
    existem realmente.
  • 16:09 - 16:12
    Elas não são enormes, elas têm
    uma dimensão moderada, dito de outro modo
  • 16:12 - 16:15
    elas não justificam
    uma separação de papéis
  • 16:15 - 16:18
    muito diferenciada entre homens
    e mulheres na sociedade.
  • 16:18 - 16:20
    Mas elas são confiáveis.
  • 16:20 - 16:24
    Para alguns, podemos observar desde
    a infância, até mesmo desde o nascimento,
  • 16:24 - 16:26
    e começamos a conhecer,
    podemos dizer, ao menos
  • 16:26 - 16:30
    parcialmente, as bases cerebrais,
    as origens hormonais e genéticas.
  • 16:32 - 16:33
    Então, há diferenças.
  • 16:33 - 16:36
    E então! E então!
  • 16:36 - 16:40
    Isso justificaria a discriminação das mulheres
    no trabalho, no valor de seus salários?
  • 16:40 - 16:42
    Claro que não!
  • 16:42 - 16:44
    Não porque haja diferenças,
    nada pode justificar
  • 16:44 - 16:49
    esta discriminação, quaisquer que sejam
    as diferenças colocadas em evidência.
  • 16:49 - 16:51
    Logo, vemos bem que estamos
    ao lado da placa feita.
  • 16:52 - 16:57
    Trata-se de uma confusão entre a
    igualdade de direito e a igualdade de fato.
  • 16:57 - 17:00
    Quando se diz que os seres humanos
    nascem livres e iguais em direito,
  • 17:00 - 17:04
    não estamos observando um fato,
    estamos afirmando um valor.
  • 17:04 - 17:07
    E temos vontade de continuar
    a afirmar este valor,
  • 17:07 - 17:09
    quaisquer que sejam as
    observações que pudermos fazer,
  • 17:09 - 17:13
    e quaisquer que sejam as diferenças
    que pudermos observar entre os indivíduos.
  • 17:13 - 17:17
    Porque, de todo modo, as
    diferenças existem em todos os lugares,
  • 17:17 - 17:18
    e elas existirão sempre!
  • 17:18 - 17:22
    Nós somos todos diferentes e, de fato,
    para que sejamos todos iguais,
  • 17:22 - 17:25
    seria necessário que fôssemos todos
    clones e, portanto, todos do mesmo sexto,
  • 17:25 - 17:29
    e, além disso, que fôssemos todos
    educados em um laboratório
  • 17:29 - 17:31
    sob as mesmas e idênticas condições.
  • 17:31 - 17:33
    Alguém tem vontade disto?
  • 17:33 - 17:34
    Não, que bom.
  • 17:34 - 17:37
    Logo as diferenças existem por todo lado.
  • 17:37 - 17:40
    Finalmente é isto que também
    torna interessante a vida humana.
  • 17:40 - 17:44
    É a diversidade e é também isto
    que permite esperar que mais do que ter
  • 17:44 - 17:48
    medo de nossas diferenças, possamos tentar
    capitalizar a partir de nossas diferenças
  • 17:48 - 17:52
    e reconhecer que nós temos também
    qualidades que podem ser complementares.
  • 17:52 - 17:57
    De qualquer forma, a idéia de justiça e
    equidade é ainda mais importante.
  • 17:57 - 18:02
    O que é injusto é desfavorecer
    alguém porque esta foi avaliada por
  • 18:02 - 18:07
    suas qualidades médias, reais ou supostas,
    por seu sexo ou pelo grupo,
  • 18:07 - 18:08
    ao qual ela pertence.
  • 18:08 - 18:13
    Isto é fundamentalmente injusto,
    enquanto que a justiça é simplesmente avaliar
  • 18:13 - 18:16
    as pessoas a partir de suas
    qualidades individuais,
  • 18:16 - 18:21
    independentemente de seu sexo ou de um
    outro grupo ao qual elas pertençam.
  • 18:21 - 18:25
    Para concluir, eu penso que é isto que é
    preciso reivindicar para as mulheres
  • 18:25 - 18:28
    Não é a igualdade de fatos
    em relação aos homens.
  • 18:28 - 18:31
    É a igualdade de direitos,
    e é a justiça e a equidade.
  • 18:31 - 18:32
    Obrigado.
  • 18:32 - 18:41
    (Aplausos)
Title:
O cérebro tem sexo? | Franck RAMUS | TEDxClermont
Description:

Esta apresentação foi registrada em um evento local do TEDx, produzido independentemente das conferencias do TED.

Filmado durante o TEDxClermont em Clermont-Ferrand, Auvergne, França, em 21 de junho de 2014.

Os homens vem de Marte as mulheres de Vênus? Há reais diferenças de funcionamento cognitivo e cerebral entre os sexos? Se sim, quais são elas, e de onde elas vem? Da educação? Do condicionamento social? Dos hormônios? Dos genes? As ciências nos trazem numerosos dados factuais que permitem abordar estas questões sem se deixar enganar por estereótipos e ideologias.

Mais intervenções em
http://tedxclermont.org/

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Franck Ramus é diretor de pesquisa no CNRS e professor de psicologia no departamento de estudos cognitivos da École Normale Supérieure de Paris. Suas pesquisas portam sobre a aprendizagem da linguagem por crianças e seus problemas (dislexia, problemas de linguagem, autismo).

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Video Language:
French
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:57

Portuguese, Brazilian subtitles

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