Os perigos da "cegueira intencional" — Margaret Heffernan
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0:02 - 0:06No noroeste dos EUA,
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0:06 - 0:08bem próximo da fronteira canadiana,
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0:08 - 0:11há uma pequena cidade
chamada Libby, em Montana. -
0:12 - 0:15Está cercada de pinheiros e lagos.
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0:16 - 0:21É uma natureza incrível,
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0:21 - 0:25com enormes árvores
que vão em direção ao céu. -
0:26 - 0:30E é ali que fica a pequena cidade
chamada Libby, -
0:30 - 0:35que eu visitei, e que tem um ar solitário,
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0:35 - 0:36um pouco isolada.
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0:37 - 0:40Em Libby, em Montana, há uma mulher
um tanto extraordinária -
0:40 - 0:42chamada Gayla Benefield.
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0:42 - 0:45Ela sempre se sentiu
um pouco como uma estranha, -
0:45 - 0:47embora tenha vivido lá
quase toda a sua vida, -
0:47 - 0:49uma mulher de origem russa.
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0:50 - 0:51Disse-me que, quando foi para a escola,
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0:51 - 0:53foi a única menina que escolheu
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0:53 - 0:55fazer desenho mecânico.
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0:56 - 1:00Posteriormente, conseguiu um emprego,
indo de casa em casa -
1:00 - 1:04a fazer leituras de contadores
— de gás, de eletricidade. -
1:05 - 1:07Fazia esse trabalho durante o dia.
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1:07 - 1:11Uma coisa em especial
chamou-lhe a atenção: -
1:11 - 1:15a meio da tarde,
ela encontrava muitos homens -
1:15 - 1:19que estavam em casa, homens de meia idade,
um pouco mais velhos. -
1:19 - 1:23Muitos deles pareciam depender
de botijas de oxigénio. -
1:25 - 1:27Aquilo pareceu-lhe muito estranho.
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1:28 - 1:31Anos depois, o pai dela morreu,
aos 59 anos, -
1:31 - 1:35cinco dias antes de começar
a receber a sua reforma. -
1:35 - 1:37Ele tinha sido mineiro.
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1:37 - 1:40Ela pensou que ele devia ter ficado
muito desgastado com o trabalho. -
1:42 - 1:45Mas, poucos anos depois,
morreu a mãe dela. -
1:46 - 1:48Aquilo também lhe pareceu estranho,
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1:48 - 1:52porque os antepassados da mãe
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1:52 - 1:54pareciam viver para sempre.
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1:55 - 1:59De facto, o tio de Gayla
ainda hoje está vivo -
1:59 - 2:01e está a aprender a dançar a valsa.
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2:01 - 2:04Não fazia sentido que a mãe de Gayla
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2:04 - 2:06tivesse morrido tão jovem.
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2:07 - 2:11Era uma anomalia,
e ela ficou a pensar naquilo. -
2:11 - 2:14Entretanto, lembrou-se de outras situações.
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2:14 - 2:15Lembrou-se, por exemplo,
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2:15 - 2:18que quando a mãe tinha partido uma perna
e fora para o hospital, -
2:18 - 2:20fizera vários exames de raios X.
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2:20 - 2:23Dois deles eram radiografias da perna,
o que fazia sentido, -
2:23 - 2:26mas outros seis eram exames ao peito,
o que não fazia sentido. -
2:27 - 2:30Pensou e voltou a pensar
em todos os pormenores -
2:30 - 2:33da sua vida e da vida dos pais,
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2:33 - 2:36tentando perceber
o que estava a acontecer. -
2:37 - 2:38Pensou na sua cidade.
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2:38 - 2:41Na cidade havia uma mina de vermiculita.
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2:41 - 2:44A vermiculita era utilizada em adubos,
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2:44 - 2:48para fazer as plantas
crescerem mais depressa e melhor. -
2:48 - 2:51A vermiculita era utilizada
para isolar sótãos. -
2:51 - 2:53Usavam-se quantidades
enormes sob o telhado, -
2:53 - 2:57para manter as casas aquecidas
no longo inverno de Montana. -
2:57 - 2:59Havia vermiculita no parque infantil,
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2:59 - 3:02no campo de futebol,
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3:02 - 3:03no ringue de patinagem.
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3:03 - 3:07O que ela não sabia, até começar
a pensar neste problema, -
3:07 - 3:12era que a vermiculita é uma forma
muito tóxica de amianto. -
3:14 - 3:16Quando ela soube disso,
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3:16 - 3:20passou a contar a toda a gente que podia
o que tinha acontecido, -
3:20 - 3:22o que tinham feito aos pais dela
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3:22 - 3:25e às pessoas que ela vira
com botijas de oxigénio, -
3:25 - 3:27em casa durante a tarde.
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3:28 - 3:29Mas ficou deveras espantada.
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3:29 - 3:33Pensava que, quando todos soubessem,
iam querer fazer alguma coisa -
3:33 - 3:35mas, na verdade, ninguém queria saber.
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3:35 - 3:37De facto, ela tornou-se tão importuna
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3:37 - 3:39por insistir em contar esta história
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3:39 - 3:42aos vizinhos, aos amigos,
a outras pessoas da comunidade, -
3:42 - 3:44que, por fim, juntaram-se num grupo,
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3:44 - 3:46fizeram um autocolante
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3:46 - 3:49que exibiam orgulhosamente
nos seus carros, que dizia: -
3:49 - 3:51"Sim, eu sou de Libby, em Montana,
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3:51 - 3:55"e não, eu não tenho asbestose."
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3:57 - 4:00Mas Gayla não desistiu.
Continuou a investigar. -
4:01 - 4:03A chegada da Internet
certamente ajudou-a muito. -
4:03 - 4:06Ela falava com quem podia.
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4:06 - 4:09Discutiu, discutiu e por fim teve sorte,
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4:09 - 4:11quando um investigador visitou a cidade
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4:11 - 4:13para estudar a história das minas na área
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4:13 - 4:15e ela lhe contou a sua história.
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4:15 - 4:19A princípio, como todos os outros,
ele não acreditou nela, -
4:19 - 4:21mas voltou para Seattle,
fez a sua própria investigação -
4:21 - 4:25e percebeu que ela tinha razão.
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4:26 - 4:29Agora ela tinha um aliado.
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4:30 - 4:32Apesar disso, as pessoas
ainda não queriam saber. -
4:32 - 4:34Diziam coisas como:
-
4:34 - 4:38"Bom, se fosse perigoso,
alguém nos teria dito." -
4:39 - 4:42"Se fosse por causa disso
que as pessoas morrem, -
4:42 - 4:45"os médicos ter-nos-iam dito."
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4:47 - 4:50Algumas das pessoas habituadas
a trabalhos muito pesados diziam: -
4:50 - 4:52"Eu não quero ser uma vítima.
-
4:52 - 4:54"Não posso ser uma vítima e, de resto,
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4:54 - 4:58"todas as indústrias
têm os seus acidentes." -
5:01 - 5:04Mas Gayla continou e, finalmente,
-
5:04 - 5:08conseguiu que uma agência federal
fosse à cidade -
5:08 - 5:11examinar os habitantes da cidade
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5:11 - 5:14— 15 000 pessoas.
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5:14 - 5:20Descobriram que a taxa
de mortalidade da cidade -
5:20 - 5:24era 80 vezes maior do que
em qualquer outro lugar dos EUA. -
5:26 - 5:30Isto passou-se em 2002
mas, mesmo nessa altura, -
5:30 - 5:32ninguém levantou a mão para dizer:
-
5:32 - 5:37"Gayla, repare no parque infantil
onde as suas netas estão a brincar. -
5:38 - 5:41"Está cheio de vermiculita."
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5:42 - 5:45Isso não era ignorância.
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5:46 - 5:48Era cegueira intencional.
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5:48 - 5:52A cegueira intencional é um conceito legal
que significa que, -
5:52 - 5:55se há informações que podemos saber
e que devemos saber -
5:55 - 5:58e, mesmo assim,
conseguimos evitar saber, -
5:58 - 6:01a lei considera que estamos
intencionalmente cegos. -
6:01 - 6:04Optámos por não saber.
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6:05 - 6:09Hoje em dia, há muitas
cegueiras intencionais´. -
6:10 - 6:12Podemos ver cegueira intencional
nos bancos, -
6:12 - 6:15em que milhares de pessoas
vendem hipotecas a pessoas -
6:15 - 6:17que não podem pagá-las.
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6:17 - 6:18Podemos vê-la nos bancos
-
6:18 - 6:21quando as taxas de juros são manipuladas
-
6:21 - 6:23e toda a gente sabe
o que está a acontecer, -
6:23 - 6:26mas todos ignoram isso cuidadosamente.
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6:26 - 6:30Podemos ver a cegueira intencional
da Igreja Católica, -
6:30 - 6:33em que foram ignoradas décadas
de abusos infantis . -
6:34 - 6:36Podemos ver cegueira intencional
-
6:36 - 6:39na corrida à guerra do Iraque.
-
6:41 - 6:45A cegueira intencional existe
em escalas épicas como estas, -
6:45 - 6:47mas também existem
em escalas muito pequenas, -
6:47 - 6:51nas famílias das pessoas, nas casas
e comunidades das pessoas -
6:51 - 6:55e, em especial,
em organizações e instituições. -
6:57 - 7:01As empresas sujeitas a um estudo
sobre cegueira intencional -
7:01 - 7:04podem ter que responder
a perguntas como: -
7:04 - 7:06"Há questões de trabalho
-
7:06 - 7:10"que as pessoas tenham medo de referir?"
-
7:10 - 7:12Quando académicos fizeram estudos destes
-
7:12 - 7:14em empresas nos EUA,
-
7:14 - 7:18encontraram 85% das pessoas a dizerem sim.
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7:19 - 7:22Oitenta e cinco porcento das pessoas
sabem que há um problema -
7:22 - 7:24mas não dizem nada.
-
7:24 - 7:28Quando repeti esta pesquisa na Europa,
-
7:28 - 7:30fazendo as mesmas perguntas,
-
7:30 - 7:33encontrei exatamente o mesmo número.
-
7:33 - 7:37Oitenta e cinco por cento.
É muito silêncio. -
7:38 - 7:39É muita cegueira.
-
7:40 - 7:44O que é realmente interessante é que,
quando vou a empresas na Suíça, dizem-me: -
7:44 - 7:46"É um problema tipicamente suíço."
-
7:47 - 7:49Quando vou à Alemanha, dizem:
-
7:49 - 7:51"Ah sim, isso é a doença alemã."
-
7:51 - 7:53Quando vou a empresas
em Inglaterra, dizem: -
7:53 - 7:56"Ah sim, os britânicos
são realmente péssimos nisso." -
7:57 - 8:01A verdade é que é um problema humano.
-
8:02 - 8:06Em certas circunstâncias, todos nós
somos intencionalmente cegos. -
8:08 - 8:12O que a pesquisa mostra é que as pessoas
são cegas por medo. -
8:12 - 8:14Elas têm medo de retaliação.
-
8:14 - 8:17Há pessoas que são cegas porque pensam:
-
8:17 - 8:20"Ver qualquer coisa é simplesmente inútil.
-
8:20 - 8:22"Nada jamais vai mudar.
-
8:22 - 8:25"Se fazemos um protesto, se protestamos
contra a guerra do Iraque, nada muda. -
8:25 - 8:27"Então, para quê incomodar-me?
-
8:27 - 8:30"O melhor é não ligar nenhuma".
-
8:31 - 8:34O tema recorrente
que estou sempre a encontrar -
8:34 - 8:36é as pessoas dizerem:
-
8:36 - 8:40"Sabe, essas pessoas
que veem, são denunciantes, -
8:40 - 8:43"Todos sabemos o que lhes acontece."
-
8:43 - 8:46Há uma profunda mitologia
em relação aos denunciantes -
8:46 - 8:51que diz, sobretudo, que são todos loucos.
-
8:52 - 8:53Mas o que encontrei, em todo o mundo,
-
8:53 - 8:55conversando com denunciantes,
-
8:55 - 9:01é que são muito leais e, com frequência,
são pessoas conservadoras. -
9:01 - 9:05São enormemente dedicados
às instituições para que trabalham. -
9:05 - 9:07A razão por que falam,
-
9:07 - 9:10a razão por que insistem em ver,
-
9:10 - 9:14é porque importam-se muito
com a instituição -
9:14 - 9:17e querem mantê-la sadia.
-
9:17 - 9:21Outra coisa que as pessoas frequentemente
dizem sobre os denunciantes é: -
9:21 - 9:23"Bem, nem pensar,
-
9:23 - 9:25"porque vemos o que lhes acontece.
-
9:25 - 9:27"Eles são esmagados.
-
9:27 - 9:30"Ninguém quer passar por nada parecido."
-
9:30 - 9:34E de novo, quando converso
com denunciantes, -
9:34 - 9:37o tom recorrente que escuto é o orgulho.
-
9:39 - 9:42Penso em Joe Darby.
-
9:41 - 9:45Todos nos lembramos
das fotografias de Abu Ghraib, -
9:45 - 9:48que tanto chocaram o mundo
e mostraram o tipo de guerra -
9:48 - 9:51que estava a ser travada no Iraque.
-
9:51 - 9:54Mas pergunto se alguém
se lembra de Joe Darby, -
9:54 - 9:58o soldado bom e obediente
-
9:58 - 10:03que encontrou essas fotografias
e as entregou. -
10:02 - 10:05Ele disse:
-
10:05 - 10:06"Sabe, eu não sou o tipo de pessoa
-
10:06 - 10:11"que denuncia outras, mas há coisas
que passam dos limites. -
10:11 - 10:13"Diz-se que a ignorância é uma bênção,
-
10:13 - 10:15"mas não podemos permitir
coisas como esta." -
10:16 - 10:19Conversei com Steve Bolsin,
um médico britânico -
10:19 - 10:24que lutou durante cinco anos
para atrair a atenção -
10:24 - 10:27para um perigoso cirurgião
que estava a assassinar bebés. -
10:28 - 10:31Perguntei-lhe porque é
que o fizera, e ele disse: -
10:31 - 10:34"Foi a minha filha
que me incentivou a fazê-lo. -
10:34 - 10:37"Ela veio falar comigo uma noite e disse:
-
10:37 - 10:40"'Pai, não podes deixar
que essas crianças morram.'" -
10:40 - 10:43Ou penso em Cynthia Thomas,
-
10:43 - 10:47mulher e filha, muito leal,
de oficiais do exército -
10:47 - 10:50que, ao ver os seus amigos e conhecidos
-
10:50 - 10:54que voltavam da guerra do Iraque,
ficou tão chocada -
10:54 - 10:56com a sua situação mental
-
10:56 - 10:59e com a recusa das forças militares
-
10:59 - 11:03em reconhecer a síndrome pós-traumática
-
11:03 - 11:08que abriu um café
no meio duma cidade militar -
11:08 - 11:13para lhes dar assistência médica,
psicológica e legal. -
11:14 - 11:17Disse-me:
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11:17 - 11:21"Sabe, Margaret, eu sempre disse
que não sabia o que queria ser -
11:21 - 11:23"quando fosse grande.
-
11:23 - 11:28"Mas meti-me nesta causa,
-
11:28 - 11:30"e jamais serei a mesma."
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11:33 - 11:36Todos temos hoje tantas liberdades,
-
11:36 - 11:38liberdades duramente conquistadas,
-
11:38 - 11:41a liberdade de escrever e publicar
sem medo da censura, -
11:41 - 11:45uma liberdade que não havia,
da última vez que vim à Hungria, -
11:45 - 11:48a liberdade de votar,
que as mulheres, em particular, -
11:48 - 11:50tiveram que lutar muito para conquistar,
-
11:50 - 11:53a liberdade de pessoas
de diferentes etnias, culturas -
11:53 - 11:57e orientação sexual
de viverem como quiserem. -
11:58 - 12:02Mas a liberdade não existe
se não a usarmos. -
12:03 - 12:05O que os denunciantes fazem,
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12:05 - 12:08o que pessoas como Gayla Benefield fazem
-
12:08 - 12:11é usar a liberdade que têm.
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12:12 - 12:16Estão bem preparados para reconhecer
-
12:16 - 12:18que isso vai envolver discussão,
-
12:18 - 12:21e que vão ter muitas disputas
-
12:21 - 12:25com os seus vizinhos,
os seus colegas e os seus amigos, -
12:25 - 12:29mas vão-se sair muito bem nesse conflito.
-
12:29 - 12:32Vão ficar do lado dos contestatários,
-
12:32 - 12:36porque eles tornam o seu argumento
melhor e mais forte. -
12:36 - 12:39Podem colaborar com os seus opositores
-
12:39 - 12:42para se tornarem melhores no que fazem.
-
12:43 - 12:46Essas pessoas têm uma persistência imensa,
-
12:46 - 12:51uma paciência incrível
e uma absoluta determinação -
12:51 - 12:55para não serem cegas,
para não ficarem caladas. -
12:56 - 12:59Quando fui a Libby, em Montana,
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12:59 - 13:03visitei a clínica
para os doentes de asbestose -
13:03 - 13:07que Gayla Benefield conseguiu fundar,
-
13:07 - 13:08um lugar onde, no começo,
-
13:08 - 13:13algumas das pessoas que queriam ajuda
e necessitavam de cuidados médicos -
13:13 - 13:15entravam pela porta das traseiras
-
13:15 - 13:18porque não queriam reconhecer
-
13:18 - 13:20que ela tinha razão.
-
13:20 - 13:23Sentei-me num restaurante e observei
-
13:23 - 13:27os camiões a passar pela estrada,
-
13:27 - 13:32a transportar a terra retirada dos jardins
-
13:32 - 13:37e a substituí-la por terra nova
e não contaminada. -
13:38 - 13:41Levei comigo a minha filha de 12 anos,
-
13:41 - 13:44porque queria que ela conhecesse Gayla.
-
13:44 - 13:47E ela disse: "Porquê?
O que é que é tão importante?" -
13:47 - 13:49Eu disse: "Ela não é
uma estrela de cinema, -
13:49 - 13:54"não é uma celebridade,
não é uma especialista. -
13:54 - 13:56"Gayla seria a primeira a dizer
-
13:56 - 13:58"que não é uma santa.
-
13:59 - 14:02"O que é realmente importante em Gayla
-
14:02 - 14:04"é que ela é vulgar.
-
14:05 - 14:09"É como tu, é como eu.
-
14:10 - 14:15"Tinha liberdade
e estava pronta a usá-la". -
14:16 - 14:17Muito obrigada.
-
14:17 - 14:21(Aplausos)
- Title:
- Os perigos da "cegueira intencional" — Margaret Heffernan
- Speaker:
- Margaret Heffernan
- Description:
-
Gayla Benefield estava apenas a fazer o seu trabalho -— até que descobriu o que fazia com que a taxa de mortalidade da sua cidade fosse 80 vezes maior do que em qualquer outro lugar dos EUA. Mas, quando tentou avisar as pessoas sobre isso, descobriu uma coisa ainda mais terrível: as pessoas não queriam saber. Numa palestra que é, em parte, uma lição de história e, em parte, um apelo à ação, Margaret Heffernan mostra os perigos da "cegueira intencional" e enaltece pessoas comuns como Benefield que estão dispostas a falar.
(Filmado no TEDxDanubia.)
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 14:38
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