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A minha carta de amor ao "cosplay"

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    Certa vez, li em algum lado
    um facto que me fascinou:
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    Uma das coisas que contribuiu para
    o sucesso do homo sapiens, como espécie,
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    foi a ausência de pelos no corpo.
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    A nossa falta de pelos,
    a nossa nudez,
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    combinada com a invenção do vestuário
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    permite-nos controlar
    a nossa temperatura corporal
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    e assim, sobreviver em qualquer
    clima que quisermos.
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    E já evoluímos ao ponto de não
    conseguirmos sobreviver sem roupas.
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    E são mais do que utensílios.
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    Agora, são comunicação.
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    Tudo o que escolhemos
    vestir é uma narrativa.
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    Uma história sobre onde estivemos,
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    o que fazemos,
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    quem queremos ser...
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    Eu era uma criança solitária.
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    Tinha dificuldades em fazer
    amigos com quem brincar,
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    e acabava por criar
    as minhas próprias brincadeiras.
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    Criei muitos dos meus brinquedos.
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    Tudo começou com gelado.
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    Havia uma gelataria onde eu morava,
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    e eles serviam gelados ao balcão
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    nesses baldes de cartão de 20 litros.
  • 0:59 - 1:01
    E alguém me disse,
    tinha eu oito anos,
  • 1:01 - 1:03
    que quando já não
    precisavam desses baldes,
  • 1:03 - 1:05
    os lavavam e guardavam nas traseiras,
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    e que se lhes pedíssemos,
    davam-nos um.
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    Demorei algumas semanas
    até ganhar coragem, mas lá consegui,
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    E era verdade!
    Deram-me um.
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    E fui para casa com este
    magnífico balde de cartão.
  • 1:15 - 1:18
    Comecei a pensar no que fazer
    com este novo material.
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    Anel metálico,
    tampa, e base...
  • 1:20 - 1:22
    Comecei a virá-lo
    na minha cabeça e pensei:
  • 1:22 - 1:25
    "Espera lá... A minha cabeça
    cabe mesmo aqui dentro."
  • 1:25 - 1:27
    (Risos)
  • 1:27 - 1:32
    Sim... Fiz um buraco, meti acetato,
    e fiz um capacete espacial.
  • 1:32 - 1:33
    (Risos)
  • 1:33 - 1:36
    Eu precisava de um sítio onde
    usar o meu capacete espacial.
  • 1:36 - 1:39
    Então encontrei uma caixa de frigorífico
    perto da minha casa.
  • 1:39 - 1:41
    Arrastei-o até lá,
  • 1:41 - 1:44
    e transformei o armário
    do nosso quarto de hóspedes
  • 1:44 - 1:45
    numa nave espacial.
  • 1:45 - 1:48
    Comecei com um painel de navegação
    feito de cartão.
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    Fiz um buraco para o ecrã do radar
  • 1:50 - 1:52
    e acrescentei uma lanterna
    para o iluminar.
  • 1:52 - 1:55
    Coloquei uma tela,
    um pouco afastada da parede,
  • 1:55 - 1:57
    E aqui percebi-me do meu engenho.
  • 1:57 - 2:00
    Sem permissão,
    pintei essa parede de preto
  • 2:00 - 2:04
    e criei um campo estelar,
    que iluminei com luzes de Natal...
  • 2:04 - 2:05
    (Risos)
  • 2:05 - 2:06
    ...que encontrei no sótão.
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    E viajei em missões espaciais.
  • 2:09 - 2:12
    Alguns anos mais tarde,
    estreou o filme "Tubarão".
  • 2:12 - 2:15
    Eu era demasiado novo para o ver,
    mas deixei-me levar pelo entusiasmo,
  • 2:15 - 2:17
    tal como todos os americanos, na altura.
  • 2:18 - 2:21
    Havia uma loja na minha cidade
    que tinha um fato do Tubarão na montra
  • 2:21 - 2:24
    e a minha mãe deve ter-me
    ouvido comentar com alguém
  • 2:24 - 2:26
    sobre o quão espetacular
    eu achava esse fato,
  • 2:26 - 2:28
    porque uns dias antes do Halloween,
  • 2:28 - 2:30
    ela fez-me perder a cabeça,
  • 2:30 - 2:32
    ao oferecer-me
    esse mesmo fato do Tubarão.
  • 2:33 - 2:35
    Reconheço que é um pouco cliché,
  • 2:35 - 2:37
    pessoas de uma certa idade queixarem-se
  • 2:37 - 2:40
    que os miúdos de hoje em dia não têm noção
    do quão boas são as suas vidas,
  • 2:40 - 2:44
    mas vou mostrar-vos uma
    amostra aleatória de fatos para crianças
  • 2:44 - 2:46
    que se pode comprar online atualmente...
  • 2:46 - 2:50
    ...e este foi o fato do Tubarão
    que a minha mãe me comprou.
  • 2:50 - 2:53
    (Risos)
  • 2:53 - 2:56
    Isto era uma frágil
    cara de tubarão de papel
  • 2:56 - 2:59
    e uma espécie de babete
    com o cartaz do Tubarão.
  • 2:59 - 3:00
    (Risos)
  • 3:00 - 3:02
    E eu adorei!
  • 3:02 - 3:04
    Uns anos mais tarde,
  • 3:04 - 3:07
    o meu pai levou-me a ver
    um filme chamado "Excalibur".
  • 3:07 - 3:09
    Na verdade, consegui
    que me levasse duas vezes,
  • 3:09 - 3:13
    o que é de admirar, tendo em conta
    que era um filme para adultos.
  • 3:13 - 3:15
    Mas não foi o sangue e entranhas,
    ou as mamas,
  • 3:15 - 3:17
    que me fizeram querer vê-lo novamente.
  • 3:17 - 3:18
    Ajudaram...
  • 3:18 - 3:19
    (Risos)
  • 3:19 - 3:21
    Foi a armadura.
  • 3:21 - 3:25
    A armadura no "Excalibur"
    era extraordinariamente bela, para mim.
  • 3:25 - 3:29
    Eram, literalmente, cavaleiros
    em armaduras reluzentes e espelhadas.
  • 3:29 - 3:33
    E além disso, os cavaleiros em "Excalibur"
    usavam as suas armaduras em todo o lado!
  • 3:33 - 3:37
    A toda a hora! Usavam-nas ao jantar!
    Usavam-nas na cama!
  • 3:37 - 3:38
    (Risos)
  • 3:38 - 3:40
    E eu tipo: "Estão a ler a minha mente?
  • 3:40 - 3:42
    Eu também quero usar
    uma armadura a toda a hora!"
  • 3:42 - 3:44
    (Risos)
  • 3:44 - 3:46
    E assim, voltei ao meu material preferido,
  • 3:46 - 3:47
    a porta de entrada para a criação,
  • 3:47 - 3:49
    cartão canelado,
  • 3:49 - 3:51
    e criei a minha própria armadura.
  • 3:52 - 3:55
    Repleta, com proteção cervical,
    e um cavalo branco.
  • 3:55 - 3:58
    Agora que criei expetativas,
    aqui está a foto dessa armadura.
  • 3:58 - 3:59
    (Risos)
  • 3:59 - 4:02
    (Aplausos)
  • 4:05 - 4:09
    Esta foi apenas a primeira armadura
    que eu construí inspirada no "Excalibur".
  • 4:09 - 4:10
    Uns anos mais tarde,
  • 4:10 - 4:14
    convenci o meu pai a construir-me
    uma armadura em condições.
  • 4:14 - 4:16
    Ao longo de um mês,
  • 4:16 - 4:20
    fez-me passar do uso de cartão
    para chapas de alumínio,
  • 4:20 - 4:24
    e um dos meus materiais
    de fixação preferidos, rebites.
  • 4:24 - 4:26
    Cuidadosamente, ao longo do mês,
  • 4:26 - 4:30
    construímos uma armadura articulada
    de alumínio, com linhas complexas.
  • 4:30 - 4:33
    Fizemos furos no capacete
    para eu poder respirar,
  • 4:33 - 4:36
    e terminei mesmo a tempo do Halloween,
    e fui equipado para a escola.
  • 4:36 - 4:40
    Esta é a única coisa de que irei falar
    e de que não tenho imagens para mostrar
  • 4:40 - 4:41
    porque não há fotos desta armadura.
  • 4:41 - 4:43
    Fui mesmo com ela para a escola,
  • 4:43 - 4:45
    havia um fotógrafo a deambular
    pelos corredores,
  • 4:45 - 4:49
    mas não me chegou a ver,
    por razões que já irão perceber.
  • 4:49 - 4:51
    Havia coisas que não previra
  • 4:51 - 4:56
    quanto a usar uma armadura integral
    de alumínio na escola.
  • 4:56 - 4:59
    Na terceira aula, a de Matemática,
    estava de pé no fundo da sala,
  • 4:59 - 5:02
    Estava de pé no fundo da sala porque
    a armadura não me permitia sentar.
  • 5:02 - 5:04
    (Risos)
  • 5:04 - 5:08
    Esta foi a primeira coisa
    que eu que não previ.
  • 5:07 - 5:10
    Então a professora olha para mim,
    um pouco preocupada,
  • 5:10 - 5:12
    e a meio da aula pergunta:
    "Sentes-te bem?"
  • 5:12 - 5:14
    E eu penso: "Está a brincar?
    Se me sinto bem?"
  • 5:14 - 5:18
    Tenho uma armadura equipada!
    Este é o melhor momento da minha vi...
  • 5:18 - 5:21
    E estava prestes a dizer-lhe
    o quão bem eu me sentia,
  • 5:21 - 5:23
    quando a sala de aula começou
    a rodar para a esquerda
  • 5:23 - 5:26
    e a desaparecer
    ao fundo de um longo túnel...
  • 5:26 - 5:30
    ...e depois acordei na enfermaria.
  • 5:30 - 5:34
    Tinha desmaiado devido ao calor
    que fazia na armadura.
  • 5:35 - 5:36
    Quando acordei,
  • 5:36 - 5:39
    não estava envergonhado por
    ter desmaiado em frente da turma.
  • 5:39 - 5:42
    Só pensei: "Quem me tirou a armadura?
    Onde está a minha armadura?"
  • 5:42 - 5:45
    OK, passando à frente uma data de anos,
    uns colegas e eu fomos contratados
  • 5:45 - 5:48
    para fazer um programa
    chamado "Caçadores de Mitos".
  • 5:48 - 5:49
    E ao longo de catorze anos,
  • 5:49 - 5:53
    aprendi no trabalho a construir
    metodologias experimentais,
  • 5:53 - 5:55
    e como contar histórias
    sobre isso para a televisão.
  • 5:56 - 5:58
    Também aprendi, desde cedo,
  • 5:58 - 6:00
    que as máscaras têm um papel
    fundamental nestas histórias.
  • 6:00 - 6:04
    Eu mascaro-me para acrescentar
    humor, comédia, cor,
  • 6:04 - 6:08
    e clareza narrativa
    às histórias que contamos.
  • 6:08 - 6:11
    Fizemos um episódio chamado
    "Mergulho na Lixeira",
  • 6:11 - 6:13
    e eu aprendi um pouco mais
  • 6:13 - 6:16
    sobre as implicações profundas
    do significado das máscaras para mim.
  • 6:16 - 6:20
    No episódio da lixeira, a questão
    a que tentávamos responder era:
  • 6:20 - 6:24
    "Saltar para um contentor de lixo
    é tão seguro como os filmes dão a crer?
  • 6:24 - 6:25
    (Risos)
  • 6:25 - 6:29
    O episódio teria duas partes distintas.
  • 6:29 - 6:31
    Uma, em que iríamos ser treinados
    por um duplo, a saltar de edifícios
  • 6:31 - 6:33
    para cima de um insuflável.
  • 6:33 - 6:35
    E na segunda avançávamos
    para a experiência.
  • 6:35 - 6:38
    Iríamos encher um contentor
    e saltar lá para dentro.
  • 6:38 - 6:41
    Eu queria separar visualmente
    esses dois elementos, e pensei:
  • 6:41 - 6:45
    "Bem, na primeira parte vamos treinar,
    então devíamos usar fatos de treino...
  • 6:45 - 6:49
    "Oh! Vamos colocar
    'Duplo em Formação' nas costas."
  • 6:49 - 6:50
    Isto, para o treino.
  • 6:50 - 6:54
    Mas, para a segunda parte, queria algo
    com impacto a nível visual...
  • 6:54 - 6:56
    "Já sei! Vou mascarar-me
    de Neo do 'Matrix'."
  • 6:56 - 6:57
    (Risos)
  • 6:57 - 6:59
    Então fui à Haight Street.
  • 6:59 - 7:01
    Comprei umas botas fabulosas
    de cano alto com fivela.
  • 7:01 - 7:04
    Encontrei uma capa comprida no eBay.
  • 7:04 - 7:07
    Arranjei uns óculos escuros, com os quais
    tinha que usar lentes de contacto.
  • 7:07 - 7:09
    O dia de filmar a experiência chegou,
  • 7:09 - 7:11
    e eu saí do carro naquele traje.
  • 7:11 - 7:13
    A minha equipa olhou para mim...
  • 7:14 - 7:16
    e começaram a reprimir uns risinhos.
  • 7:17 - 7:18
    Estavam tipo...
  • 7:18 - 7:20
    (Risos)
  • 7:20 - 7:22
    E eu senti duas coisas distintas
    neste momento.
  • 7:22 - 7:27
    Senti total constrangimento pelo facto de
    ser mais do que óbvio para a minha equipa
  • 7:27 - 7:29
    que eu estava a adorar estar naquele fato.
  • 7:30 - 7:31
    (Risos)
  • 7:31 - 7:35
    Mas o produtor em mim lembrou-me
  • 7:35 - 7:37
    que, na cena em câmara lenta,
  • 7:37 - 7:40
    aquela capa esvoaçante iria
    ficar fabulosa nas minhas costas.
  • 7:40 - 7:42
    (Risos)
  • 7:42 - 7:47
    Cinco anos de "Caçadores de Mitos" e fomos
    convidados para a Comic-Con de São Diego.
  • 7:47 - 7:50
    Conhecia a Comic-Con há muitos anos
    e nunca tinha tido tempo para lá ir.
  • 7:50 - 7:51
    Isto já era a sério...
  • 7:51 - 7:54
    Este era o epicentro das máscaras.
  • 7:54 - 7:56
    As pessoas vêm de todos
    os cantos do mundo
  • 7:56 - 7:59
    para mostrar as suas fantásticas
    criações em São Diego.
  • 7:59 - 8:00
    E eu queria participar.
  • 8:00 - 8:05
    Decidi criar um fato complexo
    que me cobrisse completamente,
  • 8:05 - 8:09
    e iria passear pela Comic-Con
    de San Diego anonimamente.
  • 8:09 - 8:10
    Que fato é que escolhi?
  • 8:10 - 8:11
    Hellboy.
  • 8:11 - 8:14
    Aquele não é o meu fato.
    Aquele é mesmo o Hellboy.
  • 8:14 - 8:15
    (Risos)
  • 8:15 - 8:19
    Mas passei meses a criar o fato do Hellboy
    mais fiel ao filme que consegui
  • 8:19 - 8:21
    Desde as botas, ao cinto, às calças,
  • 8:21 - 8:22
    à "mão direita da destruição".
  • 8:22 - 8:27
    Descobri um tipo que me fez uma prótese
    da cabeça e peito do Hellboy, e usei isso.
  • 8:27 - 8:31
    Até pedi que me criassem
    lentes de contato para o meu grau.
  • 8:31 - 8:33
    Usei-o no salão da Comic-Con
  • 8:33 - 8:37
    e nem queiram saber o calor
    que aquele fato fazia.
  • 8:37 - 8:39
    (Risos)
  • 8:39 - 8:41
    Fiquei a transpirar!
    Devia ter-me lembrado disto.
  • 8:41 - 8:44
    Estava a transpirar a potes
    e as lentes magoavam-me os olhos
  • 8:44 - 8:47
    mas nada disso importava
    porque eu estava totalmente apaixonado.
  • 8:47 - 8:49
    (Risos)
  • 8:49 - 8:52
    Não só pelo processo
    de criar este fato e de andar por aí,
  • 8:52 - 8:56
    mas também pela comunidade
    de outras pessoas mascaradas.
  • 8:56 - 9:00
    Não se referem a máscaras nas convenções.
    Chamam-lhe "cosplay".
  • 9:00 - 9:03
    "Cosplay" é quando as pessoas se mascaram
  • 9:03 - 9:06
    dos personagens favoritos de filmes,
    séries de TV, e desenhos animados.
  • 9:06 - 9:09
    Mas é muito mais do que isso.
  • 9:09 - 9:12
    Não são apenas pessoas
    que encontram um fato e o vestem.
  • 9:12 - 9:14
    Misturam tudo.
  • 9:14 - 9:15
    Alteram os fatos ao seu gosto.
  • 9:15 - 9:19
    Alteram-nos para serem os personagens
    que querem ser nessas produções.
  • 9:19 - 9:21
    São super hábeis e geniais.
  • 9:21 - 9:24
    Revelam a sua excentricidade
    e é maravilhoso!
  • 9:24 - 9:25
    (Risos)
  • 9:25 - 9:27
    Mas mais do que isso,
    ensaiam os seus fatos.
  • 9:27 - 9:29
    Na Comic-Con, e não só,
  • 9:29 - 9:31
    não se tiram apenas fotos
    das pessoas que andam por lá.
  • 9:31 - 9:32
    Vai-se lá e diz-se:
  • 9:32 - 9:34
    "Gosto do teu fato,
    posso tirar uma foto?"
  • 9:34 - 9:38
    E depois, dá-se tempo
    para se colocarem numa pose.
  • 9:38 - 9:40
    Esforçaram-se na sua pose
  • 9:40 - 9:42
    para que os fatos fiquem
    fantásticos nas vossas fotos.
  • 9:42 - 9:45
    E é tão lindo de se ver.
  • 9:45 - 9:47
    Eu levo isto muito a sério.
  • 9:47 - 9:48
    Nas convenções seguintes
  • 9:48 - 9:53
    adotei o andar cambaleante do Heath Ledger
    enquanto Joker no "Cavaleiro das Trevas".
  • 9:53 - 9:56
    Aprendi a ser um assustador
    Ringwraith do "Senhor dos Anéis",
  • 9:56 - 9:58
    e cheguei mesmo
    a assustar algumas crianças.
  • 9:58 - 10:00
    Aprendi aquele "hrr hrr hrr"...
  • 10:00 - 10:02
    que o Chewbacca faz quando ri.
  • 10:03 - 10:05
    Vesti-me de Sem-Rosto
    de "A Viagem de Chihiro".
  • 10:06 - 10:09
    Se não conhecem "A Viagem de Chihiro"
    e o seu realizador, Hayao Miyazaki,
  • 10:09 - 10:11
    podem começar por me agradecer.
  • 10:11 - 10:12
    (Risos)
  • 10:12 - 10:16
    É uma obra-prima, e um dos meus
    filmes preferidos de todos os tempos.
  • 10:16 - 10:20
    É sobre uma menina chamada Chihiro
    que se perde no mundo dos espíritos
  • 10:20 - 10:22
    num parque temático japonês abandonado.
  • 10:22 - 10:26
    Ela encontra o caminho de volta
    com a ajuda de alguns amigos que faz,
  • 10:26 - 10:30
    um dragão chamado Haku e
    um demónio solitário chamado Sem-Rosto.
  • 10:30 - 10:33
    O Sem-Rosto sente-se só.
    Ele quer fazer amigos,
  • 10:33 - 10:37
    e acha que a melhor maneira
    é atraindo-os sedutoramente
  • 10:37 - 10:39
    criando ouro na sua mão.
  • 10:39 - 10:40
    Mas isto não dá muito resultado,
  • 10:40 - 10:43
    então ele acaba por entrar
    numa onda de destruição
  • 10:43 - 10:47
    até que a Chihiro o salva e resgata.
  • 10:47 - 10:50
    Então elaborei um fato do Sem-Rosto,
  • 10:51 - 10:53
    e usei-o no salão da Comic-Con.
  • 10:53 - 10:58
    E pratiquei cuidadosamente
    os gestos do Sem-Rosto.
  • 10:58 - 11:01
    Decidi que, neste fato,
    não iria dizer palavra.
  • 11:01 - 11:03
    Quando pediam para tirar uma foto minha,
  • 11:03 - 11:05
    eu acenava que sim
  • 11:05 - 11:08
    e timidamente colocava-me ao seu lado.
  • 11:08 - 11:14
    Tiravam a foto e depois eu retirava do
    meu manto uma moeda de ouro de chocolate.
  • 11:14 - 11:17
    Depois da foto,
    eu fazia-a aparecer e dava-a.
  • 11:17 - 11:19
    "Ah, ah, ah..."
  • 11:19 - 11:20
    Deste modo.
  • 11:20 - 11:21
    E as pessoas passavam-se!
  • 11:21 - 11:24
    "Ena pá! Ouro do Sem-Rosto!
    Meu deus, isto é tão fixe!"
  • 11:24 - 11:28
    Eu sentia o entusiasmo e andava por lá,
    e era fantástico!
  • 11:28 - 11:31
    Passados quinze minutos algo acontece.
  • 11:31 - 11:33
    Alguém agarra a minha mão,
  • 11:34 - 11:36
    e põe lá a moeda de volta.
  • 11:36 - 11:40
    Eu pensei que talvez estivessem a dar-me
    uma moeda em retribuição, mas não.
  • 11:40 - 11:42
    Esta era uma das moedas que eu dera.
  • 11:42 - 11:44
    Não sabia porquê.
  • 11:44 - 11:46
    Continuei a andar,
    tirei mais umas fotos...
  • 11:46 - 11:48
    E então aconteceu novamente.
  • 11:48 - 11:51
    Reparem que eu não conseguia
    ver nada neste fato.
  • 11:51 - 11:54
    Conseguia ver pela boca.
    Conseguia ver os sapatos das pessoas.
  • 11:54 - 11:57
    Conseguia ouvir o que diziam
    e conseguia ver os seus pés.
  • 11:57 - 12:01
    Mas à terceira vez que me devolveram
    uma moeda, quis saber o que se passava.
  • 12:02 - 12:05
    Então inclinei a cabeça
    para ter uma melhor visão,
  • 12:05 - 12:08
    e o que vi foi alguém
    a afastar-se de mim e a fazer assim.
  • 12:10 - 12:12
    Foi aqui que percebi...
  • 12:14 - 12:16
    Dá azar aceitar dinheiro do Sem-Rosto.
  • 12:16 - 12:18
    No filme "A Viagem de Chihiro",
  • 12:18 - 12:22
    a má sorte cai sobre aqueles
    que aceitam dinheiro do Sem-Rosto.
  • 12:22 - 12:27
    Isto não é uma relação
    entre artista e audiência.
  • 12:27 - 12:29
    Isto é "cosplay"!
  • 12:30 - 12:36
    Todos nós naquele salão envolvemo-nos
    numa narrativa que significa algo para nós.
  • 12:36 - 12:38
    Tornando-a algo nosso.
  • 12:38 - 12:41
    Estamos a ligar-nos a algo importante...
  • 12:40 - 12:42
    dentro de nós.
  • 12:42 - 12:48
    E as máscaras é como nos revelamos
    uns aos outros.
  • 12:48 - 12:49
    Obrigado!
  • 12:49 - 12:52
    (Aplausos)
Title:
A minha carta de amor ao "cosplay"
Speaker:
Adam Savage
Description:

Adam Savage constrói experiências e usa máscaras para acrescentar humor, cor, e clareza às histórias que conta. Rastreando o fascínio que sempre teve pelas máscaras — desde um capacete espacial feito a partir de um balde de gelado quando era criança, até a um fato do Sem-Rosto que usou na Comic-Con — Savage explora o mundo do "cosplay" e o significado que este cria para a sua comunidade. "Ligamo-nos a algo importante dentro de nós," diz ele. "O cosplay é como nos revelamos uns aos outros."

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English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
13:07
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