Como construí um reator nuclear aos 13 anos de idade | Jamie Edwards | TEDxCERN

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

O que é preciso para construir um reator nuclear? Jamie Edwards começou sua jornada aos 13 anos de idade para bater o recorde de Taylor Wilson ao ser a pessoa mais jovem a realizar uma fusão nuclear. Ele nos fala sobre os obstáculos que enfrentou como estudante adolescente enquanto tentava realizar o seu sonho, como tentar convencer o diretor de sua escola a comprar gás deutério através do eBay.

Energia nuclear.

Acho que é isso o que muitas pessoas
pensam quando trata-se do assunto.

Para mim, isso é o que eu penso;

ou mais especificamente, isto.

Mas antes de falar a respeito,
deixem-me contar como tudo começou.

Mesmo quando criança,
estava sempre fazendo perguntas.

Para minha mãe, meu pai, professores,

mas, por fim, eles não eram
mais capazes de responder.

Então, fui para a internet encontrar
algumas respostas.

Foi na internet
que me deparei com esse cara:

Taylor Wilson, que criou uma fusão
nuclear aos 14 anos de idade.

Minha reação foi: "Uau! Fusão!
No jardim de casa!"

Tinha que descobrir mais.

Então, procurando on-line,
encontrei o fusor.net,

um grupo de cientistas amadores
que construíam fusores Farnsworth.

Foi quando percebi que era mesmo possível
que eu construísse um desses também.

Imaginei que fosse custar
cerca de 2 mil libras.

Só havia um problema:
eu não tinha 2 mil libras.

Teria que arrecadar o dinheiro sozinho,

então passei a escrever para alguns
laboratórios nucleares locais,

companhias de engenharia, universidades,

mas por alguma razão,
não quiseram dar 2 mil libras

a um adolescente tentando
criar um reator nuclear.

(Risos)

Nem imagino o porquê.

Então, perguntei à professora de ciências
se ela poderia me ajudar com meu projeto.

Ela sugeriu que falássemos com o diretor.

Após um papo estilo "Caverna do Dragão"

com o Sr. Hourigan, consegui
convencê-lo a ceder 2 mil libras.

Então, armado com o cartão de crédito
da escola, fui ao eBay.

Comprei peças do mundo todo:
fontes de alimentação dos EUA,

resistores de Hong Kong
e bombas a vácuo da Lituânia.

Eu construí isso: meu reator de fusão.

Porém, não consegui tudo através do eBay.

Os termos e condições
eram um pouco restritos,

até mesmo o fornecedor de gás
me pareceu preocupado.

Eles queriam saber por que

um estudante adolescente de Lancashire
queria dez litros de gás deutério.

(Risos)

Esse é o detector de nêutrons,
parte importante do reator.

Serve para me dizer se a reação
realmente aconteceu.

Contudo, não são fáceis de se lidar.

Precisei ligar para todo mundo
para saber se conheciam alguém

que talvez soubesse de alguém
que de fato tivesse um desses.

Por fim, uma universidade local
me emprestou esse aqui.

A fonte de alimentação de alta tensão
foi uma das partes mais caras.

Mas quando chegou dos EUA,
ela não funcionou.

Até hoje, não entendo o porquê.

Felizmente, uma empresa de distribuição

não só me emprestou o kit para poder usar,
como me ensinou a usá-lo com segurança.

Falava-se muito sobre segurança.

Pelo visto, havia uma certa preocupação
ao deixar um jovem a sós

com um reator nuclear na escola;
não sei bem o porquê.

Uma das condições era

que eu tinha que estar a dois metros
do reator enquanto o operava.

Probleminha, estão vendo esses braços?

Não havia jeito de alcançá-lo.

Mas graças ao setor tecnológico da escola

e uma engenharia complexa, fizemos isto.

Cabos de vassoura projetados
com partes de plástico, cheios de cola,

para que pudesse operar
os controles à distância.

(Risos)

Tinha também o problema de que eu poderia
encostar no reator durante o processo.

Então fizemos uma gaiola de arame,
e a colocamos em volta do reator.

E havia uma radiação de nêutrons
de alta energia que vinha de tudo aquilo.

Então foi essa minha solução:
os aquários da minha irmã.

Sem os peixes, é claro.

Adicionamos uma solução de boro

para agir como moderador
e absorvedor de nêutrons.

Por fim, no caso de acabar
me eletrocutando, fizemos isto.

Literalmente, é um gancho
feito de velhos tubos de bicicleta

caso me eletrocutasse
e precisasse de socorro.

O grande dia havia chegado.

Eu me senti tranquilo
até a imprensa aparecer.

Devo ter mencionado algo
para o Sr. Hourigan,

sobre a possibilidade
das relações públicas virem.

Eu só tinha em mente o jornal local.

Mas a imprensa de todo lugar
resolveu aparecer.

Então, tinha tudo em posição,
as câmeras estavam prontas,

meu gancho estava no lugar,
e então ligamos o reator.

A primeira coisa que fiz foi bombear
a câmara e aplicar a alta tensão.

Foi quando consegui isto: plasma,
uma etapa chave ao produzir fusão.

Pratiquei por um tempo,
até que estivesse confiante

de que tinha conseguido a estabilidade
correta entre vácuo e energia,

e aí restaria apenas aumentar a voltagem,

e adicionar apenas
um pouco de gás deutério.

Consegui isto:

uma leitura no detector de nêutrons.

Eu tinha conseguido. Foi incrível.

Todo meu trabalho duro valera a pena.

Mas agora, sendo um jovem cientista,

tenho que voltar
ao experimento e fazê-lo de novo

pois como vocês sabem, na ciência,

temos que repetir nossos feitos
e duplicar nossos resultados,

e esse é meu foco atual.

Mas nada disso teria acontecido

se não fosse pela professora de ciências
que acreditou no sonho de seus alunos

e um diretor que estava disposto
a correr o risco de me dar uma chance.

Para qualquer cientista mundo afora,
não importa o quão jovem:

nada nunca é tão grande para você tentar.

Tudo o que você precisa é de curiosidade,
determinação, e uma mente aberta.

Obrigado.

(Aplausos)