Por detrás do Grande "Firewall" da China
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0:01 - 0:05Nestes últimos dias, tenho ouvido
as pessoas a falar da China. -
0:05 - 0:09E também falei com amigos
sobre a China e a Internet chinesa. -
0:10 - 0:12Eu tenho um problema muito grande.
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0:12 - 0:15Quero que os meus amigos percebam
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0:16 - 0:18que a China é complicada.
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0:19 - 0:22Por isso, estou sempre a contar
a mesma história, ou seja, -
0:22 - 0:24de um lado é uma coisa
e do outro lado é outra coisa. -
0:25 - 0:27Não podemos contar só
um dos lados da história. -
0:28 - 0:31Vou dar um exemplo.
A China é um país do BRIC. -
0:31 - 0:36Os países do BRIC são o Brasil,
a Rússia, a Índia e a China. -
0:36 - 0:41Estas economias emergentes estão a ajudar
a revitalizar a economia mundial. -
0:42 - 0:44Mas, ao mesmo tempo, por outro lado,
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0:45 - 0:48a China é um país SICK,
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0:48 - 0:52a terminologia popularizada no documento
da entrada do Facebook na Bolsa. -
0:54 - 1:00Os países SICK, segundo eles, são a Síria,
o Irão, a China e a Coreia do Norte. -
1:00 - 1:03Estes quatro países
não têm acesso ao Facebook. -
1:05 - 1:09Por isso, a China é um país
SICK BRIC. [tijolo doente] -
1:09 - 1:10(Risos)
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1:10 - 1:12Foi criado um outro projeto
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1:12 - 1:14para vigiar a China e a Internet chinesa.
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1:14 - 1:19Hoje, quero contar
a minha observação pessoal -
1:19 - 1:23nos últimos anos, a partir dessa muralha.
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1:24 - 1:27Se vocês são fãs do "Jogo dos Tronos",
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1:27 - 1:32sabem perfeitamente como é importante
uma grande muralha para um reino antigo. -
1:32 - 1:35Impede coisas estranhas vindas do norte.
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1:37 - 1:39Era o que acontecia na China.
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1:39 - 1:43No norte, havia uma grande muralha,
Chang Cheng. -
1:44 - 1:48Protegeu a China dos invasores
durante dois mil anos. -
1:48 - 1:52Mas a China também tem
uma enorme "firewall". -
1:53 - 1:56É a maior barreira digital
de todo o mundo. -
1:57 - 2:01Não só defende o regime chinês
dos países além-mar, -
2:01 - 2:03dos valores universais,
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2:03 - 2:06mas também impede
que os cidadãos da China -
2:06 - 2:09tenham acesso à Internet livre mundial
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2:09 - 2:13e até os separa em blocos, isolados.
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2:14 - 2:18Basicamente,
a Internet tem duas Internets. -
2:18 - 2:22Uma é a Internet, a outra é a Chinanet.
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2:23 - 2:30Mas, se pensam que a Chinanet
é uma zona morta, árida, -
2:30 - 2:32penso que estão enganados.
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2:33 - 2:36Também usamos uma metáfora
muito simples -
2:36 - 2:38— o jogo do gato e do rato —
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2:38 - 2:41para descrever, nos últimos 15 anos,
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2:42 - 2:46a luta permanente entre a censura chinesa,
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2:46 - 2:48a censura do governo — o gato —
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2:48 - 2:53e os utilizadores da Internet chinesa,
ou seja, nós o rato. -
2:54 - 2:58Mas, por vezes, este tipo de metáfora
é demasiado simples. -
2:58 - 3:02Hoje vou atualizá-la para a versão 2.0.
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3:04 - 3:07Na China, temos 500 milhões
de utilizadores da Internet. -
3:08 - 3:12É a maior população de utilizadores
da Internet em todo o mundo. -
3:14 - 3:18Apesar de a China ser uma Internet
totalmente censurada, -
3:18 - 3:21a comunidade chinesa da Internet
está em grande expansão. -
3:21 - 3:24Como é possível? É simples.
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3:24 - 3:27Vocês têm o Google, nós temos o Baidu.
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3:27 - 3:30Vocês têm o Twitter, nós temos o Welbo.
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3:30 - 3:33Vocês têm o Facebook, nós temos o Renren.
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3:33 - 3:37Vocês têm o YouTube,
nós temos o Youku e o Tudou. -
3:39 - 3:42O governo chinês bloqueou
-
3:42 - 3:46todos os serviços internacionais
da Web 2.0 -
3:46 - 3:50e nós, os chineses,
imitámos cada um deles. -
3:50 - 3:51(Risos)
-
3:51 - 3:55É o tipo de coisa a que chamo
censura inteligente. -
3:56 - 3:59Não é apenas para nos censurar.
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3:59 - 4:04Por vezes, esta política nacional
da Internet chinesa é muito simples: -
4:04 - 4:06Bloquear e clonar.
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4:06 - 4:11Por um lado, quer satisfazer
a necessidade de uma rede social, -
4:11 - 4:14o que é muito importante:
as pessoas adoram redes sociais. -
4:14 - 4:18Mas, por outro lado, querem
manter o servidor em Pequim, -
4:18 - 4:22para terem acesso aos dados
sempre que o entenderem. -
4:22 - 4:26É por essa razão que o Google
foi corrido da China, -
4:26 - 4:28porque não aceitam o facto
-
4:28 - 4:31de o governo chinês querer
manter o servidor. -
4:33 - 4:38Por vezes, os ditadores árabes
não entenderam estes dois lados. -
4:38 - 4:41Por exemplo, Mubarak encerrou a Internet.
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4:42 - 4:45Queria impedir que os utilizadores
da Internet o criticassem. -
4:45 - 4:50Mas, quando os utilizadores da Internet
não podem entrar "online", vão para a rua. -
4:51 - 4:54E o resultado é muito simples.
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4:54 - 4:58Todos sabemos que Mubarak
está morto, tecnicamente. -
4:59 - 5:04Igualmente Ben Ali, o presidente tunisino,
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5:04 - 5:06não seguiu a segunda regra.
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5:06 - 5:09Ou seja, manter o servidor nas suas mãos.
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5:10 - 5:15Permitiu que o Facebook,
um serviço com base nos EUA, -
5:16 - 5:19continuasse acessível na Tunísia.
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5:19 - 5:23Assim, não pôde impedir
que os seus cidadãos publiquem -
5:23 - 5:26vídeos de crítica contra a corrupção dele.
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5:26 - 5:28Aconteceu a mesma coisa.
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5:28 - 5:32Foi o primeiro a ser derrubado
durante a Primavera Árabe. -
5:33 - 5:37Mas essas duas políticas de censura
internacional muito inteligentes -
5:37 - 5:44não impediram as redes sociais chinesas
de se tornarem uma esfera pública, -
5:44 - 5:49uma via para a opinião pública
e o pesadelo dos funcionários chineses. -
5:50 - 5:54Porque temos 300 milhões
de microbloguistas na China. -
5:54 - 5:57É equivalente a toda a população dos EUA.
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5:58 - 6:01Com estes 300 milhões de pessoas,
de microbloguistas, -
6:01 - 6:06mesmo quando lhes bloqueiam o "tweet"
na nossa plataforma censurada, -
6:07 - 6:10a comunidade da Chinanet pode criar
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6:10 - 6:13uma energia muito poderosa,
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6:13 - 6:16como nunca aconteceu
na história da China. -
6:17 - 6:21Em 2011, em julho, chocaram dois comboios
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6:21 - 6:23em Wenzhou, uma cidade do sul.
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6:23 - 6:25Logo a seguir ao choque dos comboios,
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6:25 - 6:29as autoridades tentaram esconder
o comboio, enterrar o comboio. -
6:30 - 6:32Isso irritou os utilizadores
chineses da Internet. -
6:32 - 6:36Nos primeiros cinco dias,
depois do choque dos comboios, -
6:36 - 6:40houve 10 milhões de críticas
nas publicações das redes sociais, -
6:41 - 6:43uma coisa que nunca acontecera
na história da China. -
6:43 - 6:46Posteriormente, este ano,
o ministro dos transportes -
6:47 - 6:50foi demitido e condenado
a 10 anos de prisão. -
6:52 - 6:56Recentemente, houve um debate
muito divertido -
6:56 - 7:00entre o ministro do ambiente de Pequim
-
7:00 - 7:03e a embaixada norte-americana em Pequim
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7:03 - 7:06em que o ministro acusou
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7:06 - 7:08a embaixada norte-americana de interferir
-
7:08 - 7:10na política interna chinesa,
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7:10 - 7:14ao revelar os dados sobre
a qualidade do ar em Pequim. -
7:16 - 7:20Em cima, estão os dados da embaixada:
as partículas finas. -
7:21 - 7:27Indica 148, o que representa
perigo para os grupos sensíveis. -
7:27 - 7:31Portanto, é a sugestão
de que não convém sair à rua. -
7:31 - 7:36Os dados do Ministério mostram 50.
-
7:37 - 7:40Dizem que é bom. Podemos sair à rua.
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7:40 - 7:44Mas 99% dos microbloguistas chineses
-
7:44 - 7:47estão de pedra e cal ao lado da embaixada.
-
7:47 - 7:49Eu vivo em Pequim.
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7:49 - 7:54Todos os dias observo os dados
da embaixada norte-americana -
7:54 - 7:58para decidir se devo abrir a janela.
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8:01 - 8:04Como é que funcionam
as redes sociais chinesas, -
8:04 - 8:06apesar de a censura ser tão apertada?
-
8:07 - 8:09Parte da razão é a língua chinesa.
-
8:11 - 8:15O Twitter e as imitações do Twitter
têm um limite de 140 caracteres. -
8:15 - 8:19Em inglês são 20 palavras
ou uma frase com uma ligação curta. -
8:20 - 8:23Em alemão, talvez consigam dizer "Olá!"
-
8:23 - 8:25(Risos)
-
8:25 - 8:31Mas em chinês, 140 caracteres
-
8:31 - 8:33dá para um parágrafo, uma história.
-
8:34 - 8:38Quase podemos meter
todos os elementos jornalísticos. -
8:38 - 8:41Por exemplo, este é Hamlet,
de Shakespeare. -
8:42 - 8:43É o mesmo conteúdo.
-
8:44 - 8:46Podem ver exatamente
-
8:46 - 8:51que um "tweet" chinês
é igual a 3,5 "tweets" em inglês. -
8:52 - 8:54Os chineses estão sempre a fazer batota.
-
8:56 - 9:00Por causa disso, os chineses
olham para estes microbloguistas -
9:00 - 9:04como um "media", não é apenas
como um título para os "media". -
9:04 - 9:08Esta é a empresa Sina,
-
9:08 - 9:10os tipos que copiaram o Twitter.
-
9:10 - 9:12Até tem um nome próprio: o Welbo.
-
9:12 - 9:15O Welbo é a tradução chinesa
para microblogue. -
9:15 - 9:17Tem as suas inovações.
-
9:17 - 9:19Na área dos comentários,
-
9:19 - 9:22o Weibo chinês
é mais parecido com o Facebook -
9:22 - 9:24do que o Twitter original.
-
9:24 - 9:28Estas inovações e imitações,
como o Weibo e o microblogue, -
9:28 - 9:31quando chegaram à China em 2009,
-
9:31 - 9:35imediatamente formaram uma plataforma.
-
9:35 - 9:38Tornou-se na plataforma
de 300 milhões de leitores. -
9:39 - 9:41Tornou-se nos "media".
-
9:41 - 9:44Qualquer coisa que não for
referida no Weibo, -
9:44 - 9:48não existe para o público chinês.
-
9:49 - 9:51Mas as redes sociais chinesas
-
9:51 - 9:55também estão a mudar a mentalidade
dos chineses e a vida chinesa. -
9:55 - 9:59Por exemplo, dão voz às pessoas,
-
9:59 - 10:02é um canal onde a nossa voz é ouvida.
-
10:02 - 10:07Temos um sistema de petições.
É um remédio fora do sistema judicial -
10:07 - 10:10porque o governo central chinês
quer manter um mito: -
10:10 - 10:14O imperador é bom. Os antigos
funcionários locais são bandidos. -
10:15 - 10:18É por isso que os peticionários,
as vítimas, os camponeses, -
10:18 - 10:22querem apanhar o comboio para Pequim,
para fazerem petições ao governo central, -
10:22 - 10:25querem que o imperador resolva o problema.
-
10:25 - 10:28Mas, à medida que mais gente
se dirige a Pequim, -
10:28 - 10:31mais aumenta o risco de uma revolução.
-
10:31 - 10:33Por isso, ultimamente, mandam-nos embora.
-
10:34 - 10:37Alguns deles até são metidos na prisão.
-
10:37 - 10:41Mas agora temos o Weibo,
por isso chamamos-lhe as petições Weibo. -
10:41 - 10:44As pessoas usam os telemóveis
para publicar "tweets". -
10:44 - 10:47As nossas tristes histórias,
se tivermos sorte, -
10:47 - 10:51serão apanhadas pelos jornalistas,
professores ou celebridades. -
10:51 - 10:53Uma delas é Yao Chen,
-
10:53 - 10:57é a microbloguista mais popular da China,
-
10:57 - 11:00que tem uns 21 milhões de seguidores.
-
11:00 - 11:04É quase como um canal da TV nacional.
-
11:04 - 11:07Ela poderá apanhar
a nossa triste história. -
11:08 - 11:12Esta rede social Weibo,
apesar da censura, -
11:12 - 11:17dá aos chineses uma hipótese real
a 300 milhões de pessoas -
11:17 - 11:21que conversam todos os dias,
falam umas com as outras. -
11:21 - 11:23É como um enorme TED.
-
11:24 - 11:26Mas também é a primeira vez
-
11:26 - 11:29que aparece na China um espaço público.
-
11:29 - 11:33Os chineses começaram
a aprender a negociar -
11:33 - 11:35e a falar com as pessoas.
-
11:35 - 11:39Mas o gato, a censura, não está a dormir.
-
11:40 - 11:44É difícil publicar palavras sensíveis
no Weibo chinês. -
11:44 - 11:48Por exemplo, não podemos publicar
o nome do presidente, Hu Jintao, -
11:48 - 11:52e também não podemos publicar
o nome da cidade de Chongqing. -
11:52 - 11:56Até há pouco tempo, não podíamos
pesquisar o nome de líderes importantes. -
11:58 - 12:02Mas os chineses são muito bons
nos jogos de palavras -
12:02 - 12:05e em arranjar palavras alternativas
e até "memes". -
12:05 - 12:07Até utilizam nome, por exemplo,
-
12:07 - 12:10usam o nome deste jogo de palavras
-
12:11 - 12:14a batalha entre o cavalo da erva e da lama
e o caranguejo do rio. -
12:14 - 12:16O cavalo da erva e da lama é o cǎonímǎ,
-
12:16 - 12:19é o fonograma para "filho da mãe",
-
12:19 - 12:21como os internautas se chamam
a si mesmos. -
12:24 - 12:27O caranguejo do rio é héxié,
-
12:27 - 12:30é o fonograma para conciliação,
para censura. -
12:30 - 12:35É o cǎonímǎ contra o héxié,
é muito bom. -
12:36 - 12:41Quando acontecem momentos
políticos, muito excitantes, -
12:42 - 12:47vemos aparecer no Weibo
uma série de histórias esquisitas. -
12:48 - 12:51Frases e palavras esquisitas
que ninguém percebe, -
12:51 - 12:55mesmo quem tenha um doutoramento
em língua chinesa -
12:55 - 12:57Mas não é possível explicar melhor,
-
12:58 - 13:01porque a chinesa Sina Weibo,
quando foi fundada, -
13:02 - 13:06foi exatamente um mês depois
do bloqueio oficial do Twitter.com. -
13:06 - 13:08Isso significa que, desde o início,
-
13:08 - 13:12o Weibo já tinha convencido
o governo chinês, -
13:13 - 13:15que nós não representávamos
-
13:15 - 13:18qualquer ameaça para o regime.
-
13:18 - 13:20Por exemplo, qualquer coisa
que queiramos publicar, -
13:20 - 13:23como "reunir" ou "encontrar-se"
ou "passear", -
13:23 - 13:27é automaticamente registado,
comparado, -
13:28 - 13:33e transmitido a uma equipa
para posterior análise política. -
13:34 - 13:36Mesmo que queiramos fazer
uma reunião qualquer, -
13:36 - 13:39antes de lá chegarmos,
a polícia já está à nossa espera. -
13:39 - 13:41Porquê? Porque têm esses dados.
-
13:41 - 13:43Têm tudo nas mãos.
-
13:44 - 13:48Podem usar o cenário de 1984
de tratamento dos dados -
13:48 - 13:50para encontrar os dissidentes.
-
13:50 - 13:53Portanto, as medidas são muito severas.
-
13:53 - 13:56Mas quero contar-vos
uma coisa muito divertida -
13:56 - 13:59neste jogo do gato e do rato.
-
13:59 - 14:03O gato é a censura,
mas não há um só gato chinês. -
14:03 - 14:06Também há gatos locais
— gatos centrais e gatos locais. -
14:07 - 14:08(Risos)
-
14:09 - 14:12O servidor está nas mãos
dos gatos centrais, -
14:12 - 14:16mas apesar disso — quando os internautas
criticam o governo local, -
14:16 - 14:20o governo local não tem acesso
aos dados, em Pequim. -
14:21 - 14:23Sem subornar os gatos centrais,
-
14:23 - 14:26não pode fazer nada senão pedir desculpas.
-
14:26 - 14:29Nestes três anos, nos últimos três anos,
-
14:29 - 14:32os movimentos sociais de microblogues
-
14:32 - 14:34alteraram o governo local,
-
14:34 - 14:36tornaram-no cada vez mais transparente,
-
14:36 - 14:39porque ele não tem acesso aos dados.
-
14:39 - 14:41O servidor está em Pequim.
-
14:43 - 14:45Quanto à história do choque de comboios,
-
14:45 - 14:49a questão não é de saber como houve
10 milhões de críticas em cinco dias, -
14:49 - 14:51mas porque é que o governo central chinês
-
14:52 - 14:55permitiu cinco dias de liberdade
de expressão "online". -
14:55 - 14:57Nunca tinha acontecido.
-
14:57 - 15:00É muito simples,
é porque até os altos dirigentes -
15:00 - 15:03estão fartos deste tipo,
deste reino independente. -
15:03 - 15:05Portanto, querem uma desculpa
-
15:05 - 15:08— a opinião pública
é uma boa desculpa para o castigar. -
15:09 - 15:12Mas também há o caso de Bo Xilai,
recentemente, uma notícia escandalosa. -
15:12 - 15:14Ele é um pequeno potentado.
-
15:14 - 15:17De fevereiro a abril deste ano,
-
15:17 - 15:20o Weibo tornou-se uma praça
de boatos. -
15:20 - 15:23Podemos gozar com quase tudo
sobre estes potentados. -
15:23 - 15:26é quase como se vivêssemos nos EUA.
-
15:27 - 15:31Mas se nos atrevermos a copiar
um "tweet" ou referir qualquer falso golpe -
15:31 - 15:35sobre Pequim, seremos presos
sem contemplações. -
15:35 - 15:41Este tipo de liberdade é uma janela
específica e precisa. -
15:42 - 15:45Para os chineses na China
a censura é uma coisa normal. -
15:45 - 15:47O que é estranho é a liberdade.
-
15:47 - 15:49Deve haver qualquer coisa por detrás.
-
15:49 - 15:53Como ele era um líder de esquerda
muito popular, -
15:53 - 15:55o governo central queria ver-se livre dele
-
15:55 - 15:59e foi muito simpático, convenceu
toda a população chinesa, -
15:59 - 16:01porque é que ele era tão mau.
-
16:01 - 16:04Assim, o Weibo, a esfera
de 300 milhões de pessoas -
16:04 - 16:09tornou-se um instrumento muito bom,
muito conveniente para uma luta política. -
16:09 - 16:11Esta tecnologia é muito recente
-
16:11 - 16:13mas, tecnicamente, é muito antiga.
-
16:13 - 16:16Tornou-se famosa com o presidente Mao,
Mao Zedong, -
16:16 - 16:20porque ele mobilizou milhões
de chineses na Revolução Cultural -
16:20 - 16:23para destruir todos os governos locais.
-
16:23 - 16:26É muito simples, porque
o governo central chinês -
16:26 - 16:28não precisa de dirigir a opinião pública.
-
16:28 - 16:32Basta dar-lhe uma janela precisa
para não censurar as pessoas. -
16:32 - 16:37Não censurar, na China,
tornou-se um instrumento político. -
16:38 - 16:42É a atualização do jogo
do gato e do rato. -
16:42 - 16:45As redes sociais mudaram
a mentalidade dos chineses. -
16:45 - 16:48Os chineses querem cada vez mais
a liberdade de expressão -
16:48 - 16:50e os Direitos do Homem,
como de pleno direito, -
16:50 - 16:54e não como um privilégio
importado da América. -
16:54 - 16:57Mas também deu aos chineses
uma esfera pública nacional -
16:57 - 17:02às pessoas, é como uma formação
para a sua cidadania, -
17:02 - 17:04uma preparação para a futura democracia.
-
17:04 - 17:07Mas não mudou o sistema político chinês
-
17:07 - 17:09e o governo central chinês
-
17:09 - 17:12está a utilizar esta estrutura
de servidor central -
17:12 - 17:14para reforçar o seu poder
-
17:14 - 17:17para contrariar o governo local
e as diversas fações. -
17:19 - 17:21Então, qual é o futuro?
-
17:21 - 17:23Afinal, nós somos o rato.
-
17:23 - 17:27Qualquer que seja o futuro,
devemos lutar contra o gato. -
17:28 - 17:31Não só na China, mas também nos EUA
-
17:31 - 17:36há gatos muito pequenos,
simpáticos, mas maus. -
17:36 - 17:38(Risos)
-
17:38 - 17:43o SOPA, o PIPA, o ACTA,
o TPP e o ITU. -
17:43 - 17:45(Aplausos)
-
17:45 - 17:49Tal como com o Facebook e o Google,
afirmam serem amigos do rato -
17:50 - 17:53mas, por vezes, vemo-los a namorar o gato.
-
17:55 - 17:57A minha conclusão é muito simples.
-
17:57 - 18:00Nós, chineses, lutamos
pela nossa liberdade, -
18:00 - 18:04vocês só vigiam os vossos gatos maus.
-
18:04 - 18:07Não deixem que eles
se juntem aos gatos chineses. -
18:07 - 18:09Só assim, no futuro,
-
18:09 - 18:12realizaremos os sonhos do rato:
-
18:13 - 18:17poder enviar "tweets" em qualquer altura,
para onde quisermos, sem medo. -
18:17 - 18:20(Aplausos)
-
18:24 - 18:25Obrigado.
-
18:25 - 18:28(Aplausos)
- Title:
- Por detrás do Grande "Firewall" da China
- Speaker:
- Michael Anti
- Description:
-
Michael Anti (ou Jing Zhao) há 12 anos que publica num blogue na China. Apesar do controlo que o governo central tem sobre a Internet — "Todos os servidores estão em Pequim" — ele diz que centenas de milhões de microbloguistas estão a criar a primeira esfera pública nacional na história do país e a mudar o equilíbrio do poder, de formas inesperadas.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:51
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for Behind the Great Firewall of China | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Behind the Great Firewall of China | ||
Mafalda Ferreira accepted Portuguese subtitles for Behind the Great Firewall of China | ||
Mafalda Ferreira edited Portuguese subtitles for Behind the Great Firewall of China | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Behind the Great Firewall of China | ||
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Sandra Rodrigues added a translation |