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Um manifesto pela brincadeira, para a Bulgária e não só

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    Estou aqui hoje
  • 0:04 - 0:06
    para iniciar uma revolução.
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    Mas, antes que vocês peguem nas armas,
  • 0:08 - 0:10
    ou cantem uma canção,
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    ou escolham a vossa cor favorita,
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    quero definir o que entendo por revolução.
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    Por revolução,
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    quero dizer uma mudança
    drástica e de longo alcance
  • 0:20 - 0:22
    no modo como pensamos e agimos
  • 0:22 - 0:25
    — no modo como pensamos
    e no modo como agimos.
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    Porquê, Steve, porque é que precisamos
    de uma revolução?
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    Precisamos de uma revolução
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    porque as coisas não estão a funcionar,
    simplesmente não funcionam.
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    E isto causa-me uma profunda tristeza,
  • 0:36 - 0:39
    porque estou cansado
    das coisas que não funcionam.
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    Estou cansado de não vivermos
    de acordo com o nosso potencial.
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    Estou cansado de sermos os últimos.
  • 0:45 - 0:48
    E somos os últimos em tantas coisas,
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    por exemplo, fatores sociais.
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    Somos os últimos da Europa em inovação.
  • 0:53 - 0:56
    Estamos ali no fim, bem lá em baixo,
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    último lugar como uma cultura
    que não valoriza a inovação.
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    Somos os últimos em cuidados de saúde,
  • 1:01 - 1:04
    e isso é muito importante
    para a sensação de bem-estar.
  • 1:04 - 1:07
    E ali estamos, os últimos
    na União Europeia e na Europa
  • 1:07 - 1:08
    bem lá em baixo.
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    E o pior de tudo,
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    — foi publicado há três semanas,
    no The Economist —
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    somos o local mais triste da Terra,
  • 1:15 - 1:18
    — em relação ao PIB per capita —
  • 1:18 - 1:20
    o local mais triste da Terra.
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    Isto é no plano social, vejamos no ensino.
  • 1:22 - 1:24
    Em que lugar estávamos há três semanas
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    noutro relatório da OCDE?
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    Último lugar em leitura,
    matemática e ciência, último.
  • 1:30 - 1:31
    Negócios:
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    A menor perceção na União Europeia
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    de que os empresários
    beneficiam a sociedade.
  • 1:37 - 1:39
    Porque como resultado, o que acontece?
  • 1:39 - 1:42
    A menor percentagem de empresários
    a iniciar empreendimentos.
  • 1:42 - 1:44
    Isto apesar do facto
  • 1:44 - 1:46
    de todos saberem que os pequenos negócios
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    são o motor da economia.
  • 1:48 - 1:50
    Empregamos a maioria das pessoas,
    pagamos a maioria dos impostos.
  • 1:50 - 1:54
    Se o nosso motor está avariado,
    adivinhem o que acontece?
  • 1:54 - 1:56
    Último PIB per capita da Europa.
  • 1:57 - 1:58
    Ultimo!
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    Portanto, não é surpresa
    que 62% dos búlgaros
  • 2:02 - 2:04
    não estejam otimistas quanto ao futuro.
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    Somos infelizes, temos um mau ensino,
  • 2:06 - 2:08
    e temos os piores negócios.
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    Estes são os factos.
  • 2:11 - 2:14
    Não é conto de fadas, não é mentira.
  • 2:14 - 2:15
    Não é.
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    Não é uma conspiração que tenho
    contra a Bulgária. São factos.
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    Parece-me claramente
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    que o nosso sistema está falido.
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    O nosso modo de pensar,
    o nosso comportamento,
  • 2:25 - 2:27
    o nosso sistema operativo está avariado.
  • 2:27 - 2:30
    Precisamos de uma mudança drástica
    no modo de pensar e de nos comportamos
  • 2:30 - 2:32
    para transformar a Bulgária para melhor,
  • 2:32 - 2:34
    para nós, para os nossos amigos,
  • 2:34 - 2:36
    para a nossa família e para o nosso futuro.
  • 2:36 - 2:37
    Como aconteceu isto?
  • 2:37 - 2:41
    Agora, sejamos positivos.
    Seremos positivos. Como aconteceu isto?
  • 2:41 - 2:43
    Acho que somos os últimos porque
  • 2:43 - 2:45
    — e isto será drástico
    para alguns de vocês —
  • 2:45 - 2:47
    porque estamos a tolher-nos.
  • 2:47 - 2:48
    Estamos a ficar para trás
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    porque não valorizamos o brincar.
  • 2:51 - 2:53
    Eu disse o brincar, certo?
  • 2:53 - 2:56
    No caso de se terem esquecido
    do que é brincar, brincar é assim.
  • 2:56 - 2:59
    Os bebés brincam, as crianças brincam,
    os adultos brincam.
  • 2:59 - 3:01
    Nós não valorizamos o brincar.
  • 3:01 - 3:04
    De facto, nós desvalorizamos o brincar.
  • 3:04 - 3:06
    E desvalorizamo-lo em três áreas.
  • 3:06 - 3:07
    Voltemos às mesmas três áreas.
  • 3:07 - 3:10
    Social: 45 anos de quê?
  • 3:10 - 3:11
    De comunismo,
  • 3:11 - 3:15
    de valorização da sociedade
    e do Estado acima do individual
  • 3:15 - 3:17
    e do esmagamento, inadvertidamente,
  • 3:17 - 3:21
    da criatividade, da expressão
    individual e da inovação.
  • 3:21 - 3:23
    Em vez disso, o que valorizamos?
  • 3:23 - 3:25
    Pois está demonstrado
  • 3:25 - 3:28
    que o modo como aprendemos,
    geramos e usamos o conhecimento
  • 3:28 - 3:31
    é afetado pelo nosso contexto
    social e institucional,
  • 3:31 - 3:33
    que nos disse o quê durante o comunismo?
  • 3:33 - 3:35
    Para sermos sérios.
  • 3:35 - 3:36
    Para sermos realmente sérios.
  • 3:36 - 3:38
    (Risos)
  • 3:38 - 3:39
    Foi isso.
  • 3:39 - 3:42
    (Aplausos)
  • 3:43 - 3:45
    Sejam sérios.
  • 3:45 - 3:48
    Não sei quantas vezes
    fui censurado no parque
  • 3:48 - 3:51
    por deixar os meus filhos
    brincarem no chão.
  • 3:51 - 3:54
    Deus nos livre de brincarem
    na sujeira, no "kal",
  • 3:54 - 3:57
    ou ainda pior, "lovki", na água,
    que vai matá-los.
  • 3:57 - 4:00
    Babás e "dyados" disseram-me
  • 4:00 - 4:03
    que não devíamos deixar
    as nossas crianças brincar tanto,
  • 4:03 - 4:04
    porque a vida é séria
  • 4:04 - 4:06
    e temos de treiná-las
    para a seriedade da vida.
  • 4:06 - 4:10
    Nós temos um meme sério a propagar-se.
  • 4:10 - 4:12
    É um gene social que está presente em nós.
  • 4:12 - 4:14
    É um gene sério.
  • 4:14 - 4:15
    Foram 45 anos disso
  • 4:15 - 4:18
    que criaram aquilo a que chamo fator babá.
  • 4:18 - 4:19
    (Risos)
  • 4:19 - 4:21
    (Aplausos)
  • 4:22 - 4:24
    Vejam como funciona.
  • 4:24 - 4:26
    Passo um: a mulher diz:
    "Quero ter um bebé. 'Iskam' bebé."
  • 4:26 - 4:29
    Passo dois: "Já temos o bebé. Uau!"
  • 4:29 - 4:31
    Mas o que acontece no passo três?
  • 4:31 - 4:32
    Quero voltar a trabalhar,
  • 4:32 - 4:35
    preciso de progredir na minha carreira
    ou quero ir beber um café.
  • 4:35 - 4:38
    Eu vou dar o "bebko" à babá.
  • 4:38 - 4:39
    (Risos)
  • 4:39 - 4:40
    Mas é preciso lembrarmo-nos
  • 4:40 - 4:44
    de que a babá foi infetada
    pelo meme sério durante 45 anos.
  • 4:44 - 4:46
    Então, que acontece?
  • 4:46 - 4:48
    Ela passa o vírus ao bebé,
  • 4:48 - 4:52
    e demora muito, muito, muito tempo
    — como as sequoias —
  • 4:52 - 4:57
    para esse meme sério
    sair do nosso sistema operativo.
  • 4:58 - 5:00
    O que acontece depois?
  • 5:00 - 5:02
    Entramos na escola onde temos
    um sistema de ensino antiquado
  • 5:02 - 5:05
    que pouco mudou nos últimos 100 anos
  • 5:05 - 5:07
    que valoriza a aprendizagem
    pela repetição,
  • 5:07 - 5:09
    memorização e padronização
  • 5:09 - 5:12
    e desvaloriza a auto expressão,
    a auto exploração,
  • 5:12 - 5:14
    dúvidas, criatividade e brincadeira.
  • 5:14 - 5:16
    É um sistema horrível.
  • 5:16 - 5:19
    História verdadeira: Fui procurar
    uma escola para o meu filho.
  • 5:19 - 5:22
    Fomos a uma pequena escola prestigiada
    onde disseram:
  • 5:22 - 5:24
    "Vão estudar matemática
    10 vezes por semana,
  • 5:24 - 5:26
    "ciências 8 vezes por semana
  • 5:26 - 5:28
    "e leitura 5 vezes por dia", etc.
  • 5:28 - 5:31
    E nós dissemos:
    "E as brincadeiras e o intervalo?"
  • 5:31 - 5:34
    E eles disseram: "Ah! Não haverá
    um momento sequer no horário."
  • 5:34 - 5:35
    (Risos)
  • 5:36 - 5:38
    E nós dissemos: "Ele só tem 5 anos!".
  • 5:38 - 5:40
    Que crime! Que crime!
  • 5:40 - 5:43
    É um crime que o nosso sistema
    de ensino seja tão sério.
  • 5:43 - 5:44
    É por ser um ensino sério
  • 5:44 - 5:47
    que estamos a criar trabalhadores
    mecânicos, robóticos
  • 5:47 - 5:49
    para colocar parafusos
    em furos pré-preparados.
  • 5:49 - 5:51
    Mas desculpem-me, os problemas de hoje
  • 5:51 - 5:53
    não são os problemas
    da Revolução Industrial.
  • 5:53 - 5:55
    Precisamos de adaptabilidade,
  • 5:55 - 5:58
    da capacidade de aprender
    a ser criativo e inovador.
  • 5:58 - 6:00
    Não precisamos
    de trabalhadores mecanizados.
  • 6:00 - 6:03
    Agora o nosso meme segue para o trabalho,
    onde não valorizamos o brincar.
  • 6:03 - 6:06
    Criamos trabalhadores robôs
    que tratamos como bens,
  • 6:06 - 6:08
    para usar e deitar fora.
  • 6:08 - 6:10
    Quais são as qualidades
    de um trabalho búlgaro?
  • 6:11 - 6:12
    Autocrático
  • 6:12 - 6:14
    — "Façam o que eu digo,
    porque eu sou o chefe.
  • 6:14 - 6:16
    "Sou o patrão e sei mais que você".
  • 6:16 - 6:20
    Desconfiança — "Vocês são obviamente
    criminosos, vou instalar câmaras".
  • 6:20 - 6:21
    (Risos)
  • 6:21 - 6:23
    Controlador --
  • 6:23 - 6:25
    "Obviamente vocês são idiotas,
  • 6:25 - 6:28
    "por isso farei zilhões de normas
    para seguirem sem saírem da linha".
  • 6:28 - 6:31
    São restritivos — "Não usem o telemóvel,
  • 6:31 - 6:33
    "não usem o portátil,
    não pesquisem na Internet,
  • 6:33 - 6:35
    "não acedam à I.M.
  • 6:35 - 6:37
    "Isso é pouco profissional e mau".
  • 6:37 - 6:39
    E, no final do dia, é frustrante,
  • 6:39 - 6:42
    porque somos controlados,
    restringidos, desvalorizados
  • 6:42 - 6:44
    e não estamos a divertir-nos minimamente.
  • 6:44 - 6:47
    A sociedade, o ensino e o trabalho
  • 6:47 - 6:48
    não valorizam o brincar.
  • 6:48 - 6:50
    Por isso somos os últimos,
  • 6:50 - 6:52
    porque não valorizamos o brincar.
  • 6:52 - 6:55
    Vocês dizem:
    "Isso é ridículo, Steve. Que ideia idiota.
  • 6:55 - 6:56
    "Não pode ser por causa do brincar.
  • 6:56 - 6:58
    "Só brincar, isso é uma coisa estúpida.
  • 6:58 - 7:01
    "Nós temos o meme sério em nós".
  • 7:01 - 7:02
    Bem, eu direi que não.
  • 7:02 - 7:06
    E vou provar-vos
    na próxima parte da palestra
  • 7:06 - 7:08
    que brincar é o catalisador,
    é a revolução,
  • 7:08 - 7:12
    que nós podemos usar para transformar
    a Bulgária para melhor.
  • 7:12 - 7:13
    Brincar.
  • 7:13 - 7:15
    O nosso cérebro
  • 7:15 - 7:18
    está concebido para brincar.
  • 7:18 - 7:20
    A evolução selecionou,
  • 7:20 - 7:23
    durante milhões
    e milhares de milhões de anos,
  • 7:23 - 7:26
    o brincar em animais e nos humanos.
  • 7:26 - 7:27
    E sabem que mais?
  • 7:27 - 7:30
    A evolução faz um trabalho muito bom,
  • 7:30 - 7:33
    a separar aquilo
    que não é vantajoso para nós
  • 7:33 - 7:36
    e a selecionar o que traz
    vantagem competitiva.
  • 7:36 - 7:39
    A natureza não é estúpida,
    e selecionou o brincar.
  • 7:39 - 7:41
    No reino animal, por exemplo,
  • 7:41 - 7:43
    as formigas brincam.
  • 7:43 - 7:45
    Talvez não soubessem isso.
  • 7:45 - 7:46
    Mas quando estão a brincar,
  • 7:46 - 7:49
    estão a aprender as regras sociais
    e a dinâmica das coisas.
  • 7:49 - 7:51
    Os ratos brincam,
    mas o que talvez não saibam
  • 7:51 - 7:53
    é que os ratos que brincam mais
  • 7:53 - 7:55
    têm um cérebro maior
  • 7:55 - 7:57
    e aprendem melhor as tarefas,
  • 7:57 - 7:59
    as capacidades.
  • 7:59 - 8:01
    Os gatinhos brincam.
    Sabemos que eles brincam.
  • 8:01 - 8:03
    Mas o que talvez não saibam
  • 8:03 - 8:05
    é que os gatinhos impedidos de brincar
  • 8:05 - 8:08
    não conseguem interagir socialmente.
  • 8:08 - 8:10
    Eles podem caçar,
    mas não conseguem sociabilizar.
  • 8:11 - 8:12
    Os ursos brincam.
  • 8:12 - 8:14
    Mas o que talvez não saibam
  • 8:14 - 8:17
    é que os ursos
    que brincam mais vivem mais.
  • 8:17 - 8:20
    Não são os ursos
    que aprendem a pescar melhor,
  • 8:20 - 8:22
    são os que brincam mais.
  • 8:22 - 8:24
    Para concluir, um interessante estudo
  • 8:24 - 8:26
    mostrou a correlação
  • 8:26 - 8:29
    entre brincar e o tamanho do cérebro.
  • 8:29 - 8:31
    Quanto mais se brinca, maior o cérebro.
  • 8:31 - 8:34
    Os golfinhos, grandes cérebros,
    brincam muito.
  • 8:34 - 8:36
    Mas quem vocês acham
  • 8:36 - 8:39
    que, com os maiores cérebros,
    são os mais brincalhões?
  • 8:40 - 8:41
    Sinceramente, os seres humanos.
  • 8:41 - 8:43
    As crianças brincam, nós brincamos
  • 8:43 - 8:46
    — de todas as nacionalidades,
    de todas as etnias,
  • 8:46 - 8:48
    de todas as cores, e todas as religiões,
  • 8:48 - 8:50
    é universal — nós brincamos.
  • 8:50 - 8:53
    Não apenas as crianças, os adultos também.
  • 8:53 - 8:55
    Um termo giro: neotenia,
  • 8:55 - 8:58
    a manutenção da capacidade de brincar
    e da juventude nos adultos.
  • 8:58 - 8:59
    Quem são os maiores neotenistas?
  • 8:59 - 9:01
    Os seres humanos, praticam desporto.
  • 9:01 - 9:04
    Para nos divertimos,
    como amadores profissionais.
  • 9:04 - 9:06
    Tocamos instrumentos musicais.
  • 9:06 - 9:08
    Dançamos, beijamos, cantamos,
  • 9:08 - 9:10
    fazemos patetices.
  • 9:10 - 9:13
    Fomos concebidos
    pela natureza para brincar
  • 9:13 - 9:15
    desde o nascimento até à velhice.
  • 9:15 - 9:18
    Somos concebidos
    para fazer isso continuamente,
  • 9:18 - 9:21
    brincar, brincar muito
  • 9:21 - 9:23
    e não parar de brincar.
  • 9:23 - 9:25
    É um enorme benefício.
  • 9:25 - 9:27
    Assim como traz benefícios aos animais,
  • 9:27 - 9:29
    traz benefícios aos seres humanos.
  • 9:29 - 9:31
    Por exemplo, demonstrou-se
  • 9:31 - 9:34
    que estimula o crescimento
    neural na amígdala,
  • 9:34 - 9:36
    na área em que controla as emoções.
  • 9:36 - 9:39
    Mostrou-se que promove o desenvolvimento
    do córtex pré-frontal
  • 9:39 - 9:41
    local onde ocorre
    muita atividade cognitiva.
  • 9:41 - 9:43
    Como resultado, o que acontece?
  • 9:43 - 9:46
    Desenvolvemos uma maior maturidade
    emocional, se brincarmos mais.
  • 9:46 - 9:48
    Desenvolvemos uma melhor capacidade
    de tomar decisões
  • 9:48 - 9:50
    se brincarmos mais.
  • 9:50 - 9:51
    Isto são factos.
  • 9:51 - 9:54
    Não é ficção, não é conto de fadas,
    não é faz-de-conta;
  • 9:54 - 9:57
    é ciência nua e crua.
  • 9:57 - 9:59
    Há benefícios em brincar.
  • 9:59 - 10:02
    É um direito genético que temos,
  • 10:02 - 10:04
    como o andar, o falar ou o ver.
  • 10:04 - 10:07
    Se nos impedimos de brincar,
  • 10:07 - 10:08
    é o mesmo que, se o fizéssemos
  • 10:08 - 10:11
    com qualquer dos outros direitos
    que temos ao nascer.
  • 10:11 - 10:13
    Nós regredimos.
  • 10:14 - 10:16
    Um pequeno e rápido exercício:
  • 10:16 - 10:18
    fechem os olhos, por instantes,
  • 10:18 - 10:21
    e tentem imaginar um mundo
    sem brincadeira.
  • 10:21 - 10:25
    Imaginem um mundo sem teatro, sem artes,
  • 10:25 - 10:27
    sem canções, sem dança,
  • 10:27 - 10:30
    sem futebol, sem futebol americano,
  • 10:30 - 10:31
    sem risos.
  • 10:32 - 10:34
    Como é esse mundo?
  • 10:34 - 10:36
    Muito sombrio.
  • 10:36 - 10:38
    Muito melancólico.
  • 10:38 - 10:40
    Agora pensem no vosso local de trabalho.
  • 10:40 - 10:42
    É alegre? É animado?
  • 10:42 - 10:44
    Ou o local de trabalho dos vossos amigos?
  • 10:44 - 10:46
    É alegre? É animado?
  • 10:46 - 10:49
    Ou é péssimo? É autocrático, controlador,
  • 10:49 - 10:52
    restritivo e desconfiado e frustrante?
  • 10:54 - 10:56
    Temos o conceito
  • 10:56 - 10:59
    de que o oposto de brincar é trabalhar.
  • 10:59 - 11:02
    Até nos sentimos culpados
    se nos veem a brincar no trabalho.
  • 11:02 - 11:05
    "Oh, os meus colegas viram-me a rir.
    Devo ter pouco trabalho."
  • 11:05 - 11:08
    ou "Oh, tenho de esconder-me,
    porque o meu chefe pode ver-me.
  • 11:08 - 11:11
    "Vai pensar que eu não estou
    a trabalhar o suficiente".
  • 11:11 - 11:14
    Mas o nosso pensamento é retrógrado.
  • 11:14 - 11:16
    O oposto de brincar
  • 11:16 - 11:17
    não é trabalhar.
  • 11:17 - 11:19
    O oposto de brincar
  • 11:19 - 11:22
    é depressão, é depressão.
  • 11:23 - 11:27
    De facto, brincar
    melhora o nosso trabalho.
  • 11:27 - 11:29
    Assim como há benefícios
    para as pessoas e os animais,
  • 11:29 - 11:31
    há benefícios em brincar no trabalho.
  • 11:31 - 11:34
    Por exemplo, estimula a criatividade.
  • 11:34 - 11:37
    Aumenta a nossa abertura a mudanças.
  • 11:37 - 11:40
    Aumenta a nossa habilidade de aprender.
  • 11:40 - 11:42
    Proporciona um sentido
    de propósito e domínio
  • 11:42 - 11:44
    — duas chaves para coisas motivacionais
  • 11:44 - 11:46
    que incrementam a produtividade
  • 11:46 - 11:47
    através do brincar.
  • 11:47 - 11:50
    Portanto, antes que pensem
    que brincar não é uma coisa séria,
  • 11:50 - 11:52
    brincar não significa frivolidade.
  • 11:52 - 11:55
    O atleta profissional que adora esquiar,
  • 11:55 - 11:58
    encara esquiar com seriedade,
    mas adora isso.
  • 11:58 - 12:01
    Diverte-se, está na onda, flui.
  • 12:01 - 12:03
    Um médico pode ser sério,
  • 12:03 - 12:05
    mas rir ainda é um grande remédio.
  • 12:06 - 12:08
    O nosso pensamento é retrógrado.
  • 12:08 - 12:10
    Não devemos sentir-nos culpados.
  • 12:10 - 12:12
    Deveríamos estar a celebrar a brincadeira.
  • 12:13 - 12:15
    Um exemplo rápido do mundo corporativo.
  • 12:15 - 12:17
    FedEx, um lema fácil:
    pessoas, serviço, lucro.
  • 12:17 - 12:20
    Se tratarmos bem
    o nosso pessoal, como pessoas,
  • 12:20 - 12:24
    eles serão mais felizes, mais realizados,
    terão noção de domínio e objetivo.
  • 12:24 - 12:26
    O que acontece?
    Eles farão um serviço melhor
  • 12:26 - 12:28
    melhor, não pior.
  • 12:28 - 12:29
    Quando os clientes contratam um serviço
  • 12:29 - 12:33
    e são atendidos por pessoas alegres
    realizadas, que tomam decisões,
  • 12:33 - 12:35
    como se sentem os clientes?
    Sentem-se muito bem.
  • 12:35 - 12:37
    E o que fazem os clientes satisfeitos?
  • 12:37 - 12:40
    Continuam a usar os vossos serviços
    e contam aos amigos,
  • 12:40 - 12:42
    o que leva a um maior lucro.
  • 12:42 - 12:44
    Pessoas, serviço, lucro.
  • 12:44 - 12:47
    Brincar aumenta a produtividade,
    não a diminui.
  • 12:47 - 12:48
    Vocês podem dizer:
  • 12:48 - 12:51
    "Hum, isso pode funcionar
    para a FedEx lá nos EUA,
  • 12:51 - 12:53
    "mas não funciona na Bulgária.
  • 12:53 - 12:55
    "De modo algum. Nós somos diferentes."
  • 12:55 - 12:57
    Isto funciona na Bulgária, sim.
    Por duas razões.
  • 12:57 - 12:59
    Uma, brincar é universal.
  • 12:59 - 13:02
    Não há nada de estranho nos búlgaros
    que os impeça de brincar,
  • 13:02 - 13:04
    para além do meme sério
    que temos de expulsar.
  • 13:04 - 13:07
    Duas, eu já o experimentei.
    Experimentei-o na Sciant.
  • 13:07 - 13:09
    Quando lá cheguei,
    não tínhamos um cliente feliz.
  • 13:09 - 13:11
    Nenhum cliente nos recomendaria.
  • 13:11 - 13:13
    Perguntei a todos eles.
  • 13:13 - 13:15
    Tínhamos um lucro pequeno.
  • 13:15 - 13:17
    Tínhamos lucros pequenos
  • 13:17 - 13:19
    e tínhamos acionistas infelizes.
  • 13:19 - 13:21
    Através de mudanças fundamentais,
  • 13:21 - 13:23
    tais como melhorar a transparência,
  • 13:23 - 13:26
    tais como promover a autodireção
  • 13:26 - 13:29
    e colaboração, encorajar a colaboração,
  • 13:29 - 13:30
    não a autocracia,
  • 13:30 - 13:32
    coisas como ter um foco no resultado.
  • 13:32 - 13:36
    Não me preocupo com a hora a que chegam
    nem com a hora a que saem.
  • 13:36 - 13:38
    Preocupo-me em que o meu cliente
    e o pessoal estejam felizes
  • 13:38 - 13:40
    e que estejam organizados.
  • 13:40 - 13:42
    Porque me hei de preocupar
    se eles chegam às 9 m ponto?
  • 13:43 - 13:46
    Promovendo a diversão e um bom ambiente,
  • 13:46 - 13:49
    conseguimos modificar a Sciant.
  • 13:49 - 13:50
    Apenas em três anos
  • 13:50 - 13:52
    — parece muito, mas as mudanças
    são vagarosas —
  • 13:52 - 13:56
    todos os clientes nos recomendam
    — de zero para todos —
  • 13:56 - 13:58
    lucros acima da média para a indústria
  • 13:58 - 14:00
    e acionistas felizes.
  • 14:00 - 14:02
    Como sabemos que eles estão felizes?
  • 14:02 - 14:03
    Sempre que participámos
  • 14:03 - 14:06
    na categoria para melhor empregador
    em pequenos negócios
  • 14:06 - 14:07
    ganhámos.
  • 14:07 - 14:09
    Análises independentes
    de empregados anónimos
  • 14:09 - 14:11
    nas pesquisas.
  • 14:11 - 14:13
    Isto funciona,
    isto pode funcionar na Bulgária.
  • 14:13 - 14:14
    Nada nos impede,
  • 14:14 - 14:17
    exceto a nossa mentalidade sobre brincar.
  • 14:18 - 14:20
    Portanto, alguns passos que podemos dar
  • 14:20 - 14:23
    como fazer esta revolução
    através do brincar.
  • 14:23 - 14:25
    Primeiro, vocês tem de acreditar em mim.
  • 14:25 - 14:26
    Se não acreditarem,
  • 14:26 - 14:29
    vão para casa e pensem nisto
    um pouco mais.
  • 14:29 - 14:32
    Segundo, se não têm o sentido
    da brincadeira,
  • 14:32 - 14:34
    precisam de redescobrir como é brincar.
  • 14:34 - 14:36
    Quer seja a vossa diversão em crianças,
  • 14:36 - 14:38
    ou a de que gostassem há seis meses,
  • 14:38 - 14:40
    e que agora, depois da promoção,
    já não podem desfrutar,
  • 14:40 - 14:42
    pois acham que agora têm de ser sérios,
  • 14:42 - 14:44
    redescubram-na.
  • 14:44 - 14:47
    Tanto faz se é andar de bicicleta,
    ler um livro ou jogar um jogo,
  • 14:47 - 14:48
    redescubram-na.
  • 14:48 - 14:50
    Pois vocês são os líderes,
  • 14:50 - 14:52
    os lideres da inovação,
    os lideres das ideias.
  • 14:52 - 14:54
    Vocês é que terão de voltar ao escritório
  • 14:54 - 14:56
    ou conversar com os vossos amigos
  • 14:56 - 14:58
    e acender a chama da mudança
    da revolução de brincar.
  • 14:58 - 15:01
    Vocês têm de fazer isso,
    e se não estiverem a senti-lo,
  • 15:01 - 15:04
    os vossos colegas, os vossos empregados,
    não o sentirão.
  • 15:04 - 15:07
    Vocês têm de voltar lá e dizer:
    "Eu vou confiar em vocês."
  • 15:07 - 15:10
    Um conceito estranho. Se os empreguei,
    devia confiar neles.
  • 15:10 - 15:12
    "Vou permitir que tomem decisões.
    Vou delegar poderes.
  • 15:12 - 15:15
    "Vou delegar no mais baixo nível,
    em vez do mais alto.
  • 15:16 - 15:18
    "Vou encorajar a crítica construtiva.
  • 15:19 - 15:21
    "Vou permitir que desafiem a autoridade,
  • 15:21 - 15:24
    "pois é desafiando o modo
    como as coisas sempre foram feitas
  • 15:24 - 15:26
    "que conseguiremos afastar-nos
    do caminho que seguimos
  • 15:26 - 15:28
    e criar soluções inovadoras
  • 15:28 - 15:29
    para os problemas de hoje.
  • 15:30 - 15:32
    Como lideres, nem sempre estamos certos.
  • 15:32 - 15:34
    Vamos erradicar o medo.
  • 15:34 - 15:36
    O medo é inimigo de brincar.
  • 15:36 - 15:38
    E vamos fazer coisas
  • 15:38 - 15:40
    como eliminar restrições.
  • 15:40 - 15:42
    Vocês sabem, deixem-nos usar o telemóvel
  • 15:42 - 15:45
    para chamadas pessoais.
  • 15:45 - 15:48
    Deixem-nos estar na Internet.
  • 15:48 - 15:50
    Deixem-nos usar as mensagens instantâneas.
  • 15:50 - 15:54
    Permitam que tenham longos almoços.
  • 15:54 - 15:57
    Os almoços são como que
    o recreio do trabalho.
  • 15:57 - 15:59
    É quando contactam com o mundo,
  • 15:59 - 16:01
    recarregam o cérebro,
    se encontram os amigos,
  • 16:01 - 16:04
    bebem uma cerveja,
    se alimentam, conversam,
  • 16:04 - 16:06
    conseguem alguma sinergia de ideias
  • 16:06 - 16:08
    que, se calhar, não teriam tido antes.
  • 16:08 - 16:10
    Deixem-nos fazer isso.
    Deem-lhes alguma liberdade.
  • 16:10 - 16:14
    Deixem-nos brincar. Permitam
    que se divirtam no local de trabalho.
  • 16:14 - 16:17
    Nós passamos muito da nossa vida
    no local de trabalho,
  • 16:17 - 16:19
    e isso tem que ser
    uma rotina tão miserável,
  • 16:19 - 16:22
    que daqui a 20 anos
    vocês acordem e digam: "É isto?
  • 16:22 - 16:24
    Era só isto?"
  • 16:24 - 16:26
    Inaceitável. Nepriemliv.
  • 16:26 - 16:28
    (Risos)
  • 16:28 - 16:30
    Em resumo,
  • 16:30 - 16:32
    precisamos duma mudança drástica
  • 16:32 - 16:35
    no modo como pensamos e nos comportamos,
  • 16:35 - 16:37
    mas não precisamos
  • 16:37 - 16:39
    de uma revolução de trabalhadores.
  • 16:39 - 16:42
    Não precisamos de uma revolução
    de trabalhadores.
  • 16:42 - 16:43
    O que precisamos
  • 16:43 - 16:45
    é do levantamento dos que brincam.
  • 16:45 - 16:48
    O que precisamos
    é do levantamento dos que brincam.
  • 16:48 - 16:51
    O que precisamos
    é do levantamento dos que brincam.
  • 16:51 - 16:53
    A sério, precisamos de agir juntos.
  • 16:53 - 16:55
    Hoje é o início deste levantamento.
  • 16:55 - 16:56
    Mas o que precisamos de fazer
  • 16:56 - 16:59
    é atiçar as chamas da revolução.
  • 16:59 - 17:02
    Vocês precisam de ir e partilhar
    as vossas ideias e histórias de sucesso
  • 17:02 - 17:04
    do que funcionou
  • 17:04 - 17:06
    de como revigorar a nossa vida,
    as nossas escolas,
  • 17:06 - 17:09
    e o nosso trabalho com a brincadeira;
  • 17:09 - 17:11
    de como brincar promove
  • 17:11 - 17:14
    um sentimento de promessa
    e de autorrealização;
  • 17:14 - 17:18
    em como brincar promove
    a inovação e a produtividade;
  • 17:18 - 17:21
    e, por último, como
    o brincar dá significado.
  • 17:22 - 17:25
    Não podemos fazer isto sozinhos.
    Temos de o fazer todos juntos.
  • 17:25 - 17:28
    E juntos, se fizermos isto e partilharmos
    estas ideias sobre brincar,
  • 17:28 - 17:31
    podemos transformar
    a Bulgária para melhor.
  • 17:32 - 17:33
    Obrigado.
  • 17:33 - 17:36
    (Aplausos)
Title:
Um manifesto pela brincadeira, para a Bulgária e não só
Speaker:
Steve Keil
Description:

NO TEDxBG em Sofia, Steve Keil combate o "meme sério" que infetou a sua Bulgária — e sugere um retorno à brincadeira para revitalizar a economia, a educação e a sociedade. Uma brilhante palestra com uma mensagem universal para pessoas de todos os lugares que estão a reinventar os locais de trabalho, as escolas e a vida.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:36
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for A manifesto for play, for Bulgaria and beyond
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for A manifesto for play, for Bulgaria and beyond
Wanderley Jesus added a translation

Portuguese subtitles

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