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A islamofobia matou meu irmão. Vamos acabar com o ódio.

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    Ano passado,
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    três dos meus familiares
    foram cruelmente mortos
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    em um crime de ódio.
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    Não preciso dizer que é realmente difícil
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    para mim estar aqui hoje,
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    mas o meu irmão Deah,
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    sua esposa Yusor,
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    e a irmã dela, Razan,
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    não me deixam muita escolha.
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    Tenho esperança que no fim desta palestra
    vocês façam uma escolha,
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    e se juntem a mim na luta contra o ódio.
  • 0:27 - 0:30
    É 27 de dezembro de 2014,
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    na manhã do dia do casamento do meu irmão.
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    Ele me pediu que eu fosse
    pentear seu cabelo
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    para as fotos do casamento.
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    Um fanático por basquete, especialmente
    por Steph Curry, de 23 anos e 1,9 metros.
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    (Risos)
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    Um garoto americano cursando odontologia,
    pronto para conquistar o mundo.
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    Quando Deah e Yusor
    dançaram juntos pela primeira vez,
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    eu vi o amor em seus olhos,
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    sua felicidade recíproca,
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    e os sentimentos começaram
    a tomar conta de mim.
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    Fui para o fundo do salão
    e me debulhei em lágrimas.
  • 1:03 - 1:05
    E no instante em que a música terminou,
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    ele correu até mim, me abraçou forte
    e me balançou pra frente e pra trás.
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    Mesmo naquele momento,
  • 1:10 - 1:12
    quando tudo estava tão descontraído,
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    ele estava afinado comigo.
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    Ele segurou meu rosto e disse:
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    "Suzanne,
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    eu sou quem sou por sua causa".
  • 1:23 - 1:25
    "Obrigado por tudo.
  • 1:25 - 1:26
    Eu te amo."
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    Cerca de um mês depois, voltei para casa,
    na Carolina do Norte, para uma visita,
  • 1:31 - 1:33
    e na última noite corri ao quarto do Deah
  • 1:33 - 1:37
    ansiosa por saber como ele estava
    se sentindo como um homem recém-casado.
  • 1:37 - 1:39
    E com um enorme sorriso ele disse:
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    "Estou tão feliz. Eu a amo.
    Ela é uma garota fantástica".
  • 1:43 - 1:44
    E ela era.
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    Com apenas 21 anos, tinha sido aprovada
    para se juntar a Deah
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    na faculdade de odontologia da UNC.
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    Ela também amava basquete,
    e, por desejo dela,
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    eles iniciaram a lua de mel assistindo
    a um jogo do seu time favorito na NBA,
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    os LA Lakers.
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    Vejam este lance.
  • 2:00 - 2:04
    (Risos)
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    Nunca vou me esquecer daquele
    momento, sentada com ele,
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    como ele estava livre em sua alegria.
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    Meu irmãozinho, um menino
    obcecado por basquete,
  • 2:15 - 2:19
    cresceu e se transformou
    em um adulto realizado.
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    Ele era o melhor da turma na faculdade,
  • 2:22 - 2:23
    e, junto com Yusor e Razan,
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    estava envolvido em projetos comunitários
    locais e internacionais,
  • 2:27 - 2:30
    dedicados a sem-teto e refugiados,
  • 2:30 - 2:32
    inclusive uma viagem de auxílio dentário
  • 2:32 - 2:34
    para refugiados sírios na Turquia
    que estavam planejando.
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    Razan, com apenas 19 anos,
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    usava sua criatividade como estudante
    de Engenharia Arquitetônica
  • 2:40 - 2:42
    para ajudar as pessoas à sua volta,
  • 2:42 - 2:44
    fazendo pacotes de cuidados
    para os sem-teto locais,
  • 2:44 - 2:46
    entre outros projetos.
  • 2:46 - 2:48
    Assim eles eram.
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    Naquela noite, respirei fundo,
    olhei para o Deah e disse:
  • 2:54 - 2:57
    "Nunca estive tão orgulhosa
    de você como estou agora".
  • 2:58 - 3:00
    Ele me puxou para si,
    me deu um abraço de boa-noite,
  • 3:00 - 3:04
    e parti na manhã seguinte sem acordá-lo,
    de volta para São Francisco.
  • 3:05 - 3:07
    Essa foi a última vez em que o abracei.
  • 3:11 - 3:14
    Dez dias depois, eu estava de plantão
    no hospital de São Francisco,
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    quando recebi uma tonelada
    de mensagens vagas de condolências.
  • 3:18 - 3:20
    Confusa, liguei pro meu pai,
    que respondeu com calma:
  • 3:20 - 3:23
    "Houve um tiroteio no bairro
    de Deah em Chapel Hill.
  • 3:23 - 3:25
    Está tudo bloqueado.
    Isso é tudo que sabemos".
  • 3:26 - 3:29
    Desliguei e pesquisei no Google:
    "tiroteio em Chapel Hill".
  • 3:29 - 3:31
    Uma notícia apareceu.
  • 3:31 - 3:32
    Dizia:
  • 3:32 - 3:34
    "Três pessoas foram baleadas na nuca
  • 3:34 - 3:36
    e morreram na hora".
  • 3:37 - 3:38
    Algo em mim simplesmente sabia.
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    Pulei da cadeira e desmaiei
    no chão frio do hospital
  • 3:42 - 3:43
    lamentando.
  • 3:43 - 3:46
    Peguei o primeiro voo
    saindo de São Francisco,
  • 3:46 - 3:47
    confusa e desorientada.
  • 3:47 - 3:51
    Entrei na casa da minha infância
    e caí nos braços dos meus pais,
  • 3:51 - 3:52
    soluçando.
  • 3:52 - 3:55
    Então corri para o quarto de Deah,
    como tantas outras vezes,
  • 3:55 - 3:57
    procurando por ele,
  • 3:57 - 4:00
    apenas para achar um vazio
    que nunca será preenchido.
  • 4:04 - 4:07
    Os relatórios de investigação
    e autópsia por fim revelaram
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    a sequência dos eventos.
  • 4:10 - 4:13
    Deah tinha acabado de chegar
    de ônibus da faculdade,
  • 4:13 - 4:14
    Razan, de visita para o jantar,
  • 4:14 - 4:16
    já estava em casa com Yusor.
  • 4:17 - 4:19
    Quando eles começaram a comer
    ouviram uma batida à porta.
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    Assim que Deah abriu a porta,
  • 4:21 - 4:24
    seu vizinho começou
    a atirar nele várias vezes.
  • 4:27 - 4:30
    Conforme as ligações para a polícia,
    ouvia-se as garotas gritando.
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    O homem foi até a cozinha
    e atirou uma vez na bacia de Yusor,
  • 4:35 - 4:36
    deixando-a imobilizada.
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    Então, aproximou-se dela pelas costas
  • 4:38 - 4:40
    pressionou o cano da arma
    contra a cabeça dela,
  • 4:40 - 4:43
    e com uma única bala
    lacerou seu mesencéfalo.
  • 4:44 - 4:47
    Depois, se virou para Razan
    que gritava pela própria vida,
  • 4:47 - 4:50
    e, ao estilo de uma execução,
    com um único tiro
  • 4:52 - 4:53
    em sua nuca,
  • 4:53 - 4:55
    a matou.
  • 4:56 - 5:00
    Enquanto saía, atirou uma última vez
    em Deah, um tiro na boca,
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    num total de oito balas:
  • 5:02 - 5:04
    duas alojadas na cabeça,
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    duas no peito,
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    e as outras nas extremidades.
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    Deah, Yusor e Razan foram executados
  • 5:11 - 5:15
    no lugar em que deveriam
    estar seguros: sua casa.
  • 5:16 - 5:18
    Há meses, esse homem os assediava:
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    batendo na porta deles,
  • 5:20 - 5:23
    brandindo sua arma em algumas ocasiões.
  • 5:23 - 5:26
    Seu Facebook era repleto
    de postagens antirreligiosas.
  • 5:27 - 5:29
    Yusor sentia-se muito ameaçada por ele.
  • 5:30 - 5:31
    Quando ela estava se mudando,
  • 5:32 - 5:36
    ele disse a ela e a sua mãe
    que não gostava da aparência delas.
  • 5:37 - 5:40
    Em resposta, a mãe de Yusor disse a ela
    que fosse gentil com o vizinho,
  • 5:40 - 5:43
    quando ele os conhecesse
    ele os veria por quem eles eram.
  • 5:45 - 5:48
    Creio que ficamos todos
    tão paralisados por esse ódio
  • 5:48 - 5:51
    que nunca poderíamos imaginar
    que se tornaria uma violência fatal.
  • 5:54 - 5:56
    O homem que assassinou meu irmão
    se entregou à polícia
  • 5:56 - 5:58
    pouco depois dos assassinatos,
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    dizendo que havia matado três jovens,
  • 6:01 - 6:02
    estilo execução,
  • 6:02 - 6:04
    por uma disputa de estacionamento.
  • 6:05 - 6:09
    A polícia deu uma declaração precipitada
    pela manhã repetindo as afirmações dele,
  • 6:09 - 6:13
    sem se dar ao trabalho de questioná-las
    ou de realizar uma investigação.
  • 6:13 - 6:16
    Acontece que não houve
    disputa por estacionamento.
  • 6:16 - 6:17
    Não houve discussão.
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    Nem infração.
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    Mas o dano já estava causado.
  • 6:21 - 6:23
    Em um ciclo de 24 horas na mídia,
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    as palavras "disputa por estacionamento"
    já tinham se tornado lugar-comum.
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    Eu me sento na cama do meu irmão
    e me lembro de suas palavras,
  • 6:33 - 6:36
    as palavras que ele me disse
    de forma tão livre e com tanto amor:
  • 6:36 - 6:38
    "Eu sou quem eu sou por sua causa".
  • 6:39 - 6:43
    Isso me fez passar por cima da minha
    tristeza avassaladora e dar voz a eles.
  • 6:43 - 6:46
    Não posso deixar as mortes
    da minha família reduzidas a um trecho
  • 6:46 - 6:48
    que mal é discutido nas notícias locais.
  • 6:49 - 6:52
    Eles foram assassinados pelo vizinho
    devido à fé que possuíam,
  • 6:52 - 6:55
    por causa de um pedaço de tecido
    que escolheram usar na cabeça,
  • 6:55 - 6:58
    porque eles eram visivelmente muçulmanos.
  • 7:02 - 7:05
    Um pouco da raiva que senti na época
    foi porque, se fosse o contrário,
  • 7:05 - 7:09
    e um árabe, um muçulmano
    ou uma pessoa de aparência muçulmana
  • 7:09 - 7:14
    tivesse matado três estudantes
    americanos brancos, em estilo execução,
  • 7:14 - 7:15
    na casa deles,
  • 7:15 - 7:17
    do que chamaríamos isso?
  • 7:18 - 7:19
    Um ataque terrorista.
  • 7:20 - 7:23
    Quando homens brancos cometem
    atos de violência nos EUA,
  • 7:23 - 7:25
    são lobos solitários,
  • 7:25 - 7:26
    mentalmente doentes
  • 7:26 - 7:28
    ou movidos por uma disputa
    de estacionamento.
  • 7:31 - 7:34
    Eu sei que tenho
    que dar voz à minha família
  • 7:34 - 7:36
    e faço a única coisa que sei fazer:
  • 7:36 - 7:39
    envio mensagens no Facebook
    para todos que conheço na mídia.
  • 7:41 - 7:43
    Poucas horas depois,
  • 7:43 - 7:47
    em meio a uma casa caótica,
    lotada de amigos e familiares,
  • 7:47 - 7:50
    nosso vizinho Neal vem,
    senta-se em frente a meus pais
  • 7:50 - 7:52
    e pergunta: "O que eu posso fazer?"
  • 7:53 - 7:56
    Neal tinha mais de duas décadas
    de experiência em jornalismo,
  • 7:56 - 8:00
    mas deixa claro que não está lá
    como jornalista,
  • 8:00 - 8:02
    mas sim como um vizinho querendo ajudar.
  • 8:02 - 8:04
    Pergunto a ele o que deveríamos fazer,
  • 8:04 - 8:07
    devido ao bombardeamento
    de pedidos de entrevistas da mídia local.
  • 8:07 - 8:10
    Ele se oferece para montar
    uma entrevista coletiva
  • 8:10 - 8:12
    num centro comunitário local.
  • 8:13 - 8:16
    Mesmo agora, não tenho palavras
    para agradecer-lhe.
  • 8:17 - 8:20
    "Apenas diga quando, e todos os canais
    de notícia estarão presentes", disse ele.
  • 8:21 - 8:25
    Ele fez por nós o que não conseguíamos
    fazer naquele momento devastador.
  • 8:26 - 8:29
    Dei o depoimento à imprensa
    ainda vestindo o jaleco da noite anterior.
  • 8:29 - 8:31
    E em menos de 24 horas dos assassinatos,
  • 8:31 - 8:34
    estou na CNN sendo entrevistada
    por Anderson Cooper.
  • 8:35 - 8:37
    No dia seguinte, os principais jornais,
  • 8:37 - 8:40
    incluindo o New York Times,
    e o Chicago Tribune,
  • 8:40 - 8:42
    publicaram a história
    sobre Deah, Yusor e Razan,
  • 8:42 - 8:45
    nos permitindo reformar a narrativa
  • 8:45 - 8:48
    e chamar a atenção para o ódio
    antimuçulmano dominante.
  • 8:51 - 8:52
    Atualmente,
  • 8:53 - 8:57
    parece que a islamofobia é uma forma
    socialmente aceita de preconceito.
  • 8:58 - 9:00
    Só temos que aceitar a situação e sorrir.
  • 9:01 - 9:03
    Os olhares desagradáveis,
  • 9:03 - 9:05
    o medo palpável
    quando embarcamos em um avião,
  • 9:05 - 9:09
    a revista aleatória nos aeroportos,
    que ocorre 99% das vezes.
  • 9:10 - 9:11
    E não para por aí.
  • 9:12 - 9:16
    Há políticos obtendo ganhos políticos
    e financeiros à nossa custa.
  • 9:16 - 9:19
    Aqui nos EUA, temos candidatos
    à presidência como Donald Trump,
  • 9:19 - 9:22
    casualmente propondo registrar
    os americanos muçulmanos
  • 9:22 - 9:26
    e proibir imigrantes e refugiados
    muçulmanos de entrarem no país.
  • 9:26 - 9:30
    Não é coincidência
    que os crimes de ódio aumentem
  • 9:30 - 9:32
    nos períodos eleitorais.
  • 9:35 - 9:37
    Apenas alguns meses atrás, Khalid Jabara,
  • 9:37 - 9:39
    um libanês-americano cristão,
  • 9:39 - 9:42
    foi assassinado em Oklahoma pelo vizinho,
  • 9:42 - 9:44
    um homem que o chamava de "árabe imundo".
  • 9:45 - 9:47
    Esse homem já havia sido preso
    por apenas oito meses,
  • 9:47 - 9:50
    depois de tentar atropelar
    a mãe de Khalid.
  • 9:52 - 9:54
    É possível que vocês não tenham
    ouvido a história de Khalid,
  • 9:54 - 9:57
    porque ela não foi
    noticiada nacionalmente.
  • 9:57 - 10:01
    O mínimo que podemos fazer é chamá-la
    pelo que ela é: um crime de ódio.
  • 10:01 - 10:04
    O mínimo que podemos fazer
    é falar sobre isso,
  • 10:04 - 10:08
    porque ódio e violência
    não ocorrem do nada.
  • 10:12 - 10:15
    Logo depois de voltar ao trabalho,
    estou responsável pela ronda no hospital,
  • 10:15 - 10:18
    e uma das minhas pacientes
    olha bem para minha colega,
  • 10:18 - 10:22
    gesticula em torno de seu rosto
    e diz: "San Bernadino",
  • 10:22 - 10:24
    referindo-se a um recente
    ataque terrorista.
  • 10:25 - 10:28
    Aqui estou eu: acabo de perder três
    membros da família para a islamofobia,
  • 10:28 - 10:30
    tenho sido voz ativa no meu programa
  • 10:30 - 10:33
    sobre como lidar
    com microagressões como essa,
  • 10:33 - 10:34
    e mesmo assim...
  • 10:34 - 10:35
    silêncio.
  • 10:36 - 10:37
    Fiquei desanimada.
  • 10:37 - 10:39
    Humilhada.
  • 10:39 - 10:41
    Dias depois, examinando a mesma paciente,
  • 10:41 - 10:43
    ela me encarou e disse:
  • 10:43 - 10:46
    "Seu povo está matando
    pessoas em Los Angeles".
  • 10:47 - 10:49
    Olhei em volta com esperança.
  • 10:49 - 10:51
    Novamente:
  • 10:51 - 10:52
    silêncio.
  • 10:53 - 10:55
    Eu percebi que novamente
  • 10:55 - 10:56
    eu tinha que me dar voz.
  • 10:58 - 11:00
    Gentilmente me sento
    na cama dela e pergunto:
  • 11:00 - 11:04
    "Alguma vez fiz algo que não fosse
    tratá-la com respeito e carinho?
  • 11:05 - 11:09
    Alguma vez fiz algo que não fosse
    dar-lhe cuidado e compaixão?"
  • 11:09 - 11:12
    Ela olha para baixo
    e percebe que estava errada
  • 11:12 - 11:13
    e, na frente de toda a equipe,
  • 11:13 - 11:15
    ela se desculpa e diz:
  • 11:15 - 11:17
    "Eu deveria saber bem.
    Sou mexicana-americana.
  • 11:18 - 11:20
    Recebo esse tipo
    de tratamento todo o tempo".
  • 11:23 - 11:27
    Muitos de nós vivenciamos
    microagressões diariamente.
  • 11:27 - 11:30
    Provavelmente vocês já
    tenham vivenciado isso,
  • 11:30 - 11:31
    pela sua raça,
  • 11:31 - 11:32
    gênero,
  • 11:32 - 11:33
    sexualidade
  • 11:33 - 11:35
    ou crença religiosa.
  • 11:35 - 11:38
    Todos nós presenciamos situações
    nas quais havia algo errado
  • 11:38 - 11:39
    e não falamos nada.
  • 11:39 - 11:43
    Talvez não possuíssemos as ferramentas
    para reagir no momento.
  • 11:43 - 11:46
    Talvez não estivéssemos conscientes
    dos nossos próprios preconceitos.
  • 11:47 - 11:51
    Todos podemos concordar
    que essa intolerância é inaceitável,
  • 11:51 - 11:52
    mas quando vemos isso,
  • 11:52 - 11:53
    nos silenciamos,
  • 11:53 - 11:55
    porque ela nos deixa desconfortáveis.
  • 11:56 - 11:58
    Mas enfrentar esse desconforto
  • 11:58 - 12:01
    significa também entrar na zona aliada.
  • 12:01 - 12:05
    Possivelmente há mais de 3 milhões
    de muçulmanos nos EUA.
  • 12:05 - 12:08
    Isso é apenas 1% da população total.
  • 12:09 - 12:11
    Martin Luther King disse uma vez:
  • 12:11 - 12:12
    "No final,
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    não nos lembraremos das palavras
    dos nossos inimigos,
  • 12:15 - 12:17
    mas do silêncio dos nossos amigos".
  • 12:22 - 12:25
    Então o que fez do meu vizinho Neal
    um aliado tão forte?
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    Várias coisas.
  • 12:27 - 12:29
    Ele estava ali como um vizinho preocupado,
  • 12:29 - 12:33
    mas ele também trouxe seus recursos
    e opiniões profissionais
  • 12:33 - 12:34
    quando foi chamado a fazê-lo.
  • 12:35 - 12:37
    Outros fizeram o mesmo.
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    Larycia Hawkins aproveitou seu espaço
  • 12:40 - 12:43
    como primeira professora
    afro-americana na Wheaton College
  • 12:43 - 12:45
    para usar um hijab em solidariedade
  • 12:45 - 12:48
    às mulheres muçulmanas, que enfrentam
    a discriminação diariamente.
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    Como resultado, ela perdeu o emprego.
  • 12:52 - 12:55
    Ao fim de um mês, entrou para a faculdade
    da Universidade de Virgínia,
  • 12:55 - 12:59
    onde agora trabalha
    com pluralismo, raça, fé e cultura.
  • 13:01 - 13:03
    O cofundador do Reddit, Alexis Ohanian,
  • 13:03 - 13:07
    demonstrou que nem todo
    apoio ativo precisa ser sério.
  • 13:07 - 13:10
    Ele apoiou a iniciativa
    de uma garota muçulmana de 15 anos
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    de introduzir um emoji de hijab.
  • 13:12 - 13:14
    (Risos)
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    É um gesto simples,
  • 13:16 - 13:18
    mas possui um impacto
    subconsciente significativo,
  • 13:18 - 13:21
    normalizando e humanizando os muçulmanos,
  • 13:21 - 13:24
    incluindo a comunidade como parte do "nós"
  • 13:24 - 13:26
    em vez do "os outros".
  • 13:27 - 13:29
    O editor-chefe da revista Women's Running
  • 13:29 - 13:33
    recentemente colocou, pela primeira vez,
    uma mulher usando um hijab
  • 13:33 - 13:35
    na capa de uma revista
    de boa-forma dos EUA.
  • 13:35 - 13:37
    Esses são alguns dos muitos exemplos
  • 13:37 - 13:40
    de pessoas que fizeram uso
    de seus espaços e recursos
  • 13:40 - 13:42
    na universidade, tecnologia e mídia
  • 13:42 - 13:44
    para expressar ativamente seu apoio.
  • 13:46 - 13:49
    Quais recursos e conhecimentos
    você pode trazer para a mesa?
  • 13:50 - 13:52
    Você aceita enfrentar seu desconforto
  • 13:52 - 13:55
    e se expressar, quando presenciar
    uma cena de ódio e intolerância?
  • 13:55 - 13:56
    Você fará como o Neal?
  • 13:57 - 14:00
    Muitos vizinhos apareceram nessa história.
  • 14:00 - 14:03
    E vocês, em suas comunidades,
    todos possuem um vizinho muçulmano,
  • 14:03 - 14:07
    um colega, ou um amigo
    com quem seus filhos brincam na escola.
  • 14:07 - 14:08
    Estendam a mão para eles.
  • 14:08 - 14:11
    Deixem eles saberem
    que possuem a sua solidariedade.
  • 14:11 - 14:13
    Isso parece muito pequeno,
  • 14:13 - 14:16
    mas prometo a vocês que fará diferença.
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    Nada trará Deah, Yusor e Razan de volta.
  • 14:22 - 14:24
    Mas quando elevarmos
    nossas vozes coletivamente,
  • 14:24 - 14:26
    será quando pararemos o ódio.
  • 14:26 - 14:28
    Obrigada.
  • 14:28 - 14:31
    (Aplausos)
Title:
A islamofobia matou meu irmão. Vamos acabar com o ódio.
Speaker:
Suzanne Barakat
Description:

Dia 10 de fevereiro de 2015, o irmão de Suzanne Barakat, Deah, sua cunhada Yusor e a irmã de Yusor, Razan, foram assassinados por seu vizinho em Chapel Hill, Carolina do Norte. A história do autor do crime, de que os matou por uma discussão de trânsito, não foi questionada pela imprensa ou pela polícia até que Suzanne resolveu falar em uma entrevista coletiva, chamando os assassinatos pelo que eles realmente eram: crimes de ódio. Enquanto Suzanne reflete sobre como ela e sua família retomaram o controle da narrativa, ela nos convoca a nos posicionarmos, quando presenciarmos o ódio e a intolerância, e expressarmos nossa aliança por aqueles que enfrentam a discriminação.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
14:48

Portuguese, Brazilian subtitles

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