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Como é que as osgas desafiam a gravidade? — Eleanor Nelsen

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    É meia-noite, está tudo calmo,
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    exceto o suave deslizar
    duma osga à caça duma aranha.
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    As osgas parecem desafiar a gravidade,
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    subindo superfícies verticais
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    e andando de cabeça para baixo
    sem garras,
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    sem colas adesivas nem teias de aranha.
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    Mas tiram partido
    dum princípio simples:
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    a atração de cargas positivas e negativas.
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    Essa atração liga compostos,
    como o sal de cozinha,
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    que é feito de iões de sódio
    de carga positiva,
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    com iões de cloreto,
    de carga negativa.
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    As patas da osga não têm qualquer carga
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    e as superfícies por onde
    elas andam também não.
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    Então, como é que elas ficam coladas?
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    A resposta reside numa sábia combinação
    de forças intermoleculares
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    e de engenharia estrutural.
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    Todos os elementos da tabela periódica
    têm uma afinidade diferente por eletrões.
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    Elementos como o oxigénio e o flúor
    gostam muito de eletrões,
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    enquanto elementos como o hidrogénio
    e o lítio não os atraem tanto.
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    A avidez relativa dum átomo por eletrões
    chama-se eletronegatividade.
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    Os eletrões giram constantemente
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    e podem facilmente deslocar-se
    para onde são mais necessários.
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    Quando há átomos de diferentes
    eletronegatividades, na mesma molécula,
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    a nuvem de eletrões das moléculas
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    é atraída para o átomo
    mais eletronegativo.
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    Isso cria um pequeno ponto
    na nuvem de eletrões
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    em que aparece uma carga positiva
    do átomo dos núcleos atómicos
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    assim como um amontoado de eletrões
    de carga negativa, de outros locais.
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    A molécula em si não tem carga
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    mas tem pedaços de carga positiva
    e pedaços de carga negativa.
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    Estes pedaços de cargas atraem
    moléculas vizinhas umas para as outras.
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    Arrumam-se de modo
    que os pontos positivos de uma
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    ficam ao lado
    dos pontos negativos de outra.
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    Nem sequer é necessário ser
    um átomo fortemente eletronegativo
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    para criar essas forças atrativas.
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    Os eletrões estão sempre em movimento
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    e, por vezes, acumulam-se
    temporariamente num ponto.
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    Essa centelha de carga é suficiente
    para atrair as moléculas entre si.
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    Essas interações entre moléculas sem carga
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    chamam-se forças van der Waals.
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    Não são tão fortes como as interações
    entre partículas com cargas
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    mas, se forem bastantes,
    podem acumular-se.
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    É esse o segredo da osga.
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    Os dedos da osga estão revestidos
    de rugas flexíveis.
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    Essas rugas estão cobertas
    de minúsculas estruturas, tipo pelos,
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    muito mais finos do que o cabelo humano,
    chamados setae.
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    Cada uma dessas setae está coberta
    de filamentos ainda mais fininhos,
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    chamadas espátulas.
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    A minúscula forma de espátula é perfeita
    para o que a osga tem que fazer:
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    colar-se e libertar-se, quando quer.
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    Quando a osga desdobra
    os dedos flexíveis no teto,
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    as espátulas colocam-se no ângulo perfeito
    para ativar a força van der Waals.
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    As espátulas achatam-se,
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    criando uma grande área superficial
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    para que as manchas
    de cargas positiva e negativa
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    encontrem manchas complementares no teto.
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    Cada espátula só contribui
    com uma quantidade mínima
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    dessa atração van der Waals.
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    Mas uma osga tem
    cerca de 2000 milhões de espátulas,
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    o que cria uma força combinada
    que aguenta o seu peso.
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    A osga até pode balançar
    pendurada só por um dos dedos.
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    Mas esta adesão extraordinária
    pode ser anulada
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    mudando apenas um pouco o ângulo.
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    Portanto, a osga pode descolar-se
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    para correr atrás duma refeição
    ou para fugir de um predador.
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    Esta estratégia, que usa uma floresta
    de rugas de forma especial,
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    para otimizar as forças van der Waals
    entre moléculas vulgares
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    inspirou materiais artificiais
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    concebidos para imitar
    a espantosa capacidade adesiva da osga.
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    As versões artificiais ainda não são
    tão fortes como os dedos duma osga
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    mas são bastante boas
    para permitir que um adulto
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    consiga trepar 7,5 metros
    por uma parede de vidro.
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    As presas das osgas também usam
    as forças van der Waals
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    para se colarem ao teto.
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    Portanto, a osga descola as patas
    e a perseguição recomeça.
Title:
Como é que as osgas desafiam a gravidade? — Eleanor Nelsen
Description:

Vejam a lição completa em: http://ed.ted.com/lessons/how-do-geckos-defy-gravity-eleanor-nelsen

As osgas não têm adesivos nem ganchos nem ventosas de sucção, mas conseguem subir sem esforço paredes verticais e ficar suspensas no teto. Como é que conseguem fazer isso? Eleanor Nelsen explica como as patas fenomenais das osgas lhes permitem desafiar a gravidade.

Lição de Eleanor Nelsen, animação de Marie-Louise Højer Jensen

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
04:30

Portuguese subtitles

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