Aprendizado Visual e Auditivo – Como ensiná-lo: Melanie West no TEDxManhattanBeach

Melanie mostra a necessidade de as escolas adaptarem sua forma de ensinar aos alunos visuais, que, de acordo com estimativas, representam de 50 a 60% de todos os alunos.

Eu gostaria de começar minha história

pelo meu segundo ano de faculdade,

quando me matriculei em Química.

Bem, adoro começar assim

porque foi nessa aula

que as coisas mais incríveis

começaram a acontecer comigo.

Lembro-me do meu esforço
para estudar Química,

principalmente
porque foi extremamente difícil.

Lembro-me de ler aquelas
palavras diversas vezes,

mas, por alguma razão, quando as juntava,

não tinham nenhum significado novo.

Era como se eu fosse incapaz de aprender

lendo aquele livro escolar.

E, por ironia do destino,
isso causou em mim

algo que acontece
com muitos de meus alunos.

Eu comecei a me perguntar:
"O que há de errado comigo?"

E isso despertou meu interesse

pela Psicologia da Educação.

Bem, como qualquer bom psicólogo faz

ao se perguntar
"o que há de errado comigo?",

comecei a analisar meus pais.

(Risos)

Este é meu pai.

É possível descrever meu pai
de várias maneiras.

Disléxico.

Criador de caso.

Abandonou a escola no ensino médio.

Também é possível descrevê-lo
como alguém de pensamento criativo.

Engenheiro matemático.

Inventor.

Alguém que se tornou milionário.

Lembro-me que, quando criança,

pessoas muito importantes
vinham à nossa casa

para perguntar a meu pai
se as ideias delas dariam certo.

Um dia, enquanto sofria
para aprender Química,

decidi perguntar a meu pai:

"Como você sabe se algo vai dar certo?

Como você sabe quando sabe alguma coisa?"

E ele me disse a coisa
mais profunda que já ouvi.

"Ele disse: "Eu consigo visualizá-lo
em minha mente".

E foi como se algo
se abrisse em minha mente.

E eu compreendi.

Aquelas palavras de Química não estavam
criando imagens em minha mente,

mas também entendi que tinha de descobrir

uma forma de criar imagens,

ou jamais conseguiria ler

e aprender com aquele livro escolar".

Hoje, a Neurociência compreende muito bem

o que acontecia comigo.

Se você entende uma palavra,

seu cérebro cria uma simulação.

Quando você entende a palavra "pulo",

seu cérebro dispara um padrão neurológico

que é muito parecido
com o mesmo padrão que você usa

para impulsionar fisicamente o seu corpo.

Seu cérebro vivencia as palavras.

Se você for muito bom
em pensar com as palavras,

você tem um monte de palavras que passam

por esse processo de simulação.

Mas eu penso através de imagens.

Para mim, as palavras podem, de fato,
bloquear minha compreensão.

Eu até consigo ler uma palavra,

escrever uma palavra,

memorizar uma definição longa
e complicada dessa palavra,

mas todas essas coisas

são, na verdade,
bem distintas do aprendizado.

Anos mais tarde, comecei minha carreira
trabalhando em distritos escolares,

testando e diagnosticando crianças
com dificuldades de aprendizado.

E comecei a ver diversos problemas comuns.

Esta é Sarah.

É possível descrever Sarah
de diversas formas.

Ela é extremamente distraída.

Comete diversos erros por descuido.

Ela não se sai muito bem nas provas.

Jackson detesta ler.

Ele tem déficit de compreensão em leitura,

e, francamente,
a maioria de seus professores

simplesmente acham
que ele é um aluno "mais ou menos".

Joy parece ser incapaz de aprender.

Ela foi diagnosticada
com uma deficiência de aprendizado

e convive com o fracasso escolar
em diversos aspectos acadêmicos.

Mas quanto mais eu conhecia meu alunos,

mais eu enxergava meu pai

e mais eu enxergava a mim mesma.

Eu comecei a pensar:

"E se seu filho

não for avaliado pela capacidade
de aprendizado que tem?

E se o desempenho escolar
for, na verdade, avaliar

a incapacidade que seu filho tem
de pensar com palavras?"

Então, parei de trabalhar com escolas

e fui trabalhar
num consultório particular,

onde eu pesquisava e elaborava

algumas abordagens de aprendizado.

E me deparei com três estatísticas fortes.

50 a 60% de todos os alunos
serão considerados pela escola

como tendo potencial de aprendizado
mediano ou abaixo da média.

50 a 60% de todos os alunos

serão diagnosticados como sendo
muito fortes em pensamento por imagens,

com dificuldades
em pensamento por palavras.

50 a 60% de todas as palavras

que uma criança no jardim de infância

precisa aprender a ler

são ensinadas a ela apenas
por memorização mecânica.

Então, eu decidi: "Quer saber?

Vou levar meus alunos de volta
ao jardim de infância, por assim dizer,

e verificar onde sua incapacidade
de aprendizado realmente começou".

Nós focamos as primeiras 40 palavras

que o cérebro deles
foi forçado a memorizar,

mas, desta vez, estimulamos
o pensamento criativo deles

e ativamos suas habilidades
em resolução de problemas,

e passamos essas palavras da memorização

para a experiência e significado.

E começamos a ver coisas incríveis.

Esta é Sarah hoje.

Ela está no 11º ano.

É uma aluna nota 10,

e está buscando formas

de melhorar suas habilidades
em criar redes de relacionamentos.

Jackson está acima da média
em todas as áreas,

e é um ávido jogador de polo aquático.

Joy superou todas as expectativas.

Hoje, ela adora ler

e é uma elegante escritora.

Ao longo dos últimos dez anos,

meus alunos têm me mostrado

o efeito paralisante
que a memorização mecânica

pode causar em um cérebro
em desenvolvimento.

Mas também têm me mostrado

que não há nada de "mais ou menos"
na mente humana,

porque, no fim,

tudo que nossas crianças precisam de nós

é que lhes demos a oportunidade

de ver

o aprendizado.

(Aplausos)