Uma busca mágica por uma coincidência
-
0:01 - 0:07Gostaria de começar a minha exibição
dizendo que 90% das coisas são uma treta. -
0:07 - 0:08(Risos)
-
0:08 - 0:10É a lei de Sturgeon, que significa
-
0:10 - 0:16que a maioria do que
acontece é sempre mau. -
0:18 - 0:19Tenho aqui uma girafa.
-
0:19 - 0:22Vou atirá-la para trás das costas
-
0:22 - 0:25e quem a apanhar vai
ajudar-me em seguida. -
0:26 - 0:30O senhor, que apanhou a girafa:
-
0:30 - 0:33tenho uma carta de jogar na mão.
-
0:33 - 0:38Nomeie qualquer carta do baralho.
-
0:38 - 0:39Membro do público:
Dez de copas. -
0:39 - 0:41Hélder Guimarães:
Dez de copas. -
0:41 - 0:43O senhor podia ter nomeado
qualquer carta do baralho, -
0:43 - 0:46mas disse dez de copas.
-
0:46 - 0:4890% das coisas são uma treta,
-
0:48 - 0:52e aqui está, para provar
que Sturgeon estava certo. -
0:52 - 0:54(Risos)
-
0:55 - 0:57(Aplausos)
-
0:57 - 1:00(Risos)
-
1:01 - 1:05Caro senhor, este espetáculo
não é seu. -
1:05 - 1:08(Risos)
-
1:09 - 1:12Guarde a girafa mais um
pouco, está bem? -
1:13 - 1:15Jesus!
-
1:16 - 1:17(Risos)
-
1:17 - 1:19Gente maluca.
-
1:19 - 1:22Então, queremos saber:
-
1:22 - 1:27porque é que a maioria
das coisas é má? -
1:27 - 1:31E eu respondo: porque
deixamos de pensar cedo demais. -
1:31 - 1:33Vou dar um pequeno e claro exemplo,
-
1:33 - 1:37algo que as pessoas costumavam
fazer ao virar do século -
1:37 - 1:40— não este, mas o anterior.
-
1:40 - 1:43Tratava-se de pegar num
pedaço de papel -
1:43 - 1:48e dobrá-lo para o lado oposto
utilizando a mão mais fraca, -
1:48 - 1:50no meu caso, a esquerda.
-
1:50 - 1:55Algo como isto.
-
2:02 - 2:05Pela forma como reagiram,
percebo o vosso desinteresse. -
2:05 - 2:07(Risos)
-
2:07 - 2:09Mas tudo bem, eu percebo.
-
2:09 - 2:11Deixamos de pensar cedo demais.
-
2:11 - 2:13Mas se pensarmos um pouco, em algo
-
2:13 - 2:14como um clipe para papel.
-
2:14 - 2:20O clipe torna isto mais interessante.
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2:20 - 2:23E também se, em vez de usar os dedos,
-
2:23 - 2:25eu usar a mão fechada,
-
2:25 - 2:28também fica um pouco mais interessante.
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2:28 - 2:33Mas mais: vou impor-me
o limite de um segundo, -
2:33 - 2:38e ficará assim.
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2:40 - 2:42Agora — não, não, não.
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2:42 - 2:46Sturgeon pode estar certo.
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2:46 - 2:48Mas não está sempre certo.
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2:48 - 2:49As coisas podem alterar-se.
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2:49 - 2:51Senhor, qual era a carta?
-
2:51 - 2:53O dez de copas?
-
2:53 - 2:59E aqui está a prova de que
as coisas se alteram: -
2:59 - 3:01o dez de copas.
-
3:01 - 3:03(Aplausos)
-
3:04 - 3:08Os segredos são importantes.
-
3:08 - 3:10Os segredos são valiosos.
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3:10 - 3:15E eis o melhor segredo que já conheci.
-
3:15 - 3:18Começa com um baralho
de cartas em cima da mesa, -
3:18 - 3:21um senhor de idade e uma promessa:
-
3:21 - 3:26"Só mexo no baralho no fim."
-
3:25 - 3:27Não interessa quem ele era,
-
3:27 - 3:32o que importa é a frase dele
a bater na minha cabeça: -
3:33 - 3:36"Só mexo no baralho no fim."
-
3:36 - 3:38Ora, durante todo o tempo,
-
3:38 - 3:40o senhor tinha um pequeno bloco de notas
-
3:40 - 3:43que abria de vez em quando,
folheava as páginas -
3:43 - 3:45e olhava para qualquer coisa.
-
3:45 - 3:48Mas eu nem prestava
atenção ao bloco de notas -
3:48 - 3:53pois concentrava-me no baralho
e na promessa dele: -
3:53 - 3:57"Só mexo no baralho no fim."
-
3:57 - 3:58O senhor que tem a girafa.
-
3:58 - 4:00Atire-a em qualquer direção
-
4:00 - 4:03para que caia em alguém, ao acaso.
-
4:03 - 4:07Perfeito. O senhor vai
fazer de mim nesta história. -
4:07 - 4:09O tal senhor de idade virou-se
para mim e disse: -
4:09 - 4:12"Escolha uma carta preta
ou uma carta vermelha." -
4:12 - 4:13E eu respondi...
-
4:13 - 4:152.º membro do público:
Uma carta preta. -
4:15 - 4:16HG: Pois foi!
-
4:16 - 4:18Escolhi uma carta preta.
-
4:18 - 4:21E ele: "Naipe de paus ou
de espadas?" -
4:21 - 4:22E eu respondi...
-
4:22 - 4:252.º membro do público:
Espadas. -
4:25 - 4:28HG: Pois foi! Espadas.
-
4:28 - 4:31E ele: "Espada alta ou
espada baixa?" -
4:31 - 4:33E eu respondi...
-
4:33 - 4:352.º membro do público:
Espada alta. -
4:35 - 4:37HG: Pois foi! Espada alta.
-
4:37 - 4:40E se é uma espada alta,
pode ser nove, dez, -
4:40 - 4:43valete, dama, rei, ou
ás de espadas. -
4:43 - 4:44E eu respondi...
-
4:44 - 4:462.º membro do público:
Rei. -
4:46 - 4:50HG: Rei de espadas, pois foi.
-
4:50 - 4:52Agora, senhor, vamos ser justos:
-
4:52 - 4:54Escolheu carta preta, de espadas,
-
4:54 - 4:57espada alta, e escolheu...
diga lá? -
4:57 - 4:592.º membro do público: Rei.
HG: Rei de espadas. -
4:59 - 5:01Sentiu-se influenciado
nalguma das escolhas? -
5:01 - 5:042.º membro do público:
Não, só senti a sua energia. -
5:04 - 5:06HG: Mas foi livre escolha, certo?
-
5:06 - 5:08Porque se não foi, recomeçamos.
-
5:08 - 5:10Mas foi mesmo leal?
2.º membro do público: Certamente. -
5:10 - 5:14HG: E o senhor de idade virou-se
para mim e fez mais um pedido: -
5:14 - 5:17pediu um número entre 1 e 52.
-
5:17 - 5:19E o primeiro número
em que eu pensei foi... -
5:19 - 5:212.º membro do público:
17. -
5:21 - 5:25NG: Pois foi! O 17.
-
5:25 - 5:28E o senhor disse mais uma coisa:
-
5:28 - 5:31"É o fim."
-
5:31 - 5:35Eu sabia exatamente
o significado disso. -
5:35 - 5:38Sabia que ele ia mexer no baralho.
-
5:39 - 5:45O que vão ver em seguida
foi mesmo o que aconteceu. -
5:45 - 5:49Ele retirou o baralho da caixa.
-
5:49 - 5:51Nada na caixa.
-
5:51 - 5:56E contou: "Um, dois, três, quatro,
-
5:56 - 6:01cinco, seis, sete, oito, nove, dez."
-
6:01 - 6:05A tensão era crescente.
-
6:05 - 6:08(Risos)
-
6:08 - 6:12"... 11, 12, 13, 14,
-
6:12 - 6:16"15, 16...17."
-
6:17 - 6:21E ao chegar a 17, em vez
do rei de espadas, -
6:22 - 6:26apareceu uma coisa no meio do baralho,
-
6:26 - 6:31que depois percebi que era um segredo.
-
6:32 - 6:35O senhor de idade levantou-se
e retirou-se. -
6:35 - 6:36Nunca mais o vi.
-
6:38 - 6:40Mas deixou o bloco de notas
-
6:40 - 6:43que estava ali desde o início.
-
6:43 - 6:46Então, peguei nele
-
6:46 - 6:51e foi o melhor segredo que vivi.
-
6:52 - 6:56"Somos definidos pelos
segredos que guardamos -
6:56 - 6:59"e pelos que partilhamos".
-
6:59 - 7:03Foi esta a sua forma de
partilhar um segredo comigo. -
7:03 - 7:06(Aplausos)
-
7:12 - 7:14Que coisa estranha! Bem...
-
7:15 - 7:17(Risos)
-
7:18 - 7:25... acredito que estão sempre
a acontecer coisas espantosas. -
7:25 - 7:26Acredito mesmo.
-
7:26 - 7:29A razão pela qual não damos por elas,
-
7:29 - 7:32é porque não nos colocamos na posição
-
7:32 - 7:35de procurar essas coisas espantosas.
-
7:36 - 7:41Mas, e se decidíssemos
começar a procurá-las, -
7:41 - 7:46a procurar essas pequenas coincidências
na vida que são mesmo espantosas? -
7:47 - 7:48Ainda tem a girafa,
-
7:48 - 7:53atire-a para algum lado ao acaso,
para procurar uma última pessoa. -
7:55 - 7:58Caro senhor, pergunto-lhe:
-
7:58 - 8:03"Tem consigo uma nota de
um dólar norte-americano?" -
8:03 - 8:053.º membro do público:
Creio que sim. -
8:05 - 8:08HG: Ah, sim? Como veem,
uma coincidência! -
8:08 - 8:10(Risos)
-
8:10 - 8:12Veja lá se tem.
-
8:12 - 8:13Tem?
-
8:13 - 8:163.º membro do público: Tenho.
HG: Boa! Perfeito. -
8:16 - 8:19Preciso que faça exatamente
o mesmo que vou fazer. -
8:19 - 8:21Tenho aqui uma nota de
um dólar para lhe explicar. -
8:21 - 8:23Preciso que pegue na nota,
-
8:23 - 8:26e dobre a efígie de Washington
para dentro, assim. -
8:26 - 8:29Para ficar com esta espécie
de quadrado, está bem? -
8:29 - 8:32Agora, preciso que dobre
a nota assim, pelo comprimento, -
8:32 - 8:34para que fique
como um retângulo, -
8:34 - 8:37e outra vez — dobre-a, amasse-a mesmo —
-
8:37 - 8:38e quando estiver,
-
8:38 - 8:42por favor, dobre-a de novo
em forma de um quadradinho -
8:42 - 8:45e diga-me quando terminar.
-
8:45 - 8:47Já está? Perfeito.
-
8:47 - 8:48Vou aproximar-me
-
8:48 - 8:50e, antes de começarmos,
-
8:50 - 8:53quero assegurar-me de que
fazemos tudo de forma muito séria. -
8:53 - 8:59Primeiro, temos de ter um
marcador e um clipe de papel. -
8:59 - 9:02Pegue no marcador e assine a nota.
-
9:02 - 9:04E eis o motivo:
-
9:04 - 9:07daqui a pouco, farei umas coisas no palco
-
9:07 - 9:08e não quero que pense:
-
9:08 - 9:10"Ah, enquanto o Hélder me distraía
-
9:10 - 9:13alguém foi ao palco e trocou a nota".
-
9:13 - 9:15Por isso quero ter a certeza
de que é a mesma nota. -
9:15 - 9:18E também preciso que pegue no clipe
-
9:18 - 9:20e prenda a nota com ele.
-
9:20 - 9:23De forma a que, mesmo que ninguém
venha ao palco trocar a nota, -
9:23 - 9:26eu não terei tempo de abri-la e fechá-la
-
9:26 - 9:27e ver o que não quero ver.
-
9:27 - 9:28É justo?
-
9:28 - 9:30Devolva-me o marcador.
-
9:30 - 9:32Assim, à vista de todos,
-
9:32 - 9:36preciso de ter a certeza
de que todos vejam -
9:36 - 9:41desde o princípio da nossa experiência
-
9:41 - 9:43e, para todos verem,
-
9:43 - 9:47vamos colocar uma câmara no palco.
-
9:47 - 9:49Perfeito. Para que vejam.
-
9:49 - 9:51É a sua assinatura? Sim? Perfeito.
-
9:51 - 9:58Vamos utilizar o baralho e um copo.
-
9:59 - 10:02E vamos posicionar-nos
-
10:02 - 10:05para procurar uma incrível coincidência.
-
10:05 - 10:07Por favor, pode ajudar-me?
-
10:07 - 10:09Pegue numas cartas e baralhe-as.
-
10:09 - 10:12Importa-se de pegar numas
cartas e de baralhar? -
10:12 - 10:14Pegue nalgumas e baralhe.
-
10:14 - 10:16Pode-se baralhar de várias formas.
-
10:16 - 10:18Pode ser assim.
-
10:18 - 10:21De forma mais atabalhoada,
mais ou menos assim. -
10:21 - 10:23Pode-se baralhar à
maneira americana. -
10:23 - 10:26Como português, não tenho
o direito de vos ensinar essa. -
10:26 - 10:29Mas o mais importante é que,
depois de baralhar as cartas, -
10:29 - 10:31nunca se esqueçam de cortar
e juntar as cartas. -
10:31 - 10:33Pode fazer isso por favor?
-
10:33 - 10:35Por favor, corte e junte.
-
10:35 - 10:36Depois, mostre as cartas no ar.
-
10:36 - 10:39O senhor também, corte, junte
e mostre-as no ar. -
10:39 - 10:40Bem no ar.
-
10:40 - 10:45Um baralho cortado e baralhado
por 1, 2, 3, 4, 5 pessoas. -
10:45 - 10:49Agora, à vista de todos,
vou juntar o baralho. -
10:51 - 10:53Assim.
-
10:54 - 11:00Vou procurar uma coincidência
à vista de todos. -
11:04 - 11:06Vou tentar.
-
11:14 - 11:18Tenho aqui umas cartas que, talvez,
-
11:18 - 11:20talvez, nada signifiquem.
-
11:21 - 11:24Mas pode ser porque não
estamos a prestar muita atenção. -
11:25 - 11:28Porque talvez, talvez,
signifiquem muito. -
11:29 - 11:32Antes de começarmos:
o senhor deu-me uma nota. -
11:32 - 11:34É a sua assinatura?
-
11:34 - 11:353.º membro do público:
É, sim. -
11:35 - 11:39HG: Quero que veja muito bem
-
11:39 - 11:42que vou abrir a sua nota
-
11:42 - 11:47e revelar o segredinho que criámos.
-
11:49 - 11:53E o segredo desta nota de dólar
é o número de série. -
11:53 - 11:56Minha senhora, pode pegar na nota?
-
11:57 - 11:59O número de série começa por uma letra.
-
11:59 - 12:02Qual o primeiro número depois dessa letra?
-
12:02 - 12:044.º membro do público: Sete.
-
12:04 - 12:06HG: Sete.
-
12:06 - 12:09Sete.
-
12:09 - 12:12Mas, se calhar é só coincidência.
-
12:12 - 12:14Qual é o segundo número?
4.º membro do público: Nove. -
12:14 - 12:19Então, depois do sete temos um nove.
-
12:19 - 12:21E depois do nove?
-
12:21 - 12:224.º membro do público: Dois.
-
12:22 - 12:24HG: O dois. E depois do dois?
-
12:24 - 12:254.º membro do público: Três.
-
12:25 - 12:27HG: Três. E a seguir?
-
12:27 - 12:284.º membro do público: Três.
HG: Três. -
12:28 - 12:314.º membro do público: Sete.
HG: Sete. -
12:31 - 12:324.º membro do público: Quatro.
HG: Quatro. -
12:32 - 12:354.º membro do público: Dois.
HG: Dois, e...? -
12:35 - 12:374.º membro do público: Q.
-
12:37 - 12:41HG: Q de "Queen?" [Dama].
-
12:41 - 12:42(Aplausos)
-
12:42 - 12:44A dama de paus!
-
12:44 - 12:48Todas as cartas por ordem, só para vocês.
-
12:47 - 12:49E foi a minha apresentação.
-
12:49 - 12:52Muito obrigado e tenham uma boa noite.
-
12:52 - 12:56(Aplausos)
- Title:
- Uma busca mágica por uma coincidência
- Speaker:
- Hélder Guimarães
- Description:
-
Pequenas coincidências. Acontecem a toda a hora, mas escapam-nos porque não as procuramos. Através dum deleitoso e subtil truque, o ilusionista Hélder Guimarães demonstra esta ideia com um baralho de cartas, uma nota de dólar e uma girafa de peluche.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 13:11
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