Minha filha, minha esposa, nosso robô e a busca da imortalidade
-
0:01 - 0:04Chris Anderson: Bem, acredito que vamos
-
0:04 - 0:06falar sobre sua vida,
-
0:06 - 0:08usando algumas fotos
que você compartilhou comigo. -
0:08 - 0:11E acho que deveríamos começar por esta.
-
0:11 - 0:14Certo, quem é esse?
-
0:14 - 0:19Martine Rothblatt: Este sou eu
com nosso filho mais velho Eli. -
0:19 - 0:21Ele tinha em torno de 5 anos.
-
0:21 - 0:23Esta foto foi tirada na Nigéria
-
0:23 - 0:27logo depois de ter prestado
o exame da Ordem em Washington, D.C. -
0:27 - 0:31CA: Certo. Mas este não se parece muito
com uma Martine. -
0:32 - 0:40MR: Exato. Este era eu como um homem,
a forma como fui criado. -
0:40 - 0:44Antes da minha transição de homem
para mulher e de Martin para Martine. -
0:44 - 0:47CA: Você foi criado como Martin Rothblatt.
MR: Correto. -
0:47 - 0:51CA: E em torno de um ano após esta foto,
você casou com uma linda mulher. -
0:51 - 0:54Foi amor à primeira vista?
O que aconteceu? -
0:54 - 0:55MR: Foi amor à primeira vista.
-
0:55 - 1:00Vi Bina em uma discoteca em Los Angeles,
-
1:00 - 1:04e depois fomos morar juntos,
-
1:04 - 1:07mas no momento em que a vi,
vi somente a aura de energia a seu redor. -
1:07 - 1:09Convidei-a para dançar.
-
1:09 - 1:12Ela disse que viu uma aura
de energia ao meu redor. -
1:12 - 1:16Eu era um pai solteiro.
Ela era uma mãe solteira. -
1:16 - 1:18Mostramos as fotos de nossos filhos
um para o outro, -
1:18 - 1:24e estamos casados e felizes
há um terço de século. -
1:24 - 1:27(Aplausos)
-
1:27 - 1:30CA: E nessa época você era
um empresário bem-sucedido, -
1:30 - 1:32trabalhando com satélites.
-
1:32 - 1:34Acredito que você teve
duas empresas de sucesso, -
1:34 - 1:36e então começou a abordar este problema
-
1:36 - 1:40de como usar satélites
para revolucionar o rádio. -
1:40 - 1:41Conte-nos sobre isso.
-
1:41 - 1:44MR: Certo. Sempre amei
tecnologia espacial, -
1:44 - 1:48e satélites, para mim, são como
as canoas que nossos ancestrais -
1:48 - 1:50empurraram pela primeira vez na água.
-
1:50 - 1:53Então era estimulante para mim
ser parte da navegação -
1:53 - 1:56dos oceanos celestes.
-
1:56 - 2:00Enquanto eu desenvolvia diferentes
sistemas de comunicação via satélite, -
2:00 - 2:06minha atividade principal era lançar
satélites maiores e mais potentes, -
2:06 - 2:09permitindo que as antenas receptoras
-
2:09 - 2:11ficassem cada vez menores.
-
2:11 - 2:15E depois de passar
pela radiodifusão televisiva, -
2:15 - 2:19tive a ideia de fazer
um satélite ainda mais poderoso. -
2:19 - 2:22O receptor poderia ser tão pequeno
-
2:22 - 2:25que seria apenas uma seção
do receptor da parabólica, -
2:25 - 2:28uma fina placa acoplada
ao teto de um automóvel -
2:28 - 2:32possibilitaria ter rádio via satélite
em âmbito nacional, -
2:32 - 2:34e isso é a Sirius XM hoje.
-
2:34 - 2:37CA: Uau. Quem aqui já usou a Sirius?
-
2:37 - 2:40(Aplausos)
-
2:40 - 2:42MR: Obrigada por sua assinatura mensal.
-
2:42 - 2:44(Risos)
-
2:44 - 2:49CA: E foi bem-sucedido,
apesar das previsões da época. -
2:49 - 2:51Foi um enorme sucesso comercial,
-
2:51 - 2:55mas logo depois, no início dos anos 90,
-
2:55 - 3:00houve uma enorme transição em sua vida
e você virou Martine. -
3:00 - 3:03MR: Correto.
CA: Então me diga, como isso aconteceu? -
3:05 - 3:12MR: Aconteceu consultando antes a Bina
e nossos quatros lindos filhos. -
3:12 - 3:17Eu conversei com cada um deles
-
3:17 - 3:23que eu sentia que minha alma
sempre tinha sido feminina, -
3:23 - 3:27mas que eu tinha medo de que as pessoas
rissem de mim se eu expressasse isso, -
3:27 - 3:30então sempre mantive isso guardado
-
3:30 - 3:33e mostrava apenas meu lado masculino.
-
3:33 - 3:36Cada um deles teve
uma visão diferente sobre isso. -
3:36 - 3:40Bina disse: "Eu amo sua alma,
-
3:40 - 3:44e se o exterior é Martin ou Martine,
-
3:44 - 3:46não faz diferença para mim.
Eu amo sua alma." -
3:46 - 3:54Meu filho disse: "Se você for uma mulher,
ainda será meu pai?" -
3:54 - 3:57E eu disse: "Sim, sempre serei seu pai",
-
3:57 - 4:01e hoje ainda sou seu pai.
-
4:01 - 4:05Minha filha mais nova fez algo brilhante,
típico de criança de cinco anos de idade. -
4:05 - 4:10Ela disse às pessoas:
"Eu amo meu pai e ela me ama". -
4:12 - 4:16Ela não teve qualquer problema
com a mistura de gêneros. -
4:16 - 4:19CA: E alguns anos depois
você publicou este livro: -
4:19 - 4:21"O Apartheid do Sexo".
-
4:21 - 4:23Qual era sua tese neste livro?
-
4:23 - 4:28MR: Minha tese neste livro é que existem
sete bilhões de pessoas no mundo, -
4:28 - 4:33e de fato, 7 bilhões de maneiras únicas
de cada um expressar seu gênero. -
4:33 - 4:40E apesar de as pessoas
terem genitália de homem ou mulher, -
4:40 - 4:43os genitais não determinam seu gênero
-
4:43 - 4:45ou mesmo sua identidade sexual.
-
4:45 - 4:47Isso é só uma questão de anatomia
-
4:47 - 4:49e de reprodução,
-
4:49 - 4:52e as pessoas poderiam escolher seu gênero
-
4:52 - 4:57se não fossem forçadas pela sociedade
a se encaixarem em masculino ou feminino -
4:57 - 5:02da mesma forma que a África do Sul
enquadrava pessoas em negras ou brancas. -
5:02 - 5:06Sabemos pela antropologia
que raça é uma ficção, -
5:06 - 5:09apesar de o racismo ser muito, muito real
-
5:09 - 5:11e sabemos por estudos culturais
-
5:11 - 5:16que separar gêneros masculino e feminino
é uma construção fictícia. -
5:16 - 5:18Na realidade existe uma fluidez de gêneros
-
5:18 - 5:22que permeia a continuidade
desde o masculino até o feminino. -
5:22 - 5:26CA: Você mesmo não se sente
sempre 100% feminina. -
5:26 - 5:28MR: Correto. Eu diria que de certa forma
-
5:28 - 5:32troco de gênero com a mesma frequência
com que troco de penteado. -
5:32 - 5:39CA: (Risos) Certo. E esta é
sua linda filha, Jenesis. -
5:39 - 5:44E acho que foi mais ou menos nessa época
que algo terrível aconteceu. -
5:44 - 5:49MR: Sim, ela não conseguia mais
subir as escadas -
5:49 - 5:51de nossa casa para ir ao seu quarto,
-
5:51 - 5:53e depois de muitos meses indo a médicos,
-
5:53 - 5:57ela foi diagnosticada com uma doença rara
e quase sempre fatal -
5:57 - 6:01chamada hipertensão arterial pulmonar.
-
6:01 - 6:04CA: E como você reagiu a isso?
-
6:04 - 6:07MR: Bem, primeiro tentamos levá-la
aos melhores médicos possíveis. -
6:07 - 6:11Fomos parar no Children's National
Medical Center em Washigton, D.C. -
6:11 - 6:13O chefe da cardiologia pediátrica
-
6:13 - 6:18nos disse que iria indicá-la
para um transplante de pulmão, -
6:18 - 6:20mas que não tivéssemos muita esperança,
-
6:20 - 6:22pois existem poucos pulmões disponíveis,
-
6:22 - 6:24especialmente para crianças.
-
6:24 - 6:28Ele disse que todas as pessoas
com esta doença morriam, -
6:28 - 6:33e se algum de vocês viu
o filme "O Óleo de Lorenzo", -
6:33 - 6:35há uma cena em que o protagonista
-
6:35 - 6:41meio que rola escada abaixo chorando
e lamentando o destino do seu filho, -
6:41 - 6:44e era assim que nos sentíamos
em relação à Jenesis. -
6:44 - 6:48CA: Mas você não aceitou isso
como sendo o limite do que poderia fazer. -
6:48 - 6:53Você começou a pesquisar e tentar
encontrar a cura de alguma maneira. -
6:53 - 6:57MR: Correto. Ela ficava na UTI
por semanas naquela época, -
6:57 - 7:01e Bina e eu nos revezávamos no hospital
-
7:01 - 7:03enquanto o outro ficava
com as outras crianças, -
7:03 - 7:05e quando eu estava no hospital
e ela estava dormindo, -
7:05 - 7:07eu ia para a bilioteca do hospital.
-
7:07 - 7:12Eu li todos os artigos que encontrei
sobre hipertensão pulmonar. -
7:12 - 7:15Eu nunca tinha estudado biologia,
mesmo na faculdade, -
7:15 - 7:21então eu ia de um livro de biologia
de nível básico para um de nível superior, -
7:21 - 7:26então para um livro médico e para artigos,
para lá e para cá, -
7:26 - 7:30até saber o suficiente para pensar
que poderia ser possível -
7:30 - 7:31que alguém encontrasse a cura.
-
7:31 - 7:35Então criamos uma fundação
sem fins lucrativos. -
7:35 - 7:40Escrevi uma descrição
pedindo doações às pessoas -
7:40 - 7:42para que pagássemos por pesquisas médicas.
-
7:42 - 7:46Tornei-me uma expert nessa patologia,
mas os médicos me disseram: "Martine, -
7:46 - 7:50nós realmente agradecemos
o financiamento que você nos concedeu, -
7:50 - 7:53mas não conseguiremos encontrar a cura
-
7:53 - 7:55a tempo de salvar sua filha".
-
7:55 - 7:57Entretanto, existe um remédio
-
7:57 - 8:03desenvolvido na
Burroughs Wellcome Company -
8:03 - 8:06que poderia parar a progressão da doença.
-
8:06 - 8:11Mas a Burroughs Wellcome havia sido
recém-adquirida pela Glaxo Wellcome, -
8:11 - 8:13e tomaram a decisão de não desenvolver
-
8:13 - 8:17qualquer medicamento para doenças raras.
-
8:17 - 8:21Talvez você possa usar seu conhecimento
em comunicação via satélite -
8:21 - 8:24para desenvolver a cura
para a hipertensão pulmonar. -
8:25 - 8:28CA: Então como foi possível
ter acesso a esta droga? -
8:28 - 8:30MR: Eu fui até a Glaxo Wellcome
-
8:30 - 8:36e depois de ter sido rejeitada três vezes
e terem batido a porta na minha cara -
8:36 - 8:39porque não iriam liberar
a licença para o medicamento -
8:39 - 8:42para uma expert em satélites,
-
8:42 - 8:49de fato eles não liberariam
o medicamento para ninguém, -
8:49 - 8:52e eles pensaram que eu não tinha
conhecimento suficiente, -
8:52 - 8:58finalmente consegui persuadir
uma pequena equipe a trabalhar comigo -
8:58 - 9:01e obter credibilidade suficiente.
-
9:01 - 9:03Eu venci a resistência deles,
-
9:03 - 9:06e a propósito eles nem tinham esperança
de que a droga funcionasse, -
9:06 - 9:09e tentaram me dizer:
"Você está perdendo seu tempo. -
9:09 - 9:10Sentimos pela sua filha".
-
9:10 - 9:13Mas finalmente, por US$ 25 mil,
-
9:13 - 9:18e a concordância de pagar 10% sobre
qualquer rendimento que viéssemos a ter, -
9:18 - 9:21eles concordaram em me dar
direitos universais sobre o medicamento. -
9:22 - 9:29CA: Então você colocou-o no mercado
de uma forma realmente brilhante, -
9:29 - 9:33cobrando basicamente o necessário
para fazer a economia funcionar. -
9:33 - 9:37MR: Sim, Chris, mas por fim este não era
o medicamento que eu esperava. -
9:37 - 9:40Depois que fiz o cheque de US$ 25 mil
-
9:40 - 9:43e disse: "Certo, onde está
o medicamento para Jenesis?" -
9:43 - 9:46Eles disseram: "Oh, Martine,
não existe medicamento para Jenesis, -
9:46 - 9:48nós só testamos isso em ratos".
-
9:48 - 9:52E eles me deram algo tipo
um pequeno saco Ziploc -
9:52 - 9:54com um pouco de pó.
-
9:54 - 9:56E disseram: "Não dê isso a nenhum humano",
-
9:56 - 10:00e me deram um pedaço de papel
que disseram que era a patente, -
10:00 - 10:04e a partir disto tivemos que descobrir
uma forma de fazer este remédio. -
10:04 - 10:07Centenas de cientistas nos EUA,
nas melhores universidades, -
10:07 - 10:12juraram que aquela patente nunca
poderia tornar-se um medicamento. -
10:12 - 10:15E caso se tornasse um medicamento,
ele nunca poderia ser usado -
10:15 - 10:18pois tinha uma meia-vida
de apenas 45 minutos. -
10:18 - 10:23CA: E ainda assim, um ou dois anos depois,
você tinha um medicamento -
10:23 - 10:27que funcionou para Jenesis.
-
10:27 - 10:29MR: Chris, o mais surpreendente
-
10:29 - 10:33é que um resquício absolutamente
inútil de pó -
10:33 - 10:38que tinha uma centelha de promessa
de esperança para Jenesis -
10:38 - 10:43não só está mantendo Jenesis
e outras pessoas vivas, -
10:43 - 10:47mas produz uma receita
de quase US$ 1,5 bilhão por ano. -
10:47 - 10:50(Aplausos)
-
10:50 - 10:51CA: Aí está!
-
10:53 - 10:57Você tornou esta companhia pública, certo?
-
10:57 - 10:59E fez uma grande fortuna.
-
10:59 - 11:04E a propósito, quanto pagou
para a Glaxo depois dos US$ 25 mil? -
11:04 - 11:07MR: Bem, todo ano nós pagamos a eles
10% de US$ 1,5 bilhão, -
11:07 - 11:11US$ 150 milhões,
US$ 100 milhões no último ano. -
11:11 - 11:14É o melhor investimento
que eles já fizeram. (Risos) -
11:14 - 11:16CA: E a melhor notícia de todas, imagino,
-
11:16 - 11:18é esta.
-
11:18 - 11:22MR: Sim, Jenesis é uma jovem
absolutamente brilhante. -
11:22 - 11:25Ela está viva e saudável, com 30 anos.
-
11:25 - 11:28Aqui você vê a mim, Bina e Jenesis.
-
11:28 - 11:30A coisa mais maravilhosa sobre a Jenesis
-
11:30 - 11:33é que ela poderia fazer
qualquer coisa com sua vida, -
11:33 - 11:37e acredite em mim, se você cresce
ouvindo o tempo todo -
11:37 - 11:40pessoas dizendo na sua cara
que você tem uma doença fatal, -
11:40 - 11:45eu provavelmente fugiria para o Taiti
e não ia querer reencontrar ninguém. -
11:45 - 11:48Mas em vez disso, ela escolheu
trabalhar na United Therapeutics. -
11:48 - 11:51Ela diz que quer fazer tudo o que puder
para ajudar outras pessoas -
11:51 - 11:54com doenças raras a obter medicamentos
-
11:54 - 11:58e hoje ela é líder de projeto
de todas atividades de telepresença, -
11:58 - 12:02ajudando a unir digitalmente toda empresa
para trabalhar em conjunto -
12:02 - 12:05para encontrar a cura
para hipertensão pulmonar. -
12:05 - 12:08CA: Mas nem todos com esta doença
têm sido tão afortunados. -
12:08 - 12:12Ainda há pessoas morrendo,
e você está combatendo isso também. Como? -
12:12 - 12:17MR: Exato, Chris. Só nos Estados Unidos
cerca de 3 mil pessoas por ano, -
12:17 - 12:20talvez dez vezes este número
em todo o mundo, -
12:20 - 12:22continuam a morrer desta doença
-
12:22 - 12:24porque os medicamentos
diminuem o progresso da doença, -
12:24 - 12:26mas não a detêm.
-
12:26 - 12:31A única cura para hipertensão pulmonar,
fibrose pulmonar, -
12:31 - 12:33fibrose cística, enfisema,
-
12:33 - 12:36doença pulmonar obstrutiva crônica,
que matou Leonard Nimoy, -
12:36 - 12:39é o transplante de pulmão.
-
12:39 - 12:44Mas infelizmente nos EUA
só há pulmões disponíveis para transplante -
12:44 - 12:47para 2 mil pessoas por ano,
-
12:47 - 12:50enquanto em torno de meio milhão
de pessoas por ano -
12:50 - 12:52morre de falência pulmonar.
-
12:52 - 12:55CA: Então como você pode contornar isto?
-
12:55 - 12:57MR: Eu concebi a possibilidade
-
12:57 - 12:59de que da mesma forma que mantemos
-
12:59 - 13:03carros, aviões e construções funcionando
-
13:03 - 13:07com uma oferta ilimitada
de peças e materiais de construção, -
13:07 - 13:11por que não criar uma oferta ilimitada
de órgãos transplantáveis -
13:11 - 13:13para manter pessoas vivendo
indefinidamente, -
13:13 - 13:16especialmente pessoas
com doenças pulmonares? -
13:16 - 13:22Então nos juntamos ao decodificador
do genoma humano, Craig Venter, -
13:22 - 13:23e a companhia que ele fundou
-
13:23 - 13:27com Peter Diamandis,
o fundador da X Prize, -
13:27 - 13:29para modificar geneticamente
-
13:29 - 13:31o genoma do porco
-
13:31 - 13:35para que os órgãos do porco
não sejam rejeitados pelo corpo humano -
13:35 - 13:38e dessa forma criar uma oferta ilimitada
-
13:38 - 13:41de órgãos transplantáveis.
-
13:41 - 13:44Fazemos isso através de nossa empresa,
United Therapeutics. -
13:44 - 13:47CA: então você realmente acredita
que dentro de uma década, -
13:47 - 13:51a escassez de pulmões transplantáveis
estará resolvida, desta forma? -
13:51 - 13:53MR: Absolutamente, Chris.
-
13:53 - 13:57Estou tão certa disso quanto
estava do sucesso que teríamos -
13:57 - 14:00com a televisão por satélite, Sirius XM.
-
14:00 - 14:02Na verdade não é um bicho de sete cabeças.
-
14:02 - 14:05É simplesmente ir mapeando
um gene depois do outro. -
14:05 - 14:10Temos sorte de termos nascido em uma época
em que sequenciar genomas -
14:10 - 14:12é atividade de rotina,
-
14:12 - 14:15e o pessoal incrível da Synthetic Genomics
-
14:15 - 14:17é capaz de se concentrar
no genoma do porco, -
14:17 - 14:20encontrar exatamente quais genes
são problemáticos, e consertá-los. -
14:20 - 14:23CA: Mas não só corpos...
pensar nisso é maravilhoso. -
14:23 - 14:27(Aplausos)
-
14:27 - 14:31Não só corpos duráveis
interessam a você agora, -
14:31 - 14:33mas também as mentes duráveis.
-
14:33 - 14:38E acho que este gráfico diz
algo muito profundo para você. -
14:38 - 14:40O que ele significa?
-
14:40 - 14:44MR: O que este gráfico significa,
e ele vem de Ray Kurzweil, -
14:44 - 14:48é que a taxa de desenvolvimento
no processamento do hardware, -
14:48 - 14:51"firmware" e software de um computador
-
14:51 - 14:54tem avançado ao longo de uma curva
-
14:54 - 14:58tal que nos anos de 2020, como vimos
em apresentações anteriores hoje, -
14:58 - 15:02haverá tecnologia de informação
-
15:02 - 15:05que processe a informação
e o mundo ao nosso redor -
15:05 - 15:08no mesmo nível
que as mentes humanas processam. -
15:09 - 15:12CA: E se isto acontecer, você estará
preparado para este mundo, -
15:12 - 15:16acreditando que em breve
será possível, -
15:16 - 15:22de alguma maneira, realmente preservar
o conteúdo de nossos cérebros para sempre. -
15:22 - 15:24Como você descreve isso?
-
15:24 - 15:29MR: Bem, Chris, estamos trabalhando
em simular uma situação -
15:29 - 15:31onde pessoas possam criar
um arquivo mental. -
15:31 - 15:35Um arquivo mental é o conjunto
de seu comportamento, personalidade, -
15:35 - 15:37recordações, sentimentos,
-
15:37 - 15:39crenças, atitudes e valores,
-
15:39 - 15:45tudo que postamos hoje
no Google, na Amazon, no Facebook, -
15:45 - 15:51e toda esta informação armazenada
permitirá, dentro de duas décadas, -
15:51 - 15:55assim que o software for capaz
de recapitular a consciência, -
15:55 - 16:01permitirá reviver a consciência
eminente no nosso arquivo mental. -
16:01 - 16:03CA: Mas você não está apenas
brincando com isto. -
16:03 - 16:06Você fala sério. Quer dizer, quem é esta?
-
16:06 - 16:11MR: Esta é uma versão robô
da minha amada esposa, Bina. -
16:11 - 16:13E nós a chamamos Bina 48.
-
16:13 - 16:16Ela foi programada
pela Hanson Robotics, no Texas. -
16:16 - 16:20Esta é a página central
da revista National Geographic -
16:20 - 16:22com um de seus cuidadores,
-
16:22 - 16:24e ela percorre a web
-
16:24 - 16:29e tem centenas de horas de trejeitos
e personalidades da Bina. -
16:29 - 16:32Ela é como uma criança de dois anos,
-
16:32 - 16:35mas diz coisas
que chocam as pessoas, -
16:35 - 16:36talvez melhor expressado
-
16:36 - 16:41por Amy Harmon, do New York Times,
ganhadora do Pulitzer, -
16:41 - 16:44que diz que suas respostas
são quase sempre frustrantes, -
16:44 - 16:50mas algumas vezes tão convincentes quanto
as de pessoas reais que ela entrevistou. -
16:50 - 16:54CA: Então é seu pensamento,
sua esperança, -
16:54 - 16:58que esta versão de Bina, de alguma forma,
possa viver para sempre, -
16:58 - 17:03ou alguma versão superior a esta
possa viver para sempre? -
17:03 - 17:05MR: Sim. Não apenas Bina, mas todo mundo.
-
17:05 - 17:10Sabe, praticamente não temos custo
em armazenar nossos arquivos mentais -
17:10 - 17:12no Facebook, Instagram, ou o que seja.
-
17:12 - 17:17As mídias sociais são a invenção
mais extraordinária de nosso tempo, -
17:17 - 17:21e à medida que se tornam disponíveis
aplicativos que nos permitem -
17:21 - 17:24superar a Siri, cada vez mais,
-
17:24 - 17:26e desenvolver sistemas operacionais
conscientes, -
17:26 - 17:29todas as pessoas no mundo,
bilhões de pessoas, -
17:29 - 17:33poderão desenvolver clones
de suas próprias mentes -
17:33 - 17:35que terão vida própria na web.
-
17:36 - 17:39CA: Então, Martine, a questão é que,
em qualquer conversa normal, -
17:39 - 17:41isso soaria completamente maluco,
-
17:41 - 17:45mas no contexto de sua vida,
do que você fez, -
17:45 - 17:47algumas coisas que ouvimos esta semana,
-
17:47 - 17:49realidades construídas pela nossa mente,
-
17:49 - 17:52você não duvida de que vá conseguir.
-
17:52 - 17:55MR: Bem, eu penso que na verdade
isto não está vindo de mim. -
17:55 - 18:02No máximo, talvez eu esteja sendo
uma propagadora das atividades -
18:02 - 18:05que estão sendo executadas
pelas maiores empresas -
18:05 - 18:09na China, Japão, Índia, EUA, Europa.
-
18:09 - 18:14Existem dezenas de milhões de pessoas
trabalhando em escrever código -
18:14 - 18:18que expresse mais e mais
aspectos da consciência humana, -
18:18 - 18:23e não é preciso ser um gênio
para ver que todas estas linhas -
18:23 - 18:26irão se juntar e basicamente
criar consciência humana, -
18:26 - 18:29e daremos valor a isso.
-
18:29 - 18:33Existe tanta coisa pra fazer na vida,
e se pudermos ter uma imagem, -
18:33 - 18:35um dublê digital para nós mesmos,
-
18:35 - 18:39para ajudar-nos a processar
livros, fazer compras, -
18:39 - 18:40ser nosso melhor amigo,
-
18:40 - 18:44acho que nossos clones mentais,
versões digitais de nós mesmos, -
18:44 - 18:45por fim serão nossos melhores amigos,
-
18:45 - 18:48e para mim e para Bina, pessoalmente,
-
18:48 - 18:50nós nos amamos como loucos.
-
18:50 - 18:52Todos os dias dizemos:
-
18:52 - 18:55"Uau, eu amo você ainda mais
do que 30 anos atrás." -
18:55 - 18:58Então para nós,
a perspectiva de clones mentais -
18:58 - 19:00e corpos regenerados
-
19:00 - 19:03significa que nosso caso de amor
pode durar para sempre. -
19:03 - 19:06Nunca nos cansamos um do outro.
Nunca cansaremos, tenho certeza. -
19:06 - 19:09CA: Acredito que Bina esteja aqui, certo?
MR: Sim, ela está. -
19:09 - 19:11CA: Seria demais, eu não sei,
temos um microfone? -
19:11 - 19:15Bina, podemos convidá-la ao palco?
Preciso fazer uma pergunta a você. -
19:15 - 19:16Além disso, precisamos vê-la.
-
19:16 - 19:23(Aplausos)
-
19:23 - 19:25Obrigado, obrigado.
-
19:25 - 19:28Venha e junte-se a Martine.
-
19:28 - 19:32Veja, quando vocês casaram,
-
19:32 - 19:35se alguém tivesse dito
que em poucos anos -
19:35 - 19:38o homem com quem você estava casando
se tornaria uma mulher, -
19:38 - 19:40e poucos anos depois disso
você se tornaria uma robô... -
19:40 - 19:44(Risos)
-
19:44 - 19:46Como teria sido isso para você?
-
19:46 - 19:49Bina Rothblatt: Realmente tem sido
uma jornada empolgante, -
19:49 - 19:52e naquele tempo eu nunca
teria pensado nisso, -
19:52 - 19:56mas começamos a estipular
metas e alcançá-las -
19:56 - 19:57e realizar coisas,
-
19:57 - 20:00antes que você se dê conta,
nós vamos seguindo -
20:00 - 20:02e ainda não paramos,
isso é o máximo. -
20:02 - 20:05CA: Martine me contou algo realmente lindo
-
20:05 - 20:08no Skype antes disso,
-
20:08 - 20:14disse que quer viver centenas de anos
-
20:14 - 20:16como um arquivo mental,
-
20:16 - 20:19mas só se for com você.
-
20:19 - 20:21BR: Isso mesmo, queremos
fazer isso juntas. -
20:21 - 20:25Nós também somos criogenistas
e queremos acordar juntas. -
20:25 - 20:27CA: Como vocês sabem,
do meu ponto de vista, -
20:27 - 20:31esta não é apenas uma das mais
surpreendentes vidas de que ouvi falar; -
20:31 - 20:34é uma das mais surpreendentes
histórias de amor que já ouvi. -
20:34 - 20:36É um prazer ter vocês duas aqui no TED.
-
20:36 - 20:38CA: Muito obrigado.
MR: Obrigada. -
20:38 - 20:40(Aplausos)
- Title:
- Minha filha, minha esposa, nosso robô e a busca da imortalidade
- Speaker:
- Martine Rothblatt
- Description:
-
A fundadora da rádio por satélite Sirius XM, Martine Rothblatt, dirige uma empresa farmacêutica que produz medicamentos para doenças raras (inclusive um remédio que salvou a vida de sua própria filha). Enquanto isso, ela trabalha para preservar a consciência da mulher que ela ama em um arquivo digital... e um robô de companhia. Numa conversa com o entrevistador do TED, Chris Anderson, Rothblatt divide sua poderosa história de amor, identidade, criatividade e possibilidades ilimitadas.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 21:04
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Leonardo Silva approved Portuguese, Brazilian subtitles for My daughter, my wife, our robot, and the quest for immortality | ||
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