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Minha filha, minha esposa, nosso robô e a busca da imortalidade

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    Chris Anderson: Bem, acredito que vamos
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    falar sobre sua vida,
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    usando algumas fotos
    que você compartilhou comigo.
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    E acho que deveríamos começar por esta.
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    Certo, quem é esse?
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    Martine Rothblatt: Este sou eu
    com nosso filho mais velho Eli.
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    Ele tinha em torno de 5 anos.
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    Esta foto foi tirada na Nigéria
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    logo depois de ter prestado
    o exame da Ordem em Washington, D.C.
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    CA: Certo. Mas este não se parece muito
    com uma Martine.
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    MR: Exato. Este era eu como um homem,
    a forma como fui criado.
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    Antes da minha transição de homem
    para mulher e de Martin para Martine.
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    CA: Você foi criado como Martin Rothblatt.
    MR: Correto.
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    CA: E em torno de um ano após esta foto,
    você casou com uma linda mulher.
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    Foi amor à primeira vista?
    O que aconteceu?
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    MR: Foi amor à primeira vista.
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    Vi Bina em uma discoteca em Los Angeles,
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    e depois fomos morar juntos,
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    mas no momento em que a vi,
    vi somente a aura de energia a seu redor.
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    Convidei-a para dançar.
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    Ela disse que viu uma aura
    de energia ao meu redor.
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    Eu era um pai solteiro.
    Ela era uma mãe solteira.
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    Mostramos as fotos de nossos filhos
    um para o outro,
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    e estamos casados e felizes
    há um terço de século.
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    (Aplausos)
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    CA: E nessa época você era
    um empresário bem-sucedido,
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    trabalhando com satélites.
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    Acredito que você teve
    duas empresas de sucesso,
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    e então começou a abordar este problema
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    de como usar satélites
    para revolucionar o rádio.
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    Conte-nos sobre isso.
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    MR: Certo. Sempre amei
    tecnologia espacial,
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    e satélites, para mim, são como
    as canoas que nossos ancestrais
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    empurraram pela primeira vez na água.
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    Então era estimulante para mim
    ser parte da navegação
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    dos oceanos celestes.
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    Enquanto eu desenvolvia diferentes
    sistemas de comunicação via satélite,
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    minha atividade principal era lançar
    satélites maiores e mais potentes,
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    permitindo que as antenas receptoras
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    ficassem cada vez menores.
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    E depois de passar
    pela radiodifusão televisiva,
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    tive a ideia de fazer
    um satélite ainda mais poderoso.
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    O receptor poderia ser tão pequeno
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    que seria apenas uma seção
    do receptor da parabólica,
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    uma fina placa acoplada
    ao teto de um automóvel
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    possibilitaria ter rádio via satélite
    em âmbito nacional,
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    e isso é a Sirius XM hoje.
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    CA: Uau. Quem aqui já usou a Sirius?
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    (Aplausos)
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    MR: Obrigada por sua assinatura mensal.
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    (Risos)
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    CA: E foi bem-sucedido,
    apesar das previsões da época.
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    Foi um enorme sucesso comercial,
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    mas logo depois, no início dos anos 90,
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    houve uma enorme transição em sua vida
    e você virou Martine.
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    MR: Correto.
    CA: Então me diga, como isso aconteceu?
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    MR: Aconteceu consultando antes a Bina
    e nossos quatros lindos filhos.
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    Eu conversei com cada um deles
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    que eu sentia que minha alma
    sempre tinha sido feminina,
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    mas que eu tinha medo de que as pessoas
    rissem de mim se eu expressasse isso,
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    então sempre mantive isso guardado
  • 3:30 - 3:33
    e mostrava apenas meu lado masculino.
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    Cada um deles teve
    uma visão diferente sobre isso.
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    Bina disse: "Eu amo sua alma,
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    e se o exterior é Martin ou Martine,
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    não faz diferença para mim.
    Eu amo sua alma."
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    Meu filho disse: "Se você for uma mulher,
    ainda será meu pai?"
  • 3:54 - 3:57
    E eu disse: "Sim, sempre serei seu pai",
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    e hoje ainda sou seu pai.
  • 4:01 - 4:05
    Minha filha mais nova fez algo brilhante,
    típico de criança de cinco anos de idade.
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    Ela disse às pessoas:
    "Eu amo meu pai e ela me ama".
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    Ela não teve qualquer problema
    com a mistura de gêneros.
  • 4:16 - 4:19
    CA: E alguns anos depois
    você publicou este livro:
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    "O Apartheid do Sexo".
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    Qual era sua tese neste livro?
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    MR: Minha tese neste livro é que existem
    sete bilhões de pessoas no mundo,
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    e de fato, 7 bilhões de maneiras únicas
    de cada um expressar seu gênero.
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    E apesar de as pessoas
    terem genitália de homem ou mulher,
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    os genitais não determinam seu gênero
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    ou mesmo sua identidade sexual.
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    Isso é só uma questão de anatomia
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    e de reprodução,
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    e as pessoas poderiam escolher seu gênero
  • 4:52 - 4:57
    se não fossem forçadas pela sociedade
    a se encaixarem em masculino ou feminino
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    da mesma forma que a África do Sul
    enquadrava pessoas em negras ou brancas.
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    Sabemos pela antropologia
    que raça é uma ficção,
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    apesar de o racismo ser muito, muito real
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    e sabemos por estudos culturais
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    que separar gêneros masculino e feminino
    é uma construção fictícia.
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    Na realidade existe uma fluidez de gêneros
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    que permeia a continuidade
    desde o masculino até o feminino.
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    CA: Você mesmo não se sente
    sempre 100% feminina.
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    MR: Correto. Eu diria que de certa forma
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    troco de gênero com a mesma frequência
    com que troco de penteado.
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    CA: (Risos) Certo. E esta é
    sua linda filha, Jenesis.
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    E acho que foi mais ou menos nessa época
    que algo terrível aconteceu.
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    MR: Sim, ela não conseguia mais
    subir as escadas
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    de nossa casa para ir ao seu quarto,
  • 5:51 - 5:53
    e depois de muitos meses indo a médicos,
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    ela foi diagnosticada com uma doença rara
    e quase sempre fatal
  • 5:57 - 6:01
    chamada hipertensão arterial pulmonar.
  • 6:01 - 6:04
    CA: E como você reagiu a isso?
  • 6:04 - 6:07
    MR: Bem, primeiro tentamos levá-la
    aos melhores médicos possíveis.
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    Fomos parar no Children's National
    Medical Center em Washigton, D.C.
  • 6:11 - 6:13
    O chefe da cardiologia pediátrica
  • 6:13 - 6:18
    nos disse que iria indicá-la
    para um transplante de pulmão,
  • 6:18 - 6:20
    mas que não tivéssemos muita esperança,
  • 6:20 - 6:22
    pois existem poucos pulmões disponíveis,
  • 6:22 - 6:24
    especialmente para crianças.
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    Ele disse que todas as pessoas
    com esta doença morriam,
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    e se algum de vocês viu
    o filme "O Óleo de Lorenzo",
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    há uma cena em que o protagonista
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    meio que rola escada abaixo chorando
    e lamentando o destino do seu filho,
  • 6:41 - 6:44
    e era assim que nos sentíamos
    em relação à Jenesis.
  • 6:44 - 6:48
    CA: Mas você não aceitou isso
    como sendo o limite do que poderia fazer.
  • 6:48 - 6:53
    Você começou a pesquisar e tentar
    encontrar a cura de alguma maneira.
  • 6:53 - 6:57
    MR: Correto. Ela ficava na UTI
    por semanas naquela época,
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    e Bina e eu nos revezávamos no hospital
  • 7:01 - 7:03
    enquanto o outro ficava
    com as outras crianças,
  • 7:03 - 7:05
    e quando eu estava no hospital
    e ela estava dormindo,
  • 7:05 - 7:07
    eu ia para a bilioteca do hospital.
  • 7:07 - 7:12
    Eu li todos os artigos que encontrei
    sobre hipertensão pulmonar.
  • 7:12 - 7:15
    Eu nunca tinha estudado biologia,
    mesmo na faculdade,
  • 7:15 - 7:21
    então eu ia de um livro de biologia
    de nível básico para um de nível superior,
  • 7:21 - 7:26
    então para um livro médico e para artigos,
    para lá e para cá,
  • 7:26 - 7:30
    até saber o suficiente para pensar
    que poderia ser possível
  • 7:30 - 7:31
    que alguém encontrasse a cura.
  • 7:31 - 7:35
    Então criamos uma fundação
    sem fins lucrativos.
  • 7:35 - 7:40
    Escrevi uma descrição
    pedindo doações às pessoas
  • 7:40 - 7:42
    para que pagássemos por pesquisas médicas.
  • 7:42 - 7:46
    Tornei-me uma expert nessa patologia,
    mas os médicos me disseram: "Martine,
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    nós realmente agradecemos
    o financiamento que você nos concedeu,
  • 7:50 - 7:53
    mas não conseguiremos encontrar a cura
  • 7:53 - 7:55
    a tempo de salvar sua filha".
  • 7:55 - 7:57
    Entretanto, existe um remédio
  • 7:57 - 8:03
    desenvolvido na
    Burroughs Wellcome Company
  • 8:03 - 8:06
    que poderia parar a progressão da doença.
  • 8:06 - 8:11
    Mas a Burroughs Wellcome havia sido
    recém-adquirida pela Glaxo Wellcome,
  • 8:11 - 8:13
    e tomaram a decisão de não desenvolver
  • 8:13 - 8:17
    qualquer medicamento para doenças raras.
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    Talvez você possa usar seu conhecimento
    em comunicação via satélite
  • 8:21 - 8:24
    para desenvolver a cura
    para a hipertensão pulmonar.
  • 8:25 - 8:28
    CA: Então como foi possível
    ter acesso a esta droga?
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    MR: Eu fui até a Glaxo Wellcome
  • 8:30 - 8:36
    e depois de ter sido rejeitada três vezes
    e terem batido a porta na minha cara
  • 8:36 - 8:39
    porque não iriam liberar
    a licença para o medicamento
  • 8:39 - 8:42
    para uma expert em satélites,
  • 8:42 - 8:49
    de fato eles não liberariam
    o medicamento para ninguém,
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    e eles pensaram que eu não tinha
    conhecimento suficiente,
  • 8:52 - 8:58
    finalmente consegui persuadir
    uma pequena equipe a trabalhar comigo
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    e obter credibilidade suficiente.
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    Eu venci a resistência deles,
  • 9:03 - 9:06
    e a propósito eles nem tinham esperança
    de que a droga funcionasse,
  • 9:06 - 9:09
    e tentaram me dizer:
    "Você está perdendo seu tempo.
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    Sentimos pela sua filha".
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    Mas finalmente, por US$ 25 mil,
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    e a concordância de pagar 10% sobre
    qualquer rendimento que viéssemos a ter,
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    eles concordaram em me dar
    direitos universais sobre o medicamento.
  • 9:22 - 9:29
    CA: Então você colocou-o no mercado
    de uma forma realmente brilhante,
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    cobrando basicamente o necessário
    para fazer a economia funcionar.
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    MR: Sim, Chris, mas por fim este não era
    o medicamento que eu esperava.
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    Depois que fiz o cheque de US$ 25 mil
  • 9:40 - 9:43
    e disse: "Certo, onde está
    o medicamento para Jenesis?"
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    Eles disseram: "Oh, Martine,
    não existe medicamento para Jenesis,
  • 9:46 - 9:48
    nós só testamos isso em ratos".
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    E eles me deram algo tipo
    um pequeno saco Ziploc
  • 9:52 - 9:54
    com um pouco de pó.
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    E disseram: "Não dê isso a nenhum humano",
  • 9:56 - 10:00
    e me deram um pedaço de papel
    que disseram que era a patente,
  • 10:00 - 10:04
    e a partir disto tivemos que descobrir
    uma forma de fazer este remédio.
  • 10:04 - 10:07
    Centenas de cientistas nos EUA,
    nas melhores universidades,
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    juraram que aquela patente nunca
    poderia tornar-se um medicamento.
  • 10:12 - 10:15
    E caso se tornasse um medicamento,
    ele nunca poderia ser usado
  • 10:15 - 10:18
    pois tinha uma meia-vida
    de apenas 45 minutos.
  • 10:18 - 10:23
    CA: E ainda assim, um ou dois anos depois,
    você tinha um medicamento
  • 10:23 - 10:27
    que funcionou para Jenesis.
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    MR: Chris, o mais surpreendente
  • 10:29 - 10:33
    é que um resquício absolutamente
    inútil de pó
  • 10:33 - 10:38
    que tinha uma centelha de promessa
    de esperança para Jenesis
  • 10:38 - 10:43
    não só está mantendo Jenesis
    e outras pessoas vivas,
  • 10:43 - 10:47
    mas produz uma receita
    de quase US$ 1,5 bilhão por ano.
  • 10:47 - 10:50
    (Aplausos)
  • 10:50 - 10:51
    CA: Aí está!
  • 10:53 - 10:57
    Você tornou esta companhia pública, certo?
  • 10:57 - 10:59
    E fez uma grande fortuna.
  • 10:59 - 11:04
    E a propósito, quanto pagou
    para a Glaxo depois dos US$ 25 mil?
  • 11:04 - 11:07
    MR: Bem, todo ano nós pagamos a eles
    10% de US$ 1,5 bilhão,
  • 11:07 - 11:11
    US$ 150 milhões,
    US$ 100 milhões no último ano.
  • 11:11 - 11:14
    É o melhor investimento
    que eles já fizeram. (Risos)
  • 11:14 - 11:16
    CA: E a melhor notícia de todas, imagino,
  • 11:16 - 11:18
    é esta.
  • 11:18 - 11:22
    MR: Sim, Jenesis é uma jovem
    absolutamente brilhante.
  • 11:22 - 11:25
    Ela está viva e saudável, com 30 anos.
  • 11:25 - 11:28
    Aqui você vê a mim, Bina e Jenesis.
  • 11:28 - 11:30
    A coisa mais maravilhosa sobre a Jenesis
  • 11:30 - 11:33
    é que ela poderia fazer
    qualquer coisa com sua vida,
  • 11:33 - 11:37
    e acredite em mim, se você cresce
    ouvindo o tempo todo
  • 11:37 - 11:40
    pessoas dizendo na sua cara
    que você tem uma doença fatal,
  • 11:40 - 11:45
    eu provavelmente fugiria para o Taiti
    e não ia querer reencontrar ninguém.
  • 11:45 - 11:48
    Mas em vez disso, ela escolheu
    trabalhar na United Therapeutics.
  • 11:48 - 11:51
    Ela diz que quer fazer tudo o que puder
    para ajudar outras pessoas
  • 11:51 - 11:54
    com doenças raras a obter medicamentos
  • 11:54 - 11:58
    e hoje ela é líder de projeto
    de todas atividades de telepresença,
  • 11:58 - 12:02
    ajudando a unir digitalmente toda empresa
    para trabalhar em conjunto
  • 12:02 - 12:05
    para encontrar a cura
    para hipertensão pulmonar.
  • 12:05 - 12:08
    CA: Mas nem todos com esta doença
    têm sido tão afortunados.
  • 12:08 - 12:12
    Ainda há pessoas morrendo,
    e você está combatendo isso também. Como?
  • 12:12 - 12:17
    MR: Exato, Chris. Só nos Estados Unidos
    cerca de 3 mil pessoas por ano,
  • 12:17 - 12:20
    talvez dez vezes este número
    em todo o mundo,
  • 12:20 - 12:22
    continuam a morrer desta doença
  • 12:22 - 12:24
    porque os medicamentos
    diminuem o progresso da doença,
  • 12:24 - 12:26
    mas não a detêm.
  • 12:26 - 12:31
    A única cura para hipertensão pulmonar,
    fibrose pulmonar,
  • 12:31 - 12:33
    fibrose cística, enfisema,
  • 12:33 - 12:36
    doença pulmonar obstrutiva crônica,
    que matou Leonard Nimoy,
  • 12:36 - 12:39
    é o transplante de pulmão.
  • 12:39 - 12:44
    Mas infelizmente nos EUA
    só há pulmões disponíveis para transplante
  • 12:44 - 12:47
    para 2 mil pessoas por ano,
  • 12:47 - 12:50
    enquanto em torno de meio milhão
    de pessoas por ano
  • 12:50 - 12:52
    morre de falência pulmonar.
  • 12:52 - 12:55
    CA: Então como você pode contornar isto?
  • 12:55 - 12:57
    MR: Eu concebi a possibilidade
  • 12:57 - 12:59
    de que da mesma forma que mantemos
  • 12:59 - 13:03
    carros, aviões e construções funcionando
  • 13:03 - 13:07
    com uma oferta ilimitada
    de peças e materiais de construção,
  • 13:07 - 13:11
    por que não criar uma oferta ilimitada
    de órgãos transplantáveis
  • 13:11 - 13:13
    para manter pessoas vivendo
    indefinidamente,
  • 13:13 - 13:16
    especialmente pessoas
    com doenças pulmonares?
  • 13:16 - 13:22
    Então nos juntamos ao decodificador
    do genoma humano, Craig Venter,
  • 13:22 - 13:23
    e a companhia que ele fundou
  • 13:23 - 13:27
    com Peter Diamandis,
    o fundador da X Prize,
  • 13:27 - 13:29
    para modificar geneticamente
  • 13:29 - 13:31
    o genoma do porco
  • 13:31 - 13:35
    para que os órgãos do porco
    não sejam rejeitados pelo corpo humano
  • 13:35 - 13:38
    e dessa forma criar uma oferta ilimitada
  • 13:38 - 13:41
    de órgãos transplantáveis.
  • 13:41 - 13:44
    Fazemos isso através de nossa empresa,
    United Therapeutics.
  • 13:44 - 13:47
    CA: então você realmente acredita
    que dentro de uma década,
  • 13:47 - 13:51
    a escassez de pulmões transplantáveis
    estará resolvida, desta forma?
  • 13:51 - 13:53
    MR: Absolutamente, Chris.
  • 13:53 - 13:57
    Estou tão certa disso quanto
    estava do sucesso que teríamos
  • 13:57 - 14:00
    com a televisão por satélite, Sirius XM.
  • 14:00 - 14:02
    Na verdade não é um bicho de sete cabeças.
  • 14:02 - 14:05
    É simplesmente ir mapeando
    um gene depois do outro.
  • 14:05 - 14:10
    Temos sorte de termos nascido em uma época
    em que sequenciar genomas
  • 14:10 - 14:12
    é atividade de rotina,
  • 14:12 - 14:15
    e o pessoal incrível da Synthetic Genomics
  • 14:15 - 14:17
    é capaz de se concentrar
    no genoma do porco,
  • 14:17 - 14:20
    encontrar exatamente quais genes
    são problemáticos, e consertá-los.
  • 14:20 - 14:23
    CA: Mas não só corpos...
    pensar nisso é maravilhoso.
  • 14:23 - 14:27
    (Aplausos)
  • 14:27 - 14:31
    Não só corpos duráveis
    interessam a você agora,
  • 14:31 - 14:33
    mas também as mentes duráveis.
  • 14:33 - 14:38
    E acho que este gráfico diz
    algo muito profundo para você.
  • 14:38 - 14:40
    O que ele significa?
  • 14:40 - 14:44
    MR: O que este gráfico significa,
    e ele vem de Ray Kurzweil,
  • 14:44 - 14:48
    é que a taxa de desenvolvimento
    no processamento do hardware,
  • 14:48 - 14:51
    "firmware" e software de um computador
  • 14:51 - 14:54
    tem avançado ao longo de uma curva
  • 14:54 - 14:58
    tal que nos anos de 2020, como vimos
    em apresentações anteriores hoje,
  • 14:58 - 15:02
    haverá tecnologia de informação
  • 15:02 - 15:05
    que processe a informação
    e o mundo ao nosso redor
  • 15:05 - 15:08
    no mesmo nível
    que as mentes humanas processam.
  • 15:09 - 15:12
    CA: E se isto acontecer, você estará
    preparado para este mundo,
  • 15:12 - 15:16
    acreditando que em breve
    será possível,
  • 15:16 - 15:22
    de alguma maneira, realmente preservar
    o conteúdo de nossos cérebros para sempre.
  • 15:22 - 15:24
    Como você descreve isso?
  • 15:24 - 15:29
    MR: Bem, Chris, estamos trabalhando
    em simular uma situação
  • 15:29 - 15:31
    onde pessoas possam criar
    um arquivo mental.
  • 15:31 - 15:35
    Um arquivo mental é o conjunto
    de seu comportamento, personalidade,
  • 15:35 - 15:37
    recordações, sentimentos,
  • 15:37 - 15:39
    crenças, atitudes e valores,
  • 15:39 - 15:45
    tudo que postamos hoje
    no Google, na Amazon, no Facebook,
  • 15:45 - 15:51
    e toda esta informação armazenada
    permitirá, dentro de duas décadas,
  • 15:51 - 15:55
    assim que o software for capaz
    de recapitular a consciência,
  • 15:55 - 16:01
    permitirá reviver a consciência
    eminente no nosso arquivo mental.
  • 16:01 - 16:03
    CA: Mas você não está apenas
    brincando com isto.
  • 16:03 - 16:06
    Você fala sério. Quer dizer, quem é esta?
  • 16:06 - 16:11
    MR: Esta é uma versão robô
    da minha amada esposa, Bina.
  • 16:11 - 16:13
    E nós a chamamos Bina 48.
  • 16:13 - 16:16
    Ela foi programada
    pela Hanson Robotics, no Texas.
  • 16:16 - 16:20
    Esta é a página central
    da revista National Geographic
  • 16:20 - 16:22
    com um de seus cuidadores,
  • 16:22 - 16:24
    e ela percorre a web
  • 16:24 - 16:29
    e tem centenas de horas de trejeitos
    e personalidades da Bina.
  • 16:29 - 16:32
    Ela é como uma criança de dois anos,
  • 16:32 - 16:35
    mas diz coisas
    que chocam as pessoas,
  • 16:35 - 16:36
    talvez melhor expressado
  • 16:36 - 16:41
    por Amy Harmon, do New York Times,
    ganhadora do Pulitzer,
  • 16:41 - 16:44
    que diz que suas respostas
    são quase sempre frustrantes,
  • 16:44 - 16:50
    mas algumas vezes tão convincentes quanto
    as de pessoas reais que ela entrevistou.
  • 16:50 - 16:54
    CA: Então é seu pensamento,
    sua esperança,
  • 16:54 - 16:58
    que esta versão de Bina, de alguma forma,
    possa viver para sempre,
  • 16:58 - 17:03
    ou alguma versão superior a esta
    possa viver para sempre?
  • 17:03 - 17:05
    MR: Sim. Não apenas Bina, mas todo mundo.
  • 17:05 - 17:10
    Sabe, praticamente não temos custo
    em armazenar nossos arquivos mentais
  • 17:10 - 17:12
    no Facebook, Instagram, ou o que seja.
  • 17:12 - 17:17
    As mídias sociais são a invenção
    mais extraordinária de nosso tempo,
  • 17:17 - 17:21
    e à medida que se tornam disponíveis
    aplicativos que nos permitem
  • 17:21 - 17:24
    superar a Siri, cada vez mais,
  • 17:24 - 17:26
    e desenvolver sistemas operacionais
    conscientes,
  • 17:26 - 17:29
    todas as pessoas no mundo,
    bilhões de pessoas,
  • 17:29 - 17:33
    poderão desenvolver clones
    de suas próprias mentes
  • 17:33 - 17:35
    que terão vida própria na web.
  • 17:36 - 17:39
    CA: Então, Martine, a questão é que,
    em qualquer conversa normal,
  • 17:39 - 17:41
    isso soaria completamente maluco,
  • 17:41 - 17:45
    mas no contexto de sua vida,
    do que você fez,
  • 17:45 - 17:47
    algumas coisas que ouvimos esta semana,
  • 17:47 - 17:49
    realidades construídas pela nossa mente,
  • 17:49 - 17:52
    você não duvida de que vá conseguir.
  • 17:52 - 17:55
    MR: Bem, eu penso que na verdade
    isto não está vindo de mim.
  • 17:55 - 18:02
    No máximo, talvez eu esteja sendo
    uma propagadora das atividades
  • 18:02 - 18:05
    que estão sendo executadas
    pelas maiores empresas
  • 18:05 - 18:09
    na China, Japão, Índia, EUA, Europa.
  • 18:09 - 18:14
    Existem dezenas de milhões de pessoas
    trabalhando em escrever código
  • 18:14 - 18:18
    que expresse mais e mais
    aspectos da consciência humana,
  • 18:18 - 18:23
    e não é preciso ser um gênio
    para ver que todas estas linhas
  • 18:23 - 18:26
    irão se juntar e basicamente
    criar consciência humana,
  • 18:26 - 18:29
    e daremos valor a isso.
  • 18:29 - 18:33
    Existe tanta coisa pra fazer na vida,
    e se pudermos ter uma imagem,
  • 18:33 - 18:35
    um dublê digital para nós mesmos,
  • 18:35 - 18:39
    para ajudar-nos a processar
    livros, fazer compras,
  • 18:39 - 18:40
    ser nosso melhor amigo,
  • 18:40 - 18:44
    acho que nossos clones mentais,
    versões digitais de nós mesmos,
  • 18:44 - 18:45
    por fim serão nossos melhores amigos,
  • 18:45 - 18:48
    e para mim e para Bina, pessoalmente,
  • 18:48 - 18:50
    nós nos amamos como loucos.
  • 18:50 - 18:52
    Todos os dias dizemos:
  • 18:52 - 18:55
    "Uau, eu amo você ainda mais
    do que 30 anos atrás."
  • 18:55 - 18:58
    Então para nós,
    a perspectiva de clones mentais
  • 18:58 - 19:00
    e corpos regenerados
  • 19:00 - 19:03
    significa que nosso caso de amor
    pode durar para sempre.
  • 19:03 - 19:06
    Nunca nos cansamos um do outro.
    Nunca cansaremos, tenho certeza.
  • 19:06 - 19:09
    CA: Acredito que Bina esteja aqui, certo?
    MR: Sim, ela está.
  • 19:09 - 19:11
    CA: Seria demais, eu não sei,
    temos um microfone?
  • 19:11 - 19:15
    Bina, podemos convidá-la ao palco?
    Preciso fazer uma pergunta a você.
  • 19:15 - 19:16
    Além disso, precisamos vê-la.
  • 19:16 - 19:23
    (Aplausos)
  • 19:23 - 19:25
    Obrigado, obrigado.
  • 19:25 - 19:28
    Venha e junte-se a Martine.
  • 19:28 - 19:32
    Veja, quando vocês casaram,
  • 19:32 - 19:35
    se alguém tivesse dito
    que em poucos anos
  • 19:35 - 19:38
    o homem com quem você estava casando
    se tornaria uma mulher,
  • 19:38 - 19:40
    e poucos anos depois disso
    você se tornaria uma robô...
  • 19:40 - 19:44
    (Risos)
  • 19:44 - 19:46
    Como teria sido isso para você?
  • 19:46 - 19:49
    Bina Rothblatt: Realmente tem sido
    uma jornada empolgante,
  • 19:49 - 19:52
    e naquele tempo eu nunca
    teria pensado nisso,
  • 19:52 - 19:56
    mas começamos a estipular
    metas e alcançá-las
  • 19:56 - 19:57
    e realizar coisas,
  • 19:57 - 20:00
    antes que você se dê conta,
    nós vamos seguindo
  • 20:00 - 20:02
    e ainda não paramos,
    isso é o máximo.
  • 20:02 - 20:05
    CA: Martine me contou algo realmente lindo
  • 20:05 - 20:08
    no Skype antes disso,
  • 20:08 - 20:14
    disse que quer viver centenas de anos
  • 20:14 - 20:16
    como um arquivo mental,
  • 20:16 - 20:19
    mas só se for com você.
  • 20:19 - 20:21
    BR: Isso mesmo, queremos
    fazer isso juntas.
  • 20:21 - 20:25
    Nós também somos criogenistas
    e queremos acordar juntas.
  • 20:25 - 20:27
    CA: Como vocês sabem,
    do meu ponto de vista,
  • 20:27 - 20:31
    esta não é apenas uma das mais
    surpreendentes vidas de que ouvi falar;
  • 20:31 - 20:34
    é uma das mais surpreendentes
    histórias de amor que já ouvi.
  • 20:34 - 20:36
    É um prazer ter vocês duas aqui no TED.
  • 20:36 - 20:38
    CA: Muito obrigado.
    MR: Obrigada.
  • 20:38 - 20:40
    (Aplausos)
Title:
Minha filha, minha esposa, nosso robô e a busca da imortalidade
Speaker:
Martine Rothblatt
Description:

A fundadora da rádio por satélite Sirius XM, Martine Rothblatt, dirige uma empresa farmacêutica que produz medicamentos para doenças raras (inclusive um remédio que salvou a vida de sua própria filha). Enquanto isso, ela trabalha para preservar a consciência da mulher que ela ama em um arquivo digital... e um robô de companhia. Numa conversa com o entrevistador do TED, Chris Anderson, Rothblatt divide sua poderosa história de amor, identidade, criatividade e possibilidades ilimitadas.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
21:04

Portuguese, Brazilian subtitles

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