Lições das antigas redes sociais | Tom Standage | TEDxOxbridge
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0:05 - 0:07Vou falar-vos das redes sociais.
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0:08 - 0:11Talvez digam: "Mais uma pessoa
a desbobinar sobre as redes sociais?" -
0:11 - 0:14Mas vou dar-vos uma forma diferente
de olhar para as redes sociais -
0:14 - 0:17uma forma de que, certamente,
nunca ouviram falar. -
0:17 - 0:19Quero dar-vos uma perspetiva
histórica das redes sociais. -
0:19 - 0:23Mas, para isso, temos de definir primeiro
o que são as redes sociais. -
0:23 - 0:24A minha definição é esta:
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0:24 - 0:28São informações que recebemos,
fundamentalmente, de outras pessoas, -
0:28 - 0:30que são partilhadas
pelas nossas relações sociais -
0:30 - 0:32e criam um debate
ou uma comunidade distribuída, -
0:32 - 0:35para além das pessoas
com quem estamos fisicamente. -
0:35 - 0:38Assim, é muito diferente de ouvir
uma voz impessoal a sair da rádio. -
0:38 - 0:39É esta a minha definição.
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0:40 - 0:42Se a definirmos desta forma,
torna-se evidente. -
0:42 - 0:44É assim que funciona.
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0:44 - 0:47Temos um grupo de pessoas
que publicam "tweets" entre si. -
0:47 - 0:50Uma, no meio, está ligada
a este grupo aqui. -
0:50 - 0:51E assim, eles propagam-se.
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0:51 - 0:55Percebemos como isto funciona hoje
nas redes sociais baseadas na Internet, -
0:55 - 0:57no Twitter, no Facebook, no Instagram
e em todas elas. -
0:57 - 0:59Mas, na verdade, este modelo,
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0:59 - 1:01esta transmissão horizontal,
pessoa a pessoa, -
1:01 - 1:04não exige uma rede digital,
para funcionar. -
1:04 - 1:08Passei os últimos anos a procurar
exemplos que ocorrem na história. -
1:09 - 1:13Porque penso que os ambientes
de redes sociais já existiam há séculos. -
1:13 - 1:16Então, quais são as condições necessárias
para um ambiente de uma rede social? -
1:16 - 1:18Precisamos de várias coisas:
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1:18 - 1:21literacia, porque, para enviar
mensagens a pessoas distantes, -
1:21 - 1:24é preciso saber escrever,
e elas precisam de saber ler. -
1:24 - 1:29Também é preciso que o custo de partilhar,
de copiar e de enviar essas informações -
1:29 - 1:30seja relativamente baixo.
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1:31 - 1:35Hoje, é praticamente gratuito porque
temos os "smartphones" e a banda larga. -
1:36 - 1:39Mas acontece que estas condições
já existiam anteriormente na história. -
1:39 - 1:44Tanto quanto posso afirmar, a primeira vez
foi no final da república romana. -
1:44 - 1:46Este é Terêncio Neo e a sua mulher.
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1:46 - 1:49Era padeiro em Pompeia.
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1:49 - 1:52Exibem sinais de literacia.
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1:52 - 1:55Ele tem um pergaminho
e ela uma tabuinha de cera. -
1:55 - 1:58Era uma espécie de bloco-notas
para os romanos. -
1:58 - 2:01Estão a dizer: "Reparem em nós,
nós sabemos ler e escrever". -
2:01 - 2:03Sentem-se orgulhosos da sua literacia.
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2:03 - 2:05Os romanos eram uma sociedade
relativamente letrada. -
2:06 - 2:08Os romanos escreviam bastante
uns aos outros. -
2:08 - 2:11Tanto quanto sei, o primeiro
ecossistema de rede social -
2:11 - 2:12surgiu na elite romana.
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2:13 - 2:15Todos escrevem cartas uns aos outros,
trocando notícias. -
2:15 - 2:18A elite romana era um grupo de famílias
que se casavam entre si. -
2:18 - 2:22Portanto, as notícias políticas
eram as notícias sociais. -
2:22 - 2:26Fulano e sicrano andam zangados,
fulana divorciou-se de sicrana, etc. -
2:26 - 2:30Se olharmos para as cartas do estadista
e orador Cícero, por exemplo, -
2:30 - 2:31vemos isso muito claramente.
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2:32 - 2:34Este é um excerto de uma das suas cartas:
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2:34 - 2:37"Enviei-te a 24 de março uma cópia
da carta de Balbus para mim... -
2:37 - 2:39"e da carta de César para ele".
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2:39 - 2:42Vemos cartas que passam
por duas e três mãos. -
2:42 - 2:44Isto parece ter sido muito utilizado.
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2:44 - 2:47As cartas eram essencialmente
documentos semipúblicos. -
2:47 - 2:50Esta é outra, em que Cícero
escreveu uma carta -
2:50 - 2:52indicando a sua opinião
sobre qualquer coisa. -
2:52 - 2:55É uma carta aberta, ou seja,
envia-a ao destinatário -
2:55 - 2:57e também dá cópias dela
aos amigos que lhe pedem: -
2:57 - 3:00"Ouvi dizer que escreveste
uma boa carta", etc. -
3:00 - 3:02Ele guardava todo o correio que recebia.
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3:02 - 3:05Temos as cartas que Cícero
envia e as que recebe. -
3:05 - 3:07Podemos ver o que ele fazia.
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3:07 - 3:09É o que ele está a fazer aqui. Diz:
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3:09 - 3:12"Ouvi dizer que a minha carta
foi amplamente publicada". -
3:12 - 3:13Era o que ele queria.
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3:13 - 3:16Era assim que se publicavam
os livros no mundo romano. -
3:16 - 3:17Não havia imprensas.
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3:17 - 3:20Primeiro, era preciso escrever um livro.
Seriam imensos pergaminhos. -
3:20 - 3:24Dava-se o livro à pessoa mais rica,
e mais influente que se conhecia -
3:24 - 3:26que tinha muitos visitantes
na sua biblioteca. -
3:26 - 3:29Depois, os eruditos iam
à biblioteca, liam-no e diziam: -
3:29 - 3:31"Este livro é bom. Posso levar uma cópia?"
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3:31 - 3:34O patrono abastado punha
os seus escribas a fazer uma cópia -
3:34 - 3:37que ele levava para a sua biblioteca,
multiplicando-o. -
3:37 - 3:39Só quando os livros se propagavam
e as pessoas falavam neles -
3:39 - 3:42e pediam cópias, é que os livreiros
começavam a produzi-los. -
3:43 - 3:44Os autores romanos queriam
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3:44 - 3:46que os seus livros
fossem pirateados ao máximo. -
3:46 - 3:48Era um sistema de autor-para-autor.
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3:48 - 3:52Outra coisa que era distribuída
entre iguais era o jornal romano. -
3:52 - 3:56Chamava-se a Acta Diurna,
fundada em 59 a.C. por Júlio César. -
3:56 - 3:59Era publicado diariamente.
Sabem quantos exemplares se produziam? -
4:00 - 4:03Espetador: Um.
Tom Standage: Um. Certo. Um exemplar. -
4:03 - 4:04Estava no fórum.
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4:04 - 4:06Quem quisesse lê-lo, tinha de lá ir.
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4:07 - 4:09Se quisesse lê-lo noutro local qualquer,
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4:09 - 4:12era o público que tinha
de fazer a distribuição. -
4:12 - 4:14Assim, mandavam o seu escriba e diziam:
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4:15 - 4:18"Vai lá, toma nota dos cabeçalhos
que me podem interessar. -
4:18 - 4:20"Porque quero ler as notícias
ao pequeno almoço". -
4:20 - 4:23O escriba fazia isso
e levava-lhe as notícias. -
4:23 - 4:26Era nisto que leríamos as notícias.
Tem um aspeto familiar. -
4:26 - 4:28É um iPad romano.
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4:28 - 4:30(Risos)
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4:30 - 4:35É uma tabuinha de cera, mas o aspeto
é exatamente o mesmo. -
4:35 - 4:37O tamanho é idêntico.
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4:38 - 4:40Se voltarmos àquela mulher de há bocado,
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4:40 - 4:43ela tem um Galaxy S4 romano.
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4:43 - 4:45(Risos)
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4:45 - 4:49Os botões estavam no meio
do lado comprido, o que é interessante. -
4:49 - 4:51Esta era a forma
como as notícias circulavam. -
4:51 - 4:55Quem saísse da cidade e quisesse
manter-se informado das notícias -
4:55 - 4:57os amigos copiavam bocados
da Acta Diurna -
4:57 - 5:00e extratos das cartas
que tinham recebido. -
5:00 - 5:03Recebiam as notícias pelos amigos.
era um sistema de rede social. -
5:04 - 5:06Avancemos um pouco.
Este é outro exemplo. -
5:06 - 5:09Passa-se 1500 anos depois,
este é Martinho Lutero. -
5:09 - 5:12Martinho Lutero entra numa guerra
com a Igreja Católica -
5:12 - 5:14sobre a doutrina das indulgências
-
5:14 - 5:18ou seja, a venda de bulas
para "livrar-se do purgatório". -
5:18 - 5:22Acha que é uma ideia estúpida
e escreve 95 teses, -
5:22 - 5:27essencialmente questões que quer debater,
perguntas que quer que o Papa responda. -
5:27 - 5:29Hoje seria uma lista
no BuzzFeed e seria intitulada: -
5:29 - 5:32"95 razões por que o Papa
está errado quanto às indulgências", -
5:32 - 5:34ou qualquer coisa assim.
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5:34 - 5:36Se aparecesse no BuzzFeed,
chamar-lhe-iam: -
5:36 - 5:38"95 razões idiotas
por que o Papa está errado..." -
5:39 - 5:42Mas ele escreve essa longa lista
-
5:42 - 5:45e espeta-a na porta da igreja
em Wittenberg, para dizer: -
5:45 - 5:47"Quero discutir isto".
Foi isso que fizeram. -
5:47 - 5:49As pessoas começaram
a copiá-la e a difundi-la. -
5:49 - 5:51Depois, chegou aos impressores.
-
5:51 - 5:53Estava em latim. Imprimiram cópias.
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5:53 - 5:55Chegou aos impressores
das cidades vizinhas. -
5:55 - 5:58Provocou tamanho alvoroço
que voltaram a imprimi-la. -
5:58 - 6:00Espalhou-se a outras cidades.
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6:00 - 6:01Lutero não fez nada.
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6:01 - 6:04Alguns dos impressores
traduziram-na para alemão, -
6:04 - 6:06e ela atingiu as pessoas
que não sabem latim. -
6:07 - 6:09Espalhou-se muito depressa.
Este é um contemporâneo de Lutero: -
6:09 - 6:12"Demorou duas semanas
a espalhar-se pela Alemanha -
6:12 - 6:14"e um mês a espalhar-se
por toda a Europa". -
6:14 - 6:16Isto foi uma surpresa total para Lutero.
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6:16 - 6:20Ele diz que não acredita que as suas teses
"sejam impressas e circulem" -
6:20 - 6:22"muito para além das minhas expetativas".
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6:22 - 6:24Então, ocorre-lhe uma ideia e continua:
-
6:24 - 6:27"Espera... esta é a forma de espalhar
a minha opinião sobre as indulgências". -
6:27 - 6:30Então, escreve outro panfleto, em alemão,
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6:30 - 6:32dá-o ao impressor
em Wittenberg, onde vive. -
6:33 - 6:35Imprime mil cópias que são
enviadas para as cidades vizinhas -
6:35 - 6:39onde outros impressores imprimem
mais cópias, e vai-se espalhando. -
6:39 - 6:41É assim que ele difunde a sua mensagem.
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6:41 - 6:45Como é que sabemos que isso foi eficaz?
Como podemos medir isso? -
6:45 - 6:48Hoje medimos a eficácia
duma campanha nas redes sociais -
6:48 - 6:52contando os "retweets",
os "likes", os "reblogs", etc. -
6:52 - 6:55Acontece que podemos fazer
o mesmo para Martinho Lutero -
6:55 - 6:59porque podemos contar o número de vezes
que os seus panfletos foram reimpressos -
6:59 - 7:01— o número de novas edições.
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7:01 - 7:04Se olharmos para a estatística
do tráfego de Lutero, -
7:04 - 7:05têm este aspeto.
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7:05 - 7:06(Risos)
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7:07 - 7:10Quem tem um blogue WordPress,
está habituado a ver coisas como esta. -
7:10 - 7:12Lutero ficaria muito satisfeito
ao ver isto. -
7:12 - 7:14Estão a ver, este enorme pico são 1523.
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7:14 - 7:19Os vermelhos são os panfletos em alemão,
os azuis são os panfletos em latim. -
7:19 - 7:22A cor mais clara são as reimpressões,
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7:22 - 7:24a cor mais escura são os panfletos
originais de Lutero. -
7:24 - 7:27Vemos picos enormes na reimpressão.
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7:27 - 7:30Cada um deles são mais mil cópias.
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7:30 - 7:35É isto que faz com que a mensagem
se espalhe pela Alemanha e para além dela. -
7:36 - 7:39O resultado é o cisma na Igreja
entre católicos e protestantes. -
7:39 - 7:41A Reforma nasce a partir daqui.
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7:41 - 7:44Esta é outra plataforma de redes sociais.
Esta está ligada a Oxford. -
7:44 - 7:48Este é o primeiro café
em Inglaterra, aqui em Oxford. -
7:48 - 7:51Os cafés eram uma fantástica
plataforma de partilhar informações. -
7:51 - 7:53Era onde apareciam os panfletos
-
7:54 - 7:56e os novos livros, que eram
antecessores dos jornais. -
7:56 - 7:59As pessoas reuniam-se, liam-nos
e comentavam-nos -
7:59 - 8:01e depois enviavam-nos pelo correio
para outros cafés. -
8:01 - 8:04Participavam em discussões enormes
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8:04 - 8:06que ocorriam nos cafés.
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8:06 - 8:10O notável nestes cafés
era que não eram só para beber café -
8:10 - 8:15também eram convidadas
pessoas de diversas classes sociais. -
8:15 - 8:18Assim, havia os nobres, os mecânicos,
os senhores e a canalha, -
8:18 - 8:20todos a falar uns com os outros.
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8:20 - 8:21As ideias entrecruzavam-se
-
8:22 - 8:24entre diferentes grupos
e círculos sociais, -
8:24 - 8:26de uma forma que anteriormente
não era possível. -
8:26 - 8:30Isso acabou por ter
impactos de longo alcance. -
8:30 - 8:32Mas o principal efeito
-
8:32 - 8:35era permitir que as pessoas
ficassem expostas a ideias novas -
8:35 - 8:39e participassem numa discussão
mais amplas das coisas que ocorriam. -
8:39 - 8:41Chamavam aos cafés
"universidades do cêntimo". -
8:41 - 8:43Pagava-se um cêntimo pelo café
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8:43 - 8:46e podia-se participar num ambiente
de partilha de informações -
8:46 - 8:48extraordinariamente fascinante e aditivo.
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8:48 - 8:51Há muitos mais exemplos.
Já ando a colecioná-los há uns tempos. -
8:52 - 8:56Este é um livro vulgar
onde escrevemos coisas interessantes, -
8:56 - 8:59como no Tumblr ou no Pinterest:
"Oh, que interessante!" -
8:59 - 9:03Raramente são coisas nossas. Por isso digo
que é como o Tumblr ou o Pinterest. -
9:03 - 9:0580% das coisas no Tumblr
ou no Pinterest são partilhadas. -
9:05 - 9:10Acontece o mesmo com estes livros comuns.
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9:10 - 9:13Quase tudo são poemas, listas
e aforismos de outras pessoas. -
9:13 - 9:15Partilha-se o livro e os amigos
copiam aquilo de que gostam. -
9:15 - 9:19O que optamos por partilhar com eles
e o que escolhemos para pôr no livro -
9:19 - 9:21é uma forma de nos definirmos
e exprimirmos. -
9:21 - 9:24Outros exemplos: os poemas
antes da Revolução Francesa, -
9:24 - 9:28os panfletos na Guerra Civil Inglesa,
os panfletos antes da Revolução Americana. -
9:28 - 9:30Tenho imensos exemplos.
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9:31 - 9:34A pergunta é: se as redes sociais
são vulgares em toda a história -
9:34 - 9:36o que se passou? Porque é
que nunca reparámos nisso? -
9:36 - 9:39A resposta é que passámos
deste tipo de ambiente -
9:39 - 9:42em que as pessoas partilham coisas
nas redes sociais -
9:42 - 9:44e no século XIX, mudámos
para este tipo de modelo, -
9:45 - 9:47em que um pequeno número de pessoas
-
9:47 - 9:49difunde uma mensagem muito eficazmente
-
9:49 - 9:52para uma audiência enorme
mas de modo impessoal. -
9:52 - 9:55Isto começa com a imprensa a vapor
e com os jornais de grande circulação, -
9:55 - 9:59depois continua com a rádio e a TV
e esse tipo de coisas. -
9:59 - 10:03Permite que um pequeno grupo seletivo
de pessoas — chamemos-lhes jornalistas — -
10:03 - 10:05atinjam um grande número de pessoas.
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10:05 - 10:08Nem sempre são jornalistas,
porque este é o exemplo mais conhecido -
10:08 - 10:13da eficácia com que podemos
propagar uma mensagem: a propaganda. -
10:13 - 10:15Este é o Volksempfänger nazi.
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10:15 - 10:18Conhecemos o Volkswagen,
o automóvel do povo. -
10:18 - 10:21Esta é a rádio do povo
mas era a rádio do povo -
10:21 - 10:24porque foi criada para só poder
difundir notícias da Alemanha. -
10:24 - 10:27Não era podia ouvir
notícias do estrangeiro. -
10:27 - 10:30Era-se obrigado a ouvir Hitler
sempre a fazer os seus discursos. -
10:30 - 10:32Este tipo de controlo centralizado
-
10:32 - 10:34é o oposto total das redes sociais.
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10:34 - 10:38Isto foi o que aconteceu no século XIX
e na maior parte do século XX. -
10:38 - 10:41Penso que nos dá uma nova forma
de olhar para os "media" -
10:41 - 10:44porque agora "as redes sociais
voltaram, graças à Internet". -
10:44 - 10:47A Internet torna mais barato
atingir uma grande audiência de pessoas. -
10:47 - 10:51Já não é preciso uma enorme imprensa
dispendiosa ou um transmissor de rádio. -
10:51 - 10:54Basta ir à plataforma social
da nossa escolha -
10:54 - 10:58e o que escrevemos ou publicamos,
talvez atinja uma audiência de milhões. -
10:59 - 11:02Penso que, em vez de olhar
para esta história dos "media" -
11:02 - 11:04como uma divisão entre "media"
antigos e novos, -
11:04 - 11:08— "antigo" como analógico,
impresso, difundido, -
11:08 - 11:11e "novo" como digital, Internet
e mais social — -
11:11 - 11:13penso que não é a história completa.
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11:13 - 11:15Precisamos de pensar mais deste modo.
-
11:15 - 11:18Havia os "media" realmente antigos
-
11:18 - 11:20que eram muito semelhantes
aos "media" novos. -
11:21 - 11:23O corte dá-se em 1833,
-
11:23 - 11:26quando foi lançado
o primeiro jornal em Nova Iorque. -
11:26 - 11:29Para mim, é o início dos "media" antigos,
desta centralização. -
11:29 - 11:36Penso que este período dos "media"
pré-antigos nos podem dizer muita coisa. -
11:36 - 11:39Isso significa que os antigos sistemas
de redes sociais -
11:39 - 11:41têm muitas lições a ensinar-nos.
-
11:41 - 11:44Vou falar rapidamente apenas de três.
Esta é a primeira: -
11:44 - 11:48"As redes sociais são uma distração
perigosa, uma perda de tempo?" -
11:48 - 11:51De certeza que já ouviram isto,
é uma queixa muito vulga: -
11:51 - 11:54"Não devíamos chamar-lhes
redes sociais, -
11:54 - 11:56"devíamos chamar-lhes
redes antissociais". -
11:56 - 11:57(Risos)
-
11:58 - 12:00É uma queixa muito antiga.
-
12:00 - 12:03Este é alguém que faz exatamente
a mesma queixa em Oxford -
12:03 - 12:05na década de 1670.
-
12:05 - 12:08Anthony Wood diz: "Porque é que
os estudantes já não fazem os trabalhos? -
12:08 - 12:10"Porque estão todos no café,
-
12:10 - 12:13"a partilhar informações com os amigos".
(Risos) -
12:13 - 12:15Acontece que isso também acontecia
em Cambridge. -
12:16 - 12:17(Risos)
-
12:17 - 12:19Oportunidades iguais, não é?
Oxbridge! -
12:19 - 12:22Exatamente as mesmas queixas
em Cambridge: -
12:22 - 12:25os estudantes já não fazem os trabalhos
porque estão no café. -
12:25 - 12:29Este é um panfleto
que se queixa da mesma coisa: -
12:29 - 12:32"...os cafés são os inimigos
da diligência e do trabalho -
12:32 - 12:34"e a ruína dos jovens sérios..."
-
12:34 - 12:37porque as pessoas só andam
a perder tempo. -
12:37 - 12:41Mas será verdade? Vejam o que aconteceu
no final do século XVII. -
12:41 - 12:45Verão que, em vez de serem inimigos
da diligência e do trabalho -
12:45 - 12:47os cafés eram cadinhos da inovação.
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12:47 - 12:50Permitiam que as pessoas e as ideias
se misturassem de novas formas. -
12:50 - 12:52Daí saíram coisas incríveis.
-
12:52 - 12:55A revolução científica, por exemplo.
-
12:55 - 12:58Temos cientistas a reunirem-se nos cafés.
-
12:58 - 13:00A Sociedade Real surge das pessoas
que se encontram nos cafés -
13:00 - 13:02aqui em Oxford e em Londres.
-
13:03 - 13:05Por vezes, até fazem experiências
e palestras nos cafés. -
13:05 - 13:10O meu exemplo preferido é que Isaac Newton
escreve Principia Mathematica, -
13:10 - 13:13a base da ciência moderna,
para dirimir uma discussão num café -
13:13 - 13:15entre Wren, Hooke e Halley.
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13:15 - 13:17Deitem as culpas para o café.
-
13:17 - 13:20Do mesmo modo, os cafés levaram
à inovação comercial. -
13:20 - 13:23O Lloyd's de Londres começa
como um café chamado Lloyd's. -
13:23 - 13:26Outro café na outra esquina
chamado Jonathan's -
13:26 - 13:28acaba como a Bolsa de Valores de Londres.
-
13:29 - 13:31Surge uma inovação fantástica
desta colisão de ideias. -
13:31 - 13:33O mesmo é possível
nas redes sociais atuais. -
13:33 - 13:37Algumas empresas estão a perceber isso,
e usam as redes sociais, internamente, -
13:37 - 13:39para fomentar a colaboração e a inovação.
-
13:40 - 13:42"Qual é o papel das redes sociais
nas revoluções?" -
13:42 - 13:45Ouvimos falar muito nisto
depois da Primavera Árabe. -
13:45 - 13:47Qual foi o papel do Facebook e do Twitter
-
13:47 - 13:49no que aconteceu na Tunísia e no Egito?
-
13:49 - 13:51Podemos chamar-lhes revoluções Twitter?
-
13:51 - 13:54Acontece que podemos descobri-lo
perguntando à História. -
13:54 - 13:56Podemos perguntar a Martinho Lutero:
-
13:56 - 13:58"A partir da rápida difusão das teses,
-
13:58 - 14:01"percebi o que a maior parte da nação
pensa sobre as indulgências". -
14:01 - 14:04Ou seja, a popularidade dos panfletos
foi um mecanismo indicador -
14:04 - 14:07para ele e para os leitores dos panfletos,
-
14:07 - 14:09de que todos sentiam o mesmo
quanto às indulgências. -
14:09 - 14:13Os especialistas dos "media" modernos
chamam-lhe o sincronismo de opiniões. -
14:13 - 14:18Significa que quem não tem a certeza
de partilhar a mesma opinião dos outros, -
14:18 - 14:20pode descobrir que partilha.
-
14:20 - 14:23Hoje podemos saber se 80 000 pessoas
gostam duma página do Facebook que diz: -
14:23 - 14:26"Vamos fazer uma manifestação no sábado".
-
14:26 - 14:30Naquela época, podiam sabê-lo, quando iam
ao vendedor dos panfletos e ele dizia; -
14:30 - 14:32"Lamento, mas o Lutero está esgotado".
-
14:32 - 14:35Ficavam a saber que outras pessoas
estavam a tentar comprar -
14:35 - 14:37e estavam interessadas
no que ele tinha a dizer. -
14:37 - 14:40Isso diz-nos que as redes sociais
não causam a revolução -
14:40 - 14:42como um efeito subjacente,
obviamente, -
14:42 - 14:47mas ajudam-na a espalhar-se
mais rapidamente. -
14:47 - 14:51Jared Cohen exprimiu isto no Google,
dizendo que são um acelerador. -
14:51 - 14:54Não iniciam um incêndio,
mas ajudam-no a lavrar. -
14:54 - 14:56Acho que é uma boa forma
de pensar nelas. -
14:56 - 14:58Por fim, "as redes sociais são uma moda?"
-
14:58 - 15:02Espero ter-vos convencido
de que elas existem há muito tempo. -
15:02 - 15:07Não são uma moda. Se houve alguma moda
foi a época dos velhos "media" de massas. -
15:07 - 15:10Essa foi uma anomalia histórica,
se a quiserem ver nestes termos. -
15:11 - 15:14Agora voltámos a um modelo mais social
-
15:14 - 15:16como o que tivemos
em meados do século XIX. -
15:16 - 15:19Desta vez está super carregado
pela Internet. -
15:19 - 15:21"As redes sociais não são uma moda,
-
15:21 - 15:23"a era dos 'media' sociais
é que foram uma anomalia". -
15:23 - 15:26As redes sociais vieram para ficar.
-
15:26 - 15:30Espero ter-vos convencido de que
os utilizadores das redes sociais modernas -
15:30 - 15:32— espero que estejam todos no Twitter —
-
15:32 - 15:34são os herdeiros
duma tradição com séculos. -
15:34 - 15:37Espero que isto mude a forma
como olham para as redes sociais, -
15:37 - 15:42que tenham percebido que estas atividades
modernas têm antepassados históricos. -
15:43 - 15:46Espero ter-vos convencido
que as redes sociais -
15:46 - 15:48não só nos interligam
uns aos outros, no presente, -
15:48 - 15:51como nos interligam ao passado.
-
15:51 - 15:52Obrigado.
-
15:52 - 15:54(Aplausos)
- Title:
- Lições das antigas redes sociais | Tom Standage | TEDxOxbridge
- Description:
-
As redes sociais não são uma tendência moderna, mas também uma tendência antiga, conforme explica Tom Standage. Em TEDxOxbridge, leva-nos numa visita guiada à história de como as notícias e as ideias se espalhavam e se debatiam — das cartas de Cícero aos cafés da Inglaterra isabelina — e mostra que as redes sociais afinal não são assim tão novas.
Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 16:00
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