Como seu cérebro se apaixona | Dawn Maslar | TEDxBocaRaton

Durante séculos, poetas e filósofos especularam o que faz com que duas pessoas se apaixonem. Agora, a bióloga e mestre em ciências, Dawn Maslar, coloca um toque inovador nesta questão antiga. A ciência agora pode tirar o mistério do amor. Graças à mais recente neurociência, podemos finalmente explicar como o seu cérebro se apaixona.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

Como o seu cérebro se apaixona?

É algo mágico que acontece ao seu cérebro,

ou há algo biológico
que acontece com o seu cérebro

que nos faz apaixonar?

Essa foi a minha pergunta.

Isso é o que sabemos sobre o amor:

sabemos que alguns neurotransmissores
aumentam e alguns diminuem.

Seu nível de cortisol,
o hormônio do estresse, aumenta,

fazendo com que você se sinta nervoso,

enquanto o seu nível de ocitocina aumenta,
fazendo com que você se sinta amoroso.

A testosterona de uma mulher aumenta,
fazendo com que ela seja mais agressiva,

enquanto a redução em um homem
o faz ficar mais passivo.

E, em ambos, o nível de serotonina cai
tornando-os um pouco mais obcecados.

E, embora saibamos o que acontece,
não sabemos como você chega lá.

Existem certos processos
químicos que acontecem,

incluindo o ponto de inflexão,
onde você tem um aumento;

e também uma reação enzimática, em que
você tem uma diminuição subsequente.

Qualquer um desses se encaixaria
perfeitamente na parte que faltava.

Então eu estava pensando nisso,
e por acaso estava de férias.

Eu visitava minha família,

e tenho um primo que é PhD em bioquímica,

então decidi aproveitar a oportunidade
para usar o cérebro dele.

Eu disse a ele o que sabia sobre o amor.

Eu disse: "Certos neurotransmissores
aumentam, alguns diminuem.

Eu acho que pode ser bioquímico".

Eu olhei para ele e ele usou
essa expressão "plausível".

Eu disse: "Alguns podem ter
uma reação ao ponto de inflexão".

Ele disse, "plausível",
ou parecia plausível.

Aí eu disse: "Outros podem ser enzimáticos
com uma diminuição subsequente".

Mais uma vez, ele me deu
a expressão facial de plausível.

Ele não é um grande falador,
então pensei que isso ia muito bem.

(Risos)

Mas antes que eu pudesse formular
minha próxima pergunta,

minha avó de 95 anos falou, e ela disse:

"Vocês, jovens, não sabem
nada sobre o amor".

Fiquei chocada e disse: "Sim, eu sei.
Por isso estamos falando sobre isso".

Ela disse: "Seu problema é que vocês,
mocinhas, vão para cama rápido demais.

(Risos)

Vocês se apaixonam, mas um garoto
não se apaixona desse jeito".

E eu meio que olhei para ela, e disse:

"OK, vamos conversar um pouco mais.
Como um garoto se apaixona?"

E ela disse: "No meu tempo,
uma garota sabia que se ela

quisesse que um menino
se apaixonasse por ela,

ela não podia dormir
com ele imediatamente".

Eu já tinha ouvido isso antes:
coisas como a regra dos três encontros,

há a regra de 90 dias
do livro de Steve Harvey:

"Aja como uma dama, pense como um homem",

mas sempre achei que eram anedóticas.

Não achava que houvesse
qualquer ciência por trás,

então olhei para meu primo.

Seu rosto já não dizia plausível.

Decidi continuar com minha
avó por causa do namoro;

a questão era o namoro.

Eu disse: "Quanto tempo você precisa
esperar antes de fazer sexo?"

Ela diz: "Ah, você espera
para fazer sexo até ele se apaixonar".

"OK. Bem, vovó, como eu sei
quando ele se apaixona?"

Ela diz: "Ah, é fácil, você sabe que está
apaixonado quando ele se compromete".

Eu olhei para meu primo
e fiquei tipo: "O que você acha?"

E ele abaixou a cabeça,
e ele apenas balançou.

(Risos)

Ele disse: "OK, vovó,
é hora de ir para casa".

Percebi que ele não estava
comprando a ideia,

e minha pesquisa teve
que continuar em outro dia.

Voltei para casa e entrei
na biblioteca de pesquisa.

O problema é que não há muita pesquisa
sobre como os humanos se apaixonam,

principalmente, pela maneira
como pesquisamos.

Imagine um cara dizendo: "Ah, eu te amo".

Ele se apaixona, e aí
um pesquisador chega dizendo:

"Parabéns! Posso injetar isso em seu
cérebro para ver se isso tem efeito?"

Você não vai conseguir muitos voluntários.

Então tivemos que confiar na segunda
melhor coisa: estudos com animais.

Mas que animais se apaixonam?

Nós sabemos que quando os humanos
se apaixonam são exclusivos de uma pessoa,

então eles começaram a olhar para outras
criaturas que se uniam exclusivamente.

E eles acabaram se fixando nesses caras:
a ratazana monogâmica da pradaria.

Quando uma ratazana da pradaria encontra
um parceiro no qual ela está interessada,

ela basicamente irá acasalar
por toda a vida.

Eles começaram a olhar
os neurotransmissores

para ver o que acontecia,

e o que descobriram foi

que uma das primeiras coisas
que aumenta é a dopamina.

E se eles bloquearem a dopamina,
perderiam o sentimento amoroso.

Eles pensaram: "Oh, dopamina",
mas eles sabiam que havia um problema.

Não poderias ser a dopamina
com amor romântico humano,

porque a dopamina sobe com muitas coisas.

Isso acontece com o jogo, chocolate,
jogando Candy Crush,

(Risos)

então não poderia ser dopamina.

Então eles disseram: "Bem,
sabemos que há outra coisa

envolvida na ligação;
é chamada ocitocina".

E a ocitocina aumenta em mães e filhos,
o que faz com que eles se liguem.

Disseram: "Vamos dar uma olhada nisso",
então eles observaram.

Descobriram que, quando a fêmea encontra
um macho em quem está interessada,

sua ocitocina aumenta em 51%,

e então, se bloquearem,
ela perde essa sensação de amor.

Então eles disseram:
"Ah, deve ser dopamina e ocitocina",

mas havia um problema.

Não pode ser ocitocina para um macho,
por causa da testosterona.

A testosterona bloqueia
os efeitos da ocitocina.

Então eles disseram:
"Tem que ser algo diferente".

Eles olharam para algo que tinha
uma fórmula semelhante à ocitocina,

que é a vasopressina.

Eles fizeram o estudo novamente.

Os ratos se encontrariam.
Eles teriam a vasopressina.

Eles injetariam um antagonista,
um bloqueio químico à vasopressina;

ele perdeu esse sentimento amoroso.

Então eles disseram: "Ah, então tem que
ser dopamina e vasopressina para machos,

e possivelmente um pouco de testosterona,
porque sabemos que ela aumenta".

Então eles disseram: "Ah, perfeito".

O que isso significa para nós?
Isso é aplicável?

Para descobrir isso,

escrevi para um dos diretores de estudos

da Universidade Estadual
da Flórida e perguntei:

"O estudo da ratazana
é aplicável a humanos?"

Sua resposta é um pouco embaraçosa;
ele escreveu de volta: "Claro, Dawn!"

O ponto de exclamação é dele.

Não queria escrever de volta
para mais esclarecimentos.

Isso foi um pouco embaraçoso,
então eu não precisei.

Felizmente para mim, Tiffany Love,
da Universidade de Michigan,

veio a público, e ela disse que acreditava

que os estudos da ratazana e o amor
romântico humano eram semelhantes.

Ótimo! Agora o que isso significa?

Bem, se olharmos para o mecanismo,
podemos ver que, para as mulheres,

isso significaria aumentos de dopamina
e aumentos de ocitocina.

A dopamina aumenta quando estamos
namorando, quando vamos vencer;

estamos animados: vamos ganhar
o grande prêmio do amor.

Enquanto você estiver namorando,
estiver feliz, sua dopamina está subindo.

A ocitocina sobe; é chamado de hormônio
do carinho, ou o hormônio da confiança,

então quando você está beijando, afagando,
curtindo, a ocitocina aumenta.

Quando você namora um homem
e está aprendendo a confiar nele,

sua oxitocina aumenta.

Mas há uma pegadinha.

A ocitocina se acumula lentamente
dessa maneira, mas dispara ao orgasmo.

Em outras palavras, minha avó podia
estar certa em alguma coisa.

Lembra-se do que ela disse?

"Vocês meninas, vão para cama
rápido demais; vocês se apaixonam."

Estava começando a parecer

que a ciência estava saindo
do que minha avó disse.

Então eu olhei para a outra parte:
como um homem se apaixona?

Se olharmos para isso, dopamina...

Se ele está se divertindo,
sua dopamina está subindo,

mas como a vasopressina aumenta?

A vasopressina aumenta quando
um homem é sexualmente estimulado.

Se ele namora uma mulher
em quem está sexualmente interessado,

a vasopressina aumenta.

Mas aqui está o truque:

ao contrário da ocitocina, a vasopressina
diminui quando ele faz sexo.

Quão importante é isso?

Bem, eu investiguei mais.

A Universidade Estadual da Flórida
fez um estudo que diz

que não são apenas os neurotransmissores
que são importantes.

Você tem que ter os receptores.
E como você pega os receptores?

Você recebe os receptores
com a presença dos neurotransmissores.

Neurotransmissores mandam
o corpo produzir receptores,

logo você deve ter
neurotransmissores altos o bastante

para produzir receptores
para, então, os preencher.

Isso significa que leva algum tempo.

Mas havia mais uma coisa
que minha avó disse, lembra?

"Você conhece um homem apaixonado
por você quando ele se compromete."

O compromisso poderia
ter algo a ver com isso?

Para descobrir isso, encontrei um estudo
da Força Aérea dos Estados Unidos.

A Força Aérea acompanhou mais de 2 mil
militares por mais de uma década,

realizando vários testes.

Um dos testes que eles fizeram
foi para a testosterona.

O que eles descobriram é que,
quando um cara entra e ele é solteiro,

sua testosterona é relativamente alta,
mas assim que ele se casa, ela cai.

Lembra o que eu te falei
sobre testosterona?

Bloqueia os efeitos da ocitocina.

A ocitocina é um hormônio de ligação,

por isso parecia que poderia
ter algo a ver com isso,

mas precisava de mais esclarecimentos.

Foi o casamento?
Foi realmente o compromisso?

Fizeram um estudo
na Universidade de Harvard.

Levaram homens casados, homens solteiros
e homens em relacionamentos sólidos.

Eles testaram sua testosterona.

Foi isso que eles descobriram:

como no estudo da Força Aérea,

os homens solteiros
tinham testosterona alta,

enquanto os homens que eram casados
tinham testosterona mais baixa.

E aqui está o problema:
nos homens que eram casados

e nos homens em relacionamentos sólidos,

o nível de testosterona não diferia.

Isso significa que a testosterona
não caiu quando ele se casou,

caiu antes, quando ele se comprometeu.

Então isso significa
que minha avó parece estar certa.

As mulheres correm um risco maior e tendem
a se apaixonar quando elas fazem sexo,

e os homens tendem a se apaixonar
quando eles se comprometem.

Então isso confirmou algo
para mim que eu sempre suspeitei,

não apenas que as mulheres
tendem a se apaixonar por sexo

e homens por compromisso,

algo ainda mais importante,

e isso é: minha avó é brilhante.

(Risos)

(Aplausos)