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Por que os capacetes não evitam a concussão - e o que poderá evitar

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    A palavra concussão hoje em dia
    evoca mais medo do que nunca,
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    e falo isso por experiência própria.
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    Joguei futebol americano por dez anos
    e recebi milhares de pancadas na cabeça.
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    No entanto, tenho de confessar
    que muito pior do que isso
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    foram alguns acidentes de bicicleta
    nos quais sofri concussões,
  • 0:21 - 0:26
    e ainda hoje lido com as consequências
    das concussões mais recentes.
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    Esse medo da concussão
    tem algum fundamento.
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    Há informação de que um histórico
    de repetidas concussões
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    pode levar à demência precoce,
    como o Alzheimer,
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    e à encefalopatia traumática crônica.
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    Esse foi o assunto do filme "Um Homem
    entre Gigantes", de Will Smith.
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    E todo mundo a associa ao futebol
    americano e às atividades militares,
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    mas talvez vocês não saibam
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    que andar de bicicleta é a maior causa
    de concussão em crianças,
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    a concussão relacionada ao esporte.
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    Outra coisa que preciso dizer,
    e que talvez vocês não saibam,
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    é que os capacetes usados no ciclismo,
    no futebol e em muitas atividades
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    não são feitos ou testados
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    para proteger seus filhos
    contra a concussão.
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    Na verdade, eles são feitos e testados
    para proteger contra a fratura do crânio.
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    Então, os pais sempre me questionam...
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    eles perguntam: "Você deixaria
    seu filho jogar futebol americano"?
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    ou: "Devo deixar meu filho jogar futebol"?
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    E acho que, como campo de estudo,
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    estamos longe de dar uma resposta
    com qualquer tipo de certeza aqui.
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    Assim, vejo essa pergunta
    de uma perspectiva um pouco diferente
  • 1:45 - 1:49
    e quero saber como podemos
    prevenir a concussão.
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    E será que isso é possível?
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    A maioria dos experts acha que não,
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    mas o trabalho que fazemos
    no meu laboratório
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    está começando a revelar
    mais detalhes acerca da concussão,
  • 2:01 - 2:04
    de modo que possamos ter
    um melhor entendimento.
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    A prevenção da fratura craniana
    com capacetes só é possível
  • 2:07 - 2:09
    porque é algo muito simples;
    sabemos como funciona.
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    Mas a concussão ainda é um mistério.
  • 2:12 - 2:16
    Por isso, para lhes dar uma ideia
    do que ocorre durante uma concussão,
  • 2:17 - 2:19
    quero mostrar um vídeo
  • 2:19 - 2:23
    que pode ser encontrado ao se digitar
    no Google "O que é concussão?"
  • 2:23 - 2:28
    No site do CDC há esse vídeo
    que explica praticamente tudo.
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    Vemos a cabeça
    sendo lançada para a frente,
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    o cérebro sendo lançado em seguida,
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    para logo depois alcançar a cabeça
    e se chocar contra o crânio,
  • 2:37 - 2:39
    ricocheteando,
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    e ser jogado para o outro lado do crânio.
  • 2:43 - 2:47
    E o que vocês vão ver
    realçado neste vídeo do CDC,
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    que foi patrocinado pela NFL,
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    é que a superfície externa do cérebro,
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    onde ele se chocou com o crânio,
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    parece que foi lesionada ou ferida,
    ou seja, no lado externo do cérebro.
  • 3:00 - 3:03
    E gostaria de usar este vídeo para dizer
  • 3:03 - 3:05
    que provavelmente há
    alguns aspectos corretos,
  • 3:05 - 3:08
    com os quais os cientistas concordariam,
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    mas há provavelmente
    mais erros do que acertos.
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    Uma coisa com a qual concordo,
    assim como a maioria dos experts,
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    é que o cérebro tem esta dinâmica:
  • 3:16 - 3:20
    ele se atrasa com relação
    ao crânio, depois o alcança
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    e se move para trás
    e para frente e oscila.
  • 3:22 - 3:23
    Concordamos que isso seja verdade.
  • 3:24 - 3:27
    No entanto, a extensão do deslocamento
    do cérebro, que se vê no vídeo,
  • 3:27 - 3:29
    provavelmente não está correta.
  • 3:29 - 3:32
    Há literalmente pouquíssimo
    espaço na caixa craniana,
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    apenas uns poucos milímetros,
  • 3:34 - 3:37
    e ela está inteiramente preenchida
    com o líquido cefalorraquidiano,
  • 3:37 - 3:39
    que age como uma camada protetora.
  • 3:39 - 3:43
    Assim, o cérebro provavelmente
    se move muito pouco dentro do crânio.
  • 3:45 - 3:48
    Um outro problema com o vídeo
    é que o cérebro é mostrado
  • 3:48 - 3:51
    como um todo rígido ao se mover,
  • 3:51 - 3:53
    o que também não é verdade.
  • 3:54 - 3:57
    O cérebro é uma das substâncias
    mais macias do nosso corpo,
  • 3:57 - 3:59
    e é possível imaginá-lo
    meio como gelatina.
  • 3:59 - 4:02
    E, quando a cabeça se move
    pra trás e pra frente,
  • 4:02 - 4:04
    o cérebro se torce, gira e se contorce,
  • 4:04 - 4:06
    e seu tecido está sendo estirado.
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    Então, a maioria dos experts concordaria
  • 4:10 - 4:13
    que a concussão provavelmente
    não é algo que acontece
  • 4:13 - 4:14
    na superfície externa do cérebro,
  • 4:15 - 4:18
    mas algo que ocorre muito mais fundo
    no centro do cérebro.
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    Bem, a forma como estamos
    abordando o problema
  • 4:22 - 4:24
    de tentar entender
    os mecanismos da concussão,
  • 4:24 - 4:29
    e descobrir se podemos preveni-los,
    é usando um aparelho assim.
  • 4:29 - 4:30
    É um protetor bucal.
  • 4:31 - 4:35
    Ele possui sensores que basicamente
    são os mesmos do nosso celular:
  • 4:35 - 4:38
    acelerômetros e giroscópios,
  • 4:38 - 4:42
    e, quando alguém é atingido na cabeça,
    ele nos revela como a cabeça se moveu
  • 4:42 - 4:45
    com mil amostras por segundo.
  • 4:47 - 4:51
    O princípio por trás do protetor bucal
    é o seguinte: ele se encaixa nos dentes.
  • 4:51 - 4:54
    Os dentes são uma das substâncias
    mais duras do nosso corpo.
  • 4:54 - 4:56
    Assim, ele se fixa rigidamente ao crânio
  • 4:56 - 5:00
    e nos dá a medida mais precisa
    possível de como o crânio se move.
  • 5:00 - 5:03
    Tentaram-se outras
    abordagens, com capacetes.
  • 5:03 - 5:06
    Pensamos em outros sensores
    colocados na pele,
  • 5:06 - 5:09
    mas eles simplesmente se mexiam demais,
  • 5:09 - 5:12
    e então descobrimos
    que esta é a única forma confiável
  • 5:12 - 5:13
    de obtermos boas mensurações.
  • 5:15 - 5:20
    Agora que temos este aparelho,
    podemos ir além de estudar cadáveres,
  • 5:20 - 5:23
    pois há um limite para se aprender
    sobre concussão dessa forma,
  • 5:23 - 5:26
    e queremos aprender estudando
    seres humanos vivos.
  • 5:26 - 5:30
    Então, onde encontrar um grupo
    de voluntários que quisessem
  • 5:30 - 5:34
    dar cabeçadas uns nos outros regularmente
  • 5:34 - 5:36
    e ganhar uma concussão?
  • 5:36 - 5:38
    Bem, eu fui um deles,
  • 5:38 - 5:41
    no nosso querido time local
    de futebol americano de Stanford.
  • 5:42 - 5:45
    Bem, este é nosso laboratório,
    e quero lhes mostrar
  • 5:45 - 5:48
    a primeira concussão
    que medimos com este aparelho.
  • 5:48 - 5:52
    Vale lembrar que o aparelho
    possui um giroscópio,
  • 5:52 - 5:55
    o que permite medir a rotação da cabeça.
  • 5:55 - 5:59
    A maioria dos especialistas considera
    esse um fator crítico para nos dizer
  • 5:59 - 6:00
    o que acontece numa concussão.
  • 6:01 - 6:03
    Assim, por favor, assistam a este vídeo.
  • 6:03 - 6:07
    (Vídeo) Locutor: Os Cougars demoram
    a descer, mas Luck tem tempo,
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    e Winslow é atingido.
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    Tomara que esteja tudo bem com ele.
  • 6:12 - 6:15
    (Gritos da torcida)
  • 6:19 - 6:20
    No topo da tela,
  • 6:20 - 6:22
    vocês vão vê-lo chegando,
  • 6:22 - 6:25
    se desvencilhando; ponto de safety!
  • 6:25 - 6:28
    (Gritos da torcida)
  • 6:28 - 6:31
    Agora, na velocidade real,
    dá para ouvir o baque.
  • 6:33 - 6:35
    O golpe desferido por...
  • 6:35 - 6:36
    (Pausa no vídeo)
  • 6:36 - 6:38
    David Camarillo: Desculpem,
    mas três vezes é demais.
  • 6:38 - 6:39
    (Risos)
  • 6:39 - 6:41
    Já deu para terem uma ideia.
  • 6:41 - 6:43
    Assistindo ao vídeo,
  • 6:43 - 6:47
    podemos ver que ele foi atingido
    forte e se machucou.
  • 6:47 - 6:51
    Mas, ao extrair os dados
    do protetor bucal usado por ele,
  • 6:51 - 6:54
    obtivemos muito mais detalhes,
    informações muito mais ricas.
  • 6:54 - 6:56
    E uma das coisas que notamos aqui
  • 6:56 - 7:00
    é que ele foi golpeado no lado
    esquerdo inferior de sua máscara facial.
  • 7:00 - 7:03
    E primeiro isso provocou algo
    um pouco contraintuitivo.
  • 7:03 - 7:05
    Sua cabeça não se moveu para a direita.
  • 7:05 - 7:07
    Na verdade, ela rodou
    primeiro para a esquerda.
  • 7:07 - 7:10
    Então, quando o pescoço
    começou a ser comprimido,
  • 7:10 - 7:13
    a força do golpe a fez
    ricochetear de volta para a direita.
  • 7:13 - 7:19
    Esse movimento da esquerda
    para a direita foi como uma chicotada,
  • 7:19 - 7:23
    e provavelmente foi isso
    que levou à lesão cerebral.
  • 7:23 - 7:27
    O aparelho se limita apenas
    a medir o movimento do crânio,
  • 7:27 - 7:30
    mas o que realmente queremos saber
    é o que acontece dentro do cérebro.
  • 7:31 - 7:34
    Assim, fizemos uma parceria
    com o grupo Svein Kleiven, na Suécia.
  • 7:34 - 7:38
    Eles desenvolveram uma modelagem
    cerebral de elemento finito.
  • 7:38 - 7:43
    Esta é uma simulação que usou os dados
    do protetor bucal da lesão mostrada.
  • 7:43 - 7:45
    E vemos o cérebro...
  • 7:45 - 7:48
    este é um corte transversal na frente
  • 7:48 - 7:50
    do cérebro torcendo
    e se contorcendo, como mencionei.
  • 7:50 - 7:53
    Então dá pra ver que não
    se parece muito com o vídeo do CDC.
  • 7:53 - 7:55
    As cores que vocês estão vendo
  • 7:55 - 7:59
    mostram o quanto
    o tecido cerebral foi esticado.
  • 7:59 - 8:01
    O vermelho equivale a 50%.
  • 8:01 - 8:04
    Significa que o cérebro foi esticado
    até 50% do comprimento original
  • 8:04 - 8:06
    do seu tecido naquela área.
  • 8:06 - 8:09
    Gostaria de chamar a atenção
    para esta área vermelha.
  • 8:09 - 8:13
    Esta área vermelha está
    muito próxima do centro do cérebro
  • 8:13 - 8:15
    e, falando relativamente,
  • 8:15 - 8:19
    não se veem muitas cores
    como essas na superfície externa,
  • 8:19 - 8:22
    como mostrou o vídeo do CDC.
  • 8:23 - 8:28
    Para explicar mais detalhadamente
    como achamos que a concussão ocorre,
  • 8:28 - 8:30
    tenho de dizer
  • 8:30 - 8:33
    que nós e outros observamos
    que uma concussão é mais provável
  • 8:33 - 8:36
    quando, após a pancada,
    a cabeça roda nesta direção.
  • 8:37 - 8:39
    Isso é mais comum em esportes
    como o futebol americano,
  • 8:39 - 8:43
    mas esse movimento parece ser
    mais perigoso; então, o que acontece?
  • 8:43 - 8:47
    Bem, uma diferença que podemos notar
    entre o cérebro humano e de outros animais
  • 8:47 - 8:50
    é que temos esses dois grandes lobos.
  • 8:50 - 8:52
    Temos o hemisfério direito e o esquerdo.
  • 8:52 - 8:55
    E o importante nesta figura
  • 8:55 - 8:58
    é que, separando bem no meio
    o hemisfério direito e o esquerdo,
  • 8:58 - 9:01
    há uma grande fissura
    que se aprofunda no cérebro.
  • 9:01 - 9:05
    E, no fundo dessa fissura, não dá para
    ver, vão ter de confiar na minha palavra,
  • 9:05 - 9:08
    existe um feixe de tecidos
    fibrosos chamado "foice",
  • 9:08 - 9:12
    que vai da frente até a parte
    de trás da cabeça,
  • 9:12 - 9:13
    e é bem rígido.
  • 9:13 - 9:17
    Assim, quando sofremos uma pancada,
  • 9:17 - 9:20
    e a cabeça gira no sentido
    da esquerda para a direita,
  • 9:20 - 9:24
    forças podem pressionar rapidamente
    a base do centro do cérebro.
  • 9:24 - 9:27
    Bem, o que existe no fundo dessa fissura?
  • 9:27 - 9:30
    É a conexão do seu cérebro,
  • 9:30 - 9:34
    e de fato esse feixe vermelho
    aqui no fundo dessa fissura
  • 9:34 - 9:37
    é o maior feixe de fibras
  • 9:37 - 9:41
    da conexão que liga os lados
    direito e esquerdo do cérebro.
  • 9:41 - 9:43
    É chamado de corpo caloso.
  • 9:43 - 9:45
    E achamos que esse possa ser
  • 9:45 - 9:49
    um dos mecanismos
    mais comuns da concussão
  • 9:49 - 9:54
    e, quando as forças pressionam para baixo,
    elas atingem o corpo caloso,
  • 9:54 - 9:57
    causando uma dissociação
    entre os dois hemisférios,
  • 9:57 - 10:00
    e isso poderia explicar alguns
    dos sintomas da concussão.
  • 10:01 - 10:03
    Essa descoberta também é
    consistente com o que vimos
  • 10:04 - 10:08
    nessa doença cerebral que mencionei,
    a encefalopatia traumática crônica.
  • 10:08 - 10:13
    Esta é a imagem de um ex-jogador
    profissional de futebol de meia-idade,
  • 10:13 - 10:17
    e o que quero mostrar é que,
    se olharem para o corpo caloso,
  • 10:17 - 10:21
    e vou voltar aqui para que possam ver
    o tamanho normal do corpo caloso
  • 10:21 - 10:25
    e o tamanho nessa pessoa que tem
    encefalopatia traumática crônica.
  • 10:26 - 10:28
    Ele está tremendamente atrofiado.
  • 10:28 - 10:31
    E o mesmo acontece
    com todo o espaço nos ventrículos.
  • 10:31 - 10:33
    Esses ventrículos são muito maiores.
  • 10:33 - 10:37
    Assim, todo esse tecido perto do centro
    do cérebro morreu ao longo do tempo.
  • 10:37 - 10:41
    Por isso, o que estamos descobrindo
    é realmente consistente.
  • 10:42 - 10:44
    Bem, temos boas notícias,
  • 10:44 - 10:48
    e espero que esta palestra
    lhes traga esperança.
  • 10:48 - 10:50
    Uma das coisas que notei,
  • 10:50 - 10:52
    especificamente sobre
    esse mecanismo de lesão,
  • 10:52 - 10:56
    é que, apesar de uma transmissão rápida
    da pressão de forças dentro da fissura,
  • 10:56 - 10:59
    ela ainda leva algum tempo.
  • 10:59 - 11:04
    Se conseguirmos desacelerar
    a cabeça apenas o suficiente
  • 11:04 - 11:07
    para que o cérebro não fique para trás,
  • 11:07 - 11:11
    e, em vez disso, que se mova
    em sincronia com o crânio,
  • 11:11 - 11:14
    então poderemos ser capazes de prevenir
    esse mecanismo da concussão.
  • 11:14 - 11:17
    Mas como desacelerar a cabeça?
  • 11:19 - 11:20
    (Risos)
  • 11:20 - 11:23
    Um capacete gigantesco.
  • 11:23 - 11:23
    (Risos)
  • 11:23 - 11:26
    Assim, com mais espaço, haverá mais tempo.
  • 11:26 - 11:29
    Estou brincando,
    mas talvez já conheçam isso.
  • 11:29 - 11:32
    Este é o futebol de bolha, e é um esporte.
  • 11:32 - 11:35
    Aliás, outro dia vi alguns jovens
    jogando perto da minha casa
  • 11:35 - 11:38
    e, até onde sei, não houve
    relato de concussões.
  • 11:38 - 11:40
    (Risos)
  • 11:40 - 11:46
    Mas, falando sério, esse princípio
    funciona, mas isso aí já é demais.
  • 11:46 - 11:51
    Não é algo prático para o ciclismo
    ou o futebol americano.
  • 11:52 - 11:56
    Então, fizemos uma parceria
    com uma empresa sueca chamada Hövding.
  • 11:56 - 11:58
    Alguns aqui já devem
    ter visto o trabalho deles,
  • 11:58 - 12:03
    e eles estão usando os mesmos princípios
    do ar para lhes dar espaço extra
  • 12:03 - 12:04
    para prevenir a concussão.
  • 12:05 - 12:07
    Crianças, por favor,
    não tentem isso em casa.
  • 12:09 - 12:11
    Esse dublê não está usando capacete.
  • 12:12 - 12:14
    Em vez disso, ele usa um colar cervical,
  • 12:14 - 12:17
    e esse colar possui sensores,
  • 12:17 - 12:21
    o mesmo tipo de sensores
    presentes no protetor bucal,
  • 12:21 - 12:24
    que detectam quando vai ocorrer
    uma provável queda,
  • 12:24 - 12:26
    e aí aciona um airbag, que se abre
  • 12:26 - 12:30
    da mesma forma que o airbag
    de um carro, basicamente.
  • 12:30 - 12:33
    Nos testes feitos em meu laboratório
    com esse dispositivo,
  • 12:33 - 12:37
    descobrimos que ele pode reduzir muito
    o risco de concussão em alguns cenários,
  • 12:37 - 12:39
    comparado com um capacete
    normal de bicicleta.
  • 12:39 - 12:41
    Assim, é um avanço muito animador.
  • 12:42 - 12:46
    Mas, para percebermos
    os benefícios da tecnologia
  • 12:46 - 12:48
    que poderá prevenir a concussão,
  • 12:48 - 12:51
    é preciso obedecer à legislação.
  • 12:51 - 12:53
    É uma realidade.
  • 12:53 - 12:56
    Este aparelho está à venda na Europa,
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    mas não nos EUA e, provavelmente,
    tão cedo não vai estar.
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    E quero lhes contar por quê.
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    Há algumas boas razões,
    mas outras nem tão boas assim.
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    O governo federal regula
    os capacetes de bicicleta.
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    A Consumer Product Safety
    Commission tem autorização
  • 13:11 - 13:13
    para aprovar a sua venda.
  • 13:13 - 13:15
    E este é o teste que é feito.
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    Isso volta ao que lhes disse
    no começo sobre fratura craniana.
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    É para isso que serve o teste,
  • 13:20 - 13:24
    que também é importante, pois pode salvar
    vidas, mas não acho que seja o suficiente.
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    Assim, por exemplo, algo
    que esse teste não avalia
  • 13:27 - 13:33
    é se o airbag vai abrir no momento e lugar
    certo, e não quando não é preciso.
  • 13:34 - 13:36
    De forma análoga, não vai nos dizer
  • 13:36 - 13:39
    se o capacete poderá prevenir
    a concussão ou não.
  • 13:39 - 13:43
    E os capacetes de futebol americano,
    os quais não são regulamentados,
  • 13:43 - 13:45
    também passam por um teste semelhante.
  • 13:46 - 13:50
    Não são regulados pelo governo:
    a maioria tem uma entidade representativa.
  • 13:50 - 13:55
    Mas essas entidades têm sido bem
    resistentes a atualizar seus padrões.
  • 13:55 - 13:59
    Em meu laboratório, estamos estudando
    não só o mecanismo da concussão,
  • 13:59 - 14:02
    mas queremos aprender
    a melhorar os padrões dos testes.
  • 14:02 - 14:07
    E esperamos que o governo possa
    usar esse tipo de informação
  • 14:07 - 14:10
    para encorajar a inovação,
    ao informar aos consumidores
  • 14:10 - 14:14
    quão protegidos estarão
    com um determinado capacete.
  • 14:14 - 14:17
    E, voltando à pergunta que fiz no começo:
  • 14:17 - 14:22
    "Eu ficaria tranquilo deixando meus filhos
    jogar futebol ou andar de bicicleta?"
  • 14:22 - 14:26
    Talvez isso seja só consequência
    da minha própria experiência traumática.
  • 14:26 - 14:30
    Fico muito mais nervoso com minha filha,
    Rose, andando de bicicleta.
  • 14:31 - 14:33
    Ela tem um ano e meio
  • 14:33 - 14:38
    e já quer, de qualquer jeito,
    disparar pelas ladeiras de São Francisco.
  • 14:38 - 14:40
    E esse é o final de uma delas.
  • 14:40 - 14:46
    Assim, meu objetivo pessoal é,
    e acredito que seja possível,
  • 14:46 - 14:48
    desenvolver mais essas tecnologias,
  • 14:48 - 14:51
    e, de fato, estamos trabalhando
    em algo que em especial
  • 14:51 - 14:54
    faz ótimo uso do espaço de um capacete.
  • 14:54 - 14:56
    E estou confiante de que vamos ser capazes,
  • 14:56 - 14:59
    antes de Rose estar pronta
    para andar sobre duas rodas,
  • 14:59 - 15:04
    de ter disponível algo que possa
    de fato reduzir o risco de uma concussão
  • 15:04 - 15:07
    e seja aceito pelos órgãos reguladores.
  • 15:07 - 15:09
    Então, o meu desejo...
  • 15:09 - 15:12
    apesar de saber que, para alguns aqui,
    a questão é mais imediata,
  • 15:12 - 15:14
    ainda tenho alguns anos à frente...
  • 15:14 - 15:18
    é ser capaz de dizer a esses pais e avós
  • 15:18 - 15:23
    que é seguro e saudável seus filhos
    participarem dessas atividades.
  • 15:23 - 15:26
    Tenho muita sorte de ter
    uma equipe maravilhosa em Stanford
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    trabalhando duro nisso.
  • 15:27 - 15:32
    Por isso, espero voltar daqui alguns anos
    com um resultado conclusivo,
  • 15:32 - 15:34
    mas, por ora, quero lhes dizer,
  • 15:34 - 15:37
    por favor, não sintam medo
    quando ouvirem "concussão".
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    Há esperança.
  • 15:38 - 15:39
    Obrigado.
  • 15:39 - 15:42
    (Aplausos)
Title:
Por que os capacetes não evitam a concussão - e o que poderá evitar
Speaker:
David Camarillo
Description:

O que é uma concussão? Provavelmente não é o que você pensa. Nesta palestra fundamentada em pesquisas de ponta, o bioengenheiro (e ex-jogador de futebol americano) David Camarillo mostra o que realmente acontece durante uma concussão -- e por que os capacetes esportivos comuns não conseguem evitá-la. Eis para onde aponta o futuro da prevenção da concussão.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:56

Portuguese, Brazilian subtitles

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