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Papel é melhor do que plástico? Repensando o folclore ambiental

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    Imagine que você está no supermercado,
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    fazendo suas compras,
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    e você pode escolher entre
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    sacola de plástico e de papel.
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    Qual delas você escolheria,
    se quisesse fazer
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    a coisa certa pelo meio ambiente?
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    A maioria das pessoas
    escolheria a de papel.
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    Certo, vamos pensar por quê.
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    Para começar, porque ela é marrom.
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    Portanto, deve ser boa
    para o meio ambiente.
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    Ela é biodegradável, reutilizável
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    e, às vezes, reciclável.
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    Quando as pessoas olham
    para uma sacola de plástico,
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    é provável que pensem em algo assim,
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    que todo mundo sabe
    que é absolutamente terrível.
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    Devemos evitar a todo custo
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    danos ambientais como esse.
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    Mas as pessoas, muitas vezes,
    não pensam
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    em coisas como esta,
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    o outro lado do espectro.
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    Para produzir materiais,
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    precisamos extraí-los do meio ambiente
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    e causar uma série de impactos ambientais.
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    Veja, o que acontece é que,
    quando precisamos
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    fazer escolhas difíceis,
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    nós, seres humanos, preferimos
    as soluções mais simples,
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    e por isso, costumamos
    pedir soluções simples.
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    Eu trabalho com design.
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    Aconselho designers
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    e pessoas inovadoras
    na área de sustentabilidade.
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    Todo mundo sempre me diz: "Olha, Leyla,
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    é só você me dar os materiais ecológicos."
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    E eu digo: "Bom, isso é bem complexo.
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    Teremos que passar quatro horas discutindo
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    o que exatamente significa
    'material ecológico'",
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    porque tudo, em algum momento,
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    vem da natureza,
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    e é a forma como se usa o material
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    que leva ao impacto ambiental.
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    Então, o que acontece
    é que precisamos confiar
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    em uma espécie de raciocínio intuitivo,
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    quando tomamos decisões.
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    Costumo chamar esse raciocínio intuitivo
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    de folclore ambiental,
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    que é tanto aquela voz
    dentro da sua cabeça,
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    quanto aquela sensação que você tem
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    quando faz a coisa certa,
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    como escolher a sacola de papel
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    ou comprar um carro de
    baixo consumo de combustível.
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    E o folclore ambiental
    é algo muito importante,
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    porque é uma tentativa
    de fazer a coisa certa.
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    Mas como saber se estamos realmente
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    reduzindo os impactos ambientais líquidos
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    que nossas ações
    enquanto indivíduos, profissionais
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    e sociedade estão causando
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    ao meio ambiente?
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    O problema do folclore ambiental
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    é que ele costuma se basear
    nas nossas experiências,
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    em coisas que ouvimos falar,
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    e geralmente não possui base científica.
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    E isso é muito complicado, porque vivemos
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    em sistemas incrivelmente complexos.
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    Temos os sistemas humanos:
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    comunicações, relações pessoais
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    e toda a sociedade que construímos.
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    Temos os sistemas industriais, que são,
    essencialmente, a economia toda.
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    Tudo isso precisa funcionar
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    dentro do sistema maior,
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    e, eu diria, o mais importante:
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    o ecossistema.
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    Veja, as escolhas que fazemos
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    enquanto indivíduos
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    e as escolhas que fazemos
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    em cada um de nossos empregos,
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    independentemente
    de sua posição hierárquica,
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    têm impacto em todos esses sistemas.
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    E o que acontece é que,
    se quisermos realmente lidar
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    com a questão da sustentabilidade,
    precisamos
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    encontrar maneiras de interligar
    esses sistemas complexos
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    e fazer escolhas melhores, que resultem
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    em ganhos ambientais líquidos.
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    É necessário aprender
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    a fazer mais com menos.
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    A população está aumentando
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    e todo mundo adora telefone celular,
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    principalmente em situações como esta.
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    Precisamos encontrar maneiras inovadoras
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    de resolver alguns
    desses problemas que enfrentamos,
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    e é aqui que entra o conceito de ciclo de vida.
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    Basicamente, tudo o que é criado
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    passa por uma série de etapas
    do ciclo de vida.
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    Então, usamos um processo científico
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    chamado avaliação do ciclo de vida,
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    também conhecido
    como "análise do ciclo de vida",
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    para se ter uma imagem mais clara
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    de como tudo o que fazemos na parte
    técnica desses sistemas
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    afeta o meio ambiente.
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    Então, voltamos lá atrás,
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    para a extração das matérias-primas,
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    e depois damos uma olhada na fabricação,
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    na embalagem, no transporte,
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    no uso e fim da vida útil.
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    Em cada uma dessas etapas,
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    o que fazemos
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    interage com o meio ambiente,
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    e podemos monitorar como essa interação
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    afeta os sistemas e serviços
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    que possibilitam a vida na Terra
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    e, ao fazer isso,
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    aprendemos algumas coisas
    absolutamente fascinantes
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    e já desmascaramos vários mitos.
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    Para começar, existe uma palavra
    que tem sido muito usada,
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    inclusive na área de marketing,
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    e que tem sido muito usada,
    acho eu, nesta conversa,
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    e quando se fala em sustentabilidade.
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    Essa palavra é "biodegradável".
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    Veja que biodegradabilidade é
    uma propriedade do material,
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    e não uma definição
    de seus benefícios ambientais.
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    Permitam-me explicar:
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    quando algo natural,
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    feito de fibra de celulose,
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    mesmo um pedaço de pão,
    restos de alimentos em geral
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    ou até mesmo um pedaço de papel,
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    quando algo natural acaba indo parar
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    no meio ambiente, essa coisa
    se decompõe normalmente.
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    As moléculas de carbono que ela acumulou
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    à medida em que crescia,
    são liberadas naturalmente
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    e voltam à atmosfera na
    forma de dióxido de carbono.
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    Mas essa é uma situação líquida.
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    A maioria das coisas naturais
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    não acaba indo parar na natureza.
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    A maioria das coisas, o lixo que
    produzimos, vai parar nos aterros.
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    O aterro sanitário
    é um ambiente diferente.
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    No aterro, essas mesmas
    moléculas de carbono
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    se decompõem de outro jeito,
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    porque o aterro é um ambiente anaeróbio:
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    não existe oxigênio lá.
    É um lugar apertado e quente.
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    Essas mesmas moléculas tornam-se metano,
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    que é um gás do efeito estufa
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    25 vezes mais poluente
    que o dióxido de carbono.
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    Portanto, se nossas alfaces velhas
    e os produtos
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    que jogamos fora,
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    feitos de material biodegradável,
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    forem parar em aterros,
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    isso contribui para a mudança climática.
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    Veja, hoje em dia existem equipamentos
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    que de fato capturam esse metano
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    e geram energia,
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    reduzindo a importância
    dos combustíveis fósseis.
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    Mas precisamos ficar espertos
    em relação a isso.
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    Precisamos identificar como
    podemos começar a aproveitar
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    esse tipo de coisa que já existe
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    e a projetar sistemas e serviços
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    para combater esses problemas.
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    Porque, atualmente, as pessoas falam:
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    "Vamos proibir as sacolas plásticas
    e distribuir sacolas de papel
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    porque é melhor para o meio ambiente".
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    Mas se você a joga no lixo,
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    e o aterro da sua região
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    é igual a qualquer outro,
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    ocorre uma contradição.
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    Sou uma designer de produto profissional
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    e estudei ciências sociais.
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    E, por isso, sou totalmente fascinada
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    pelos bens de consumo e como eles,
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    aos quais nos tornamos meio que imunes,
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    eles, que preenchem nossas vidas,
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    têm impacto sobre o meio ambiente.
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    Estes elementos aqui
    são verdadeiros criminosos.
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    Tenho certeza de que todos nesta sala
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    têm uma geladeira.
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    Os EUA têm a incrível habilidade
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    de fazer as geladeiras
    crescerem com o tempo.
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    Nos últimos anos, o tamanho padrão
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    da geladeira aumentou, em média
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    30,5 centímetros cúbicos.
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    O problema é que elas ficaram tão grandes
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    que somos incentivados
    a comprar mais comida
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    do que podemos comer, ou mesmo achar.
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    Veja, eu tenho coisas
    no fundo da minha geladeira
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    que estão lá há anos, sabe?
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    Então, o que acontece
    é que desperdiçamos mais comida,
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    e, como eu estava dizendo, o desperdício
    de alimentos é um problema.
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    Na verdade, aqui nos Estados Unidos,
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    40% dos alimentos comprados
    para casa são desperdiçados.
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    Metade dos alimentos produzidos
    no mundo são desperdiçados.
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    Essa é a estatística mais recente da ONU.
    Quase metade da comida.
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    É uma loucura. São 1,3 bilhões
    de toneladas de comida por ano,
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    e, para mim, a culpa é da geladeira,
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    principalmente nas culturas ocidentais,
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    porque ela facilita o desperdício.
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    Veja que a questão envolve
    vários sistemas complexos.
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    Não quero que pareça simplista demais,
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    mas a geladeira contribui
    fortemente para isso.
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    Uma de suas funcionalidades
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    é a gaveta de legumes.
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    Todo mundo aqui tem gaveta de legumes?
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    Aquela gaveta em que você coloca a alface?
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    Alfaces costumam ficar murchas
  • 7:31 - 7:33
    nas gavetas de legumes, não é?
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    Não ficam? Alfaces murchas?
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    No Reino Unido,
    isso é um problema tão grande
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    que um relatório do governo,
    há alguns anos,
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    concluiu que o segundo maior vilão
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    do desperdício de alimentos
    do país é a alface murcha.
  • 7:43 - 7:46
    Ele ficou conhecido como
    Relatório da Alface Murcha.
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    Certo? Então, isso é um problema, gente.
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    As coitadinhas das alfaces
    são jogadas fora
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    o tempo todo, porque as gavetas de legumes
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    não foram projetadas para manter
    a firmeza dos alimentos.
  • 7:55 - 7:57
    Para isso, é preciso um ambiente apertado,
  • 7:57 - 7:59
    sem ar,
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    para impedir a deterioração
    natural dos alimentos.
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    Mas as gavetas de legumes são só gavetas
  • 8:04 - 8:05
    com vedação um pouco melhor.
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    Bem, é lógico que tenho
    uma obsessão por isso.
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    Nunca me convide para ir à sua casa,
    se não vou começar a mexer na geladeira
  • 8:10 - 8:12
    e ficar fuçando essas coisas.
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    Mas, em resumo, isso é um grande problema,
  • 8:14 - 8:17
    porque, quando algo como a alface
    sai do sistema,
  • 8:17 - 8:20
    além do impacto no fim da vida útil,
    de que acabo de falar,
  • 8:20 - 8:23
    há também o fato de que essa
    alface precisou ser cultivada.
  • 8:23 - 8:26
    O impacto do ciclo de vida dessa
    única alface é astronômico.
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    Foi preciso trabalhar a terra,
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    plantar sementes, usar fósforo,
  • 8:30 - 8:32
    fertilizantes, nutrientes, água, luz solar.
  • 8:32 - 8:34
    Todos os impactos
    que essa alface representa
  • 8:34 - 8:36
    saem do sistema,
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    o que torna o impacto ambiental
    muito maior
  • 8:38 - 8:42
    do que o desperdício
    de energia da geladeira.
  • 8:42 - 8:45
    Então, precisamos projetar
    melhor essas coisas
  • 8:45 - 8:48
    se quisermos começar a lidar
    com esses problemas ambientais sérios.
  • 8:48 - 8:50
    Poderíamos começar
    com a gaveta de legumes e o tamanho.
  • 8:50 - 8:52
    Digo aos aqui presentes
    que projetam geladeiras:
  • 8:52 - 8:53
    isso seria ótimo.
  • 8:53 - 8:56
    O problema é: imaginem se nós
  • 8:56 - 8:59
    começássemos a repensar
    como projetamos os objetos,
  • 8:59 - 9:03
    porque, embora eu veja a geladeira
    como um sinal de modernidade,
  • 9:03 - 9:05
    não mudamos muito o design delas,
  • 9:05 - 9:07
    desde a década de 50.
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    Mudamos um pouco, mas, essencialmente,
    elas continuam sendo caixas grandes
  • 9:11 - 9:12
    e frias onde a gente guarda coisas.
  • 9:12 - 9:14
    Imaginem se realmente começarmos
  • 9:14 - 9:17
    a identificar esses problemas
    e a usar isso
  • 9:17 - 9:21
    como base para encontrar
    uma solução de design
  • 9:21 - 9:24
    inovadora e elegante,
    que resolva os problemas.
  • 9:24 - 9:27
    A mudança de sistema
    começa com o design,
  • 9:27 - 9:30
    que define a maneira como ele
  • 9:30 - 9:33
    pode se tornar muito mais sustentável.
  • 9:33 - 9:35
    Quarenta por cento de desperdício
    de alimentos é um grande problema.
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    Imaginem se projetássemos geladeiras
    que diminuíssem esse número pela metade.
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    Outro artigo que eu acho fascinante
  • 9:42 - 9:43
    é a chaleira elétrica.
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    Eu descobri que não se usa chaleira
    aqui nesse país, não é?
  • 9:47 - 9:49
    Mas, no Reino Unido, ela é um sucesso.
  • 9:49 - 9:52
    Noventa e sete por cento das casas
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    do Reino Unido têm chaleira elétrica.
  • 9:55 - 9:56
    Elas são muito populares.
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    E, olha, se eu estivesse trabalhando
    com uma empresa de design
  • 9:59 - 10:01
    ou com um designer que estivesse
    projetando uma chaleira
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    e quisesse fazer algo ecológico,
  • 10:03 - 10:04
    ele me perguntaria duas coisas:
  • 10:04 - 10:08
    "Leyla, como garantir
    que tenha eficiência técnica?"
  • 10:08 - 10:11
    Porque, obviamente, para esse produto,
    a energia é um problema.
  • 10:11 - 10:14
    Ou então: "Como usar materiais ecológicos?
  • 10:14 - 10:17
    Como faço com que os materiais
    sejam ecológicos,
  • 10:17 - 10:19
    quando for fabricá-la?"
  • 10:19 - 10:20
    Você perguntaria isso?
  • 10:20 - 10:23
    Parecem perguntas lógicas, não é? Certo.
  • 10:23 - 10:26
    Minha resposta seria: "você está
    se preocupando com os problemas errados."
  • 10:26 - 10:28
    Porque o problema é o uso.
  • 10:28 - 10:31
    É como as pessoas usam o produto.
  • 10:31 - 10:32
    Sessenta e cinco por cento dos britânicos
  • 10:32 - 10:35
    admitiram colocar
    muito mais água na chaleira
  • 10:35 - 10:37
    do que o necessário quando
    fazem só uma xícara de chá.
  • 10:37 - 10:40
    Toda essa água a mais que eles fervem
  • 10:40 - 10:44
    gasta energia, e estima-se
  • 10:44 - 10:47
    que, em um único dia
    usando essa energia extra,
  • 10:47 - 10:49
    por causa das chaleiras,
  • 10:49 - 10:51
    é o suficiente para manter
    acesas todas as luzes das ruas
  • 10:51 - 10:54
    da Inglaterra por uma noite.
  • 10:54 - 10:56
    E é isso o que ocorre.
  • 10:56 - 10:58
    É o que eu chamo de falha
    na relação produto-pessoa.
  • 10:58 - 11:00
    Mas temos uma falha
    na relação produto-sistema,
  • 11:00 - 11:01
    quando se trata desses carinhas
  • 11:01 - 11:04
    e eles são tão onipresentes que
    nem percebemos que estão lá.
  • 11:04 - 11:07
    Mas esse cara aqui percebe.
    O nome dele é Simon.
  • 11:07 - 11:10
    Simon trabalha para a empresa nacional
    de energia elétrica do Reino Unido.
  • 11:10 - 11:12
    Ele tem o importante trabalho de monitorar
  • 11:12 - 11:15
    toda a eletricidade que chega ao sistema,
  • 11:15 - 11:16
    certificando-se de que há o suficiente
  • 11:16 - 11:18
    para todas as casas.
  • 11:18 - 11:20
    Além disso, ele assiste à televisão,
  • 11:20 - 11:23
    e o motivo é um fenômeno único
  • 11:23 - 11:24
    que ocorre no Reino Unido:
  • 11:24 - 11:28
    o momento em que programas
    de TV populares acabam.
  • 11:28 - 11:30
    Assim que começa o intervalo,
  • 11:30 - 11:32
    esse cara precisa, às pressas,
  • 11:32 - 11:35
    comprar energia nuclear da França,
  • 11:35 - 11:38
    porque todo mundo liga a chaleira elétrica
  • 11:38 - 11:40
    ao mesmo tempo.
  • 11:40 - 11:42
    (Risos)
  • 11:42 - 11:48
    1,5 milhões de chaleiras.
    É um problema grave.
  • 11:48 - 11:52
    Então, imagine que, projetando chaleiras,
  • 11:52 - 11:55
    você encontre uma maneira
    de resolver esses erros,
  • 11:55 - 11:57
    porque isso põe uma pressão gigantesca
  • 11:57 - 11:59
    no sistema,
  • 11:59 - 12:02
    unicamente porque o produto não foi
    feito pensando no problema
  • 12:02 - 12:04
    que poderia causar quando viesse ao mundo.
  • 12:04 - 12:07
    Bem, eu examinei algumas
    chaleiras disponíveis no mercado
  • 12:07 - 12:09
    e achei os indicadores do nível mínimo
  • 12:09 - 12:10
    de água, aquela informação
  • 12:10 - 12:12
    sobre quanta água você precisa colocar,
  • 12:12 - 12:15
    que é entre 2 e 5,5 xícaras de água,
  • 12:15 - 12:18
    para fazer uma única xícara de chá.
  • 12:18 - 12:21
    Esta é uma chaleira
  • 12:21 - 12:23
    que possui dois reservatórios.
  • 12:23 - 12:25
    Um para ferver a água
    e outro para guardá-la.
  • 12:25 - 12:28
    O usuário tem que apertar o botão
  • 12:28 - 12:29
    para que a água quente comece a ferver,
  • 12:29 - 12:31
    o que significa que,
    por sermos preguiçosos,
  • 12:31 - 12:33
    só enchemos exatamente o que precisamos.
  • 12:33 - 12:35
    Esse é um produto que provoca
    mudança de comportamento.
  • 12:35 - 12:37
    São esses os produtos, sistemas e serviços
  • 12:37 - 12:41
    que intervêm e resolvem esses
    problemas diretamente.
  • 12:41 - 12:44
    Bem, na área da tecnologia,
  • 12:44 - 12:46
    é óbvio que essas coisas
    são bem populares.
  • 12:46 - 12:48
    Temos que dar um jeito nisso,
    se formos continuar
  • 12:48 - 12:50
    projetando, comprando,
    usando e jogando fora
  • 12:50 - 12:52
    produtos desse tipo
    com a frequência atual,
  • 12:52 - 12:55
    que é astronômica.
  • 12:55 - 12:56
    Há 7 bilhões de pessoas
  • 12:56 - 12:58
    vivendo no mundo atualmente
  • 12:58 - 13:00
    e havia 6 bilhões de números de celular
  • 13:00 - 13:03
    até ano passado.
  • 13:04 - 13:07
    Todo ano, 1,5 bilhões
    de telefones celulares
  • 13:07 - 13:08
    saem das linhas de produção,
  • 13:08 - 13:11
    e algumas empresas afirmam
    que seu índice de produção
  • 13:11 - 13:13
    é maior do que a taxa de natalidade.
  • 13:13 - 13:16
    152 milhões de celulares foram jogados
    fora nos EUA ano passado;
  • 13:16 - 13:18
    somente 11% foram reciclados
  • 13:18 - 13:21
    Eu sou australiana. Nossa população
    é de 22 milhões, não riam,
  • 13:21 - 13:24
    e foi noticiado
    que há 22 milhões de celulares
  • 13:24 - 13:27
    guardados em nossas gavetas.
  • 13:27 - 13:31
    Precisamos encontrar maneiras
    de resolver esses problemas,
  • 13:31 - 13:34
    porque essas coisas são muito complicadas.
  • 13:34 - 13:37
    Há tanta coisa dentro de um celular.
  • 13:37 - 13:41
    Ouro! Vocês sabiam que, atualmente,
    é mais barato
  • 13:41 - 13:44
    obter ouro de uma tonelada
    de celulares velhos
  • 13:44 - 13:47
    do que de uma tonelada de minério de ouro?
  • 13:47 - 13:50
    Há uma série de materiais
    altamente complexos
  • 13:50 - 13:51
    e valiosos dentro desses aparelhos.
  • 13:51 - 13:54
    Precisamos encontrar maneiras
    de incentivar a desmontagem
  • 13:54 - 13:56
    porque, caso contrário, ocorre o seguinte.
  • 13:56 - 13:58
    Esta é uma comunidade em Gana.
  • 13:58 - 14:02
    A ONU alega
    que até 50 milhões de toneladas
  • 14:02 - 14:05
    do lixo eletrônico
    acabam sendo comercializadas.
  • 14:05 - 14:06
    É assim que eles conseguem ouro
  • 14:06 - 14:08
    e outros materiais preciosos:
  • 14:08 - 14:10
    queimando o lixo eletrônico
  • 14:10 - 14:12
    a céu aberto.
  • 14:12 - 14:15
    São comunidades.
    Isso acontece em todo o mundo.
  • 14:15 - 14:17
    E como não vemos as consequências
  • 14:17 - 14:19
    das escolhas que fazemos
    enquanto designers,
  • 14:19 - 14:22
    empresários e consumidores,
  • 14:22 - 14:23
    acontecem esses fatos externos.
  • 14:23 - 14:26
    Eles são seres humanos.
  • 14:26 - 14:30
    Por isso precisamos encontrar
    soluções mais inteligentes,
  • 14:30 - 14:33
    sistemáticas e inovadoras,
  • 14:33 - 14:37
    se quisermos levar uma vida sustentável.
  • 14:37 - 14:41
    Imaginem comprar um celular novo
  • 14:41 - 14:43
    para substituir o antigo,
  • 14:43 - 14:45
    depois de 15 a 18 meses de uso,
  • 14:45 - 14:47
    que é o tempo médio com que
    as pessoas trocam de celular.
  • 14:47 - 14:50
    Se nos convém substituir celulares
  • 14:50 - 14:52
    nesse ritmo, então deveríamos
  • 14:52 - 14:54
    procurar fechar o ciclo desses sistemas.
  • 14:54 - 14:56
    Os que produzem esses telefones,
  • 14:56 - 14:58
    e tenho certeza de que há
    alguns nesta sala agora,
  • 14:58 - 15:01
    poderiam procurar fazer o que chamamos
    de sistemas de ciclo fechado,
  • 15:01 - 15:02
    ou sistemas produto-serviço,
  • 15:02 - 15:05
    identificar que há demanda de mercado
  • 15:05 - 15:06
    e que essa demanda não vai sumir,
  • 15:06 - 15:09
    e desenhar o produto pensando
    em resolver o problema,
  • 15:09 - 15:12
    pensando na desmontagem e na leveza.
  • 15:12 - 15:14
    Ouvimos que algumas dessas estratégias
  • 15:14 - 15:17
    estão sendo usadas atualmente
    nos carros da Tesla Motors.
  • 15:17 - 15:19
    Não é difícil pôr em prática
    essas abordagens.
  • 15:19 - 15:21
    Entender o sistema
  • 15:21 - 15:24
    e encontrar alternativas viáveis,
    orientadas para o mercado,
  • 15:24 - 15:26
    pensando nas demandas do consumidor,
  • 15:26 - 15:29
    é como podemos começar
    a alterar radicalmente
  • 15:29 - 15:31
    a agenda de sustentabilidade,
  • 15:31 - 15:33
    porque, detesto ter que dar más notícias,
  • 15:33 - 15:35
    mas o consumo é o maior problema.
  • 15:35 - 15:40
    Só que o design
    é uma das melhores soluções.
  • 15:41 - 15:43
    Existem produtos assim por toda parte.
  • 15:43 - 15:46
    Identificando maneiras alternativas
    de fazer as coisas,
  • 15:46 - 15:47
    podemos começar a inovar de verdade.
  • 15:47 - 15:49
    E eu lhes digo:
    comecem a inovar de verdade.
  • 15:49 - 15:51
    Tenho certeza de que todo mundo
    nessa sala é bastante inovador.
  • 15:51 - 15:53
    Mas, no que diz respeito
    a usar a sustentabilidade
  • 15:53 - 15:56
    como parâmetro e critério
  • 15:56 - 16:00
    para impulsionar as soluções sistemáticas,
  • 16:00 - 16:03
    porque, como acabo de demonstrar
    usando coisas simples,
  • 16:03 - 16:07
    os produtos contribuem
    para os grandes problemas.
  • 16:07 - 16:09
    Então, precisamos examinar
    todo o ciclo de vida
  • 16:09 - 16:10
    do que produzimos.
  • 16:10 - 16:12
    Se as únicas opções
    forem papel ou plástico,
  • 16:12 - 16:15
    e claro que ser reutilizável
    é muito mais vantajoso,
  • 16:15 - 16:18
    o papel é pior,
  • 16:18 - 16:20
    porque ele pesa
  • 16:20 - 16:22
    de 4 a 10 vezes mais do que o plástico,
  • 16:22 - 16:25
    e quando comparamos,
    pensando no ciclo de vida,
  • 16:25 - 16:28
    um quilo de plástico e um quilo de papel,
  • 16:28 - 16:29
    o papel é muito melhor.
  • 16:29 - 16:32
    Mas, para que uma sacola de plástico
    ou de papel exerça sua função
  • 16:32 - 16:35
    de transportar as compras até sua casa,
    não se usa um quilo de cada.
  • 16:35 - 16:37
    Se usa uma quantidade
    muito pequena de plástico
  • 16:37 - 16:39
    e muito maior de papel.
  • 16:39 - 16:42
    Porque a funcionalidade
    define o impacto ambiental,
  • 16:42 - 16:45
    e eu disse anteriormente que o designer
    quer sempre os materiais ecológicos.
  • 16:45 - 16:48
    Eu digo que há só alguns materiais
    que devem ser totalmente evitados.
  • 16:48 - 16:50
    De resto, o que importa é o uso.
  • 16:50 - 16:53
    Afinal, na economia, tudo
    o que é projetado, produzido
  • 16:53 - 16:55
    e comprado existe para exercer uma função.
  • 16:55 - 16:57
    Queremos alguma coisa,
    por isso a compramos.
  • 16:57 - 17:00
    Devemos partir desses princípios
    básicos e fornecer
  • 17:00 - 17:04
    soluções inteligentes,
    elegantes e sofisticadas,
  • 17:04 - 17:07
    que levem em consideração todo o sistema,
  • 17:07 - 17:10
    e toda a vida do produto, tudo,
  • 17:10 - 17:13
    da extração ao fim da vida útil.
  • 17:13 - 17:16
    Podemos começar a achar soluções inovadoras.
  • 17:16 - 17:18
    Vou deixá-los com algo breve
  • 17:18 - 17:22
    que um designer com quem eu trabalho
    me disse recentemente, um designer sênior.
  • 17:22 - 17:24
    Eu falei: "Por que você
    não está sendo sustentável?
  • 17:24 - 17:25
    Eu sei que você
    está por dentro do assunto."
  • 17:25 - 17:27
    E ele disse:
    "Bem, recentemente eu apresentei
  • 17:27 - 17:29
    um projeto de sustentabilidade
    a um cliente,
  • 17:29 - 17:31
    e ele falou:
  • 17:31 - 17:33
    'Eu sei que vai custar menos
  • 17:33 - 17:34
    e que vai vender mais,
  • 17:34 - 17:38
    mas não somos pioneiros,
    porque pioneiros têm flechas nas costas.'"
  • 17:39 - 17:41
    Acho que temos uma sala
    cheia de pioneiros,
  • 17:41 - 17:43
    e espero que existam
    muito mais pioneiros por aí,
  • 17:43 - 17:44
    porque temos de resolver esses problemas.
  • 17:44 - 17:45
    Obrigada.
  • 17:45 - 17:48
    (Aplausos)
Title:
Papel é melhor do que plástico? Repensando o folclore ambiental
Speaker:
Leyla Acaroglu
Description:

Quando se trata de preservar o meio ambiente, a maioria das pessoas quer fazer a coisa certa. Mas não basta escolher a sacola de papel, afirma Leyla Acaroglu, estrategista de sustentabilidade. Sua palestra é um corajoso apelo pelo fim dos mitos verdes aos quais nos apegamos, promovendo uma visão mais ampla e levando à criação de sistemas e produtos que peguem leve com o planeta.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
18:07
  • Excelente tradução! Bem fluida, bem natural.

    Somente atentar, em próximos trabalhos, para as quebras de linhas e para o número máximo de caracteres por linhas e por legendas. Nossa wiki dá orientações sobre isso (utilizando o editor Beta fica bem mais prático verificar o número de caracteres): http://translations.ted.org/wiki/How_to_break_lines

    Procurar também quebrar as linhas em "inteiros linguísticos" (evitar, por exemplo, deixar palavras como "que", "e", "como", "mas"): http://translations.ted.org/wiki/How_to_break_lines#Breaking_apart_linguistic_units_for_line_length

    Bom trabalho!

  • Leonardo, lerei essas páginas para que eu não cometa os mesmos erros nas próximas traduções/revisões. Obrigado pelas orientações.

  • Oi, Leonardo! Na maior parte dos casos, a tradução é excelente, como esta, mas são necessários alguns pequenos ajustes de legenda. Não considere como "erro". São pequenos detalhes em que, aos poucos, a gente vai melhorando, eu inclusive. É importante darmos uma olhada na nossa wiki de vez em quando. Por isso, vou deixando os links dela que falam sobre tópicos específicos que detecto nas traduções, ao aprová-las. Aliás, ficou faltando um complemento no meu comentário anterior: "... (evitar, por exemplo, deixar palavras como "que", "e", "como", "mas", isoladas no fim de linhas/legendas)..."

    Bom trabalho!

Portuguese, Brazilian subtitles

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