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Os novos materiais | Catherine De Wolf | TEDxPanthéonSorbonne

  • 0:11 - 0:12
    Bom dia.
  • 0:12 - 0:15
    Como a maioria de vocês,
    adoro viajar.
  • 0:15 - 0:18
    Tanto mais que, como sou
    investigadora de arquitetura,
  • 0:18 - 0:21
    viajar é muito útil
    para a minha profissão.
  • 0:21 - 0:24
    Um dos locais mais apaixonantes
    que visitei
  • 0:24 - 0:26
    foi Machu Picchu, no Peru.
  • 0:26 - 0:30
    A uns quilómetros dali,
    situa-se esta ponte fantástica,
  • 0:30 - 0:34
    feita de plantas, há 600 anos,
    no tempo dos incas.
  • 0:34 - 0:38
    Todos os anos, os aldeões
    dos dois lados do rio
  • 0:38 - 0:40
    reúnem-se num festival de três dias,
  • 0:40 - 0:43
    durante o qual entrançam a erva
    das colinas adjacentes
  • 0:44 - 0:46
    para renovarem a ponte.
  • 0:47 - 0:49
    Os materiais crescem naturalmente,
  • 0:49 - 0:52
    são locais e a construção manual
    não é poluente.
  • 0:52 - 0:54
    É assim um procedimento histórico
  • 0:54 - 0:57
    que devia inspirar
    os engenheiros modernos.
  • 0:58 - 1:01
    Comparem isto com o edifício
    em que nos encontramos:
  • 1:01 - 1:03
    a Sorbonne, em Paris.
  • 1:03 - 1:08
    Quanto CO2 foi libertado
    para construir este edifício?
  • 1:09 - 1:12
    Segundo um rápido cálculo,
    aproximado,
  • 1:12 - 1:15
    se este edifício fosse construído hoje,
  • 1:15 - 1:21
    emitiria 50 vezes mais carbono
    do que conduzir de Paris a Pequim.
  • 1:22 - 1:26
    Quando compramos um carro,
    perguntamos qual o consumo de CO2.
  • 1:26 - 1:30
    Porque é que não perguntamos o mesmo
    quando compramos uma casa?
  • 1:30 - 1:33
    Podem ficar admirados,
    mas em França
  • 1:34 - 1:38
    40% das emissões de CO2
    provêm do setor da construção.
  • 1:38 - 1:41
    É muito mais do que o que provém
    do setor dos transportes.
  • 1:41 - 1:45
    Desde sempre que me interessei
    pelo colossal impacto
  • 1:45 - 1:47
    que os edifícios têm no nosso ambiente.
  • 1:48 - 1:51
    É por isso que quis ser
    engenheira arquiteta.
  • 1:51 - 1:53
    (Risos)
  • 1:53 - 1:55
    Tinha vontade de mudar de imagem.
  • 1:56 - 1:58
    É verdade que a arquitetura contemporânea
  • 1:58 - 2:03
    tem uma relação bastante conflituosa
    com o ambiente.
  • 2:03 - 2:07
    E eu defino esse conflito por três vícios
    que vos vou mostrar hoje
  • 2:07 - 2:10
    mas também vou mostrar
    como o podemos evitar,
  • 2:10 - 2:12
    com alguns exemplos.
  • 2:12 - 2:16
    Já devem ter percebido,
    o primeiro vício é o carbono.
  • 2:16 - 2:19
    Portanto, o CO2 como
    um gás com efeitos de estufa.
  • 2:20 - 2:23
    Sabiam que o carbono aumentou 40%
  • 2:23 - 2:25
    desde a revolução industrial?
  • 2:25 - 2:28
    Daí a alteração climática.
  • 2:28 - 2:31
    Se queremos evitar
  • 2:31 - 2:36
    as catástrofes climáticas irrevogáveis,
  • 2:36 - 2:39
    precisamos de reduzir as emissões
    de carbono, a partir de agora.
  • 2:39 - 2:42
    Não dentro de 20 ou 50 anos,
    mas agora.
  • 2:42 - 2:45
    É por isso que não basta
  • 2:45 - 2:48
    reduzir o carbono proveniente
    da utilização dos edifícios,
  • 2:48 - 2:52
    mas também o carbono que é emitido
    durante a construção dos edifícios.
  • 2:53 - 2:57
    Portanto, para o cálculo da Sorbonne
    que acabei de fazer,
  • 2:57 - 2:59
    não só levei em conta
  • 2:59 - 3:02
    o aquecimento, a iluminação,
    a utilização do edifício,
  • 3:02 - 3:05
    — aquilo a que chamamos
    o carbono operacional —
  • 3:05 - 3:08
    mas levei em conta todo o resto
    do ciclo de vida do edifício:
  • 3:08 - 3:11
    a extração dos materiais,
  • 3:12 - 3:16
    a sua produção, o transporte
    para o estaleiro,
  • 3:16 - 3:21
    a construção do edifício, a sua demolição
    e a gestão dos resíduos.
  • 3:21 - 3:24
    Tudo isso, é aquilo a que chamamos
    o carbono intrínseco,
  • 3:24 - 3:26
    o carbono incorporado.
  • 3:28 - 3:32
    Ao contrário do carbono operacional
    que podemos melhorar no futuro,
  • 3:32 - 3:35
    tomando medidas de eficácia de energia,
  • 3:35 - 3:38
    o carbono intrínseco é imediato:
  • 3:38 - 3:41
    depois de emitidas as emissões
    do carbono intrínseco,
  • 3:42 - 3:43
    o mal está feito.
  • 3:44 - 3:47
    Além disso, certos edifícios
    têm uma duração de vida muito curta.
  • 3:47 - 3:50
    Olhemos para o que a História
    nos ensina: eis duas cúpulas
  • 3:50 - 3:52
    que, no momento da sua construção,
  • 3:52 - 3:54
    eram as maiores cúpulas de betão
    da Terra.
  • 3:54 - 3:58
    O Panteão de Roma,
    e o Kingdome em Seattle.
  • 3:59 - 4:01
    O Panteão foi construído
    há 2000 anos,
  • 4:01 - 4:05
    e o Kingdome foi construído nos anos 70.
  • 4:05 - 4:07
    Eis o que se passou.
  • 4:08 - 4:11
    Apenas 26 anos depois
    da sua construção,
  • 4:11 - 4:14
    o Kingdome foi demolido por explosão.
  • 4:15 - 4:19
    Tinham caído umas telhas do teto
    e o estádio perdeu popularidade.
  • 4:19 - 4:21
    Portanto, foi preciso destruí-lo.
  • 4:21 - 4:24
    Demasiadas vezes,
    o impacto ambiental dos edifícios
  • 4:24 - 4:28
    é descrito apenas pelo carbono
    operacional da utilização.
  • 4:28 - 4:30
    Mas, no caso do Kingdome de Seattle,
  • 4:30 - 4:33
    tal como em muitos outros edifícios,
    o carbono intrínseco,
  • 4:33 - 4:36
    ou seja, a construção
    e a demolição do edifício,
  • 4:36 - 4:38
    é uma parte muito mais importante
  • 4:38 - 4:41
    do impacto total
    do ciclo de vida dos edifícios.
  • 4:41 - 4:46
    É por isso que temos necessidade
    de um método global e uniforme
  • 4:46 - 4:48
    para avaliar o carbono dos edifícios.
  • 4:48 - 4:52
    Por isso, quis juntar-me à equipa
    do Laboratório Building Technology do MIT,
  • 4:52 - 4:56
    a fim de criar uma base
    de dados dos edifícios
  • 4:56 - 4:59
    com as suas emissões de CO2
    e a quantidade dos materiais.
  • 5:00 - 5:02
    Nessa base de dados,
  • 5:02 - 5:05
    engenheiros e arquitetos
    podem integrar os seus projetos
  • 5:05 - 5:08
    e compará-los aos milhares
    de edifícios de todo o mundo.
  • 5:09 - 5:11
    Para vos dar um exemplo concreto,
  • 5:11 - 5:14
    eis dois estádios da base de dados:
  • 5:14 - 5:17
    temos o estádio olímpico de Pequim
  • 5:17 - 5:20
    — talvez o conheçam
    pelo nome de Ninho de Pássaro —
  • 5:20 - 5:22
    e o estádio olímpico de Londres.
  • 5:23 - 5:26
    Estes dois estádios olímpicos
    têm a mesma função.
  • 5:26 - 5:28
    No entanto, um destes dois estádios
  • 5:28 - 5:31
    emite 10 vezes mais carbono
    na sua construção que o outro.
  • 5:32 - 5:34
    Qual deles acham que é?
  • 5:36 - 5:38
    Ouvi dizer Pequim?
  • 5:39 - 5:43
    A minha base de dados mostrou
    que é o estádio de Pequim
  • 5:43 - 5:46
    que utiliza 10 vezes mais carbono
    do que o de Londres.
  • 5:49 - 5:50
    Porquê?
  • 5:50 - 5:53
    Porque a equipa de "design" londrina
  • 5:53 - 5:58
    integrou a sustentabilidade
    desde as primeiras fases da conceção.
  • 6:00 - 6:05
    Isso é a prova de que
    os "designers" têm uma influência enorme
  • 6:05 - 6:07
    no impacto ambiental dos edifícios.
  • 6:07 - 6:10
    É isso que me motiva,
    que me faz levantar todas as manhãs,
  • 6:10 - 6:12
    saltar da cama para ir trabalhar.
  • 6:12 - 6:17
    Quero dar aos "designers" as ferramentas,
    os instrumentos necessários
  • 6:17 - 6:19
    para reduzir o impacto ambiental
    dos seus edifícios.
  • 6:20 - 6:23
    Agora vocês acham que eu sou
    uma ecologista "hippie".
  • 6:23 - 6:24
    (Risos)
  • 6:24 - 6:27
    Uma "tree hugger",
    como se chama nos EUA.
  • 6:29 - 6:33
    Talvez seja, sim,
    talvez seja uma ecologista "hippie",
  • 6:33 - 6:34
    mas não sou só isso.
  • 6:34 - 6:37
    Também penso no dinheiro
    que podemos poupar.
  • 6:37 - 6:41
    Para além do carbono, se minimizarmos
    os materiais da nossa casa.
  • 6:41 - 6:45
    chegamos ao segundo vício,
    que é o dinheiro.
  • 6:45 - 6:51
    É verdade, as estruturas ineficazes
    gastam, de forma inútil,
  • 6:51 - 6:53
    os materiais e, portanto, o dinheiro.
  • 6:54 - 6:58
    Como sou belga, vou mostrar
    um exemplo do meu país.
  • 6:58 - 7:03
    Esta é a prodigiosa gare de Liège
    que, em 10 anos de construção,
  • 7:03 - 7:05
    ou seja, com sete anos de atraso...
  • 7:05 - 7:07
    (Risos)
  • 7:08 - 7:14
    triplicou o custo financeiro,
    atingindo os 300 milhões de euros.
  • 7:18 - 7:21
    É por causa disto que eu quero
    desenvolver um instrumento
  • 7:21 - 7:26
    que ajude os arquitetos e os engenheiros
    a colaborarem em conjunto
  • 7:26 - 7:30
    para diminuírem, não apenas
    o impacto ambiental dos edifícios,
  • 7:30 - 7:32
    mas também o seu custo financeiro,
  • 7:33 - 7:36
    aumentando a sua funcionalidade,
  • 7:36 - 7:39
    a estrutura e a estética
    dos seus edifícios.
  • 7:39 - 7:42
    Respeitando a liberdade
    de expressão criativa
  • 7:42 - 7:44
    dos engenheiros e arquitetos,
  • 7:44 - 7:47
    quero contribuir
  • 7:47 - 7:52
    para uma nova abordagem inovadora
    da conceção e da construção.
  • 7:54 - 7:57
    Mas antes de se poder fazer isso,
    é preciso considerar
  • 7:57 - 8:01
    o terceiro vício da arquitetura
    contemporânea, ou seja, a vaidade.
  • 8:02 - 8:06
    É preciso evitar as etiquetas...
  • 8:06 - 8:07
    (Risos)
  • 8:08 - 8:11
    as etiquetas ambientais
    de certos "starchitects ".
  • 8:12 - 8:15
    "Starchitect" é uma palavra
    formada por "star" e "architect".
  • 8:15 - 8:20
    Eu gostava que vocês mudassem
    o vosso olhar sobre a arquitetura,
  • 8:20 - 8:23
    gostava que admirassem edifícios
  • 8:23 - 8:27
    que contribuem para um futuro
    progressista e sustentável,
  • 8:28 - 8:30
    e não apenas edifícios
    que se contentam em ser
  • 8:30 - 8:33
    bonitas estruturas de arte moderna.
  • 8:33 - 8:37
    Comparem, por exemplo, a fantástica
    Fundação Louis Vuitton, em Paris
  • 8:38 - 8:39
    e a Torre Eiffel.
  • 8:40 - 8:41
    Pela sua conceção estrutural,
  • 8:42 - 8:44
    a Torre Eiffel conseguiu tornar-se
    um ícone para a cidade,
  • 8:45 - 8:48
    utilizando duas vezes menos aço
    do que a Fundação Louis Vuitton.
  • 8:49 - 8:51
    Vemos que é possível
  • 8:51 - 8:55
    combinar uma engenharia eficaz
    e uma arquitetura criativa
  • 8:55 - 8:59
    para minimizar os materiais
    e assim (inaudível).
  • 9:02 - 9:06
    Para além de minimizar
    a utilização dos materiais,
  • 9:06 - 9:09
    de utilizar materiais locais
    como faziam os incas,
  • 9:09 - 9:12
    podemos também reciclar
    ou reutilizar os materiais,
  • 9:12 - 9:15
    como faz este arquiteto japonês
  • 9:15 - 9:18
    que constrói pavilhões
    com tubos de cartão.
  • 9:21 - 9:23
    Também podemos utilizar
    materiais naturais,
  • 9:23 - 9:26
    como terra comprimida
    na muralha da China,
  • 9:27 - 9:31
    ou bambu, como nesta catedral
    na Colômbia.
  • 9:32 - 9:36
    Nesta região, o bambu cresce
    até 30 cm por dia!
  • 9:36 - 9:39
    O que o torna num material
    muito renovável.
  • 9:39 - 9:45
    Também podemos utilizar a madeira,
    porque a madeira, durante o crescimento,
  • 9:45 - 9:48
    absorve carbono em vez de o emitir.
  • 9:48 - 9:51
    Gabinetes de engenheiros
    estão a fazer estudos
  • 9:51 - 9:54
    a fim de construir
    arranha-céus de madeira.
  • 9:54 - 9:57
    Como veem, tudo é possível.
  • 9:58 - 10:02
    Adotem duas regras
    para uma arquitetura ambiental.
  • 10:02 - 10:05
    A primeira é utilizar
    menos materiais,
  • 10:05 - 10:10
    e a segunda, é diminuir
    o carbono desses materiais.
  • 10:12 - 10:14
    Viajemos agora para o futuro.
  • 10:14 - 10:20
    No futuro, temos uma arquitetura
    que percorreu uma via falsa,
  • 10:21 - 10:25
    com demasiado carbono,
    demasiado dinheiro, demasiada vaidade,
  • 10:25 - 10:29
    mas encontrámos o caminho certo
    aprendendo com essa arquitetura
  • 10:29 - 10:34
    aprendendo com o nosso legado
    histórico, o nosso património,
  • 10:34 - 10:37
    aprendendo com outras culturas,
    e explorando.
  • 10:38 - 10:40
    Conceberemos sem limites
  • 10:40 - 10:44
    mas lembrando-nos
    que os nossos recursos são limitados.
  • 10:45 - 10:48
    Isso quer dizer que temos de ser
    um pouco mais criativos.
  • 10:48 - 10:50
    Esperemos que os engenheiros,
  • 10:50 - 10:53
    os arquitetos e os construtores de amanhã
  • 10:53 - 10:57
    se inspirem nas colunas de cartão,
  • 10:57 - 10:59
    nas arcadas de tijolos naturais,
  • 10:59 - 11:02
    nas pontes ultra otimizadas
  • 11:02 - 11:04
    ou nas catedrais de bambu.
  • 11:05 - 11:07
    Os "starchitects" de amanhã
  • 11:07 - 11:11
    serão aqueles que terão
    conseguido este desafio ecológico.
  • 11:11 - 11:14
    Os exploradores de amanhã
    serão aqueles que terão conseguido
  • 11:14 - 11:16
    este desafio ecológico.
  • 11:16 - 11:17
    Muito obrigada.
  • 11:17 - 11:20
    (Aplausos)
Title:
Os novos materiais | Catherine De Wolf | TEDxPanthéonSorbonne
Description:

Face aos crescentes problemas climáticos e às crescentes necessidades arquiteturais, Catherine De Wolf mostra-nos como conceber sem limites com recursos limitados.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
French
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
11:30

Portuguese subtitles

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