O segredo para uma vida mais longa pode estar na vossa vida social
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0:01 - 0:03Eis um facto intrigante.
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0:03 - 0:06No mundo desenvolvido, em todo o lado,
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0:07 - 0:10as mulheres vivem, em média,
6 a 8 anos mais que os homens. -
0:11 - 0:13Seis a oito anos a mais!
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0:13 - 0:15Isso é um fosso enorme!
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0:17 - 0:20Em 2015, o "Lancet" publicou um artigo
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0:20 - 0:22a mostrar que os homens em países ricos
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0:22 - 0:25têm duas vezes mais probabilidade
do que as mulheres -
0:25 - 0:27de morrer, em qualquer idade.
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0:27 - 0:30Mas existe um lugar no mundo
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0:30 - 0:32onde os homens vivem
tanto como as mulheres. -
0:32 - 0:35É uma zona remota, montanhosa,
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0:35 - 0:36uma zona azul,
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0:36 - 0:37onde a superlongevidade
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0:37 - 0:39é comum a ambos os sexos.
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0:40 - 0:42Esta é a zona azul na Sardenha,
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0:42 - 0:44uma ilha italiana no Mediterrâneo,
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0:44 - 0:47entre a Córsega e a Tunísia,
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0:47 - 0:50onde há seis vezes mais centenários
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0:50 - 0:52do que no território italiano,
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0:52 - 0:54a menos de 350 km de distância.
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0:54 - 0:56Há ali 10 vezes mais centenários
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0:56 - 0:58do que na América do Norte.
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0:58 - 1:01É o único lugar onde os homens
vivem tanto quanto as mulheres. -
1:01 - 1:02Mas porquê?
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1:03 - 1:04Fiquei curiosa para saber.
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1:05 - 1:08Decidi investigar a ciência
e os hábitos do lugar, -
1:08 - 1:10e comecei com o perfil genético.
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1:11 - 1:13Depressa descobri
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1:13 - 1:17que os genes são responsáveis por
apenas 25% da longevidade deles. -
1:17 - 1:19Os outros 75% devem-se ao modo de vida.
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1:20 - 1:23Então o que é preciso para
viver até aos 100 anos ou mais? -
1:24 - 1:25O que estão a fazer bem?
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1:25 - 1:29Aqui, vocês estão a observar uma
vista aérea de Villagrande. -
1:29 - 1:31É uma aldeia no epicentro da zona azul
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1:31 - 1:33onde eu fui para investigar isto,
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1:33 - 1:37e como vocês podem ver, a beleza
arquitetónica não é a sua maior virtude, -
1:39 - 1:40mas sim a densidade:
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1:40 - 1:42casas bastante próximas,
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1:42 - 1:45becos e ruas entrelaçadas.
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1:45 - 1:49Isso significa que a vida dos
habitantes cruza-se constantemente. -
1:49 - 1:51E, ao andar pela vila,
-
1:51 - 1:54consegui sentir centenas
de pares de olhos a observar-me -
1:54 - 1:57por detrás das portas e das cortinas,
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1:57 - 1:59por detrás das persianas.
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1:59 - 2:01Porque, como todas as vilas antigas,
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2:01 - 2:04Villagrande não teria sobrevivido
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2:04 - 2:06sem a sua estrutura, sem os seus muros,
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2:06 - 2:09sem a sua catedral, sem a praça da vila,
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2:09 - 2:13porque a defesa e a coesão
social definiram o seu "design". -
2:14 - 2:18As propriedades urbanas mudaram
ao avançar até à revolução industrial -
2:18 - 2:21porque as doenças contagiosas
tornaram-se o risco do dia. -
2:21 - 2:22Mas e agora?
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2:23 - 2:28Agora, o isolamento social é o risco
da saúde pública nos nossos tempos. -
2:28 - 2:30Agora, um terço da população diz
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2:30 - 2:33ter duas ou menos pessoas
com quem podem contar. -
2:34 - 2:37Mas vamos agora até
Villagrande, em contraste, -
2:37 - 2:39para conhecer alguns centenários.
-
2:39 - 2:43Conheçam Giuseppe Murini.
Tem 102 anos, um supercentenário -
2:43 - 2:46que morou toda a sua vida
na aldeia de Villagrande. -
2:46 - 2:48Ele era um homem gregário.
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2:48 - 2:50Adorava contar histórias
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2:50 - 2:52sobre como viveu como um pássaro
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2:52 - 2:54do que conseguia
achar no chão da floresta -
2:54 - 2:57durante não uma,
mas duas guerras mundiais, -
2:58 - 3:01como ele e a sua esposa,
que também viveu para lá dos 100 anos -
3:01 - 3:04criaram seis filhos numa cozinha
pequena e acolhedora -
3:04 - 3:06onde eu o entrevistei.
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3:06 - 3:09Aqui, está com os filhos
Angelo e Domenico, -
3:09 - 3:12ambos nos seus setenta e tais
e a tomar conta do pai, -
3:12 - 3:16e que estavam claramente bastante
desconfiados de mim e da minha filha, -
3:16 - 3:19que me acompanhou nesta
viagem de investigação, -
3:19 - 3:22porque o lado negativo da coesão social
-
3:22 - 3:24é a desconfiança em relação
a estranhos e forasteiros. -
3:24 - 3:28Mas o Giuseppe
não estava desconfiado de todo. -
3:28 - 3:30Era um homem despreocupado,
-
3:30 - 3:34muito extrovertido com uma visão positiva.
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3:34 - 3:38E eu fiquei a pensar: então,
para viver até aos 100 anos ou mais, -
3:38 - 3:40é preciso pensar positivamente?
-
3:42 - 3:44Na verdade, não.
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3:44 - 3:47(Risos)
-
3:49 - 3:51Conheçam Giovanni Corrias.
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3:52 - 3:55Tem 101 anos, é a pessoa
mais mal-humorada que já conheci. -
3:55 - 3:56(Risos)
-
3:56 - 3:59E contraria a ideia
de que tem que se ser positivo -
3:59 - 4:01para viver uma vida longa.
-
4:01 - 4:03E existem provas disso.
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4:03 - 4:06Quando lhe perguntei o porquê
de ele ter vivido tanto, -
4:06 - 4:09ele olhou-me por baixo das suas
pálpebras descaídas e resmungou: -
4:09 - 4:12"Ninguém tem de saber os meus segredos."
-
4:12 - 4:13(Risos)
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4:14 - 4:16Mas apesar de ser um rezingão,
-
4:16 - 4:18a sobrinha que vivia e cuidava dele
-
4:18 - 4:21chamava-lhe "Il Tesoro", o "meu tesouro".
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4:21 - 4:25E ela respeitava-o e amava-o,
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4:25 - 4:28e disse-me, quando eu questionei
a sua perda óbvia de liberdade: -
4:29 - 4:31"Tu não consegues entender, pois não?
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4:31 - 4:34"Cuidar deste homem é um prazer.
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4:34 - 4:36"É um enorme privilégio para mim.
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4:36 - 4:38"Esta é a minha herança."
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4:38 - 4:42E de facto, onde quer que fosse
para entrevistar estes centenários, -
4:42 - 4:43encontrava uma multidão na cozinha.
-
4:43 - 4:45Aqui está com as suas duas sobrinhas
-
4:45 - 4:49a Maria em cima e, ao seu lado,
a sua sobrinha-neta Sara, -
4:49 - 4:52que entrou quando eu estava lá,
para trazer fruta e vegetais frescos. -
4:52 - 4:56E rapidamente descobri
que ali, na zona azul, -
4:56 - 5:00as pessoas ao envelhecerem,
e certamente ao longo da sua vida, -
5:00 - 5:04estavam sempre rodeadas
pela família, pelos amigos, -
5:05 - 5:08pelos vizinhos, o padre,
o taberneiro, o merceeiro. -
5:08 - 5:10As pessoas estão sempre
ali ou a passar por lá. -
5:10 - 5:13Nunca são deixadas para
viver uma vida solitária. -
5:14 - 5:16Isto é ao contrário do resto
do mundo desenvolvido, -
5:16 - 5:18como George Burns gracejou:
-
5:18 - 5:21"A felicidade está em ter uma família
grande, amorosa e carinhosa -
5:21 - 5:22"noutra cidade."
-
5:22 - 5:24(Risos)
-
5:24 - 5:27Até agora só ainda conhecemos homens,
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5:27 - 5:30homens vetustos, mas eu conheci mulheres,
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5:30 - 5:32e veem aqui Zia Teresa.
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5:32 - 5:36Com mais de 100 anos, ensinou-me
como fazer uma especialidade local, -
5:36 - 5:38que é chamada de "culurgiones",
-
5:38 - 5:41que são estas bolsas grandes de massa
-
5:41 - 5:43como o ravioli,
-
5:43 - 5:45deste tamanho,
-
5:45 - 5:47e são recheados com ricota
rica em gordura e menta -
5:47 - 5:49e mergulhados em molho de tomate.
-
5:49 - 5:53Mostrou-me como fazer o friso certo
-
5:53 - 5:55de maneira a que não abrissem,
-
5:55 - 5:58e fá-los com a sua
filha todos os domingos -
5:58 - 6:01e distribuem-nos, às dúzias,
pelos vizinhos e amigos. -
6:01 - 6:03Foi aí que descobri que não é preciso
-
6:03 - 6:06uma dieta de baixo teor
de gordura, sem glúten -
6:06 - 6:08para viver até aos 100 anos na zona azul
-
6:08 - 6:10(Risos)
-
6:11 - 6:15As histórias destes centenários,
juntamente com a ciência que os fundamenta -
6:15 - 6:18também me fez questionar algumas coisas,
-
6:18 - 6:22como, por exemplo, quando é que vou
morrer e como posso adiar esse dia? -
6:22 - 6:26E como podem ver, a resposta
não é o que esperávamos. -
6:27 - 6:31Julianne Holt-Lunstad é uma investigadora
na Universidade de Brigham Young -
6:31 - 6:33e ela abordou esta mesma questão
-
6:33 - 6:34numa série de estudos
-
6:34 - 6:37de dezenas de milhares
de pessoas de meia idade -
6:37 - 6:39muito parecidas com esta plateia aqui.
-
6:39 - 6:42Ela observou todos os aspetos
do seu estilo de vida: -
6:42 - 6:46a dieta, o exercício, o estado civil,
-
6:46 - 6:48com que frequência iam ao médico,
-
6:48 - 6:50se fumavam ou bebiam, etc.
-
6:50 - 6:52Registou tudo isso
-
6:52 - 6:57e depois ela e os seus colegas
aguardaram durante sete anos -
6:57 - 6:59para ver quem continuava a respirar.
-
7:00 - 7:02De todas as pessoas que restaram,
-
7:03 - 7:06o que mais reduziu
as suas hipóteses de morrer? -
7:06 - 7:08Era esta a pergunta dela.
-
7:08 - 7:12Vamos agora ver um resumo dos seus dados,
-
7:12 - 7:16que vão desde o indicador
mais fraco ao mais forte. -
7:17 - 7:18Ok?
-
7:18 - 7:20Então, o ar puro, que é ótimo,
-
7:20 - 7:23não prevê quanto tempo vocês vão viver.
-
7:23 - 7:26Se tiverem a hipertensão controlada
-
7:26 - 7:27é bom.
-
7:27 - 7:29mas também não é um indicador forte.
-
7:29 - 7:32Se forem magros ou com sobrepeso,
podem parar de se sentir culpados, -
7:32 - 7:35porque aparece apenas em terceiro lugar.
-
7:35 - 7:37A quantidade de exercício
que fazem vem a seguir, -
7:37 - 7:40também é apenas um indicador moderado.
-
7:40 - 7:44Se tiveram um problema cardíaco e estão
na reabilitação e a fazer exercitar-se, -
7:44 - 7:46começa a ficar mais alto agora.
-
7:46 - 7:48Se têm a vacina contra a gripe.
-
7:48 - 7:50Alguém aqui sabia
que vacinarem-se contra a gripe -
7:50 - 7:53vos protege mais do que fazer exercício?
-
7:55 - 7:57Se costumavam beber e pararam,
-
7:57 - 7:59ou se bebem moderadamente,
-
7:59 - 8:03se fumam ou já fumaram,
caso tenham desistido... -
8:04 - 8:07E perto dos indicadores no topo
-
8:07 - 8:11estão dois aspetos da vossa vida social.
-
8:11 - 8:13Primeiro, as nossas relações próximas.
-
8:13 - 8:18São as pessoas a quem
podem pedir dinheiro emprestado -
8:18 - 8:20se subitamente precisarem de dinheiro,
-
8:20 - 8:23que irão ligar ao médico
se não se sentirem bem -
8:23 - 8:25ou vos levarão ao hospital,
-
8:25 - 8:29ou que se sentarão convosco quando
estiverem com uma crise existencial, -
8:29 - 8:31se vocês estiverem desesperados.
-
8:31 - 8:34Essas pessoas, esse
pequeno grupo de pessoas -
8:34 - 8:38caso as tenham, são um forte indicador
de quanto tempo vocês viverão. -
8:38 - 8:40E depois algo que me surpreendeu,
-
8:40 - 8:43algo que se chama "integração social".
-
8:43 - 8:47Isto significa o quanto vocês
interagem com as pessoas -
8:47 - 8:48ao longo do dia.
-
8:49 - 8:51Com quantas pessoas vocês falam?
-
8:51 - 8:54E isto refere-se
aos laços fracos e fortes, -
8:54 - 8:57não apenas das pessoas de
quem vocês são próximos, -
8:57 - 8:59muito importante para vocês.
-
8:59 - 9:03Mas, por exemplo, vocês falam com o
rapaz que todos os dias vos faz o café? -
9:03 - 9:05Vocês falam com o carteiro?
-
9:05 - 9:08Falam com a mulher que passa pela
vossa casa todos os dias com o seu cão? -
9:08 - 9:11Vocês jogam ou bridge ou póquer,
frequentam um clube de livros? -
9:11 - 9:14Essas interações são um dos
mais fortes indicadores -
9:14 - 9:16do quanto vocês irão viver.
-
9:16 - 9:18Isto leva-me à próxima questão.
-
9:19 - 9:24Se agora passamos mais tempo "online"
do que em qualquer outra atividade, -
9:24 - 9:26incluindo dormir,
-
9:26 - 9:28já chegámos às 11 horas por dia
-
9:28 - 9:31— uma hora a mais do que
o ano passado, já agora — -
9:31 - 9:32isso faz diferença?
-
9:33 - 9:37Porquê distinguir interagir em pessoa
-
9:37 - 9:39e interagir através de redes sociais?
-
9:39 - 9:42Será a mesma coisa estar presente,
-
9:42 - 9:46se vocês estão constantemente
com os vossos filhos via SMS, por exemplo? -
9:46 - 9:49A resposta curta para a pergunta é não,
-
9:49 - 9:50não é a mesma coisa.
-
9:50 - 9:55O contacto cara-a-cara liberta
uma enxurrada de neurotransmissores, -
9:55 - 9:58e tal como uma vacina,
protegem-nos agora no presente, -
9:58 - 10:00assim como no futuro.
-
10:00 - 10:03Simplesmente fazer
contacto visual com alguém, -
10:04 - 10:06um aperto de mão,
dar a alguém "mais cinco", -
10:06 - 10:08é o suficiente para libertar oxitocina,
-
10:08 - 10:10que aumenta o nosso nível de confiança
-
10:11 - 10:13e baixa o nível de cortisol.
-
10:13 - 10:15Diminui os níveis de "stress".
-
10:15 - 10:18Produz-se dopamina
que nos dá uma certa pedrada -
10:18 - 10:20e acaba com a dor.
-
10:20 - 10:23É como uma morfina
produzida de forma natural. -
10:23 - 10:26Tudo isto se passa por baixo
do nosso radar consciente, -
10:26 - 10:30e é por isso que associamos
a atividade "online" à coisa real. -
10:30 - 10:33Mas agora nós temos provas recentes,
-
10:33 - 10:34de que há uma diferença.
-
10:34 - 10:36Vamos então ver o que diz a neurociência.
-
10:36 - 10:39Elizabeth Redcay, uma neurocientista
na Universidade de Maryland, -
10:39 - 10:41tentou mapear a diferença
-
10:41 - 10:45entre o que se passa no nosso cérebro
quando interagimos com uma pessoa -
10:45 - 10:48versus quando estamos
a ver algo que é estático. -
10:48 - 10:51E comparou a atividade cerebral
-
10:51 - 10:52de dois grupos de pessoas,
-
10:53 - 10:55aqueles que interagem ao vivo com ela
-
10:56 - 10:58ou com um dos seus colaboradores
-
10:58 - 11:00numa conversa dinâmica,
-
11:00 - 11:03e comparou isso com a
atividade cerebral das pessoas -
11:03 - 11:06que a viam a conversar
sobre o mesmo assunto -
11:07 - 11:10mas em vídeo gravado, como no YouTube.
-
11:10 - 11:11Já agora, caso queiram saber
-
11:12 - 11:14como ela meteu duas pessoas
num "scanner" de RM ao mesmo tempo -
11:14 - 11:16perguntem-me mais tarde.
-
11:16 - 11:19Então qual é a diferença?
-
11:19 - 11:23Este é o nosso cérebro
durante interações sociais reais. -
11:23 - 11:26O que vocês estão a ver
é a diferença na atividade cerebral -
11:26 - 11:31entre interagir em pessoa
e receber conteúdo estático. -
11:31 - 11:36A laranja, vemos as áreas do cérebro
que estão associadas com a atenção, -
11:36 - 11:37com a inteligência social
-
11:37 - 11:40— o que significa prever
o que alguém está a pensar, -
11:40 - 11:41a sentir e a planear —
-
11:42 - 11:43e a gratificação emocional.
-
11:43 - 11:46Estas áreas tornam-se
muito mais participativas -
11:46 - 11:49quando interagimos com um parceiro real.
-
11:50 - 11:53Bem, estas assinaturas
cerebrais mais ricas -
11:53 - 11:57podem ser o porquê de os recrutadores
das empresas Fortune 500, -
11:57 - 11:59ao avaliar candidatos,
-
11:59 - 12:02pensarem que os candidatos
eram mais inteligentes -
12:02 - 12:04quando ouviam as suas vozes,
-
12:04 - 12:07em comparação com ler as suas
apresentações num texto, por exemplo -
12:07 - 12:09ou num e-mail ou carta.
-
12:09 - 12:12A nossa voz e linguagem corporal
transmitem um sinal forte. -
12:12 - 12:14Mostra o que estamos a pensar, a sentir,
-
12:14 - 12:15seres humanos sensíveis
-
12:15 - 12:18que são muito mais do que um algoritmo.
-
12:18 - 12:20Esta investigação feita por Nicholas Epley
-
12:20 - 12:23na Universidade de Chicago Business School
-
12:24 - 12:28é bastante incrível
porque diz-nos uma coisa simples. -
12:28 - 12:30Se alguém ouve a nossa voz,
-
12:30 - 12:32pensa que somos mais inteligentes.
-
12:32 - 12:35Quer dizer, isso é algo bastante simples.
-
12:35 - 12:38Bem, voltando ao princípio,
-
12:38 - 12:40porque é que as mulheres
vivem mais que os homens? -
12:40 - 12:42Uma razão principal é que as mulheres
-
12:42 - 12:46têm tendência a dar prioridade
às relações cara-a-cara -
12:46 - 12:47ao longo da sua vida.
-
12:47 - 12:49Indícios recentes mostram
-
12:49 - 12:51que estas amizades em pessoa
-
12:51 - 12:55criam um campo de forças biológico
contra doenças e deterioração. -
12:55 - 12:57Isto não se aplica
apenas aos seres humanos -
12:57 - 13:00mas às relações dos primatas também.
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13:00 - 13:04O trabalho da antropologista Joan Silk
mostra que as fêmeas de babuínos -
13:04 - 13:07que possuem um núcleo de amigas,
-
13:07 - 13:11mostram níveis mais baixos de "stress"
através dos seus níveis de cortisol, -
13:11 - 13:14vivem mais tempo
e têm mais filhos sobreviventes. -
13:15 - 13:17Pelo menos três relações estáveis.
-
13:17 - 13:19Esse é o número mágico.
-
13:19 - 13:20Pensem nisso.
-
13:20 - 13:22Eu espero que tenham três.
-
13:22 - 13:26O poder do contacto cara-a-cara
-
13:26 - 13:29é a razão pela qual os índices
mais baixos de demência -
13:29 - 13:32se encontram entre pessoas
socialmente ativas. -
13:32 - 13:34Daí que as mulheres com cancro da mama
-
13:34 - 13:39tenham quatro vezes mais probabilidade
de sobreviver à doença do que os solitários. -
13:39 - 13:42Os homens que tiveram um AVC,
e se encontram regularmente -
13:42 - 13:45para jogar póquer ou para tomar café
-
13:45 - 13:47ou para jogar hóquei
-
13:47 - 13:49— sou canadiana, afinal —
-
13:49 - 13:50(Risos)
-
13:50 - 13:52estão mais bem protegidos
pelo contacto social -
13:52 - 13:54do que pela sua medicação.
-
13:54 - 13:57Os homens que sofreram um AVC
e se encontram regularmente -
13:57 - 14:00— isto é algo muito
poderoso que podem fazer. -
14:00 - 14:04Este contacto cara-a-cara
proporciona benefícios incríveis, -
14:04 - 14:08contudo, quase um quarto da população
diz não ter ninguém com quem falar. -
14:09 - 14:11Nós podemos fazer algo em relação a isto.
-
14:12 - 14:13Como os habitantes de Sardenha,
-
14:13 - 14:17é um imperativo biológico
termos um sentimento de pertença, -
14:17 - 14:19e não apenas as mulheres entre nós.
-
14:19 - 14:23Criar interações em pessoa nas nossas
cidades, nos nossos locais de trabalho, -
14:23 - 14:25nas nossas agendas,
-
14:26 - 14:27reforça o sistema imunitário,
-
14:27 - 14:30enche a corrente sanguínea
e o cérebro de hormonas -
14:30 - 14:31que causam sensação de bem-estar
-
14:32 - 14:33e nos ajuda a viver mais tempo.
-
14:34 - 14:36Eu chamo a isto: criar a nossa aldeia,
-
14:37 - 14:40construí-la e sustentá-la
é uma questão de vida ou de morte. -
14:41 - 14:42Obrigada.
-
14:42 - 14:45(Aplausos)
-
14:48 - 14:49Helen Walters: Susan, volta aqui.
-
14:49 - 14:51Tenho uma pergunta para ti.
-
14:51 - 14:53Será que existe um meio-termo?
-
14:53 - 14:56Disseste que os neurotransmissores
interligam-se na interação cara-a-cara. -
14:56 - 14:58E com a tecnologia digital?
-
14:58 - 15:01Nós vimos inúmeros progressos
na tecnologia digital -
15:01 - 15:03como o FaceTime, e outras coisas assim.
-
15:03 - 15:04Isso funciona também?
-
15:04 - 15:06Eu falo pelo meu sobrinho.
-
15:06 - 15:08Ele joga Minecraft
e grita com os amigos dele. -
15:08 - 15:10Parece que está a comunicar muito bem.
-
15:10 - 15:12Isto é útil? Isto ajuda?
-
15:12 - 15:14Susan P.: Alguns dos dados
começam a aparecer. -
15:14 - 15:17Os dados são tão recentes
que a revolução digital ocorreu -
15:17 - 15:20e os dados relativos à saúde vieram atrás.
-
15:20 - 15:21Nós continuamos a aprender,
-
15:21 - 15:23mas eu diria que ainda há melhorias
-
15:23 - 15:25que se poderiam fazer na tecnologia.
-
15:25 - 15:29Por exemplo, a câmara no nosso
portátil está no topo do ecrã, -
15:29 - 15:34por isso, quando olhamos para o ecrã,
não estamos a fazer contacto visual. -
15:34 - 15:37Algo tão simples como olhar para a câmara
-
15:37 - 15:39pode aumentar esses neurotransmissores,
-
15:39 - 15:42ou talvez basta mudar a posição da câmara.
-
15:42 - 15:45Por isso, não é igual, mas eu acho que
estamos cada vez mais perto. -
15:46 - 15:47HW: Ótimo. Muito obrigada.
-
15:47 - 15:49SP: Eu é que agradeço.
-
15:49 - 15:50(Aplausos)
- Title:
- O segredo para uma vida mais longa pode estar na vossa vida social
- Speaker:
- Susan Pinker
- Description:
-
A ilha italiana da Sardenha tem seis vezes mais centenários do que o território italiano e dez vezes mais do que na América do Norte. Porquê? De acordo com a psicóloga Susan Pinker, não é um bom humor radiante nem uma dieta com baixo teor de gordura e sem glúten que mantêm os moradores da ilha saudáveis — é a importância que dão às relações pessoais e às interações cara-a-cara. Saibam mais sobre a superlongevidade enquanto Pinker explica o que é preciso para viver até aos 100 anos ou mais.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:02
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The secret to living longer may be your social life | ||
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