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O segredo para uma vida mais longa pode estar na vossa vida social

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    Eis um facto intrigante.
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    No mundo desenvolvido, em todo o lado,
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    as mulheres vivem, em média,
    6 a 8 anos mais que os homens.
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    Seis a oito anos a mais!
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    Isso é um fosso enorme!
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    Em 2015, o "Lancet" publicou um artigo
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    a mostrar que os homens em países ricos
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    têm duas vezes mais probabilidade
    do que as mulheres
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    de morrer, em qualquer idade.
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    Mas existe um lugar no mundo
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    onde os homens vivem
    tanto como as mulheres.
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    É uma zona remota, montanhosa,
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    uma zona azul,
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    onde a superlongevidade
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    é comum a ambos os sexos.
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    Esta é a zona azul na Sardenha,
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    uma ilha italiana no Mediterrâneo,
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    entre a Córsega e a Tunísia,
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    onde há seis vezes mais centenários
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    do que no território italiano,
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    a menos de 350 km de distância.
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    Há ali 10 vezes mais centenários
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    do que na América do Norte.
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    É o único lugar onde os homens
    vivem tanto quanto as mulheres.
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    Mas porquê?
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    Fiquei curiosa para saber.
  • 1:05 - 1:08
    Decidi investigar a ciência
    e os hábitos do lugar,
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    e comecei com o perfil genético.
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    Depressa descobri
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    que os genes são responsáveis por
    apenas 25% da longevidade deles.
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    Os outros 75% devem-se ao modo de vida.
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    Então o que é preciso para
    viver até aos 100 anos ou mais?
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    O que estão a fazer bem?
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    Aqui, vocês estão a observar uma
    vista aérea de Villagrande.
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    É uma aldeia no epicentro da zona azul
  • 1:31 - 1:33
    onde eu fui para investigar isto,
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    e como vocês podem ver, a beleza
    arquitetónica não é a sua maior virtude,
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    mas sim a densidade:
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    casas bastante próximas,
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    becos e ruas entrelaçadas.
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    Isso significa que a vida dos
    habitantes cruza-se constantemente.
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    E, ao andar pela vila,
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    consegui sentir centenas
    de pares de olhos a observar-me
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    por detrás das portas e das cortinas,
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    por detrás das persianas.
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    Porque, como todas as vilas antigas,
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    Villagrande não teria sobrevivido
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    sem a sua estrutura, sem os seus muros,
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    sem a sua catedral, sem a praça da vila,
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    porque a defesa e a coesão
    social definiram o seu "design".
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    As propriedades urbanas mudaram
    ao avançar até à revolução industrial
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    porque as doenças contagiosas
    tornaram-se o risco do dia.
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    Mas e agora?
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    Agora, o isolamento social é o risco
    da saúde pública nos nossos tempos.
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    Agora, um terço da população diz
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    ter duas ou menos pessoas
    com quem podem contar.
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    Mas vamos agora até
    Villagrande, em contraste,
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    para conhecer alguns centenários.
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    Conheçam Giuseppe Murini.
    Tem 102 anos, um supercentenário
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    que morou toda a sua vida
    na aldeia de Villagrande.
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    Ele era um homem gregário.
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    Adorava contar histórias
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    sobre como viveu como um pássaro
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    do que conseguia
    achar no chão da floresta
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    durante não uma,
    mas duas guerras mundiais,
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    como ele e a sua esposa,
    que também viveu para lá dos 100 anos
  • 3:01 - 3:04
    criaram seis filhos numa cozinha
    pequena e acolhedora
  • 3:04 - 3:06
    onde eu o entrevistei.
  • 3:06 - 3:09
    Aqui, está com os filhos
    Angelo e Domenico,
  • 3:09 - 3:12
    ambos nos seus setenta e tais
    e a tomar conta do pai,
  • 3:12 - 3:16
    e que estavam claramente bastante
    desconfiados de mim e da minha filha,
  • 3:16 - 3:19
    que me acompanhou nesta
    viagem de investigação,
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    porque o lado negativo da coesão social
  • 3:22 - 3:24
    é a desconfiança em relação
    a estranhos e forasteiros.
  • 3:24 - 3:28
    Mas o Giuseppe
    não estava desconfiado de todo.
  • 3:28 - 3:30
    Era um homem despreocupado,
  • 3:30 - 3:34
    muito extrovertido com uma visão positiva.
  • 3:34 - 3:38
    E eu fiquei a pensar: então,
    para viver até aos 100 anos ou mais,
  • 3:38 - 3:40
    é preciso pensar positivamente?
  • 3:42 - 3:44
    Na verdade, não.
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    (Risos)
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    Conheçam Giovanni Corrias.
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    Tem 101 anos, é a pessoa
    mais mal-humorada que já conheci.
  • 3:55 - 3:56
    (Risos)
  • 3:56 - 3:59
    E contraria a ideia
    de que tem que se ser positivo
  • 3:59 - 4:01
    para viver uma vida longa.
  • 4:01 - 4:03
    E existem provas disso.
  • 4:03 - 4:06
    Quando lhe perguntei o porquê
    de ele ter vivido tanto,
  • 4:06 - 4:09
    ele olhou-me por baixo das suas
    pálpebras descaídas e resmungou:
  • 4:09 - 4:12
    "Ninguém tem de saber os meus segredos."
  • 4:12 - 4:13
    (Risos)
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    Mas apesar de ser um rezingão,
  • 4:16 - 4:18
    a sobrinha que vivia e cuidava dele
  • 4:18 - 4:21
    chamava-lhe "Il Tesoro", o "meu tesouro".
  • 4:21 - 4:25
    E ela respeitava-o e amava-o,
  • 4:25 - 4:28
    e disse-me, quando eu questionei
    a sua perda óbvia de liberdade:
  • 4:29 - 4:31
    "Tu não consegues entender, pois não?
  • 4:31 - 4:34
    "Cuidar deste homem é um prazer.
  • 4:34 - 4:36
    "É um enorme privilégio para mim.
  • 4:36 - 4:38
    "Esta é a minha herança."
  • 4:38 - 4:42
    E de facto, onde quer que fosse
    para entrevistar estes centenários,
  • 4:42 - 4:43
    encontrava uma multidão na cozinha.
  • 4:43 - 4:45
    Aqui está com as suas duas sobrinhas
  • 4:45 - 4:49
    a Maria em cima e, ao seu lado,
    a sua sobrinha-neta Sara,
  • 4:49 - 4:52
    que entrou quando eu estava lá,
    para trazer fruta e vegetais frescos.
  • 4:52 - 4:56
    E rapidamente descobri
    que ali, na zona azul,
  • 4:56 - 5:00
    as pessoas ao envelhecerem,
    e certamente ao longo da sua vida,
  • 5:00 - 5:04
    estavam sempre rodeadas
    pela família, pelos amigos,
  • 5:05 - 5:08
    pelos vizinhos, o padre,
    o taberneiro, o merceeiro.
  • 5:08 - 5:10
    As pessoas estão sempre
    ali ou a passar por lá.
  • 5:10 - 5:13
    Nunca são deixadas para
    viver uma vida solitária.
  • 5:14 - 5:16
    Isto é ao contrário do resto
    do mundo desenvolvido,
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    como George Burns gracejou:
  • 5:18 - 5:21
    "A felicidade está em ter uma família
    grande, amorosa e carinhosa
  • 5:21 - 5:22
    "noutra cidade."
  • 5:22 - 5:24
    (Risos)
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    Até agora só ainda conhecemos homens,
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    homens vetustos, mas eu conheci mulheres,
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    e veem aqui Zia Teresa.
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    Com mais de 100 anos, ensinou-me
    como fazer uma especialidade local,
  • 5:36 - 5:38
    que é chamada de "culurgiones",
  • 5:38 - 5:41
    que são estas bolsas grandes de massa
  • 5:41 - 5:43
    como o ravioli,
  • 5:43 - 5:45
    deste tamanho,
  • 5:45 - 5:47
    e são recheados com ricota
    rica em gordura e menta
  • 5:47 - 5:49
    e mergulhados em molho de tomate.
  • 5:49 - 5:53
    Mostrou-me como fazer o friso certo
  • 5:53 - 5:55
    de maneira a que não abrissem,
  • 5:55 - 5:58
    e fá-los com a sua
    filha todos os domingos
  • 5:58 - 6:01
    e distribuem-nos, às dúzias,
    pelos vizinhos e amigos.
  • 6:01 - 6:03
    Foi aí que descobri que não é preciso
  • 6:03 - 6:06
    uma dieta de baixo teor
    de gordura, sem glúten
  • 6:06 - 6:08
    para viver até aos 100 anos na zona azul
  • 6:08 - 6:10
    (Risos)
  • 6:11 - 6:15
    As histórias destes centenários,
    juntamente com a ciência que os fundamenta
  • 6:15 - 6:18
    também me fez questionar algumas coisas,
  • 6:18 - 6:22
    como, por exemplo, quando é que vou
    morrer e como posso adiar esse dia?
  • 6:22 - 6:26
    E como podem ver, a resposta
    não é o que esperávamos.
  • 6:27 - 6:31
    Julianne Holt-Lunstad é uma investigadora
    na Universidade de Brigham Young
  • 6:31 - 6:33
    e ela abordou esta mesma questão
  • 6:33 - 6:34
    numa série de estudos
  • 6:34 - 6:37
    de dezenas de milhares
    de pessoas de meia idade
  • 6:37 - 6:39
    muito parecidas com esta plateia aqui.
  • 6:39 - 6:42
    Ela observou todos os aspetos
    do seu estilo de vida:
  • 6:42 - 6:46
    a dieta, o exercício, o estado civil,
  • 6:46 - 6:48
    com que frequência iam ao médico,
  • 6:48 - 6:50
    se fumavam ou bebiam, etc.
  • 6:50 - 6:52
    Registou tudo isso
  • 6:52 - 6:57
    e depois ela e os seus colegas
    aguardaram durante sete anos
  • 6:57 - 6:59
    para ver quem continuava a respirar.
  • 7:00 - 7:02
    De todas as pessoas que restaram,
  • 7:03 - 7:06
    o que mais reduziu
    as suas hipóteses de morrer?
  • 7:06 - 7:08
    Era esta a pergunta dela.
  • 7:08 - 7:12
    Vamos agora ver um resumo dos seus dados,
  • 7:12 - 7:16
    que vão desde o indicador
    mais fraco ao mais forte.
  • 7:17 - 7:18
    Ok?
  • 7:18 - 7:20
    Então, o ar puro, que é ótimo,
  • 7:20 - 7:23
    não prevê quanto tempo vocês vão viver.
  • 7:23 - 7:26
    Se tiverem a hipertensão controlada
  • 7:26 - 7:27
    é bom.
  • 7:27 - 7:29
    mas também não é um indicador forte.
  • 7:29 - 7:32
    Se forem magros ou com sobrepeso,
    podem parar de se sentir culpados,
  • 7:32 - 7:35
    porque aparece apenas em terceiro lugar.
  • 7:35 - 7:37
    A quantidade de exercício
    que fazem vem a seguir,
  • 7:37 - 7:40
    também é apenas um indicador moderado.
  • 7:40 - 7:44
    Se tiveram um problema cardíaco e estão
    na reabilitação e a fazer exercitar-se,
  • 7:44 - 7:46
    começa a ficar mais alto agora.
  • 7:46 - 7:48
    Se têm a vacina contra a gripe.
  • 7:48 - 7:50
    Alguém aqui sabia
    que vacinarem-se contra a gripe
  • 7:50 - 7:53
    vos protege mais do que fazer exercício?
  • 7:55 - 7:57
    Se costumavam beber e pararam,
  • 7:57 - 7:59
    ou se bebem moderadamente,
  • 7:59 - 8:03
    se fumam ou já fumaram,
    caso tenham desistido...
  • 8:04 - 8:07
    E perto dos indicadores no topo
  • 8:07 - 8:11
    estão dois aspetos da vossa vida social.
  • 8:11 - 8:13
    Primeiro, as nossas relações próximas.
  • 8:13 - 8:18
    São as pessoas a quem
    podem pedir dinheiro emprestado
  • 8:18 - 8:20
    se subitamente precisarem de dinheiro,
  • 8:20 - 8:23
    que irão ligar ao médico
    se não se sentirem bem
  • 8:23 - 8:25
    ou vos levarão ao hospital,
  • 8:25 - 8:29
    ou que se sentarão convosco quando
    estiverem com uma crise existencial,
  • 8:29 - 8:31
    se vocês estiverem desesperados.
  • 8:31 - 8:34
    Essas pessoas, esse
    pequeno grupo de pessoas
  • 8:34 - 8:38
    caso as tenham, são um forte indicador
    de quanto tempo vocês viverão.
  • 8:38 - 8:40
    E depois algo que me surpreendeu,
  • 8:40 - 8:43
    algo que se chama "integração social".
  • 8:43 - 8:47
    Isto significa o quanto vocês
    interagem com as pessoas
  • 8:47 - 8:48
    ao longo do dia.
  • 8:49 - 8:51
    Com quantas pessoas vocês falam?
  • 8:51 - 8:54
    E isto refere-se
    aos laços fracos e fortes,
  • 8:54 - 8:57
    não apenas das pessoas de
    quem vocês são próximos,
  • 8:57 - 8:59
    muito importante para vocês.
  • 8:59 - 9:03
    Mas, por exemplo, vocês falam com o
    rapaz que todos os dias vos faz o café?
  • 9:03 - 9:05
    Vocês falam com o carteiro?
  • 9:05 - 9:08
    Falam com a mulher que passa pela
    vossa casa todos os dias com o seu cão?
  • 9:08 - 9:11
    Vocês jogam ou bridge ou póquer,
    frequentam um clube de livros?
  • 9:11 - 9:14
    Essas interações são um dos
    mais fortes indicadores
  • 9:14 - 9:16
    do quanto vocês irão viver.
  • 9:16 - 9:18
    Isto leva-me à próxima questão.
  • 9:19 - 9:24
    Se agora passamos mais tempo "online"
    do que em qualquer outra atividade,
  • 9:24 - 9:26
    incluindo dormir,
  • 9:26 - 9:28
    já chegámos às 11 horas por dia
  • 9:28 - 9:31
    — uma hora a mais do que
    o ano passado, já agora —
  • 9:31 - 9:32
    isso faz diferença?
  • 9:33 - 9:37
    Porquê distinguir interagir em pessoa
  • 9:37 - 9:39
    e interagir através de redes sociais?
  • 9:39 - 9:42
    Será a mesma coisa estar presente,
  • 9:42 - 9:46
    se vocês estão constantemente
    com os vossos filhos via SMS, por exemplo?
  • 9:46 - 9:49
    A resposta curta para a pergunta é não,
  • 9:49 - 9:50
    não é a mesma coisa.
  • 9:50 - 9:55
    O contacto cara-a-cara liberta
    uma enxurrada de neurotransmissores,
  • 9:55 - 9:58
    e tal como uma vacina,
    protegem-nos agora no presente,
  • 9:58 - 10:00
    assim como no futuro.
  • 10:00 - 10:03
    Simplesmente fazer
    contacto visual com alguém,
  • 10:04 - 10:06
    um aperto de mão,
    dar a alguém "mais cinco",
  • 10:06 - 10:08
    é o suficiente para libertar oxitocina,
  • 10:08 - 10:10
    que aumenta o nosso nível de confiança
  • 10:11 - 10:13
    e baixa o nível de cortisol.
  • 10:13 - 10:15
    Diminui os níveis de "stress".
  • 10:15 - 10:18
    Produz-se dopamina
    que nos dá uma certa pedrada
  • 10:18 - 10:20
    e acaba com a dor.
  • 10:20 - 10:23
    É como uma morfina
    produzida de forma natural.
  • 10:23 - 10:26
    Tudo isto se passa por baixo
    do nosso radar consciente,
  • 10:26 - 10:30
    e é por isso que associamos
    a atividade "online" à coisa real.
  • 10:30 - 10:33
    Mas agora nós temos provas recentes,
  • 10:33 - 10:34
    de que há uma diferença.
  • 10:34 - 10:36
    Vamos então ver o que diz a neurociência.
  • 10:36 - 10:39
    Elizabeth Redcay, uma neurocientista
    na Universidade de Maryland,
  • 10:39 - 10:41
    tentou mapear a diferença
  • 10:41 - 10:45
    entre o que se passa no nosso cérebro
    quando interagimos com uma pessoa
  • 10:45 - 10:48
    versus quando estamos
    a ver algo que é estático.
  • 10:48 - 10:51
    E comparou a atividade cerebral
  • 10:51 - 10:52
    de dois grupos de pessoas,
  • 10:53 - 10:55
    aqueles que interagem ao vivo com ela
  • 10:56 - 10:58
    ou com um dos seus colaboradores
  • 10:58 - 11:00
    numa conversa dinâmica,
  • 11:00 - 11:03
    e comparou isso com a
    atividade cerebral das pessoas
  • 11:03 - 11:06
    que a viam a conversar
    sobre o mesmo assunto
  • 11:07 - 11:10
    mas em vídeo gravado, como no YouTube.
  • 11:10 - 11:11
    Já agora, caso queiram saber
  • 11:12 - 11:14
    como ela meteu duas pessoas
    num "scanner" de RM ao mesmo tempo
  • 11:14 - 11:16
    perguntem-me mais tarde.
  • 11:16 - 11:19
    Então qual é a diferença?
  • 11:19 - 11:23
    Este é o nosso cérebro
    durante interações sociais reais.
  • 11:23 - 11:26
    O que vocês estão a ver
    é a diferença na atividade cerebral
  • 11:26 - 11:31
    entre interagir em pessoa
    e receber conteúdo estático.
  • 11:31 - 11:36
    A laranja, vemos as áreas do cérebro
    que estão associadas com a atenção,
  • 11:36 - 11:37
    com a inteligência social
  • 11:37 - 11:40
    — o que significa prever
    o que alguém está a pensar,
  • 11:40 - 11:41
    a sentir e a planear —
  • 11:42 - 11:43
    e a gratificação emocional.
  • 11:43 - 11:46
    Estas áreas tornam-se
    muito mais participativas
  • 11:46 - 11:49
    quando interagimos com um parceiro real.
  • 11:50 - 11:53
    Bem, estas assinaturas
    cerebrais mais ricas
  • 11:53 - 11:57
    podem ser o porquê de os recrutadores
    das empresas Fortune 500,
  • 11:57 - 11:59
    ao avaliar candidatos,
  • 11:59 - 12:02
    pensarem que os candidatos
    eram mais inteligentes
  • 12:02 - 12:04
    quando ouviam as suas vozes,
  • 12:04 - 12:07
    em comparação com ler as suas
    apresentações num texto, por exemplo
  • 12:07 - 12:09
    ou num e-mail ou carta.
  • 12:09 - 12:12
    A nossa voz e linguagem corporal
    transmitem um sinal forte.
  • 12:12 - 12:14
    Mostra o que estamos a pensar, a sentir,
  • 12:14 - 12:15
    seres humanos sensíveis
  • 12:15 - 12:18
    que são muito mais do que um algoritmo.
  • 12:18 - 12:20
    Esta investigação feita por Nicholas Epley
  • 12:20 - 12:23
    na Universidade de Chicago Business School
  • 12:24 - 12:28
    é bastante incrível
    porque diz-nos uma coisa simples.
  • 12:28 - 12:30
    Se alguém ouve a nossa voz,
  • 12:30 - 12:32
    pensa que somos mais inteligentes.
  • 12:32 - 12:35
    Quer dizer, isso é algo bastante simples.
  • 12:35 - 12:38
    Bem, voltando ao princípio,
  • 12:38 - 12:40
    porque é que as mulheres
    vivem mais que os homens?
  • 12:40 - 12:42
    Uma razão principal é que as mulheres
  • 12:42 - 12:46
    têm tendência a dar prioridade
    às relações cara-a-cara
  • 12:46 - 12:47
    ao longo da sua vida.
  • 12:47 - 12:49
    Indícios recentes mostram
  • 12:49 - 12:51
    que estas amizades em pessoa
  • 12:51 - 12:55
    criam um campo de forças biológico
    contra doenças e deterioração.
  • 12:55 - 12:57
    Isto não se aplica
    apenas aos seres humanos
  • 12:57 - 13:00
    mas às relações dos primatas também.
  • 13:00 - 13:04
    O trabalho da antropologista Joan Silk
    mostra que as fêmeas de babuínos
  • 13:04 - 13:07
    que possuem um núcleo de amigas,
  • 13:07 - 13:11
    mostram níveis mais baixos de "stress"
    através dos seus níveis de cortisol,
  • 13:11 - 13:14
    vivem mais tempo
    e têm mais filhos sobreviventes.
  • 13:15 - 13:17
    Pelo menos três relações estáveis.
  • 13:17 - 13:19
    Esse é o número mágico.
  • 13:19 - 13:20
    Pensem nisso.
  • 13:20 - 13:22
    Eu espero que tenham três.
  • 13:22 - 13:26
    O poder do contacto cara-a-cara
  • 13:26 - 13:29
    é a razão pela qual os índices
    mais baixos de demência
  • 13:29 - 13:32
    se encontram entre pessoas
    socialmente ativas.
  • 13:32 - 13:34
    Daí que as mulheres com cancro da mama
  • 13:34 - 13:39
    tenham quatro vezes mais probabilidade
    de sobreviver à doença do que os solitários.
  • 13:39 - 13:42
    Os homens que tiveram um AVC,
    e se encontram regularmente
  • 13:42 - 13:45
    para jogar póquer ou para tomar café
  • 13:45 - 13:47
    ou para jogar hóquei
  • 13:47 - 13:49
    — sou canadiana, afinal —
  • 13:49 - 13:50
    (Risos)
  • 13:50 - 13:52
    estão mais bem protegidos
    pelo contacto social
  • 13:52 - 13:54
    do que pela sua medicação.
  • 13:54 - 13:57
    Os homens que sofreram um AVC
    e se encontram regularmente
  • 13:57 - 14:00
    — isto é algo muito
    poderoso que podem fazer.
  • 14:00 - 14:04
    Este contacto cara-a-cara
    proporciona benefícios incríveis,
  • 14:04 - 14:08
    contudo, quase um quarto da população
    diz não ter ninguém com quem falar.
  • 14:09 - 14:11
    Nós podemos fazer algo em relação a isto.
  • 14:12 - 14:13
    Como os habitantes de Sardenha,
  • 14:13 - 14:17
    é um imperativo biológico
    termos um sentimento de pertença,
  • 14:17 - 14:19
    e não apenas as mulheres entre nós.
  • 14:19 - 14:23
    Criar interações em pessoa nas nossas
    cidades, nos nossos locais de trabalho,
  • 14:23 - 14:25
    nas nossas agendas,
  • 14:26 - 14:27
    reforça o sistema imunitário,
  • 14:27 - 14:30
    enche a corrente sanguínea
    e o cérebro de hormonas
  • 14:30 - 14:31
    que causam sensação de bem-estar
  • 14:32 - 14:33
    e nos ajuda a viver mais tempo.
  • 14:34 - 14:36
    Eu chamo a isto: criar a nossa aldeia,
  • 14:37 - 14:40
    construí-la e sustentá-la
    é uma questão de vida ou de morte.
  • 14:41 - 14:42
    Obrigada.
  • 14:42 - 14:45
    (Aplausos)
  • 14:48 - 14:49
    Helen Walters: Susan, volta aqui.
  • 14:49 - 14:51
    Tenho uma pergunta para ti.
  • 14:51 - 14:53
    Será que existe um meio-termo?
  • 14:53 - 14:56
    Disseste que os neurotransmissores
    interligam-se na interação cara-a-cara.
  • 14:56 - 14:58
    E com a tecnologia digital?
  • 14:58 - 15:01
    Nós vimos inúmeros progressos
    na tecnologia digital
  • 15:01 - 15:03
    como o FaceTime, e outras coisas assim.
  • 15:03 - 15:04
    Isso funciona também?
  • 15:04 - 15:06
    Eu falo pelo meu sobrinho.
  • 15:06 - 15:08
    Ele joga Minecraft
    e grita com os amigos dele.
  • 15:08 - 15:10
    Parece que está a comunicar muito bem.
  • 15:10 - 15:12
    Isto é útil? Isto ajuda?
  • 15:12 - 15:14
    Susan P.: Alguns dos dados
    começam a aparecer.
  • 15:14 - 15:17
    Os dados são tão recentes
    que a revolução digital ocorreu
  • 15:17 - 15:20
    e os dados relativos à saúde vieram atrás.
  • 15:20 - 15:21
    Nós continuamos a aprender,
  • 15:21 - 15:23
    mas eu diria que ainda há melhorias
  • 15:23 - 15:25
    que se poderiam fazer na tecnologia.
  • 15:25 - 15:29
    Por exemplo, a câmara no nosso
    portátil está no topo do ecrã,
  • 15:29 - 15:34
    por isso, quando olhamos para o ecrã,
    não estamos a fazer contacto visual.
  • 15:34 - 15:37
    Algo tão simples como olhar para a câmara
  • 15:37 - 15:39
    pode aumentar esses neurotransmissores,
  • 15:39 - 15:42
    ou talvez basta mudar a posição da câmara.
  • 15:42 - 15:45
    Por isso, não é igual, mas eu acho que
    estamos cada vez mais perto.
  • 15:46 - 15:47
    HW: Ótimo. Muito obrigada.
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    SP: Eu é que agradeço.
  • 15:49 - 15:50
    (Aplausos)
Title:
O segredo para uma vida mais longa pode estar na vossa vida social
Speaker:
Susan Pinker
Description:

A ilha italiana da Sardenha tem seis vezes mais centenários do que o território italiano e dez vezes mais do que na América do Norte. Porquê? De acordo com a psicóloga Susan Pinker, não é um bom humor radiante nem uma dieta com baixo teor de gordura e sem glúten que mantêm os moradores da ilha saudáveis — é a importância que dão às relações pessoais e às interações cara-a-cara. Saibam mais sobre a superlongevidade enquanto Pinker explica o que é preciso para viver até aos 100 anos ou mais.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:02

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