Return to Video

O novo sonho americano

  • 0:01 - 0:02
    Sou uma jornalista,
  • 0:02 - 0:05
    então gosto de procurar
    por histórias não contadas,
  • 0:05 - 0:08
    vidas que passam alheias
    às manchetes de jornais.
  • 0:09 - 0:12
    Eu também estou tentando criar raízes,
  • 0:12 - 0:15
    escolher um companheiro, fazer bebês.
  • 0:15 - 0:17
    Nos últimos anos,
  • 0:17 - 0:19
    estou tentando entender
  • 0:19 - 0:22
    o que constitui a boa vida do século 21.
  • 0:23 - 0:28
    Não só pelo fato de ser fascinada
    pelas implicações morais e filosóficas,
  • 0:28 - 0:31
    mas também por estar desesperadamente
    precisando de respostas.
  • 0:32 - 0:34
    Vivemos em um tempo de incertezas.
  • 0:34 - 0:38
    Na verdade, pela primeira vez
    na história americana,
  • 0:38 - 0:42
    a maioria dos pais não acham
    que seus filhos estarão melhores
  • 0:42 - 0:43
    do que eles estão.
  • 0:43 - 0:46
    Isso vale para ricos e pobres,
    homens e mulheres.
  • 0:47 - 0:50
    Ouvindo isso, alguns de vocês
    podem ficar tristes.
  • 0:50 - 0:53
    Afinal, a América investe profundamente
  • 0:53 - 0:55
    nessa ideia de transcendência econômica,
  • 0:56 - 0:59
    em que cada geração deve ser
    melhor que a anterior,
  • 0:59 - 1:03
    ganhando mais, comprando mais, sendo mais.
  • 1:03 - 1:05
    Exportamos esse sonho
    para o mundo inteiro,
  • 1:05 - 1:08
    então as crianças no Brasil,
    na China e até no Quênia
  • 1:08 - 1:11
    herdam o nosso desejo insaciável
  • 1:11 - 1:13
    por mais e mais.
  • 1:13 - 1:16
    Mas quando eu li essa pesquisa
    histórica pela primeira vez,
  • 1:16 - 1:18
    na verdade, não fiquei triste.
  • 1:19 - 1:20
    Parecia uma provocação.
  • 1:21 - 1:24
    "Estar melhor", baseado em quais padrões?
  • 1:25 - 1:27
    "Estar melhor" é encontrar
    um emprego estável
  • 1:27 - 1:30
    com o qual você possa contar
    pelo resto da vida?
  • 1:30 - 1:32
    Esses estão quase extintos.
  • 1:32 - 1:36
    As pessoas mudam de emprego,
    em média, a cada 4,7 anos,
  • 1:36 - 1:38
    e estima-se que em 2020
  • 1:38 - 1:41
    quase metade dos americanos
    serão free-lancers.
  • 1:42 - 1:44
    Certo, então "estar melhor"
    é só um número?
  • 1:44 - 1:47
    Tem a ver com ganhar o máximo que puder?
  • 1:48 - 1:51
    Estamos falhando nesse quesito.
  • 1:51 - 1:56
    O rendimento médio mensal
    mantém-se estável desde 2000,
  • 1:56 - 1:57
    ajustado pela inflação.
  • 1:58 - 2:02
    Tudo bem, então estar melhor é ter
    uma casa grande com cerca branca?
  • 2:03 - 2:04
    Poucos estão realizando isso.
  • 2:05 - 2:08
    Quase 5 milhões de pessoas
    perderam suas casas na grande recessão,
  • 2:08 - 2:13
    e cada vez mais temos consciência
    dos passos que podemos dar,
  • 2:13 - 2:16
    ou seremos enganados em muitos
    casos de preços abusivos,
  • 2:16 - 2:17
    para realizar essa façanha.
  • 2:18 - 2:21
    O índice de propriedade imobiliária
    é o menor desde 1995.
  • 2:22 - 2:25
    Tudo bem, não encontramos
    um emprego estável
  • 2:25 - 2:27
    não ganhamos muito dinheiro,
  • 2:27 - 2:30
    e não moramos em uma mansão.
  • 2:30 - 2:32
    Que toque a marcha fúnebre
  • 2:32 - 2:35
    para tudo que fez a América ser grande.
  • 2:36 - 2:37
    Mas,
  • 2:38 - 2:42
    são esses os melhores indicadores
    da grandeza de uma nação,
  • 2:42 - 2:43
    de uma vida bem vivida?
  • 2:44 - 2:47
    O que eu acho que faz a América
    grande é o espírito de reinvenção.
  • 2:48 - 2:50
    Na esteira da Grande Recessão,
  • 2:50 - 2:54
    muitos americanos estão redefinindo
    o que significa "estar melhor".
  • 2:54 - 2:58
    No fim, tem mais a ver
    com comunidade e criatividade
  • 2:58 - 3:00
    do que com dólares e centavos.
  • 3:01 - 3:03
    Agora, permitam-me que esclareça:
  • 3:03 - 3:07
    14,8% dos americanos que vivem na pobreza,
  • 3:07 - 3:10
    precisam de dinheiro, pura e simplesmente.
  • 3:10 - 3:14
    E todos nós precisamos de políticas
    que nos protejam da exploração
  • 3:14 - 3:17
    de empregadores
    e instituições financeiras.
  • 3:17 - 3:22
    Nada aqui pretende sugerir
    que o abismo entre ricos e pobres
  • 3:22 - 3:25
    não seja algo profundamente imoral.
  • 3:26 - 3:28
    Mas,
  • 3:28 - 3:30
    frequentemente, deixamos
    esse assunto de lado.
  • 3:31 - 3:35
    Falamos sobre a pobreza como se ela
    fosse uma experiência monolítica;
  • 3:35 - 3:37
    falamos sobre os pobres
    como se fossem as únicas vítimas.
  • 3:38 - 3:41
    Parte do que eu aprendi
    na pesquisa e nos relatórios
  • 3:41 - 3:43
    é que a arte de viver bem
  • 3:43 - 3:46
    geralmente é praticada magistralmente
  • 3:46 - 3:49
    pelos mais necessitados.
  • 3:50 - 3:53
    Agora, se a necessidade
    é a mãe da invenção,
  • 3:53 - 3:54
    eu começo a acreditar
  • 3:54 - 3:58
    que a recessão pode ser
    o pai da consciência.
  • 3:59 - 4:02
    Isso coloca-nos perante
    questões profundas,
  • 4:02 - 4:05
    às quais somos indiferentes
    ou negligentes demais para fazê-las,
  • 4:05 - 4:07
    em tempos de relativo conforto.
  • 4:07 - 4:09
    Como deveríamos trabalhar?
  • 4:09 - 4:10
    Como deveríamos viver?
  • 4:11 - 4:13
    Todos nós, querendo ou não,
  • 4:13 - 4:15
    procuramos essas respostas,
  • 4:15 - 4:18
    com os nossos antepassados
    cochichando no ouvido.
  • 4:19 - 4:23
    Meu bisavô era um alcoólatra em Detroit
  • 4:23 - 4:26
    que às vezes conseguia manter
    seu emprego na fábrica.
  • 4:27 - 4:30
    Por incrível que pareça,
  • 4:30 - 4:31
    ele tinha 21 filhos
  • 4:31 - 4:34
    com a mesma mulher, minha bisavó,
  • 4:34 - 4:37
    que morreu aos 47 anos,
    com câncer de ovário.
  • 4:38 - 4:40
    Agora, estou em minha segunda gravidez
  • 4:40 - 4:44
    e não consigo nem imaginar
    o que ela deve ter passado.
  • 4:45 - 4:48
    E se você tentar fazer as contas
    foram seis pares de gêmeos.
  • 4:49 - 4:52
    Então meu avô, seu filho,
  • 4:52 - 4:53
    tornou-se um caixeiro-viajante
  • 4:53 - 4:55
    que vivia altos e baixos.
  • 4:55 - 4:58
    Então meu pai cresceu atendendo
    a porta para credores
  • 4:59 - 5:01
    e mentindo que seus pais não estavam.
  • 5:01 - 5:05
    Ele tirou o próprio aparelho ortodôntico,
    usando alicates na garagem,
  • 5:05 - 5:09
    quando o pai dele confessou
    não ter dinheiro para o ortodontista.
  • 5:10 - 5:12
    Então meu pai, como era de se esperar,
  • 5:12 - 5:15
    tornou-se um advogado
    especialista em falências.
  • 5:15 - 5:17
    Daria uma boa novela, não é?
  • 5:17 - 5:21
    Ele estava obstinado
    em dar uma base segura
  • 5:21 - 5:22
    para o meu irmão e eu.
  • 5:23 - 5:26
    Então eu faço essas perguntas
    referindo-me às gerações de vida difícil.
  • 5:27 - 5:30
    Meus pais garantiram
    que eu crescesse em um porto seguro
  • 5:30 - 5:33
    que me permitiu
    questionar, arriscar e vencer.
  • 5:34 - 5:37
    Ironicamente, e provavelmente
    às vezes para frustração deles,
  • 5:37 - 5:41
    é o empenho inabalável deles
    com a estabilidade,
  • 5:41 - 5:43
    que me permite questionar seu valor,
  • 5:43 - 5:46
    ou ao menos seu valor
    como historicamente definimos
  • 5:46 - 5:48
    no século 21.
  • 5:49 - 5:51
    Vamos ao fundo desta questão:
  • 5:51 - 5:53
    como deveríamos trabalhar?
  • 5:54 - 5:57
    Deveríamos trabalhar como nossas mães.
  • 5:58 - 6:01
    Isso mesmo: passamos décadas
    tentando inserir as mulheres
  • 6:01 - 6:04
    num mundo de trabalho construído
    para homens de carreira.
  • 6:04 - 6:07
    Muitas fizeram malabarismos
    para se encaixarem,
  • 6:07 - 6:09
    mas outras criaram caminhos
    pouco convencionais,
  • 6:10 - 6:12
    criando uma mistura
    de significado e dinheiro,
  • 6:12 - 6:15
    com flexibilidade suficiente
    para fazer o que precisavam
  • 6:15 - 6:16
    para aqueles que amam.
  • 6:17 - 6:19
    Minha mãe chama isso de "fazer funcionar."
  • 6:20 - 6:23
    Hoje, vejo consultores
    chamarem de "portfólio".
  • 6:24 - 6:26
    Seja o que for,
  • 6:26 - 6:31
    mais e mais homens anseiam
    por vidas plenas, mas não assoladas.
  • 6:31 - 6:36
    Eles dormem e acordam pensando
    no dever de serem pais e filhos presentes.
  • 6:37 - 6:39
    A artista Ann Hamilton disse:
  • 6:39 - 6:44
    "O trabalho é uma forma de conhecer".
  • 6:44 - 6:46
    Em outras palavras,
    nosso ramo de atividade
  • 6:46 - 6:48
    é o que entendemos sobre o mundo.
  • 6:49 - 6:51
    Se isso é verdade, e eu acho que é,
  • 6:51 - 6:55
    então as mulheres que têm se preocupado
    desproporcionalmente com os pequenos,
  • 6:55 - 6:57
    os doentes e os idosos,
  • 6:57 - 7:00
    beneficiaram-se desproporcionalmente
  • 7:00 - 7:03
    do tipo mais profundo
    de conhecimento que existe:
  • 7:03 - 7:06
    conhecer a condição humana.
  • 7:06 - 7:09
    Ao priorizar o cuidado,
  • 7:09 - 7:11
    os homens, de certo modo,
    reivindicam seus direitos
  • 7:11 - 7:14
    a todo o espectro da existência humana.
  • 7:15 - 7:18
    Isso significa que jornada
    de trabalho não funciona mais.
  • 7:19 - 7:22
    Marcar o ponto está tão obsoleto
    quanto fazer carreira.
  • 7:22 - 7:25
    Muitas indústrias nascem
    e morrem todos os dias.
  • 7:25 - 7:27
    Tudo será não linear a partir de agora.
  • 7:27 - 7:29
    Temos que parar de perguntar às crianças:
  • 7:29 - 7:31
    "O que você quer ser quando crescer?"
  • 7:31 - 7:35
    E começar a perguntar: "Como você
    quer ser quando crescer?"
  • 7:35 - 7:37
    O trabalho deles mudará constantemente.
  • 7:37 - 7:39
    O denominador comum serão eles.
  • 7:40 - 7:41
    Quanto mais entenderem seus dons
  • 7:41 - 7:44
    e criarem equipes ideais de colaboradores,
  • 7:44 - 7:46
    melhor se sairão.
  • 7:47 - 7:49
    O desafio é reinventar
    a rede de segurança social
  • 7:49 - 7:52
    para atender essa crescente
    economia fragmentada.
  • 7:52 - 7:54
    Precisamos de planos de saúde.
  • 7:54 - 7:58
    Precisamos de políticas que permitam
    que todos possam ficar debilitados,
  • 7:58 - 8:01
    ou cuidar de pessoas debilitadas,
    sem serem demitidos.
  • 8:01 - 8:04
    Precisamos pensar
    em uma renda básica universal.
  • 8:04 - 8:06
    Precisamos reinventar
    a gestão do trabalho.
  • 8:07 - 8:11
    A promessa de um mundo profissional
    estruturado para atender
  • 8:11 - 8:12
    nossos valores do século 21,
  • 8:12 - 8:15
    e não ideias arcaicas do tipo
    ganhar o pão de cada dia,
  • 8:15 - 8:18
    está mais do que atrasada;
  • 8:18 - 8:19
    basta perguntar a sua mãe.
  • 8:20 - 8:23
    Agora, que tal a segunda pergunta:
    como deveríamos viver?
  • 8:24 - 8:25
    Deveríamos viver
  • 8:26 - 8:28
    como nossos antepassados imigrantes.
  • 8:29 - 8:31
    Quando chegaram na América,
  • 8:31 - 8:35
    eles dividiam apartamentos, meios
    de sobrevivência, o cuidado com os filhos;
  • 8:35 - 8:37
    sempre sabiam como alimentar mais um,
  • 8:37 - 8:39
    mesmo com pouca comida disponível.
  • 8:40 - 8:43
    Mas eles foram avisados que o sucesso
    consistia em deixar a aldeia para trás
  • 8:43 - 8:46
    e perseguir o símbolo do sonho americano,
  • 8:46 - 8:48
    a cerca branca.
  • 8:48 - 8:53
    E ainda hoje, quando vemos a cerca branca,
    pensamos em sucesso, posses.
  • 8:53 - 8:55
    Mas quando você retira o sentimentalismo,
  • 8:55 - 8:58
    o que a cerca realmente faz é nos dividir.
  • 8:58 - 9:01
    Muitos americanos estão
    renunciando à cerca branca
  • 9:01 - 9:04
    e o tipo de vida altamente
    privada que ocorre dentro dela,
  • 9:04 - 9:06
    e reivindicando a vida na aldeia,
  • 9:06 - 9:08
    reivindicando interdependência.
  • 9:09 - 9:14
    Por exemplo, somos 50 milhões de pessoas
    vivendo em residências intergeracionais.
  • 9:14 - 9:17
    Esse número explodiu
    com a Grande Recessão,
  • 9:17 - 9:19
    mas tornou-se a forma
    que as pessoas gostam de viver.
  • 9:19 - 9:23
    Dois terços daqueles que vivem com várias
    gerações debaixo do mesmo teto
  • 9:23 - 9:26
    dizem que isso melhora o relacionamento.
  • 9:26 - 9:29
    Alguns estão optando em dividir
    moradia não com familiares,
  • 9:29 - 9:32
    mas com outras pessoas que entendem
    da saúde e dos benefícios econômicos
  • 9:32 - 9:34
    da convivência diária.
  • 9:34 - 9:37
    A CoAbode, uma plataforma
    on-line para mães solteiras
  • 9:37 - 9:39
    que querem dividir uma casa
    com outras mães solteiras,
  • 9:39 - 9:41
    tem 50 mil usuárias.
  • 9:42 - 9:44
    E pessoas acima de 65 anos
    estão muito propensas
  • 9:44 - 9:48
    a procurar essas alternativas
    de acomodação.
  • 9:48 - 9:51
    Elas entendem que sua qualidade de vida
  • 9:51 - 9:55
    depende de uma mistura
    de solidão e solidariedade.
  • 9:56 - 10:00
    Isso serve para todos,
    pensando bem, jovens e idosos.
  • 10:00 - 10:04
    Por muito tempo, fingimos que a felicidade
    é um rei em seu castelo.
  • 10:04 - 10:06
    Mas todas as pesquisas provam o contrário.
  • 10:07 - 10:10
    Elas revelam que os mais saudáveis,
    felizes e até mais seguros,
  • 10:10 - 10:16
    em termos de alterações climáticas,
    em termos de crime,
  • 10:16 - 10:20
    são os americanos que vivem
    integrados com seus vizinhos.
  • 10:21 - 10:23
    Eu experimentei isso em primeira mão.
  • 10:23 - 10:26
    Nos últimos anos, vivi em uma comunidade
    de moradia compartilhada.
  • 10:26 - 10:30
    Com mais de 6 mil m2 de caquizeiros,
  • 10:30 - 10:34
    um arbusto de amoras
    em torno de um jardim comunitário,
  • 10:34 - 10:37
    bem no meio, a propósito,
    do centro urbano de Oakland.
  • 10:37 - 10:40
    As nove casas foram feitas
    de modo diferente,
  • 10:40 - 10:41
    com tamanhos e formas diferentes,
  • 10:41 - 10:43
    porém o mais ecológicas possível.
  • 10:43 - 10:46
    Grandes painéis de energia no telhado
  • 10:46 - 10:49
    permitem que a conta de luz
    não passe de US$ 5 mensais.
  • 10:50 - 10:55
    As 25 pessoas que moram lá têm diferentes
    idades, convicções políticas e profissões,
  • 10:55 - 10:58
    e vivem em casas que têm tudo
    que uma casa normal teria.
  • 10:58 - 11:01
    Mas, complementarmente, dividimos
    uma cozinha industrial e um refeitório,
  • 11:01 - 11:04
    onde comemos juntos duas vezes por semana.
  • 11:04 - 11:08
    Quando conto às pessoas que vivo assim,
    normalmente há duas reações extremas.
  • 11:08 - 11:10
    Ou dizem: "Por que não
    vivemos todos assim?"
  • 11:10 - 11:15
    Ou dizem: "Isso parece totalmente
    apavorante. Eu jamais faria isso".
  • 11:15 - 11:20
    Pois asseguro a vocês: há um respeito
    sagrado pela privacidade entre nós,
  • 11:21 - 11:23
    mas também um compromisso
    com o que chamamos:
  • 11:23 - 11:25
    "hospitalidade radical".
  • 11:26 - 11:28
    Não do tipo anunciada
    pelos hoteis "Four Seasons",
  • 11:29 - 11:34
    mas do tipo que diz que cada
    pessoa é digna de gentileza,
  • 11:34 - 11:36
    e ponto final.
  • 11:37 - 11:41
    A minha maior surpresa em morar
    numa comunidade como essa?
  • 11:41 - 11:45
    Você divide todo o trabalho doméstico
    os reparos, cozinhar, a horta;
  • 11:45 - 11:47
    mas você também divide
    o trabalho emocional.
  • 11:48 - 11:51
    Ao invés de depender apenas
    da unidade familiar idealizada
  • 11:51 - 11:52
    para resolver necessidades emocionais,
  • 11:53 - 11:55
    você pode contar com dezenas de pessoas
  • 11:55 - 11:57
    para falar de um dia duro no trabalho,
  • 11:57 - 11:59
    ou sobre como lidar
    com um professor abusivo.
  • 12:00 - 12:04
    Os adolescentes da nossa comunidade
    geralmente pedem conselhos
  • 12:04 - 12:07
    a adultos que não são seus pais.
  • 12:07 - 12:11
    Isso é o que se chama
    de "criação revolucionária",
  • 12:11 - 12:13
    esse humilde reconhecimento
  • 12:13 - 12:16
    de que as crianças são mais saudáveis
    quando há uma gama maior de adultos
  • 12:16 - 12:18
    que elas podem imitar
    ou com quem podem contar.
  • 12:18 - 12:21
    E é mais saudável para os adultos, também.
  • 12:22 - 12:23
    É muita pressão,
  • 12:23 - 12:27
    tentar ser a família perfeita
    por trás daquela cerca branca.
  • 12:28 - 12:31
    O novo "estar melhor",
    como eu vim a chamá-lo,
  • 12:31 - 12:34
    tem menos a ver
    com investir na família perfeita
  • 12:34 - 12:37
    e mais em investir na aldeia imperfeita,
  • 12:37 - 12:42
    seja morando com familiares, em comunidade
    de moradia compartilhada, como a minha,
  • 12:42 - 12:44
    ou apenas alguns vizinhos
    que se comprometem a conhecer
  • 12:44 - 12:46
    e cuidar uns dos outros.
  • 12:46 - 12:48
    O senso comum é bom, certo?
  • 12:48 - 12:51
    Porém, o dinheiro geralmente nos confunde
  • 12:51 - 12:53
    sobre realizar coisas.
  • 12:54 - 12:56
    A riqueza mais confiável
  • 12:56 - 12:58
    é encontrada nos relacionamentos.
  • 13:00 - 13:03
    O novo "estar melhor" não é
    uma perspectiva individual.
  • 13:03 - 13:08
    Na verdade, se você é um fracassado,
    ou se pensa que é, tenho boas notícias:
  • 13:08 - 13:12
    você pode ser um sucesso por padrões
    ainda não considerados por você.
  • 13:12 - 13:16
    Você pode receber pouco,
    mas ser um pai magnífico.
  • 13:16 - 13:19
    Talvez você não possa comprar
    a casa dos sonhos,
  • 13:19 - 13:21
    mas promova festas lendárias no bairro.
  • 13:22 - 13:24
    Se você é um exemplo de sucesso,
  • 13:24 - 13:28
    as consequências do que estou
    dizendo podem ser sombrias.
  • 13:28 - 13:32
    Você pode ser um fracasso
    por padrões que importam a você,
  • 13:32 - 13:34
    mas que o mundo não valoriza.
  • 13:35 - 13:36
    Só você pode saber.
  • 13:37 - 13:41
    Eu sei que não serei um tributo
  • 13:41 - 13:42
    à minha bisavó,
  • 13:42 - 13:45
    que viveu uma vida tão curta e brutal,
  • 13:45 - 13:48
    se eu ganhar dinheiro suficiente
    para pagar todo tipo de conforto.
  • 13:49 - 13:52
    Não se pode fugir do sofrimento
    nem encontrar o sentido.
  • 13:52 - 13:54
    Não há casa suficientemente grande
  • 13:54 - 13:57
    para apagar a dor
    que ela teve que suportar.
  • 13:57 - 14:03
    Serei um tributo a ela, se viver a vida
    mais conectada e corajosa possível.
  • 14:04 - 14:07
    Em meio à incerteza generalizada,
  • 14:07 - 14:09
    podemos, na verdade, ficar inseguros.
  • 14:10 - 14:13
    Mas podemos deixar
    que a insegurança nos faça frágeis
  • 14:13 - 14:14
    ou flexíveis.
  • 14:15 - 14:20
    Podemos nos virar para dentro, perder a fé
    no poder das instituições em mudar,
  • 14:20 - 14:22
    podemos até perder a fé em nós mesmos.
  • 14:22 - 14:24
    Ou podemos olhar para fora,
  • 14:24 - 14:29
    cultivar a fé na nossa habilidade
    de aproximar, conectar, criar.
  • 14:31 - 14:33
    Acontece que o maior perigo
  • 14:34 - 14:37
    não é falhar em alcançar
    o sonho americano.
  • 14:38 - 14:40
    O maior perigo é alcançar um sonho
  • 14:40 - 14:42
    no qual, na verdade, você não acredita.
  • 14:43 - 14:45
    Não faça isso.
  • 14:45 - 14:48
    Faça da coisa mais difícil,
    a coisa mais interessante,
  • 14:48 - 14:52
    que é criar uma vida
    na qual o que você faz todos os dias,
  • 14:52 - 14:55
    as pessoas a quem você doa
    seu maior amor, criatividade e energia,
  • 14:55 - 14:58
    alinham-se o mais próximo possível
    com o que você acredita.
  • 14:59 - 15:02
    Isso, e não algo tão mundano
    quanto ganhar dinheiro,
  • 15:02 - 15:04
    é um tributo a seus antepassados.
  • 15:04 - 15:08
    Essa é a bela luta.
  • 15:09 - 15:10
    Obrigada.
  • 15:10 - 15:13
    (Aplausos)
Title:
O novo sonho americano
Speaker:
Courtney Martin
Description:

Pela primeira vez na história, a maioria dos pais americanos não acreditam que seus filhos serão melhores do que eles foram. Isso não deve ser visto como algo alarmante, diz a jornalista Courtney Martin, longe disso, é uma oportunidade para definir uma nova abordagem de trabalho e família que enfatiza a comunidade e criatividade. "O grande perigo é realizar um sonho no qual, na verdade, você não acredita."

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:32

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions