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Capturar memórias em videoarte

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    Adoro colecionar coisas.
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    Desde pequeno, tive coleções enormes
    de coisas aleatórias.
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    Tudo, desde bizarros molhos picantes
    de todo o mundo
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    até insetos que apanhei
    e pus em frascos.
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    Como gosto de colecionar coisas,
    não é segredo
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    que adoro o Museu de História Natural
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    e as coleções de animais
    do Museu de História Natural, em dioramas.
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    Estes, para mim, são esculturas vivas,
    que podemos ir ver.
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    Memorizam um momento específico
    na vida deste animal.
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    Estava então a pensar na minha vida
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    e de como gostaria
    de a memorizar para o futuro.
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    E também as vidas dos meus amigos.
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    (Risos)
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    Mas o problema é que os meus amigos
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    não gostam muito da ideia
    de eu os empalhar.
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    (Risos)
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    Então, em vez disso,
    voltei-me para o vídeo.
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    O vídeo é a segunda melhor forma
    de preservar a memória de alguém
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    e de capturar um momento
    específico no tempo.
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    O que fiz foi filmar seis dos meus amigos
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    e depois, usando mapeamento
    e projeção de vídeo,
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    criei uma escultura em vídeo,
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    que eram esses seis amigos
    projetados em frascos.
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    (Risos)
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    Tenho agora uma coleção de amigos
    que podem andar sempre comigo.
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    Chama-se "Animalia Chordata",
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    da nomenclatura latina do ser humano
    no sistema de classificação.
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    Esta obra memoriza assim
    os meus amigos nestes frascos,
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    E eles até se mexem.
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    (Risos)
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    Isto, para mim, é interessante,
    mas faltava-lhe um certo elemento humano.
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    (Risos)
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    Era uma escultura digital,
    e quis dar-lhe um sistema de interação.
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    Juntei um sensor de proximidade
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    para que, ao aproximarmo-nos
    das pessoas nos frascos,
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    elas reagissem de várias maneiras,
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    como as pessoas na rua,
    quando chegamos muito perto.
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    Algumas pessoas reagiam com terror.
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    (Risos)
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    Outras reagiam pedindo ajuda.
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    E algumas escondiam-se de nós.
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    Isto interessava-me
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    essa ideia de tirar o vídeo da tela
    e pô-lo na vida real,
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    e também adicionar
    interatividade à escultura.
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    Então, no ano seguinte,
    documentei outros 40 amigos meus
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    e também os prendi em frascos.
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    Criei uma obra chamada "Jardim",
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    que é literalmente
    um jardim de humanidade.
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    Mas alguma coisa da primeira obra,
    a "Animalia Chordata",
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    continuava na minha mente,
    a ideia de interação com a arte.
  • 2:05 - 2:08
    Realmente gosto da ideia
    de poderem interagir,
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    e de serem desafiadas
    a interagir com a arte.
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    Então, quis criar algo novo
    que forçasse as pessoas a vir e interagir.
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    E fiz isso ao projetar uma dona de casa
    dos anos 50 numa liquidificadora.
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    (Risos)
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    Esta obra chama-se "Mistura".
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    E torna-nos parte da obra de arte.
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    Nunca podem experienciá-la
    na totalidade, sozinhos.
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    Podem ir embora, podem apenas observar,
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    enquanto a personagem
    fica na liquidificadora a olhar para vocês
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    ou podem escolher interagir com ela.
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    Se escolherem interagir com a obra,
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    e carregarem no botão,
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    isso faz com que a personagem
    entre numa espiral de desordem.
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    Ao fazê-lo, vocês tornam-se
    parte da minha obra,
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    tal como as pessoas presas na minha obra...
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    (Som de liquidificadora)
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    (Risos)
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    ... também se tornaram parte da minha obra.
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    (Risos)
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    (Aplausos)
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    Mas isto parece um pouco injusto, não é?
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    Eu pus os meus amigos em frascos,
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    e esta personagem, esta espécie
    em vias de extinção, numa liquidificadora.
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    Mas nunca fiz nada a mim mesmo.
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    Nunca me memorizei a mim.
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    Então decidi criar uma obra
    que é um autorretrato.
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    Uma obra que é um autorretrato,
    taxidermia e uma cápsula do tempo.
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    chamada "Um Ponto Passou",
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    na qual me projeto por cima
    de uma máquina de picar o ponto.
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    E depende de vocês.
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    Se escolherem picar o ponto,
    fazem-me envelhecer
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    Começo como um bebé.
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    Depois, se picarem o ponto,
    tornam o bebé numa criança.
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    Depois, de uma criança,
    torno-me num adolescente.
  • 3:42 - 3:45
    De um adolescente,
    torno-me na minha versão atual.
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    Da minha versão atual,
    torno-me num homem de meia-idade.
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    E depois, daí, para um homem idoso.
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    Se picarem o ponto cem vezes num dia,
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    a obra fica a negro
    e só recomeça no dia seguinte.
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    Ao fazê-lo, estão a apagar o tempo.
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    Estão implícitos nesta obra
    e estão a apagar a minha vida.
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    Gosto disto na escultura
    de vídeo interativa.
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    Podem, de facto, interagir com ela.
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    Todos vocês podem tocar
    numa obra de arte e ser parte dela.
  • 4:14 - 4:15
    E, espero que, um dia,
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    terei cada um de vocês
    preso num frasco.
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    (Risos)
  • 4:18 - 4:19
    Obrigado.
  • 4:19 - 4:23
    (Aplausos)
Title:
Capturar memórias em videoarte
Speaker:
Gabriel Barcia-Colombo
Description:

Utilizando mapeamento e projeção de vídeo, o artista Gabriel Barcia-Colombo captura e partilha as suas memórias e amizades. Nas TED Fellows Talks, ele mostra o seu encantador e cuidadoso trabalho — que parece preservar as pessoas da sua vida em frascos, malas, liquidificadoras...

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
04:45

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