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Como andar de bicicleta nos faz entrar na velocidade da descoberta I Jimmy Hallyburton I TEDxBoise

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    Antes de começarmos, quero que olhem
    para esta foto por alguns segundos.
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    Provavelmente, vocês
    não conhecem esta garota,
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    mas talvez algo pareça
    familiar nesta foto,
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    talvez até traga algumas memórias.
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    Olhem por mais alguns segundos.
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    Voltaremos a esta foto daqui a pouco.
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    Olá, meu nome é Jimmy Hallyburton,
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    tenho 34 anos,
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    e passei a maior parte
    da minha vida numa bicicleta.
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    Quando eu tinha 25 anos,
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    criei o projeto sem fins
    lucrativos: Boise Bicycle
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    com a missão de fazer, consertar
    e promover educação em bicicletas
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    para toda a comunidade
    independentemente da renda.
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    Naquela época, eu não tinha nenhuma
    experiência com projetos sociais.
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    Eu mal sabia o que era um projeto social.
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    Mas eu descobri algo nesses meus 25 anos
    de jornada movida a pedal
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    que eu precisava compartilhar,
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    algo que eu acreditava que poderia
    mudar a comunidade que eu amo.
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    É para isso que estou aqui hoje:
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    dividir essa jornada, essas descobertas
    que fiz ao longo do caminho
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    e mostrar como uma velocidade
    específica e familiar
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    pode ser capaz de conectar
    um pouco a todos nós no processo.
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    Em 1905, Arthur MacDonald
    se tornou a primeira pessoa
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    a viajar 160 km/h em um carro,
    o que é bastante impressionante para 1905.
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    Mas alguém realmente acha que 160 km/h
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    é a velocidade que nos conecta
    à nossa comunidade?
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    Não.
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    Em 1947, Chuck Yeager
    se tornou a primeira pessoa
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    a quebrar a barreira do som,
    cerca de 1.230 km/h em um avião;
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    ainda não é a velocidade
    de conexão que estou procurando.
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    Mas em 1986, a criança nesta foto,
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    não a minha irmã segurando bicicleta,
    aquele com o topete, que sou eu,
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    pedalou além da minha rua
    pela primeira vez
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    e quebrou a barreira do conhecimento,
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    provavelmente entre 16 e 19 km/h,
    portanto, nada historicamente relevante
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    como Chuck ou o cara de óculos,
    mas, para mim, foi uma grande coisa.
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    E eu me lembro perfeitamente de mim,
    pedalando por aquela rua empoeirada,
  • 2:15 - 2:20
    virando a esquina e sentindo
    que meu mundo inteiro se expandia.
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    Talvez vocês tenham memórias
    parecidas quando crianças numa bicicleta.
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    Na verdade, tem uma palavra que muitas
    pessoas associam a essa lembrança.
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    O sentimento de que aquela bicicross
    com assento de banana,
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    não importa a bicicleta que tinham
    quando criança, ela lhes dava uma emoção.
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    Alguém sabe a palavra que procuro?
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    Liberdade! Oh Deus, parabéns!
    "Liberdade", esta é a palavra.
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    Então vejamos esta foto de novo.
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    Esta é Fahara, uma garota
    de seis anos da Síria,
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    segundos após sair andando
    porta afora do Projeto Boise Bycicle
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    na sua primeira bicicleta.
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    Olhem a expressão de Fahara.
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    Vocês podem ver o mundo
    se expandindo nos olhos dela
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    e quase podem sentir
    a sua sensação de liberdade.
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    Quando vejo essa foto, ela me faz sorrir
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    e me faz sentir conectado à garotinha,
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    porque eu fui esta criança
    e eu tinha este olhar.
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    A julgar por alguns dos seus sorrisos,
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    acho que vocês foram esta criança
    também, especialmente você aí.
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    Quando Fahara saiu por nossa porta,
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    ela entrou num mundo
    de possibilidades ilimitadas.
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    E sobre duas rodas, andando a 16 km/h,
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    imediatamente se conectou a todas elas.
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    Eu queria que tivessem visto
    o sorriso de todos há um segundo.
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    Quando saí da minha rua,
    na idade de Fahara,
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    acho que não parei de pedalar por 12 anos.
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    Não sei se percebia, na época,
    mas minha bicicleta estava criando
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    uma profunda conexão
    entre mim e minha comunidade
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    que era o meu bairro naquela época.
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    Eu conhecia cada canto daquele bairro,
  • 3:58 - 4:00
    todos atalhos que levavam
    à casa dos meus amigos,
  • 4:00 - 4:02
    cada desvio ao longo do caminho,
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    quais cães podíamos parar e acariciar
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    e de quais devíamos pedalar
    como loucos para bem longe,
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    e eu amava cada segundo disso.
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    Quando tinha 14 anos, lembro de pedalar
    até a Feira do Condado de Starr
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    para ver minha namorada;
    não contem para a minha mãe.
  • 4:18 - 4:19
    (Risos)
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    Depois que a feira terminou,
    estávamos sentados num balanço,
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    minha bicicleta apoiada no mastro
    quando puxei o balanço dela
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    para mais perto e nos beijamos
    pela primeira vez.
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    Meu primeiro beijo, nunca esquecerei.
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    E então, a volta para casa naquela noite.
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    Havia um lindo pôr do sol,
    o vento batia nas minhas costas...
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    Definitivamente, parecia
    que eu ia a mais de 16 km/h
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    e, à medida que o vento batia, eu sentia
    a sensação de liberdade nos meus lábios:
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    batom de morango, caso alguém
    se pergunte qual o gosto da liberdade.
  • 4:55 - 4:57
    (Risos)
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    Quando fiz 16 anos,
    tirei minha habilitação,
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    comprei um Toyota Corolla 1981 e senti
    que meu mundo se expandia de novo.
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    Mas, quanto mais tempo
    passava atrás do volante,
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    mais poeira se acumulava
    na minha bicicleta na garagem.
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    Embora pudesse viajar a 120 km/h,
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    se eu pisasse fundo
    com o pequeno Toyota Corolla,
  • 5:16 - 5:19
    meu mundo mudaria de foco,
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    um pouco menos em relação
    à comunidade à minha volta,
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    um pouco mais no meu círculo isolado.
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    Eu percebo isso agora,
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    a minha jornada passou a estar focada
    exclusivamente no destino.
  • 5:31 - 5:35
    Havia um ponto A, o início;
    um ponto B, o fim;
  • 5:35 - 5:38
    e um grande borrão no meio.
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    Alguns de vocês já devem
    ter vivenciado esse borrão.
  • 5:42 - 5:45
    Aliás, talvez tenham vivenciado
    esse borrão no caminho até aqui.
  • 5:45 - 5:48
    Qual foi a sua média de velocidade
    para chegarem até aqui?
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    De 30 a 60 km/h, esse é o limite
    de velocidade permitido.
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    Mas podemos exceder
    mais oito quilômetros, certo?
  • 5:54 - 5:56
    Não. Essa é uma pergunta difícil.
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    Digamos que 40 km/h.
    Vamos olhar por outro ângulo.
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    São 11 metros por segundo.
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    Onze metros.
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    Esse é o borrão a que me referia.
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    Alguns anos depois, eu me lembro
    de acordar atrasado para a faculdade
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    e meu carro estava emperrado
    duas quadras rua abaixo.
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    Talvez vocês já tenham
    passado por isso também.
  • 6:20 - 6:24
    Sem outra opção, peguei
    minha bicicleta e comecei a pedalar.
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    Nunca esquecerei esse percurso
    porque, em dois minutos,
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    eu estava com pressa, mas o mundo
    parecia repentinamente desacelerar.
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    Eu me lembro de respirar fundo
  • 6:35 - 6:39
    e sentir o ar descendo até os meus pés.
  • 6:39 - 6:44
    Comecei a olhar em volta, notando casas,
    lojas e parques que nunca havia visto.
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    Tinha passado por essa estrada
    centenas de vezes,
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    mas de repente estava diferente.
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    Num ponto, passei por algumas crianças
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    andando e rindo
    no seu caminho para a escola.
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    Lembro-me de ouvir pássaros nas árvores,
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    e parecia que eu não os ouvia
    há muito tempo.
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    Depois, passei por um cavalo e um pasto
    à beira da estrada, estava em Idaho,
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    e o vento soprava pela sua crina.
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    Estendi a mão e senti meus próprios
    cabelos, eram mais compridos na época,
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    estava sem capacete, desculpa...
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    Eu compartilhei esse momento com o cavalo,
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    enquanto pensava: "Este cavalo
    e eu temos mesmo muito em comum!"
  • 7:17 - 7:19
    (Risos)
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    Vocês podem rir, mas naquele momento
    eu estava redescobrindo minha jornada.
  • 7:23 - 7:27
    De repente, havia mais no meu caminho
    que um começo e um fim.
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    Havia toda uma comunidade,
    milhares de pontos no meio,
  • 7:31 - 7:34
    e eu estava perdendo a maioria deles.
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    Vejam, no meu carro, meu mundo expandiu
    em distância, mas não em profundidade.
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    De volta às duas rodas, a 16 km/h,
    rompi a barreira do conhecimento
  • 7:45 - 7:47
    e a minha conexão com a comunidade
    começou a crescer.
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    Cada centímetro que eu percorria,
    parecia fazer eu me apaixonar.
  • 7:53 - 7:55
    Quando esse amor
    não podia mais ser contido,
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    criei o Projeto Boise Bicycle.
  • 7:57 - 8:00
    E quando centenas de pessoas começaram
    a aparecer para porem a mão na massa,
  • 8:00 - 8:03
    percebi que essa jornada que eu percorria,
  • 8:03 - 8:07
    essa descoberta transformadora
    que pensava ter feito, não era minha.
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    Era algo que tinha mudado
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    e estava mudando as vidas
    de inúmeras pessoas pelo país.
  • 8:13 - 8:18
    Era 2007, portanto, financeiramente,
    as coisas não iam bem para muitos.
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    Mas, subitamente, cresceu o número
    de pessoas andando de bicicleta.
  • 8:24 - 8:26
    Talvez por causa da falta de recursos,
  • 8:26 - 8:29
    mas esse número ainda
    não diminuiu até hoje.
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    Acho que as pessoas descobriam,
    ao montar em suas bicicletas,
  • 8:32 - 8:35
    algo tão valioso,
  • 8:35 - 8:39
    algo que, creio eu, todos nós
    aqui desta sala estamos procurando,
  • 8:39 - 8:43
    uma necessidade e um desejo de conexão.
  • 8:44 - 8:47
    Trabalho há aproximadamente
    10 anos no Projeto Bycicle Boise,
  • 8:47 - 8:50
    e faço parte de um time
    que consertou e restituiu
  • 8:50 - 8:54
    mais de 12 mil bicicletas
    às ruas de Boise,
  • 8:54 - 8:58
    incluindo 5 mil bicicletas para crianças
    que jamais tiveram uma
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    ou a sensação de liberdade
    e oportunidade que ela proporciona.
  • 9:03 - 9:05
    (Aplausos) (Vivas)
  • 9:08 - 9:10
    Obrigado.
  • 9:10 - 9:15
    Isso me deixa muito orgulhoso
    e me faz muito feliz.
  • 9:16 - 9:20
    Uma das melhores coisas que faço
    é trabalhar com os refugiados.
  • 9:20 - 9:24
    São pessoas, famílias de todo o mundo
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    que viram e vivenciaram coisas
    que nem posso imaginar.
  • 9:30 - 9:33
    Mas quando as colocamos
    sobre a bicicleta, o brilho no olhar,
  • 9:33 - 9:37
    o sorriso em seus rostos
    são iguais aos meus,
  • 9:37 - 9:40
    aos seus, aos deste garotinho do Sudão
  • 9:40 - 9:43
    e de Fahara, a garotinha de antes.
  • 9:44 - 9:47
    Isso me faz refletir:
    por que andar de bicicleta
  • 9:47 - 9:52
    nos conecta de forma
    tão interessante à nossa comunidade
  • 9:52 - 9:56
    e até mesmo à uma família
    que está do outro lado do mundo?
  • 9:58 - 10:03
    Gandhi disse uma vez: "Há mais na vida
    do que aumentar a sua velocidade".
  • 10:03 - 10:07
    Eu acrescentaria: "Há mais na vida quando
    você começa a diminuir a sua velocidade".
  • 10:07 - 10:09
    Esta é a velocidade da descoberta
    de que venho falando,
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    16 a 19 km/h, a velocidade
    média de uma bicicleta,
  • 10:12 - 10:15
    que nos possibilita não só observar
    o mundo a nossa volta,
  • 10:15 - 10:19
    mas interagir e se envolver
    com tudo e todos,
  • 10:19 - 10:22
    desde o ponto A até o ponto B.
  • 10:23 - 10:27
    Outro dia, dirigindo minha camionete,
    de vez em quando ainda dirijo,
  • 10:27 - 10:30
    tinha um sem-teto parado
    na esquina com um cartaz.
  • 10:30 - 10:32
    Para ser sincero, eu nem sei
    o que o cartaz dizia,
  • 10:32 - 10:35
    porque eu comecei a imaginar
    um diálogo ridículo na minha cabeça.
  • 10:35 - 10:39
    "Será que devo fazer contato visual?
    Será que não? Devo dizer alguma coisa?
  • 10:39 - 10:41
    Talvez um pouco de contato visual,
  • 10:41 - 10:44
    mas aja como se estivesse
    focado na direção,
  • 10:44 - 10:46
    talvez tão focado que, ao passar por ele,
  • 10:46 - 10:50
    ele se impressionará com o quão
    focado estou na direção".
  • 10:50 - 10:54
    Essa conversa ridícula na minha cabeça,
    eu sabia que era ridícula,
  • 10:54 - 10:57
    porque uma semana antes,
    estive no mesmo cruzamento
  • 10:57 - 11:00
    com o mesmo sem-teto,
    ele deveria segurar o mesmo cartaz.
  • 11:00 - 11:03
    Mas dessa vez, estava na minha bicicleta.
  • 11:04 - 11:07
    Sabe o que eu fiz?
  • 11:07 - 11:11
    Eu disse: "E aí, tudo bem?"
    Sem nem pensar.
  • 11:12 - 11:15
    Quando não estamos dentro
    de uma concha ou de uma bolha,
  • 11:15 - 11:17
    ou na velocidade que o carro imprime,
  • 11:17 - 11:21
    nosso percurso se transforma
    numa experiência mais humana,
  • 11:21 - 11:27
    nossas interações se tornam
    um pouco mais reais e menos ridículas,
  • 11:27 - 11:31
    talvez muito menos ridículas
    se considerar aquela minha conversa.
  • 11:31 - 11:34
    A propósito, este é o Gandhi
    numa bicicleta.
  • 11:35 - 11:37
    (Risos)
  • 11:37 - 11:41
    Alguns meses atrás, fui de bicicleta
    até a Marcha das Mulheres,
  • 11:41 - 11:45
    e eu estava cercado por 6 mil
    mulheres e homens aficionados.
  • 11:45 - 11:50
    Estava nevando forte, uma neve molhada,
    todos estavam com frio e encharcados,
  • 11:50 - 11:54
    mas havia uma incrível energia no ar.
  • 11:54 - 11:58
    No fim da marcha, eu tinha feito
    um cartaz, mas bem mal feito.
  • 11:58 - 12:02
    Então, eu o enrolei, coloquei na cesta
    da bicicleta e pedalei para casa.
  • 12:02 - 12:06
    Cheguei num cruzamento
    e uma minivan parou ao meu lado.
  • 12:06 - 12:12
    Eu podia perceber que o passageiro
    me encarava, então olhei para ele,
  • 12:12 - 12:15
    era um senhor com síndrome de Down.
  • 12:15 - 12:20
    Ele alternava o olhar entre mim
    e o cartaz na minha bicicleta.
  • 12:20 - 12:23
    Então, sorri, acenei
    e olhei para frente de novo.
  • 12:23 - 12:26
    De repente, pelo canto dos meus olhos,
    percebi que ele acenava freneticamente.
  • 12:26 - 12:30
    Olhei de volta e ele apontava
    para o cartaz na cesta.
  • 12:30 - 12:33
    Depois ele pegou e levantou
    um cartaz que ele tinha feito.
  • 12:33 - 12:36
    Ele dizia: "Eu marcho por igualdade".
  • 12:38 - 12:41
    Fiz um sinal de positivo
    e ele devolveu o sinal empolgado,
  • 12:41 - 12:44
    e então se foram e eu quase perdi isso.
  • 12:44 - 12:46
    Já era um dia emotivo,
  • 12:46 - 12:49
    mas na esquina da avenida principal
    com a Broadway, entrei em crise,
  • 12:49 - 12:53
    porque não podia compreender
    aquela interação que acabara de acontecer.
  • 12:54 - 12:57
    Foi muito rápida. Foi muito simples.
  • 12:57 - 13:02
    Mas nunca me senti tão feliz de estar
    com frio, molhado e vulnerável
  • 13:02 - 13:06
    e totalmente acessível na minha bicicleta.
  • 13:08 - 13:11
    Não tenho nada contra dirigir;
    já disse que dirijo às vezes,
  • 13:11 - 13:14
    mas a maior parte do tempo,
    escolho pedalar.
  • 13:14 - 13:17
    Sei que quando pedalo,
    fico mais próximo de vocês,
  • 13:17 - 13:20
    mais próximo da comunidade
    que amo e de todas as crianças
  • 13:20 - 13:22
    para quem ajudei a doar
    bicicletas nesses anos.
  • 13:23 - 13:27
    Sei disso por causa de um fenômeno
    do pedal chamado: "segurança em números".
  • 13:27 - 13:32
    Trata-se do simples ato de pedalar,
    apenas uma pessoa a mais na estrada
  • 13:32 - 13:35
    gera consciência
    para cada motorista que a vê.
  • 13:35 - 13:38
    Isso traz segurança para quem estiver
    pedalando naquele dia
  • 13:38 - 13:40
    e até no dia seguinte.
  • 13:40 - 13:42
    Eu acho isso mágico:
  • 13:42 - 13:46
    montar em nossas bicicletas
    não só nos conecta a nossa comunidade,
  • 13:46 - 13:51
    mas nos ajuda a construir uma comunidade
    mais forte e segura para todos envolvidos.
  • 13:51 - 13:55
    Se levarmos isso adiante, significa
    que, quando pedalamos, eu e vocês,
  • 13:55 - 13:59
    trazemos mais segurança para 5 mil
    crianças que pedalam para a escola
  • 13:59 - 14:02
    em bicicletas do Projeto Boise Bicycles.
  • 14:02 - 14:07
    E cada uma dessas crianças
    traz mais segurança para nós.
  • 14:07 - 14:12
    Acho essa conexão incrível.
  • 14:12 - 14:16
    Quero terminar com mais uma história,
    mas desta vez não é minha.
  • 14:16 - 14:19
    Para ganhar uma bicicleta
    do Projeto Boise Bicycle,
  • 14:19 - 14:24
    toda criança tem que fazer um desenho
    ou escrever sobre a bicicleta dos sonhos.
  • 14:24 - 14:26
    Elas nos dizem sua altura,
    idade e duas cores favoritas,
  • 14:26 - 14:30
    e usamos essa informação
    para criar a bicicleta perfeita para elas.
  • 14:30 - 14:33
    Quando damos as bicicletas,
    as crianças sempre dizem:
  • 14:33 - 14:36
    "Ela é exatamente como desenhei!",
  • 14:36 - 14:39
    e bicicletas são difíceis de desenhar,
    então, não é bem verdade!
  • 14:39 - 14:41
    (Risos)
  • 14:41 - 14:43
    Mas com certeza fazemos o nosso melhor.
  • 14:43 - 14:47
    Este é um desenho de Andrew
    McCormick, de uns dois anos atrás,
  • 14:47 - 14:48
    é um ótimo desenho.
  • 14:48 - 14:51
    E ele ainda nos deu uma história.
  • 14:55 - 14:59
    "Eu gostaria de ganhar uma bicicleta,
    não tenho nenhuma.
  • 14:59 - 15:01
    Meu primo tem uma
    e pode ir para todo canto,
  • 15:01 - 15:05
    mas não posso ir com ele,
    porque não tenho bicicleta.
  • 15:05 - 15:09
    Minha vó me cria e ela faz o possível,
  • 15:09 - 15:12
    mas não tem dinheiro
    para comprar uma bicicleta.
  • 15:13 - 15:18
    Tenho moedas que juntei
    e eu as darei para ajudar.
  • 15:19 - 15:23
    Todos meus amigos têm bicicleta
    e eu não posso ir com eles e fico triste.
  • 15:23 - 15:26
    Eu ficaria muito feliz em ter
    uma bicicleta, não importa a cor.
  • 15:26 - 15:31
    Já ficaria grato só por tê-la.
    É o que quero de Natal.
  • 15:31 - 15:33
    Andrew McCormick."
  • 15:35 - 15:37
    Este é o Andrew,
  • 15:37 - 15:39
    e esta é a bicicleta dos sonhos
    que ele desenhou.
  • 15:40 - 15:42
    E é claro que tirei uma foto com ele
  • 15:42 - 15:48
    antes que saísse pedalando com os olhos
    brilhando, grande sorriso, a 16 km/h.
  • 15:49 - 15:51
    O que isso significa aqui para nós hoje,
  • 15:51 - 15:54
    eu, vocês, as pessoas que podem
    estar assistindo ou ouvindo?
  • 15:54 - 15:57
    Significa que amanhã
    de manhã, acordaremos,
  • 15:57 - 16:04
    e o dia será cheio de oportunidades
    para desacelerar as coisas.
  • 16:04 - 16:10
    Talvez você chegue na porta
    do seu carro, mas decida pedalar.
  • 16:11 - 16:14
    Este na verdade é o desafio
    que lanço a todos vocês aqui hoje.
  • 16:14 - 16:17
    Apenas uma vez na semana que vem,
    confira a previsão do tempo,
  • 16:17 - 16:20
    escolha o melhor dia
    da semana e vá pedalar.
  • 16:21 - 16:24
    Não importa que roupa esteja
    usando, qual bicicleta tenha,
  • 16:24 - 16:27
    e qual a distância, coloque
    a bicicleta no porta-malas,
  • 16:27 - 16:31
    dirija até a metade do caminho
    e comece a pedalar.
  • 16:32 - 16:35
    Depois de dois minutos,
    quero que respirem fundo,
  • 16:35 - 16:39
    e quero que pensem sobre Andrew
    e sua bicicleta dos sonhos.
  • 16:40 - 16:44
    Quero que pensem em Fahara
    pedalando para a escola.
  • 16:44 - 16:49
    Quero que pensem na liberdade
    que a bicicleta lhes dava quando crianças.
  • 16:50 - 16:54
    Agora, olhem, ouçam e sintam
    o mundo à sua volta.
  • 16:55 - 16:59
    A esta altura, vocês voltarão a romper
    a barreira do conhecimento.
  • 16:59 - 17:02
    Vocês estarão conectados
    com todas estas pessoas,
  • 17:02 - 17:06
    e com a linda comunidade do caminho.
  • 17:08 - 17:10
    Obrigado por me acompanhar
    nesta jornada esta noite.
  • 17:10 - 17:13
    (Aplausos) (Vivas)
Title:
Como andar de bicicleta nos faz entrar na velocidade da descoberta I Jimmy Hallyburton I TEDxBoise
Description:

"Há mais vida quando você começa a diminuir sua velocidade." Em uma bicicleta, os destinos tornam-se jornadas nas quais você se conecta e é influenciado pelo ambiente à sua volta. Para algumas pessoas, andar de bicicleta é uma escolha, para outras, é apenas uma opção de transporte; independentemente disso, é mais do que alcançar um destino. O que você não espera são as conexões pelo caminho.

Jimmy passou a maior parte de sua infância explorando o campo de Boise em bicicletas de segunda mão. Sobre duas rodas e longas distâncias de estradas abertas, ele descobriu a liberdade, oportunidade e independência que uma bicicleta pode proporcionar. Após o ensino médio, Jimmy pegou estrada novamente, viajando por todo o país, lutando contra os incêndios florestais pelos Hotshots da cidade de Idaho. Com um diploma de Comunicações de Massa da Universidade Estadual de Boise e absolutamente nenhuma experiência em organizações sem fins lucrativos, ele lançou o Projeto Boise Bycicle. Nove anos depois, o projeto foi eleito seis vezes a melhor organização sem fins lucrativos de Boise e reciclou mais de 10 mil bicicletas nas ruas da cidade.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:16

Portuguese, Brazilian subtitles

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