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Como computadores estão aprendendo a ser criativos

  • 0:01 - 0:04
    Coordeno uma equipe no Google
    que lida com I.A.;
  • 0:04 - 0:09
    em outras palavras, a engenharia
    de fazer computadores e aparelhos
  • 0:09 - 0:11
    capazes de criar coisas que o cérebro faz.
  • 0:11 - 0:14
    E isso faz com que nos interessemos
    por cérebros reais
  • 0:14 - 0:16
    e também por neurociência,
  • 0:16 - 0:20
    e nos interessamos, principalmente,
    por coisas que nosso cérebro faz
  • 0:20 - 0:24
    que ainda são muito superiores
    à performance dos computadores.
  • 0:25 - 0:29
    Historicamente, uma das áreas
    tem sido percepção,
  • 0:29 - 0:32
    o processo pelo qual as coisas abstratas,
  • 0:32 - 0:33
    sons e imagens,
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    podem se tornar conceitos na mente.
  • 0:36 - 0:39
    Isso é essencial para o nosso cérebro
  • 0:39 - 0:41
    e também muito útil em um computador.
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    Os algorítimos de percepção artificial,
    criados por nós, por exemplo,
  • 0:45 - 0:49
    são o que permitem que suas fotos
    do Google Fotos sejam pesquisáveis,
  • 0:49 - 0:51
    baseando-se no que há nelas.
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    O oposto da percepção é a criatividade:
  • 0:55 - 0:58
    transformar um conceito
    em algo lá fora, para o mundo.
  • 0:58 - 1:02
    Então, ao longo do ano passado,
    nosso trabalho de percepção artificial
  • 1:02 - 1:07
    também se uniu, inesperadamente,
    ao mundo da criatividade artificial
  • 1:07 - 1:08
    e da arte digital.
  • 1:09 - 1:12
    Acho que Michelangelo
    teve um insight profundo
  • 1:12 - 1:16
    a respeito da relação
    entre percepção e criatividade.
  • 1:16 - 1:18
    Esta é uma famosa citação dele:
  • 1:18 - 1:21
    "Cada bloco de pedra
    tem uma escultura interna,
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    e o trabalho do escultor é descobri-la."
  • 1:26 - 1:29
    Então, penso que Michelangelo
    estava querendo dizer
  • 1:29 - 1:32
    que nós criamos, através da percepção,
  • 1:32 - 1:35
    e que a percepção por si
    é um ato de imaginação
  • 1:35 - 1:38
    e é a tal da criatividade.
  • 1:39 - 1:43
    O órgão que cria todo pensamento,
    percepção e imaginação,
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    é certamente, o cérebro.
  • 1:45 - 1:48
    E eu quero começar
    com um pouquinho de história
  • 1:48 - 1:50
    sobre o que sabemos sobre cérebros.
  • 1:50 - 1:53
    Porque, diferente do coração
    e dos intestinos,
  • 1:53 - 1:56
    você não consegue falar muito
    sobre o cérebro só olhando pra ele,
  • 1:56 - 1:58
    pelo menos a olho nu.
  • 1:58 - 2:00
    Os primeiros anatomistas
    que observaram cérebros
  • 2:00 - 2:04
    deram às estruturas superficiais
    todo tipo de nomes fantásticos,
  • 2:04 - 2:07
    como hipocampo,
    significando "camarãozinho".
  • 2:07 - 2:09
    Mas claro que esse tipo de coisa
    não nos diz muito
  • 2:09 - 2:12
    sobre o que acontece lá dentro.
  • 2:13 - 2:16
    A primeira pessoa que eu acho,
    que, de fato, desenvolveu algum insight
  • 2:16 - 2:18
    sobre o que acontecia no cérebro
  • 2:18 - 2:24
    foi o grande neuroanatomista espanhol,
    Santiago Ramón y Cajal, no século 19,
  • 2:24 - 2:28
    usando microscópio e reagentes especiais,
  • 2:28 - 2:32
    que puderam, seletivamente, preencher
    ou converter em contraste muito elevado,
  • 2:32 - 2:34
    as células individuais do cérebro,
  • 2:34 - 2:37
    para conseguir entender
    a morfologia delas.
  • 2:38 - 2:42
    E estes são os tipos de desenhos
    que ele fez dos neurônios no século 19.
  • 2:42 - 2:44
    Este é de um cérebro de pássaro.
  • 2:44 - 2:47
    E vemos esta incrível variedade
    de diferentes tipos de células,
  • 2:47 - 2:51
    até mesmo a própria teoria celular
    era recente nessa época.
  • 2:51 - 2:52
    E estas estruturas,
  • 2:52 - 2:54
    estas células que têm essas ramificações,
  • 2:54 - 2:57
    que podem percorrer
    distâncias muito longas,
  • 2:57 - 2:59
    tudo era novidade na época.
  • 2:59 - 3:02
    Elas são reminiscência de fios, claro.
  • 3:02 - 3:05
    Isso pode ter sido óbvio
    para algumas pessoas no século 19;
  • 3:05 - 3:10
    as revoluções de telefonia e eletricidade
    estavam apenas começando.
  • 3:10 - 3:11
    Mas de muitas maneiras,
  • 3:11 - 3:14
    esses desenhos microanatômicos
    do Ramón y Cajal, como este,
  • 3:14 - 3:17
    ainda são, em alguns pontos, insuperáveis.
  • 3:17 - 3:19
    Ainda, depois de um século,
  • 3:19 - 3:22
    estamos tentando concluir aquilo
    que Ramón y Cajal começou.
  • 3:22 - 3:25
    Estes são dados brutos
    de nossos colaboradores
  • 3:25 - 3:28
    no Instituto de Neurociência Max Planck.
  • 3:28 - 3:34
    E nossos colaboradores estão representando
    partículas de tecido cerebral.
  • 3:34 - 3:38
    Esta amostra tem aproximadamente
    um milímetro cúbico,
  • 3:38 - 3:40
    e estou mostrando uma parte
    minúscula dela aqui.
  • 3:40 - 3:43
    Aquela barra da esquerda
    tem em torno de um mícron.
  • 3:43 - 3:45
    As estruturas que veem são mitocôndrias,
  • 3:45 - 3:47
    que são do tamanho de uma bactéria.
  • 3:47 - 3:49
    E estas são fatias consecutivas
  • 3:49 - 3:52
    através deste minúsculo bloco de tecido.
  • 3:52 - 3:54
    Apenas para efeito de comparação,
  • 3:54 - 3:58
    o diâmetro de um fio médio de cabelo
    é de aproximadamente 100 microns.
  • 3:58 - 4:02
    Então, estamos olhando para algo
    bem menor do que um simples fio de cabelo.
  • 4:02 - 4:06
    E a partir desses tipos de partículas
    microscópicas de elétrons de série,
  • 4:06 - 4:11
    podemos começar a reconstruir
    neurônios em 3D, como estes.
  • 4:11 - 4:14
    Estes são do mesmo estilo
    do Ramón y Cajal.
  • 4:14 - 4:16
    Poucos neurônios destacaram-se,
  • 4:16 - 4:19
    pois, caso contrário,
    não conseguiríamos ver nada aqui.
  • 4:19 - 4:24
    Estaria lotado, muito cheio de estruturas,
    de neurônios comunicando-se entre si.
  • 4:25 - 4:28
    Ramón y Cajal estava um pouco
    à frente de seu tempo,
  • 4:28 - 4:31
    e o progresso do entendimento do cérebro
  • 4:31 - 4:33
    seguiu lentamente
    através das décadas seguintes.
  • 4:33 - 4:36
    Mas sabíamos que os neurônios
    usavam eletricidade
  • 4:36 - 4:39
    e, na Segunda Guerra Mundial,
    a tecnologia avançou o suficiente
  • 4:39 - 4:42
    para iniciar experimentos elétricos
    reais em neurônios vivos
  • 4:42 - 4:45
    para entender melhor seu funcionamento.
  • 4:45 - 4:49
    Isso ocorreu na mesma época
    da invenção dos computadores,
  • 4:49 - 4:52
    muito baseado na ideia
    da modelagem cerebral,
  • 4:52 - 4:55
    da "maquinaria inteligente",
    como foi chamada por Alan Turing,
  • 4:55 - 4:58
    um dos pais da ciência da computação.
  • 4:58 - 5:03
    Warren McCulloch e Walter Pitts
    observaram o desenho do córtex visual,
  • 5:03 - 5:05
    de Ramón y Cajal,
    que estou mostrando aqui.
  • 5:05 - 5:10
    Este é o córtex que processa
    as imagens captadas pelo olho.
  • 5:10 - 5:14
    E, para eles, isto parecia
    um diagrama de circuito.
  • 5:14 - 5:18
    Então há muitos detalhes
    no diagrama de McCulloch and Pitts
  • 5:18 - 5:21
    que não estão muito certos,
    mas esta ideia básica
  • 5:21 - 5:25
    de que o córtex visual trabalha
    como uma série de elementos computacionais
  • 5:25 - 5:28
    que passam a informação,
    um para o outro, em cascata,
  • 5:28 - 5:29
    está essencialmente correta.
  • 5:29 - 5:32
    Vamos falar um pouco
  • 5:32 - 5:36
    sobre o que um modelo para processar
    informações visuais precisaria fazer.
  • 5:36 - 5:39
    A tarefa básica de percepção
  • 5:39 - 5:43
    é levar uma imagem como esta e dizer:
  • 5:43 - 5:44
    "É um pássaro",
  • 5:44 - 5:47
    algo muito simples de se fazer
    com nosso cérebro.
  • 5:47 - 5:51
    Mas vocês têm que entender
    que, para um computador,
  • 5:51 - 5:54
    isso era praticamente impossível
    há alguns anos.
  • 5:54 - 5:59
    O paradigma computacional clássico
    não é uma tarefa simples de ser realizada.
  • 5:59 - 6:02
    O que está acontecendo entre os pixels,
  • 6:02 - 6:06
    entre a imagem do pássaro
    e a palavra "pássaro",
  • 6:06 - 6:09
    é sobretudo um grupo de neurônios
    conectados uns aos outros,
  • 6:09 - 6:11
    em uma rede neural, conforme mostro aqui.
  • 6:11 - 6:15
    Essa conexão neural poderia ser biológica,
    em nosso córtex visual,
  • 6:15 - 6:17
    ou, atualmente, começamos
    a ter a capacidade
  • 6:17 - 6:19
    de modelar tais conexões neurais
    no computador.
  • 6:20 - 6:22
    Eu mostrarei com o que elas
    realmente se parecem.
  • 6:22 - 6:26
    Vocês podem pensar nos pixels como
    uma primeira camada de neurônios,
  • 6:26 - 6:30
    que, na verdade, é como atuam no olho,
    são os neurônios na retina.
  • 6:30 - 6:31
    E eles alimentam
  • 6:31 - 6:35
    camada por camada de neurônios,
  • 6:35 - 6:38
    todas conectadas por sinapses
    de diferentes pesos.
  • 6:38 - 6:39
    O comportamento dessa rede
  • 6:39 - 6:42
    é caracterizado pelas forças
    de todas aquelas sinapses.
  • 6:42 - 6:46
    Elas caracterizam as propriedades
    computacionais dessa rede.
  • 6:46 - 6:47
    E, no final das contas,
  • 6:47 - 6:50
    você tem um neurônio,
    ou um grupo de neurônios,
  • 6:50 - 6:52
    que ativam-se, dizendo "pássaro".
  • 6:52 - 6:55
    Agora, representarei essas três coisas:
  • 6:55 - 7:00
    a entrada de pixels
    e as sinapses na rede neural,
  • 7:00 - 7:04
    e o pássaro, a saída,
    através de três variáveis: x, w e y.
  • 7:05 - 7:09
    Há um milhão ou mais de x,
    um milhão de pixels nesta imagem.
  • 7:09 - 7:11
    Há bilhões ou trilhões de w,
  • 7:11 - 7:15
    que representam o peso de todas
    estas sinapses na rede neural.
  • 7:15 - 7:18
    E há um número muito pequeno de y,
    de saídas que essa rede tem.
  • 7:18 - 7:21
    "Pássaro" tem sete letras, certo?
  • 7:21 - 7:24
    Então, vamos imaginar que esta
    seja apenas uma fórmula simples:
  • 7:24 - 7:27
    x "x" w = y.
  • 7:27 - 7:29
    O sinal de multiplicação fica entre aspas,
  • 7:29 - 7:31
    porque, na verdade,
    o que está acontecendo lá
  • 7:31 - 7:34
    é uma série complicada
    de operações matemáticas.
  • 7:35 - 7:36
    É uma equação.
  • 7:36 - 7:38
    Há três variáveis,
  • 7:38 - 7:41
    e todos nós sabemos
    que se você tem uma equação,
  • 7:41 - 7:45
    pode encontrar uma variável,
    se souber os outros dois termos.
  • 7:45 - 7:49
    Então, o problema de inferência,
  • 7:49 - 7:51
    de entender que aquela figura
    de um pássaro é um pássaro,
  • 7:51 - 7:56
    é este: na qual y é desconhecido,
    mas w e x são conhecidos.
  • 7:56 - 7:59
    Conhecendo a rede neural,
    você conhece os pixels.
  • 7:59 - 8:02
    Como podem ver, é um problema
    relativamente simples.
  • 8:02 - 8:04
    Você multiplica duas vezes três e pronto.
  • 8:05 - 8:07
    Mostrarei uma rede artificial de neurônios
  • 8:07 - 8:10
    que criamos recentemente
    fazendo exatamente isso.
  • 8:10 - 8:12
    Isto está passando
    em tempo real em um celular,
  • 8:12 - 8:16
    e é, claro, surpreendente por si só,
  • 8:16 - 8:21
    que celulares possam fazer bilhões
    e trilhões de operações por segundo.
  • 8:21 - 8:22
    Vocês estão olhando para um celular
  • 8:22 - 8:26
    vendo uma imagem de pássaro após a outra,
  • 8:26 - 8:28
    e, na verdade, não só dizendo:
    "Sim, é um pássaro",
  • 8:28 - 8:32
    mas identificando a espécie do pássaro
    com uma rede deste tipo.
  • 8:33 - 8:35
    Nesta imagem,
  • 8:35 - 8:39
    o x e o w são conhecidos
    e o y é desconhecido.
  • 8:39 - 8:41
    Estou encobrindo a parte mais difícil,
  • 8:41 - 8:45
    que é como descobrimos o w,
  • 8:45 - 8:47
    o cérebro que pode fazer tal coisa?
  • 8:47 - 8:49
    Como aprenderíamos tal modelo?
  • 8:49 - 8:53
    Este processo de aprendizagem,
    de descobrir o w,
  • 8:53 - 8:55
    se o resolvermos com a equação simples,
  • 8:55 - 8:58
    na qual pensamos
    nestas variáveis como números,
  • 8:58 - 9:00
    saberemos, exatamente,
    como resolvê-la: 6 = 2 x w,
  • 9:00 - 9:03
    dividimos por dois e pronto.
  • 9:04 - 9:06
    O problema é com este sinal.
  • 9:07 - 9:11
    Usamos a divisão porque
    é o inverso da multiplicação,
  • 9:11 - 9:13
    mas, como acabei de dizer,
  • 9:13 - 9:15
    a multiplicação não deixa
    de ser uma mentira aqui.
  • 9:15 - 9:18
    Esta é uma operação não-linear
    muito complicada;
  • 9:18 - 9:20
    não existe o inverso.
  • 9:20 - 9:23
    Então devemos encontrar
    uma forma de resolver a equação
  • 9:23 - 9:25
    sem um sinal de divisão.
  • 9:25 - 9:28
    E a forma de se fazer isso
    é razoavelmente fácil.
  • 9:28 - 9:30
    Você diz: vamos fazer um truque de álgebra
  • 9:30 - 9:33
    e mover o seis para a direita da equação.
  • 9:33 - 9:36
    Agora, ainda temos uma multiplicação
  • 9:36 - 9:39
    e aquele zero, vamos pensar
    nele como um erro.
  • 9:39 - 9:42
    Em outras palavras,
    se acharmos o w da forma certa
  • 9:42 - 9:43
    então o erro será zero.
  • 9:43 - 9:47
    Se não conseguirmos isso da forma certa,
    o erro será maior do que zero.
  • 9:47 - 9:51
    Agora podemos criar suposições
    para diminuir os erros,
  • 9:51 - 9:53
    e é o tipo de coisa que
    computadores fazem muito bem.
  • 9:53 - 9:56
    Na primeira suposição: e se w = 0?
    Bem, o erro será 6.
  • 9:56 - 9:59
    E se w = 1? O erro será 4.
  • 9:59 - 10:04
    E, então, o computador tentará adivinhar
    e diminuir o erro para próximo de zero.
  • 10:04 - 10:07
    Enquanto isso ocorre, ele está obtendo
    sucessivas aproximações de w.
  • 10:07 - 10:11
    Tipicamente, nunca se chega lá,
    mas depois de várias etapas,
  • 10:11 - 10:15
    estamos próximos de w = 2,999,
    o que é bem próximo.
  • 10:16 - 10:18
    E esse é o processo de aprendizagem.
  • 10:18 - 10:22
    Lembrem-se de que estamos pegando
  • 10:22 - 10:25
    muitos x e y conhecidos
  • 10:25 - 10:29
    e resolvendo o w no meio disso,
    através de um processo interativo.
  • 10:29 - 10:32
    É exatamente assim que construímos
    nossa própria aprendizagem.
  • 10:32 - 10:35
    Quando somos bebês nos mostram imagens
  • 10:35 - 10:37
    e nos dizem: "Isso é um pássaro;
    isso não é um pássaro".
  • 10:38 - 10:40
    Com o passar do tempo,
    através da interação,
  • 10:40 - 10:43
    nós encontramos o w,
    encontramos essas conexões neurais.
  • 10:43 - 10:48
    Agora mantemos o valor de x e w
    para resolver y;
  • 10:48 - 10:50
    isso acontece todo dia, percepção rápida.
  • 10:50 - 10:51
    Compreendemos como achar w,
  • 10:51 - 10:53
    isso é aprendizagem,
    o que é muito mais difícil,
  • 10:53 - 10:57
    pois precisamos minimizar os erros,
    usando vários exemplos de treinamento.
  • 10:57 - 11:00
    Há aproximadamente um ano,
    Alex Mordvintsev, da nossa equipe,
  • 11:00 - 11:04
    decidiu experimentar o que aconteceria
    se tentássemos encontrar x,
  • 11:04 - 11:06
    conhecendo os valores de w e y.
  • 11:06 - 11:07
    Em outras palavras,
  • 11:07 - 11:09
    você sabe que isto é um pássaro,
  • 11:09 - 11:12
    e já tem sua rede neural
    que treinou com pássaros,
  • 11:12 - 11:14
    mas o que é a figura de um pássaro?
  • 11:15 - 11:20
    Ocorre que, usando o mesmo
    procedimento de minimização de erros,
  • 11:20 - 11:24
    pode-se fazer isso com a rede treinada
    para reconhecer pássaros
  • 11:24 - 11:27
    e o resultado será...
  • 11:30 - 11:32
    uma imagem de pássaros.
  • 11:33 - 11:36
    Essa é uma imagem de pássaros
    totalmente gerada por uma rede neural,
  • 11:36 - 11:39
    a qual foi treinada
    para reconhecer pássaros,
  • 11:39 - 11:44
    apenas resolvendo x em vez de y,
    fazendo isso de forma interativa.
  • 11:44 - 11:46
    Aqui tem um outro exemplo divertido.
  • 11:46 - 11:49
    Esse foi um trabalho
    de Mike Tyka, em nosso grupo,
  • 11:49 - 11:51
    que ele chamou de "Desfile Animal".
  • 11:51 - 11:54
    Faz lembrar um pouco obras de arte
    de William Kentridge,
  • 11:54 - 11:59
    na qual ele faz desenhos e os apaga,
    sucessivamente, e cria um filme assim.
  • 11:59 - 12:04
    Neste caso, Mike varia o y
    no espaço de diferentes animais,
  • 12:04 - 12:08
    numa rede desenvolvida para reconhecer
    e distinguir diferentes animais.
  • 12:08 - 12:13
    E você consegue essa estranha mudança
    de um animal para outro, estilo Escher.
  • 12:14 - 12:19
    Aqui, Alex e ele, juntos, tentaram reduzir
  • 12:19 - 12:22
    o y a um espaço de duas dimensões,
  • 12:22 - 12:25
    fazendo assim um mapa fora
    do espaço de todas as coisas
  • 12:25 - 12:27
    reconhecidas por essa rede.
  • 12:27 - 12:29
    Fazendo esse tipo de síntese
  • 12:29 - 12:31
    ou geração de imagem
    sobre essa superfície inteira,
  • 12:31 - 12:34
    variando y sobre a superfície,
    você cria um mapa visual
  • 12:34 - 12:37
    de todas as coisas
    que a rede consegue reconhecer.
  • 12:37 - 12:40
    Todos os animas estão aqui;
    o tatu está bem naquele canto.
  • 12:41 - 12:43
    Você também pode fazer isso
    com outras redes.
  • 12:43 - 12:46
    Essa é uma rede criada
    para reconhecer faces,
  • 12:46 - 12:48
    distinguir uma face de outra.
  • 12:48 - 12:53
    E, aqui, colocamos um y que seria "eu",
    parâmetros da minha própria face.
  • 12:53 - 12:58
    E quando essa rede encontra x,
    ela gera essa imagem doida,
  • 12:58 - 13:02
    um estilo cubismo, surreal,
    uma figura psicodélica de mim
  • 13:02 - 13:04
    a partir de múltiplos pontos de vista.
  • 13:04 - 13:07
    A razão de parecer com múltiplos pontos
    de vista de uma só vez
  • 13:07 - 13:10
    é porque a rede é criada
    para conseguir se livrar da ambiguidade
  • 13:10 - 13:13
    de uma face em uma pose ou outra,
  • 13:13 - 13:16
    sendo olhada com um tipo ou outro de luz.
  • 13:16 - 13:18
    Então, quando faz
    esse tipo de reconstrução,
  • 13:18 - 13:22
    se você não usar algum
    guia de imagem ou de estatística,
  • 13:22 - 13:26
    pode ficar confuso,
    devido a diferentes pontos de vista,
  • 13:26 - 13:27
    porque isso é ambíguo.
  • 13:28 - 13:32
    Isto é o que acontece se Alex usar
    sua própria face como guia de imagem
  • 13:32 - 13:35
    durante o processo de otimização
    para reconstruir minha face.
  • 13:36 - 13:39
    Então, podem ver que não é perfeito.
  • 13:39 - 13:40
    Ainda há muito trabalho a fazer
  • 13:40 - 13:43
    sobre como otimizar
    aquele processo de otimização.
  • 13:43 - 13:46
    Mas começa a ter algo
    como uma face coerente,
  • 13:46 - 13:48
    acabando por usar
    minha própria face como guia.
  • 13:49 - 13:52
    Não é preciso começar com uma
    tela em branco ou com ruído branco.
  • 13:52 - 13:54
    Quando se está resolvendo x,
  • 13:54 - 13:58
    pode-se começar com um x,
    que, por si só, já é outra imagem.
  • 13:58 - 14:00
    Isto é o que representa
    esta pequena demonstração.
  • 14:00 - 14:05
    Isto é uma rede desenhada para categorizar
  • 14:05 - 14:08
    todo tipo de diferentes objetos,
    criações humanas, animais...
  • 14:08 - 14:10
    Aqui começamos apenas
    com uma figura de nuvens,
  • 14:10 - 14:12
    e enquanto otimizamos,
  • 14:12 - 14:17
    basicamente, esta rede está descobrindo
    o que se vê nas nuvens.
  • 14:17 - 14:19
    E quanto mais você olha pra isso,
  • 14:19 - 14:22
    mais coisas também verá nas nuvens.
  • 14:23 - 14:26
    Poderia também usar a rede da face
    para ficar alucinado,
  • 14:26 - 14:29
    então verá umas coisas muito loucas.
  • 14:29 - 14:30
    (Risos)
  • 14:30 - 14:33
    Mike fez algumas outras experiências,
  • 14:33 - 14:37
    nas quais leva a imagem da nuvem,
  • 14:37 - 14:41
    e ele alucina e aproxima, sucessivamente,
  • 14:41 - 14:42
    e dessa forma,
  • 14:42 - 14:45
    pode ter uma espécie
    de estado de fuga da rede, suponho,
  • 14:45 - 14:49
    ou um tipo de associação livre,
  • 14:49 - 14:51
    em que a rede morde sua própria cauda.
  • 14:51 - 14:56
    Assim, toda imagem é base para a pergunta:
    "O que acho que verei agora?
  • 14:56 - 14:59
    O que acho que verei agora?
    O que acho que verei agora?"
  • 14:59 - 15:02
    Mostrei isso pela primeira vez em público,
  • 15:02 - 15:06
    a um grupo, numa palestra em Seattle,
  • 15:06 - 15:08
    chamado "Educação Maior";
  • 15:08 - 15:10
    isso aconteceu assim
    que a maconha foi legalizada.
  • 15:10 - 15:12
    (Risos)
  • 15:15 - 15:17
    Então, quero terminar logo,
  • 15:17 - 15:21
    mencionando que esta tecnologia
    não está restrita.
  • 15:21 - 15:25
    Mostrei a vocês exemplos puramente visuais
    porque são divertidos de se ver.
  • 15:25 - 15:27
    Esta não é uma tecnologia
    exclusivamente visual.
  • 15:27 - 15:29
    Nosso colaborador, Ross Goodwin,
  • 15:29 - 15:33
    fez experiências envolvendo
    uma câmera que tira a foto,
  • 15:33 - 15:37
    e aí, um computador na sua mochila,
    escreve um poema usando redes neurais,
  • 15:37 - 15:39
    baseados nos conteúdos da imagem.
  • 15:39 - 15:42
    E aquela poesia de rede neural
    tem sido treinada
  • 15:42 - 15:44
    num grande corpus de poesia do século 20.
  • 15:44 - 15:48
    E a poesia, na verdade,
    não é tão ruim, eu acho.
  • 15:48 - 15:49
    (Risos)
  • 15:49 - 15:50
    Para fechar,
  • 15:50 - 15:54
    acho que Michelangelo estava certo:
  • 15:54 - 15:57
    percepção e criatividade
    estão intimamente ligadas.
  • 15:58 - 16:00
    O que vimos são apenas redes neurais,
  • 16:00 - 16:03
    que estão totalmente
    treinadas para discriminar
  • 16:03 - 16:05
    ou reconhecer coisas diferentes no mundo,
  • 16:05 - 16:08
    capazes de trabalhar
    em sentido contrário para produzir.
  • 16:08 - 16:10
    Uma das coisas que me vem à cabeça
  • 16:10 - 16:15
    é que não só Michelangelo viu
    a escultura nos blocos de pedra,
  • 16:15 - 16:18
    mas qualquer criatura,
    qualquer ser, alienígena,
  • 16:18 - 16:22
    que é capaz de fazer
    atos de percepção desse tipo,
  • 16:22 - 16:24
    também é capaz de criar,
  • 16:24 - 16:27
    porque é exatamente a mesma máquina
    usada nos dois casos.
  • 16:27 - 16:32
    Também penso que percepção e criatividade
    não são exclusivamente humanas.
  • 16:33 - 16:36
    Temos modelos de computadores capazes
    de fazer justamente esse tipo de coisa,
  • 16:36 - 16:40
    e não deveria ser surpreendente,
    pois o cérebro é computacional.
  • 16:40 - 16:41
    E finalmente,
  • 16:41 - 16:46
    a computação começou como um exercício
    de planejar maquinaria inteligente.
  • 16:46 - 16:48
    Foi muito pensado na ideia
  • 16:48 - 16:51
    de como faríamos as máquinas
    ficarem inteligentes.
  • 16:51 - 16:54
    E agora, estamos finalmente
    começando a cumprir
  • 16:54 - 16:56
    algumas das promessas daqueles pioneiros,
  • 16:56 - 17:00
    de Turing e Von Neumann,
    e McCulloch e Pitts.
  • 17:00 - 17:04
    E acho que computação
    não é apenas números
  • 17:04 - 17:06
    ou jogar Candy Crush ou algo assim.
  • 17:06 - 17:09
    No começo, modelamos as máquinas
    segundo as nossas mentes.
  • 17:09 - 17:12
    E elas nos dão tanto a habilidade
    de entender melhor nossa mente
  • 17:12 - 17:14
    como de expandi-la.
  • 17:15 - 17:16
    Muito obrigado.
  • 17:16 - 17:18
    (Aplausos)
Title:
Como computadores estão aprendendo a ser criativos
Speaker:
Blaise Agüera y Arcas
Description:

Estamos à beira de uma nova fronteira na arte e na criatividade e, não é humana. Blaise Agüera y Arcas, principal cientista do Google, trabalha com complexas redes neurais para a percepção da máquina e aprendizagem distribuída. Nesta apresentação fascinante, ele mostra como redes neurais treinadas para reconhecer imagens podem ser executadas em sentido inverso, para gerá-las. Resultado: colagens alucinatórias (e poemas!) espetaculares que desafiam a categorização. "Percepção e criatividade estão intimamente ligadas", diz Agüera y Arcas. "Qualquer criatura, qualquer ser que é capaz de fazer atos de percepção, também é capaz de criar."

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:34

Portuguese, Brazilian subtitles

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