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Corrupção, riqueza e beleza: A história da gôndola veneziana — Laura Morelli

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    Se eu disser "Veneza", vocês imaginam-se
    a deslizar pelo Grande Canal
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    com um gondoleiro a cantar uma serenata?
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    Não há dúvida que a gôndola
    é um símbolo de Veneza, na Itália,
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    mas como é que este curioso barco preto,
    em forma de banana,
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    adquiriu o seu aspeto peculiar?
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    As origens da gôndola veneziana
    perdem-se na História
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    mas, no início do século XVI,
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    havia umas 10 000 gôndolas a transportar
    dignitários, mercadores e mercadorias
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    pelos canais da cidade.
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    Na verdade, Veneza estava cheia
    de muitos tipos de barcos artesanais,
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    desde as jangadas utilitárias
    à luxuosa barcaça dourada do Doge.
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    Como um sistema moderno de táxis,
    as gôndolas eram alugadas pelos barqueiros
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    que circulavam pelas estações
    de embarque da cidade.
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    Os passageiros pagavam a passagem
    para atravessarem o Grande Canal,
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    ou para irem para outros pontos da cidade.
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    Mas os gondoleiros
    cedo adquiriram má reputação.
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    Há documentos históricos que descrevem
    numerosas infrações envolvendo barqueiros:
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    palavrões, batota, extorsão a passageiros,
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    até mesmo atos esporádicos de violência.
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    Para minimizar a insegurança
    da travessia do canal,
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    os cidadãos venezianos que tinham meios
    compraram gôndolas,
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    tal como uma celebridade moderna
    usa um carro privado com motorista.
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    Esses venezianos abastados
    contratavam dois gondoleiros particulares
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    para os transportar pela cidade
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    e fazerem a manutenção dos barcos.
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    Em breve, as gôndolas eram
    um símbolo de estatuto,
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    tal como um carro de luxo,
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    com acessórios,
    ornatos entalhados e dourados,
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    e tecidos sazonais,
    como a seda e o veludo.
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    Mas a maioria das gondolas
    modernas são pretas,
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    porque, em 1562,
    as autoridades venezianas decretaram
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    que todas as gôndolas, com exceção
    das cerimoniais, fossem pintadas de preto,
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    a fim de impedir exibições
    escandalosamente extravagantes.
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    Segundo parece, as autoridades venezianas
    não acreditavam em "alegrar os passeios".
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    Mesmo assim, havia venezianos abastados
    que preferiam pagar as multas
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    a fim de manter as gôndolas ornamentadas,
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    um preço baixo para manter as aparências.
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    O aspeto distinto da gôndola foi evoluindo
    ao longo de muitos séculos.
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    Cada gôndola era construída num estaleiro
    da família, chamado um "squero".
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    Com os pais e os avós, os filhos
    aprendiam a escolher e a envelhecer
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    tábuas de faia, cerejeira, olmo, abeto,
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    pinheiro, tília, mogno,
    carvalho e nogueira.
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    Os fabricantes de gôndolas começavam
    com um modelo de madeira
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    que podia ter sido pregado
    no chão da oficina há gerações.
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    A partir desta forma básica,
    acrescentavam a proa e a popa,
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    depois formavam
    as tábuas longitudinais e as costelas
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    que constituíam o esqueleto de um barco
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    destinado a deslizar
    pelos canais estreitos e de águas baixas.
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    Uma gôndola não tem
    linhas retas nem arestas.
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    O seu perfil familiar era conseguido
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    através de um notável processo
    de fogo e água,
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    para empenar as tábuas,
    com tochas feitas de juncos.
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    Porém, a maior parte das 500 horas
    gastas na construção duma gôndola
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    destinava-se aos retoques finais:
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    a preparação das superfícies
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    e a aplicação de sucessivas
    camadas de verniz à prova de água.
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    O verniz era uma receita de família,
    tão ciosamente guardada como a do "risotto"
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    ou de um molho caseiro.
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    Mas, mesmo depois de acabado
    o trabalho de madeira,
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    a gôndola ainda não estava pronta.
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    Artesãos especializados forneciam
    aos seus colegas fabricantes de gôndolas
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    elaborados compartimentos
    cobertos para passageiros,
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    estofos e ornamentos de ferro e de bronze.
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    Os fabricantes de remos eram parceiros
    integrais dos construtores de gôndolas.
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    A forqueta veneziana, ou "forcola",
    começou por ser
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    um simples garfo de madeira,
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    mas evoluiu num utensílio de alta
    precisão que permitia ao gondoleiro
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    orientar o remo em muitas posições.
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    No final da década de 1800,
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    os construtores de gôndolas
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    começaram a fazer o lado esquerdo
    da gôndola mais largo do que o direito
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    para contrabalançar a força criada
    por um único gondoleiro.
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    Esta modificação permitia aos remadores
    dirigir apenas do lado direito,
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    sem tirar o remo da água.
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    Embora estas modificações
    tenham melhorado a viagem de gôndola,
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    não foram suficientes para competir
    com os barcos motorizados.
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    Hoje, só cerca de 400 gôndolas
    deslizam pelas águas de Veneza,
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    e, de ano para ano,
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    há cada vez menos gôndolas autênticas
    guiadas manualmente.
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    Mas, ao longo das ruas, há tabuletas
    com palavras em dialeto veneziano
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    que indicam os locais
    dos antigos estaleiros,
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    fabricantes de remos
    e estações de embarque,
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    mantendo a memória do negócio
    de construção de barcos
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    que outrora fazia fluir tranquilamente
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    a vida da Sereníssima República.
Title:
Corrupção, riqueza e beleza: A história da gôndola veneziana — Laura Morelli
Description:

Vejam a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/corruption-wealth-and-beauty-the-history-of-the-venetian-gondola-laura-morelli

É difícil pensar em Veneza sem as curiosas gôndolas em forma de banana que deslizam pelos canais. Como é que estes barcos vieram a ser a marca de referência do transporte em Veneza? Laura Morelli pormenoriza a história da gôndola, explicando porque é que estes barcos eram necessários, o processo laborioso da sua construção e porque é que, a pouco e pouco, começaram a desaparecer dos canais, outrora atravancados.

Lição de Laura Morelli, animação de Andrew Foerster

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
04:51

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