Investigação no local do crime — o futuro | Wim Develter e Bram Bekaert | TEDxLeuven
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0:20 - 0:23Wim Develter: Vou começar
com uma história. -
0:24 - 0:27Numa tarde soalheira de sexta-feira,
em junho de 2008, -
0:28 - 0:32Peter Van Heel, um lavrador de 58 anos,
andava a passear pelas suas terras, -
0:33 - 0:36quando, de repente, descobriu um cadáver.
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0:36 - 0:38Entrou em pânico e chamou a polícia.
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0:40 - 0:42Como somos o maior departamento
forense da Bélgica, -
0:42 - 0:45fomos nomeados para investigar
o local do crime. -
0:46 - 0:49Quando cheguei ao local do crime,
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0:49 - 0:53observei os restos
de um adulto em decomposição. -
0:53 - 0:55Todas as roupas estavam queimadas,
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0:55 - 0:58mas não havia vestígios
de produtos incendiários. -
0:59 - 1:01Quando observei com mais atenção
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1:01 - 1:04vi umas joias requintadas
nas mãos, e pensei: -
1:04 - 1:06"Deve ser uma mulher".
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1:07 - 1:10Havia pedaços de corda visíveis
em volta dos pulsos e dos pés. -
1:10 - 1:12Quando lhe virei um pouco a cabeça,
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1:12 - 1:15vi três perfurações redondas
na pele do pescoço. -
1:16 - 1:18Foi assim que percebemos
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1:18 - 1:22que a vítima, provavelmente uma mulher,
tinha sido abatida a tiro, assassinada, -
1:22 - 1:26embrulhada, transportada,
posta ali e queimada. -
1:26 - 1:30As perguntas óbvias que fazemos são:
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1:30 - 1:32"O que é que aconteceu?
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1:32 - 1:34"Quem será esta pessoa?
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1:34 - 1:36"Quando é que isto aconteceu?"
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1:36 - 1:40Para lhes responder,
levámos a vítima para a morgue, -
1:40 - 1:44onde foi feita uma tomografia completa
ao corpo, uma autópsia forense -
1:44 - 1:47e um exame antropológico forense,
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1:47 - 1:49ou seja, o estudo dos ossos.
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1:49 - 1:52Durante a autópsia de rotina,
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1:52 - 1:54tentámos usar estas varetas,
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1:54 - 1:56introduzindo-as nos orifícios das balas
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1:56 - 1:59para reconstruir a trajetória das balas.
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2:00 - 2:02É um processo difícil e muito lento.
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2:02 - 2:05Mesmo num cadáver recente
já é muito difícil. -
2:05 - 2:08Mas, neste caso, com a decomposição
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2:08 - 2:11esta tarefa torna-se quase impossível.
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2:11 - 2:15Mas quando observamos os danos
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2:15 - 2:18causados por uma bala
quando ela atravessa a cabeça, -
2:18 - 2:21ela perfura a pele, o crânio
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2:21 - 2:24e, pelo caminho, deixa fragmentos
de osso craniano espalhados, -
2:24 - 2:29pequenos fragmentos, fragmentos
metálicos da bala, ar e sangue. -
2:30 - 2:31Por isso, pensámos:
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2:31 - 2:35"Poderemos usar os dados da tomografia
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2:35 - 2:40"para reconstruir, de forma digital,
a trajetória duma bala?" -
2:40 - 2:43Assim, fiz o que qualquer belga
faria com um problema: -
2:44 - 2:45Fui até ao bar.
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2:45 - 2:49Juntamente com os peritos forenses
e radiologistas forenses, -
2:49 - 2:51embriagámo-nos
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2:51 - 2:53— embriagámo-nos de ideias, claro.
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2:53 - 2:54No dia seguinte,
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2:54 - 2:57tivemos uma enorme ressaca científica
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2:58 - 3:01quando percebemos
a complexidade da nossa ideia -
3:01 - 3:06porque tínhamos de testar e validar
a nossa ideia num modelo, -
3:06 - 3:08num modelo animal, claro.
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3:08 - 3:10Escolhemos uma ovelha.
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3:10 - 3:12Não porque sejam feias ou estúpidas,
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3:12 - 3:14mas porque têm um cérebro
de grande volume -
3:14 - 3:16e são fáceis de arranjar.
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3:16 - 3:19Ao fim de dois anos
de programação e de testes, -
3:20 - 3:22conseguimos visualizar os danos.
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3:22 - 3:27Mas agora, tínhamos de aplicar isso
a cérebros e cabeças humanas. -
3:27 - 3:29As coisas funcionam assim.
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3:29 - 3:32Os peritos criaram uma matriz
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3:32 - 3:34em que todas as cabeças estão divididas
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3:34 - 3:37em milhares e milhares
de pequenos cubos. -
3:37 - 3:40Cada pequeno cubo
da cabeça traumatizada -
3:40 - 3:43— ou seja, a cabeça que sofreu um tiro —
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3:43 - 3:47é comparada com o mesmo cubo
na mesma posição anatómica -
3:47 - 3:49da cabeça normal,
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3:49 - 3:53repetindo esse processo em todos os cubos
na cabeça traumatizada -
3:53 - 3:56com todas as cabeças
num conjunto de dados normais. -
3:57 - 4:00Foi um enorme dispêndio de tempo
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4:00 - 4:04e, ao fim de um tempo, conseguimos.
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4:04 - 4:07O que resultou foi fantástico,
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4:07 - 4:10como podem ver neste vídeo.
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4:10 - 4:11Conseguimos
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4:13 - 4:16criar as trajetórias da bala.
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4:16 - 4:18Nesta vítima,
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4:18 - 4:21a vítima foi alvejada
com três disparos no pescoço. -
4:21 - 4:23Só um deles foi letal.
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4:24 - 4:27É o vermelho, que cortou
a artéria vertebral direita. -
4:30 - 4:33Esta abordagem tem muitas vantagens.
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4:33 - 4:36Primeiro, é rápida.
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4:36 - 4:38É muito mais rápida que uma autópsia.
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4:39 - 4:43Não é invasiva, por isso,
os patologistas já não têm de cortar. -
4:44 - 4:45E é mais rigorosa.
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4:45 - 4:47Como num ricochete,
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4:47 - 4:50ou seja, quando uma bala
muda de direção dentro da cabeça -
4:50 - 4:53o que se vê facilmente
com esta ferramenta de "software". -
4:53 - 4:56Mas que não é possível
com estas varetas. -
4:57 - 4:59Por fim, mas não menos importante,
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4:59 - 5:02mesmo em casos de decomposição,
como este, -
5:02 - 5:04se soubermos a trajetória da bala,
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5:04 - 5:09sabemos quais as estruturas
anatómicas atingidas. -
5:09 - 5:13Portanto, essa dúvida é esclarecida.
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5:13 - 5:16Sabemos como morreu esta vítima.
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5:16 - 5:17Mas mantêm-se duas perguntas:
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5:17 - 5:20Quem é ela e quando é que ocorreu?
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5:21 - 5:24Como foi queimada e está em decomposição
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5:24 - 5:26a identificação visual é impossível.
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5:26 - 5:29Como não tem qualquer tratamento dental,
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5:29 - 5:31a odontologia forense
também não é opção. -
5:32 - 5:35Portanto, a única coisa
que resta é a antropologia forense. -
5:37 - 5:39O que é que estes ossos nos dizem?
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5:39 - 5:41Com base na descrição e nas medições
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5:41 - 5:44das formas e dos ossos do esqueleto,
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5:45 - 5:48podemos saber alguma coisa
sobre a estatura. -
5:49 - 5:53Neste caso a vítima teria 1,72 a 1,77 m.
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5:53 - 5:55Também quanto ao sexo,
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5:55 - 5:59parecia haver 80% de probabilidade
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5:59 - 6:02de aquela pessoa ser um homem.
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6:02 - 6:04Portanto, não era uma mulher
com joias sofisticadas. -
6:04 - 6:07E, provavelmente, era caucasiano.
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6:07 - 6:09Quanto à idade — isso é mais difícil —
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6:10 - 6:12entre 23 e 57 anos.
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6:12 - 6:14Isto é uma ciência difícil, não é?
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6:15 - 6:16Podíamos precisar de ajuda.
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6:16 - 6:18Por isso, enviámos um SOS
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6:18 - 6:21aos nossos amigos e colegas
geneticistas forenses. -
6:22 - 6:26Bram Bekaert: Certo. Temos
um intervalo de 34 anos. -
6:26 - 6:27É muito, não é?
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6:27 - 6:30Aposto que esta descrição
aponta para metade dos homens -
6:30 - 6:32presentes nesta sala, neste momento.
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6:33 - 6:36Se queremos identificar este corpo,
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6:36 - 6:38precisamos de reduzir esse grupo.
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6:38 - 6:41É nisso que os geneticistas
forenses podem ajudar. -
6:42 - 6:45O procedimento habitual
para a identificação duma pessoa -
6:45 - 6:48é produzir um perfil de ADN, usando
uma amostra de sangue, por exemplo, -
6:48 - 6:50ou um tecido de músculo,
-
6:50 - 6:51gerar um perfil
-
6:51 - 6:53e compará-lo com o ADN
de uma escova de dentes -
6:53 - 6:54ou o perfil da mãe ou do pai,
-
6:54 - 6:56se soubermos quem é essa pessoa,
-
6:56 - 6:59e obter dessa forma
uma identificação formal. -
6:59 - 7:03Mas e se não tivermos nenhuma
ideia de quem é a vítima? -
7:03 - 7:06Há muitas informações
na nossa sequência do ADN -
7:06 - 7:08que podem revelar
aquilo que podemos ser. -
7:08 - 7:11Podemos usar o ADN de alguém
da mesma forma -
7:11 - 7:14que uma testemunha ocular
descreve alguém. -
7:14 - 7:17Podemos gerar um retrato modelo de ADN.
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7:17 - 7:20O que é que o ADN nos pode dizer
atualmente? -
7:20 - 7:23Podemos dizer a cor dos olhos,
do cabelo e da pele, por exemplo, -
7:23 - 7:25com bastante rigor.
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7:25 - 7:27Mas também podemos saber
a origem de uma pessoa -
7:27 - 7:30através dum teste
de ancestralidade biogeográfica. -
7:30 - 7:33O meu colega Peter Claes falou-vos
o ano passado, neste mesmo fórum -
7:33 - 7:37sobre esta nova técnica revolucionária
de morfologia facial a 3D -
7:37 - 7:40apenas observando o ADN duma pessoa.
-
7:40 - 7:42Obviamente, tudo isto ajuda
e é espantoso, -
7:43 - 7:45mas a idade também é
um fator muito importante -
7:45 - 7:47quando tentamos criar
a imagem duma pessoa. -
7:47 - 7:51Os métodos clássicos de hoje,
que fornecem uma ideia da idade, -
7:51 - 7:52como a antropologia, a odontologia,
-
7:52 - 7:54não são suficientemente bons.
-
7:54 - 7:57É aqui que entra a nossa segunda ideia.
-
7:57 - 8:00Queríamos desenvolver
um novo teste de estimativa da idade -
8:00 - 8:02basicamente com um rigor muito melhor.
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8:02 - 8:06Queríamos fazê-lo a partir
de uma simples gota de sangue. -
8:07 - 8:08Como é que fizemos isso?
-
8:08 - 8:11Há vários processos no nosso corpo
-
8:11 - 8:13que garantem que não gostamos
de envelhecer, -
8:13 - 8:15que guardamos espaço
para a próxima geração. -
8:15 - 8:17Alguns desses processos,
por exemplo, -
8:17 - 8:21são que o tamanho do coração
aumenta, o ritmo cardíaco diminui, -
8:22 - 8:25os ossos tendem a diminuir de tamanho
e os músculos enfraquecem. -
8:25 - 8:28Mas o que causa estas alterações
durante o processo de envelhecimento -
8:29 - 8:31tem sido objeto de estudo
desde há muitos anos. -
8:31 - 8:33Só recentemente se descobriu
-
8:33 - 8:36que a metilação do ADN
desempenha um papel fundamental -
8:36 - 8:38durante o processo de envelhecimento.
-
8:39 - 8:41A metilação do ADN é um processo químico
-
8:41 - 8:43em que são postas
pequenas tampas no ADN -
8:43 - 8:46a fim de ativar ou inativar genes.
-
8:46 - 8:49alterando assim
as características da célula. -
8:50 - 8:52É um processo natural
que ocorre no nosso corpo. -
8:52 - 8:56Não sabemos bem porque é que
a metilação do ADN se altera com a idade, -
8:56 - 8:58mas sabemos que o nosso ambiente
-
8:58 - 9:01— ou seja, com o que bebemos,
o que comemos, se fumamos, -
9:01 - 9:04se experimentamos
muito "stress", por exemplo — -
9:04 - 9:07tem efeito nestes padrões
de metilação do ADN. -
9:07 - 9:09Por isso, quando envelhecemos,
-
9:09 - 9:13quanto mais efeitos tem esse ambiente
sobre os padrões de metilação do ADN, -
9:13 - 9:14mais eles se alteram.
-
9:14 - 9:16Isso é uma coisa que podemos medir.
-
9:16 - 9:19A fim de desenvolver
um teste para calcular a idade, -
9:19 - 9:23procurámos quatro regiões do ADN,
nos padrões de metilação do ADN -
9:23 - 9:26em mais de 200 indivíduos
com idade conhecida. -
9:26 - 9:29Com esses dados, pudemos
desenvolver um modelo -
9:29 - 9:33que podemos usar agora
para calcular a idade da pessoa. -
9:33 - 9:35Conforme vemos neste gráfico,
-
9:35 - 9:38comparámos as idades calculadas
com as idades reais. -
9:38 - 9:40Podemos ver que são muito semelhantes.
-
9:40 - 9:43Assim, podemos usar
os dados deste modelo -
9:43 - 9:46para calcular a idade de pessoas
de idade desconhecida -
9:46 - 9:49com uma margem de erro
de menos de quatro anos. -
9:49 - 9:51É uma diferença cinco vezes menor
-
9:51 - 9:53em comparação com as técnicas mais usuais,
-
9:53 - 9:55como a antropologia e a odontologia.
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9:55 - 9:58Calculamos basicamente a idade
biológica duma pessoa -
9:58 - 10:00ou a sua idade epigenética
-
10:00 - 10:03para determinar a sua idade
atual ou cronológica. -
10:03 - 10:07O que é que podemos fazer com este teste,
a que inicialmente chamámos DNAge? -
10:07 - 10:09Recentemente, há uns dias, descobri
-
10:09 - 10:14que o DNAge é um creme hidratante,
antienvelhecimento, muito conhecido, -
10:14 - 10:15por isso, esquecemos este nome.
-
10:15 - 10:17(Risos)
-
10:17 - 10:19Podemos calcular a idade
de pessoas mortas -
10:19 - 10:22tal como no caso do nosso queimado
que Wim apresentou. -
10:22 - 10:24Mas também podemos calcular
a idade de pessoas vivas, -
10:24 - 10:27pessoas que afirmam ser
mais velhas ou mais novas -
10:27 - 10:29do que os seus documentos
oficiais apresentam. -
10:29 - 10:31É muito importante para os forenses
-
10:31 - 10:33poder calcular a idade de pessoas
-
10:33 - 10:36que deixam manchas de sangue
no local do crime, -
10:36 - 10:38para identificar
a identidade do criminoso. -
10:38 - 10:41E, para além disso,
também podemos usar este teste -
10:41 - 10:43para provar, por exemplo,
que uma mancha de sangue -
10:43 - 10:47foi deixada sete anos antes da data
em que foi praticado o crime -
10:47 - 10:50e provar que o suspeito é inocente
do crime de que é acusado. -
10:50 - 10:52Dado que estes padrões
da metilação do ADN -
10:52 - 10:54são muito estáveis,
-
10:54 - 10:56também os podemos usar em casos antigos,
-
10:56 - 11:00que ficaram arrumados
na prateleira, durante anos -
11:00 - 11:03e agora podem ser resolvidos.
-
11:04 - 11:06Voltando ao nosso caso,
-
11:06 - 11:09confirmámos, através
do perfil normal de ADN que é um homem. -
11:09 - 11:12Sabemos pelo nosso teste
de ancestralidade biogeográfica -
11:12 - 11:14que deve ter ascendência
do sudeste asiático. -
11:14 - 11:16E sabemos agora que tem cerca de 36 anos,
-
11:16 - 11:18com uma margem de erro
de dois anos e meio. -
11:18 - 11:20São muito mais informações
-
11:20 - 11:23que a polícia pode usar agora
para identificar o suspeito. -
11:24 - 11:26Temos mais uma questão em aberto:
-
11:26 - 11:28a data da morte.
-
11:28 - 11:29A data da morte
-
11:29 - 11:33sempre foi uma espécie
de Santo Graal na medicina forense -
11:34 - 11:36porque proporciona informações úteis
-
11:36 - 11:39para verificar alibis de suspeitos,
de testemunhas, -
11:39 - 11:41mas também o calendário
da própria vítima. -
11:42 - 11:45Onde estava a vítima antes de morrer,
quem estava com ela? -
11:45 - 11:48Quanto mais rigorosa for
a estimativa da data da morte -
11:48 - 11:50melhores serão esses calendários.
-
11:50 - 11:52Toda a gente que já viu
-
11:52 - 11:55séries CSI ou séries
como "Testemunha Silenciosa" -
11:55 - 11:57— e, para ser honesto,
eu adoro essa série — -
11:57 - 12:01conhece estes três parâmetros padrão
que os patologistas forenses usam: -
12:01 - 12:04concentração de glóbulos vermelhos
nas partes mais baixas do corpo, -
12:04 - 12:06endurecimento dos músculos
-
12:06 - 12:08e arrefecimento da temperatura do corpo.
-
12:08 - 12:11O que, na maior parte das vezes,
a série deixa de fora -
12:11 - 12:14é que este método tem uma margem
de erro muito grande. -
12:14 - 12:16A estimativa da hora da morte
é muito problemática -
12:16 - 12:19porque depende duma grande série
de variáveis exteriores, -
12:19 - 12:22como o tipo e o número
de camadas de roupa -
12:22 - 12:24que uma pessoa estava a usar,
-
12:24 - 12:28a temperatura do local
onde a vítima se encontrava -
12:28 - 12:31ou se a pessoa estava com febre
devido a uma "overdose" de droga. -
12:31 - 12:34Neste caso, no caso
da nossa vítima queimada, -
12:34 - 12:37Wim calculou que a data da morte
seria de cerca de dois ou três dias. -
12:37 - 12:39É uma coisa muito vaga.
-
12:39 - 12:44Muitos investigadores já tentaram
melhorar a estimativa da data da morte. -
12:44 - 12:47Mas nós arranjámos um método
totalmente novo -
12:47 - 12:50que é complementar dos métodos
usados pelos patologistas forenses. -
12:50 - 12:53Estamos a usar informações
do nosso relógio biológico. -
12:54 - 12:55O nosso relógio biológico
-
12:55 - 13:00é um padrão de condutas de 24 horas,
de aspetos fisiológicos e biológicos -
13:00 - 13:02que se conserva evolutivamente.
-
13:02 - 13:04É aquela coisa aborrecida
que nos acorda -
13:04 - 13:07cinco preciosos minutos
antes de o despertador tocar. -
13:07 - 13:08Porquê?
-
13:08 - 13:10Ou aquela coisa irritante
-
13:10 - 13:12por que a nossa mulher
adormece ao nosso lado -
13:12 - 13:16logo que começa aquele filme
fantástico com Mel Gibson. -
13:16 - 13:18Adiante, o relógio biológico
-
13:18 - 13:22desempenha numerosos papéis
fisiológicos importantes. -
13:22 - 13:26Duas das hormonas muito conhecidas,
chamadas cortisol ou melatonina, -
13:26 - 13:31flutuam neste padrão de 24 horas
e fazem parte deste relógio biológico -
13:31 - 13:33e têm picos em diferentes alturas do dia.
-
13:33 - 13:35A melatonina é a hormona
que induz ao sono, -
13:35 - 13:37e atinge um pico durante a noite,
-
13:37 - 13:39enquanto o cortisol
— a hormona do "stress" — -
13:39 - 13:41atinge um pico de manhã cedo.
-
13:41 - 13:43Quando uma pessoa morre,
-
13:43 - 13:45todos os processos biológicos
do corpo param. -
13:45 - 13:47O mesmo acontece com o relógio biológico.
-
13:47 - 13:50Quando tiramos a essa pessoa
uma amostra de sangue -
13:50 - 13:54ela fornece-nos um instantâneo único
do tempo exato em que essa pessoa morreu. -
13:54 - 13:58Quando medimos as concentrações
do cortisol e da melatonina -
13:58 - 14:00podemos ter uma ideia
de quando a pessoa morreu: -
14:00 - 14:04se de manhã cedo, ao meio-dia,
à tarde ou à noite. -
14:04 - 14:06Mas queríamos melhorar isso.
-
14:06 - 14:09Queríamos melhorar
o rigor deste teste -
14:09 - 14:12para um intervalo de duas horas
da hora da morte real. -
14:12 - 14:15Estamos a procurar identificar
mais destes marcadores rítmicos -
14:15 - 14:19tais como os marcadores de ARN,
que são os produtos do ADN -
14:19 - 14:22ou metabolitos, que são
os produtos do nosso metabolismo. -
14:22 - 14:26Chamamos-lhe
o "relógio molecular forense". -
14:27 - 14:29Com estas três ideias,
-
14:29 - 14:32podemos agora determinar
a causa exata da morte. -
14:32 - 14:35Obtivemos muito mais informações
para identificar a vítima -
14:35 - 14:37e agora conhecemos
a altura exata da morte. -
14:37 - 14:40Mas estamos apenas a começar
a obter algumas ideias, -
14:40 - 14:42das informações
que ainda estão disponíveis -
14:42 - 14:45nas manchas de sangue
ou noutras biomoléculas -
14:45 - 14:49que ainda estão disponíveis
no local do crime, por exemplo, -
14:49 - 14:53mas é difícil prever
qual será o futuro dos forenses. -
14:54 - 14:57Mas sabemos que não esgotámos
os nossos meios, -
14:57 - 15:00estamos apenas no início do que ninguém
podia imaginar anteriormente. -
15:00 - 15:03Estamos a transformar
a ficção em realidade. -
15:03 - 15:04Obrigado.
-
15:04 - 15:07(Aplausos)
- Title:
- Investigação no local do crime — o futuro | Wim Develter e Bram Bekaert | TEDxLeuven
- Description:
-
Se olharmos para o número de crimes descritos nas séries televisivas, sabemos que é um tópico que interessa muita gente. Juntem-se a Wim Develter e Bram Bekaert nesta investigação do local do crime da vida real e descubram as novas tecnologias que podem ser usadas para investigar um homicídio.
Wim Develter é patologista forense e clínico ligado a Gasthuisberg, o hospital universitário de Leuven. A área da sua especialidade concentra-se nos danos empresariais.
Bram Bekaert começou a sua carreira em 1996 como agente policial em Bruxelas enquanto estudava Biotecnologia.
Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 15:10