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Investigação no local do crime — o futuro | Wim Develter e Bram Bekaert | TEDxLeuven

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    Wim Develter: Vou começar
    com uma história.
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    Numa tarde soalheira de sexta-feira,
    em junho de 2008,
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    Peter Van Heel, um lavrador de 58 anos,
    andava a passear pelas suas terras,
  • 0:33 - 0:36
    quando, de repente, descobriu um cadáver.
  • 0:36 - 0:38
    Entrou em pânico e chamou a polícia.
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    Como somos o maior departamento
    forense da Bélgica,
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    fomos nomeados para investigar
    o local do crime.
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    Quando cheguei ao local do crime,
  • 0:49 - 0:53
    observei os restos
    de um adulto em decomposição.
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    Todas as roupas estavam queimadas,
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    mas não havia vestígios
    de produtos incendiários.
  • 0:59 - 1:01
    Quando observei com mais atenção
  • 1:01 - 1:04
    vi umas joias requintadas
    nas mãos, e pensei:
  • 1:04 - 1:06
    "Deve ser uma mulher".
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    Havia pedaços de corda visíveis
    em volta dos pulsos e dos pés.
  • 1:10 - 1:12
    Quando lhe virei um pouco a cabeça,
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    vi três perfurações redondas
    na pele do pescoço.
  • 1:16 - 1:18
    Foi assim que percebemos
  • 1:18 - 1:22
    que a vítima, provavelmente uma mulher,
    tinha sido abatida a tiro, assassinada,
  • 1:22 - 1:26
    embrulhada, transportada,
    posta ali e queimada.
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    As perguntas óbvias que fazemos são:
  • 1:30 - 1:32
    "O que é que aconteceu?
  • 1:32 - 1:34
    "Quem será esta pessoa?
  • 1:34 - 1:36
    "Quando é que isto aconteceu?"
  • 1:36 - 1:40
    Para lhes responder,
    levámos a vítima para a morgue,
  • 1:40 - 1:44
    onde foi feita uma tomografia completa
    ao corpo, uma autópsia forense
  • 1:44 - 1:47
    e um exame antropológico forense,
  • 1:47 - 1:49
    ou seja, o estudo dos ossos.
  • 1:49 - 1:52
    Durante a autópsia de rotina,
  • 1:52 - 1:54
    tentámos usar estas varetas,
  • 1:54 - 1:56
    introduzindo-as nos orifícios das balas
  • 1:56 - 1:59
    para reconstruir a trajetória das balas.
  • 2:00 - 2:02
    É um processo difícil e muito lento.
  • 2:02 - 2:05
    Mesmo num cadáver recente
    já é muito difícil.
  • 2:05 - 2:08
    Mas, neste caso, com a decomposição
  • 2:08 - 2:11
    esta tarefa torna-se quase impossível.
  • 2:11 - 2:15
    Mas quando observamos os danos
  • 2:15 - 2:18
    causados por uma bala
    quando ela atravessa a cabeça,
  • 2:18 - 2:21
    ela perfura a pele, o crânio
  • 2:21 - 2:24
    e, pelo caminho, deixa fragmentos
    de osso craniano espalhados,
  • 2:24 - 2:29
    pequenos fragmentos, fragmentos
    metálicos da bala, ar e sangue.
  • 2:30 - 2:31
    Por isso, pensámos:
  • 2:31 - 2:35
    "Poderemos usar os dados da tomografia
  • 2:35 - 2:40
    "para reconstruir, de forma digital,
    a trajetória duma bala?"
  • 2:40 - 2:43
    Assim, fiz o que qualquer belga
    faria com um problema:
  • 2:44 - 2:45
    Fui até ao bar.
  • 2:45 - 2:49
    Juntamente com os peritos forenses
    e radiologistas forenses,
  • 2:49 - 2:51
    embriagámo-nos
  • 2:51 - 2:53
    — embriagámo-nos de ideias, claro.
  • 2:53 - 2:54
    No dia seguinte,
  • 2:54 - 2:57
    tivemos uma enorme ressaca científica
  • 2:58 - 3:01
    quando percebemos
    a complexidade da nossa ideia
  • 3:01 - 3:06
    porque tínhamos de testar e validar
    a nossa ideia num modelo,
  • 3:06 - 3:08
    num modelo animal, claro.
  • 3:08 - 3:10
    Escolhemos uma ovelha.
  • 3:10 - 3:12
    Não porque sejam feias ou estúpidas,
  • 3:12 - 3:14
    mas porque têm um cérebro
    de grande volume
  • 3:14 - 3:16
    e são fáceis de arranjar.
  • 3:16 - 3:19
    Ao fim de dois anos
    de programação e de testes,
  • 3:20 - 3:22
    conseguimos visualizar os danos.
  • 3:22 - 3:27
    Mas agora, tínhamos de aplicar isso
    a cérebros e cabeças humanas.
  • 3:27 - 3:29
    As coisas funcionam assim.
  • 3:29 - 3:32
    Os peritos criaram uma matriz
  • 3:32 - 3:34
    em que todas as cabeças estão divididas
  • 3:34 - 3:37
    em milhares e milhares
    de pequenos cubos.
  • 3:37 - 3:40
    Cada pequeno cubo
    da cabeça traumatizada
  • 3:40 - 3:43
    — ou seja, a cabeça que sofreu um tiro —
  • 3:43 - 3:47
    é comparada com o mesmo cubo
    na mesma posição anatómica
  • 3:47 - 3:49
    da cabeça normal,
  • 3:49 - 3:53
    repetindo esse processo em todos os cubos
    na cabeça traumatizada
  • 3:53 - 3:56
    com todas as cabeças
    num conjunto de dados normais.
  • 3:57 - 4:00
    Foi um enorme dispêndio de tempo
  • 4:00 - 4:04
    e, ao fim de um tempo, conseguimos.
  • 4:04 - 4:07
    O que resultou foi fantástico,
  • 4:07 - 4:10
    como podem ver neste vídeo.
  • 4:10 - 4:11
    Conseguimos
  • 4:13 - 4:16
    criar as trajetórias da bala.
  • 4:16 - 4:18
    Nesta vítima,
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    a vítima foi alvejada
    com três disparos no pescoço.
  • 4:21 - 4:23
    Só um deles foi letal.
  • 4:24 - 4:27
    É o vermelho, que cortou
    a artéria vertebral direita.
  • 4:30 - 4:33
    Esta abordagem tem muitas vantagens.
  • 4:33 - 4:36
    Primeiro, é rápida.
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    É muito mais rápida que uma autópsia.
  • 4:39 - 4:43
    Não é invasiva, por isso,
    os patologistas já não têm de cortar.
  • 4:44 - 4:45
    E é mais rigorosa.
  • 4:45 - 4:47
    Como num ricochete,
  • 4:47 - 4:50
    ou seja, quando uma bala
    muda de direção dentro da cabeça
  • 4:50 - 4:53
    o que se vê facilmente
    com esta ferramenta de "software".
  • 4:53 - 4:56
    Mas que não é possível
    com estas varetas.
  • 4:57 - 4:59
    Por fim, mas não menos importante,
  • 4:59 - 5:02
    mesmo em casos de decomposição,
    como este,
  • 5:02 - 5:04
    se soubermos a trajetória da bala,
  • 5:04 - 5:09
    sabemos quais as estruturas
    anatómicas atingidas.
  • 5:09 - 5:13
    Portanto, essa dúvida é esclarecida.
  • 5:13 - 5:16
    Sabemos como morreu esta vítima.
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    Mas mantêm-se duas perguntas:
  • 5:17 - 5:20
    Quem é ela e quando é que ocorreu?
  • 5:21 - 5:24
    Como foi queimada e está em decomposição
  • 5:24 - 5:26
    a identificação visual é impossível.
  • 5:26 - 5:29
    Como não tem qualquer tratamento dental,
  • 5:29 - 5:31
    a odontologia forense
    também não é opção.
  • 5:32 - 5:35
    Portanto, a única coisa
    que resta é a antropologia forense.
  • 5:37 - 5:39
    O que é que estes ossos nos dizem?
  • 5:39 - 5:41
    Com base na descrição e nas medições
  • 5:41 - 5:44
    das formas e dos ossos do esqueleto,
  • 5:45 - 5:48
    podemos saber alguma coisa
    sobre a estatura.
  • 5:49 - 5:53
    Neste caso a vítima teria 1,72 a 1,77 m.
  • 5:53 - 5:55
    Também quanto ao sexo,
  • 5:55 - 5:59
    parecia haver 80% de probabilidade
  • 5:59 - 6:02
    de aquela pessoa ser um homem.
  • 6:02 - 6:04
    Portanto, não era uma mulher
    com joias sofisticadas.
  • 6:04 - 6:07
    E, provavelmente, era caucasiano.
  • 6:07 - 6:09
    Quanto à idade — isso é mais difícil —
  • 6:10 - 6:12
    entre 23 e 57 anos.
  • 6:12 - 6:14
    Isto é uma ciência difícil, não é?
  • 6:15 - 6:16
    Podíamos precisar de ajuda.
  • 6:16 - 6:18
    Por isso, enviámos um SOS
  • 6:18 - 6:21
    aos nossos amigos e colegas
    geneticistas forenses.
  • 6:22 - 6:26
    Bram Bekaert: Certo. Temos
    um intervalo de 34 anos.
  • 6:26 - 6:27
    É muito, não é?
  • 6:27 - 6:30
    Aposto que esta descrição
    aponta para metade dos homens
  • 6:30 - 6:32
    presentes nesta sala, neste momento.
  • 6:33 - 6:36
    Se queremos identificar este corpo,
  • 6:36 - 6:38
    precisamos de reduzir esse grupo.
  • 6:38 - 6:41
    É nisso que os geneticistas
    forenses podem ajudar.
  • 6:42 - 6:45
    O procedimento habitual
    para a identificação duma pessoa
  • 6:45 - 6:48
    é produzir um perfil de ADN, usando
    uma amostra de sangue, por exemplo,
  • 6:48 - 6:50
    ou um tecido de músculo,
  • 6:50 - 6:51
    gerar um perfil
  • 6:51 - 6:53
    e compará-lo com o ADN
    de uma escova de dentes
  • 6:53 - 6:54
    ou o perfil da mãe ou do pai,
  • 6:54 - 6:56
    se soubermos quem é essa pessoa,
  • 6:56 - 6:59
    e obter dessa forma
    uma identificação formal.
  • 6:59 - 7:03
    Mas e se não tivermos nenhuma
    ideia de quem é a vítima?
  • 7:03 - 7:06
    Há muitas informações
    na nossa sequência do ADN
  • 7:06 - 7:08
    que podem revelar
    aquilo que podemos ser.
  • 7:08 - 7:11
    Podemos usar o ADN de alguém
    da mesma forma
  • 7:11 - 7:14
    que uma testemunha ocular
    descreve alguém.
  • 7:14 - 7:17
    Podemos gerar um retrato modelo de ADN.
  • 7:17 - 7:20
    O que é que o ADN nos pode dizer
    atualmente?
  • 7:20 - 7:23
    Podemos dizer a cor dos olhos,
    do cabelo e da pele, por exemplo,
  • 7:23 - 7:25
    com bastante rigor.
  • 7:25 - 7:27
    Mas também podemos saber
    a origem de uma pessoa
  • 7:27 - 7:30
    através dum teste
    de ancestralidade biogeográfica.
  • 7:30 - 7:33
    O meu colega Peter Claes falou-vos
    o ano passado, neste mesmo fórum
  • 7:33 - 7:37
    sobre esta nova técnica revolucionária
    de morfologia facial a 3D
  • 7:37 - 7:40
    apenas observando o ADN duma pessoa.
  • 7:40 - 7:42
    Obviamente, tudo isto ajuda
    e é espantoso,
  • 7:43 - 7:45
    mas a idade também é
    um fator muito importante
  • 7:45 - 7:47
    quando tentamos criar
    a imagem duma pessoa.
  • 7:47 - 7:51
    Os métodos clássicos de hoje,
    que fornecem uma ideia da idade,
  • 7:51 - 7:52
    como a antropologia, a odontologia,
  • 7:52 - 7:54
    não são suficientemente bons.
  • 7:54 - 7:57
    É aqui que entra a nossa segunda ideia.
  • 7:57 - 8:00
    Queríamos desenvolver
    um novo teste de estimativa da idade
  • 8:00 - 8:02
    basicamente com um rigor muito melhor.
  • 8:02 - 8:06
    Queríamos fazê-lo a partir
    de uma simples gota de sangue.
  • 8:07 - 8:08
    Como é que fizemos isso?
  • 8:08 - 8:11
    Há vários processos no nosso corpo
  • 8:11 - 8:13
    que garantem que não gostamos
    de envelhecer,
  • 8:13 - 8:15
    que guardamos espaço
    para a próxima geração.
  • 8:15 - 8:17
    Alguns desses processos,
    por exemplo,
  • 8:17 - 8:21
    são que o tamanho do coração
    aumenta, o ritmo cardíaco diminui,
  • 8:22 - 8:25
    os ossos tendem a diminuir de tamanho
    e os músculos enfraquecem.
  • 8:25 - 8:28
    Mas o que causa estas alterações
    durante o processo de envelhecimento
  • 8:29 - 8:31
    tem sido objeto de estudo
    desde há muitos anos.
  • 8:31 - 8:33
    Só recentemente se descobriu
  • 8:33 - 8:36
    que a metilação do ADN
    desempenha um papel fundamental
  • 8:36 - 8:38
    durante o processo de envelhecimento.
  • 8:39 - 8:41
    A metilação do ADN é um processo químico
  • 8:41 - 8:43
    em que são postas
    pequenas tampas no ADN
  • 8:43 - 8:46
    a fim de ativar ou inativar genes.
  • 8:46 - 8:49
    alterando assim
    as características da célula.
  • 8:50 - 8:52
    É um processo natural
    que ocorre no nosso corpo.
  • 8:52 - 8:56
    Não sabemos bem porque é que
    a metilação do ADN se altera com a idade,
  • 8:56 - 8:58
    mas sabemos que o nosso ambiente
  • 8:58 - 9:01
    — ou seja, com o que bebemos,
    o que comemos, se fumamos,
  • 9:01 - 9:04
    se experimentamos
    muito "stress", por exemplo —
  • 9:04 - 9:07
    tem efeito nestes padrões
    de metilação do ADN.
  • 9:07 - 9:09
    Por isso, quando envelhecemos,
  • 9:09 - 9:13
    quanto mais efeitos tem esse ambiente
    sobre os padrões de metilação do ADN,
  • 9:13 - 9:14
    mais eles se alteram.
  • 9:14 - 9:16
    Isso é uma coisa que podemos medir.
  • 9:16 - 9:19
    A fim de desenvolver
    um teste para calcular a idade,
  • 9:19 - 9:23
    procurámos quatro regiões do ADN,
    nos padrões de metilação do ADN
  • 9:23 - 9:26
    em mais de 200 indivíduos
    com idade conhecida.
  • 9:26 - 9:29
    Com esses dados, pudemos
    desenvolver um modelo
  • 9:29 - 9:33
    que podemos usar agora
    para calcular a idade da pessoa.
  • 9:33 - 9:35
    Conforme vemos neste gráfico,
  • 9:35 - 9:38
    comparámos as idades calculadas
    com as idades reais.
  • 9:38 - 9:40
    Podemos ver que são muito semelhantes.
  • 9:40 - 9:43
    Assim, podemos usar
    os dados deste modelo
  • 9:43 - 9:46
    para calcular a idade de pessoas
    de idade desconhecida
  • 9:46 - 9:49
    com uma margem de erro
    de menos de quatro anos.
  • 9:49 - 9:51
    É uma diferença cinco vezes menor
  • 9:51 - 9:53
    em comparação com as técnicas mais usuais,
  • 9:53 - 9:55
    como a antropologia e a odontologia.
  • 9:55 - 9:58
    Calculamos basicamente a idade
    biológica duma pessoa
  • 9:58 - 10:00
    ou a sua idade epigenética
  • 10:00 - 10:03
    para determinar a sua idade
    atual ou cronológica.
  • 10:03 - 10:07
    O que é que podemos fazer com este teste,
    a que inicialmente chamámos DNAge?
  • 10:07 - 10:09
    Recentemente, há uns dias, descobri
  • 10:09 - 10:14
    que o DNAge é um creme hidratante,
    antienvelhecimento, muito conhecido,
  • 10:14 - 10:15
    por isso, esquecemos este nome.
  • 10:15 - 10:17
    (Risos)
  • 10:17 - 10:19
    Podemos calcular a idade
    de pessoas mortas
  • 10:19 - 10:22
    tal como no caso do nosso queimado
    que Wim apresentou.
  • 10:22 - 10:24
    Mas também podemos calcular
    a idade de pessoas vivas,
  • 10:24 - 10:27
    pessoas que afirmam ser
    mais velhas ou mais novas
  • 10:27 - 10:29
    do que os seus documentos
    oficiais apresentam.
  • 10:29 - 10:31
    É muito importante para os forenses
  • 10:31 - 10:33
    poder calcular a idade de pessoas
  • 10:33 - 10:36
    que deixam manchas de sangue
    no local do crime,
  • 10:36 - 10:38
    para identificar
    a identidade do criminoso.
  • 10:38 - 10:41
    E, para além disso,
    também podemos usar este teste
  • 10:41 - 10:43
    para provar, por exemplo,
    que uma mancha de sangue
  • 10:43 - 10:47
    foi deixada sete anos antes da data
    em que foi praticado o crime
  • 10:47 - 10:50
    e provar que o suspeito é inocente
    do crime de que é acusado.
  • 10:50 - 10:52
    Dado que estes padrões
    da metilação do ADN
  • 10:52 - 10:54
    são muito estáveis,
  • 10:54 - 10:56
    também os podemos usar em casos antigos,
  • 10:56 - 11:00
    que ficaram arrumados
    na prateleira, durante anos
  • 11:00 - 11:03
    e agora podem ser resolvidos.
  • 11:04 - 11:06
    Voltando ao nosso caso,
  • 11:06 - 11:09
    confirmámos, através
    do perfil normal de ADN que é um homem.
  • 11:09 - 11:12
    Sabemos pelo nosso teste
    de ancestralidade biogeográfica
  • 11:12 - 11:14
    que deve ter ascendência
    do sudeste asiático.
  • 11:14 - 11:16
    E sabemos agora que tem cerca de 36 anos,
  • 11:16 - 11:18
    com uma margem de erro
    de dois anos e meio.
  • 11:18 - 11:20
    São muito mais informações
  • 11:20 - 11:23
    que a polícia pode usar agora
    para identificar o suspeito.
  • 11:24 - 11:26
    Temos mais uma questão em aberto:
  • 11:26 - 11:28
    a data da morte.
  • 11:28 - 11:29
    A data da morte
  • 11:29 - 11:33
    sempre foi uma espécie
    de Santo Graal na medicina forense
  • 11:34 - 11:36
    porque proporciona informações úteis
  • 11:36 - 11:39
    para verificar alibis de suspeitos,
    de testemunhas,
  • 11:39 - 11:41
    mas também o calendário
    da própria vítima.
  • 11:42 - 11:45
    Onde estava a vítima antes de morrer,
    quem estava com ela?
  • 11:45 - 11:48
    Quanto mais rigorosa for
    a estimativa da data da morte
  • 11:48 - 11:50
    melhores serão esses calendários.
  • 11:50 - 11:52
    Toda a gente que já viu
  • 11:52 - 11:55
    séries CSI ou séries
    como "Testemunha Silenciosa"
  • 11:55 - 11:57
    — e, para ser honesto,
    eu adoro essa série —
  • 11:57 - 12:01
    conhece estes três parâmetros padrão
    que os patologistas forenses usam:
  • 12:01 - 12:04
    concentração de glóbulos vermelhos
    nas partes mais baixas do corpo,
  • 12:04 - 12:06
    endurecimento dos músculos
  • 12:06 - 12:08
    e arrefecimento da temperatura do corpo.
  • 12:08 - 12:11
    O que, na maior parte das vezes,
    a série deixa de fora
  • 12:11 - 12:14
    é que este método tem uma margem
    de erro muito grande.
  • 12:14 - 12:16
    A estimativa da hora da morte
    é muito problemática
  • 12:16 - 12:19
    porque depende duma grande série
    de variáveis exteriores,
  • 12:19 - 12:22
    como o tipo e o número
    de camadas de roupa
  • 12:22 - 12:24
    que uma pessoa estava a usar,
  • 12:24 - 12:28
    a temperatura do local
    onde a vítima se encontrava
  • 12:28 - 12:31
    ou se a pessoa estava com febre
    devido a uma "overdose" de droga.
  • 12:31 - 12:34
    Neste caso, no caso
    da nossa vítima queimada,
  • 12:34 - 12:37
    Wim calculou que a data da morte
    seria de cerca de dois ou três dias.
  • 12:37 - 12:39
    É uma coisa muito vaga.
  • 12:39 - 12:44
    Muitos investigadores já tentaram
    melhorar a estimativa da data da morte.
  • 12:44 - 12:47
    Mas nós arranjámos um método
    totalmente novo
  • 12:47 - 12:50
    que é complementar dos métodos
    usados pelos patologistas forenses.
  • 12:50 - 12:53
    Estamos a usar informações
    do nosso relógio biológico.
  • 12:54 - 12:55
    O nosso relógio biológico
  • 12:55 - 13:00
    é um padrão de condutas de 24 horas,
    de aspetos fisiológicos e biológicos
  • 13:00 - 13:02
    que se conserva evolutivamente.
  • 13:02 - 13:04
    É aquela coisa aborrecida
    que nos acorda
  • 13:04 - 13:07
    cinco preciosos minutos
    antes de o despertador tocar.
  • 13:07 - 13:08
    Porquê?
  • 13:08 - 13:10
    Ou aquela coisa irritante
  • 13:10 - 13:12
    por que a nossa mulher
    adormece ao nosso lado
  • 13:12 - 13:16
    logo que começa aquele filme
    fantástico com Mel Gibson.
  • 13:16 - 13:18
    Adiante, o relógio biológico
  • 13:18 - 13:22
    desempenha numerosos papéis
    fisiológicos importantes.
  • 13:22 - 13:26
    Duas das hormonas muito conhecidas,
    chamadas cortisol ou melatonina,
  • 13:26 - 13:31
    flutuam neste padrão de 24 horas
    e fazem parte deste relógio biológico
  • 13:31 - 13:33
    e têm picos em diferentes alturas do dia.
  • 13:33 - 13:35
    A melatonina é a hormona
    que induz ao sono,
  • 13:35 - 13:37
    e atinge um pico durante a noite,
  • 13:37 - 13:39
    enquanto o cortisol
    — a hormona do "stress" —
  • 13:39 - 13:41
    atinge um pico de manhã cedo.
  • 13:41 - 13:43
    Quando uma pessoa morre,
  • 13:43 - 13:45
    todos os processos biológicos
    do corpo param.
  • 13:45 - 13:47
    O mesmo acontece com o relógio biológico.
  • 13:47 - 13:50
    Quando tiramos a essa pessoa
    uma amostra de sangue
  • 13:50 - 13:54
    ela fornece-nos um instantâneo único
    do tempo exato em que essa pessoa morreu.
  • 13:54 - 13:58
    Quando medimos as concentrações
    do cortisol e da melatonina
  • 13:58 - 14:00
    podemos ter uma ideia
    de quando a pessoa morreu:
  • 14:00 - 14:04
    se de manhã cedo, ao meio-dia,
    à tarde ou à noite.
  • 14:04 - 14:06
    Mas queríamos melhorar isso.
  • 14:06 - 14:09
    Queríamos melhorar
    o rigor deste teste
  • 14:09 - 14:12
    para um intervalo de duas horas
    da hora da morte real.
  • 14:12 - 14:15
    Estamos a procurar identificar
    mais destes marcadores rítmicos
  • 14:15 - 14:19
    tais como os marcadores de ARN,
    que são os produtos do ADN
  • 14:19 - 14:22
    ou metabolitos, que são
    os produtos do nosso metabolismo.
  • 14:22 - 14:26
    Chamamos-lhe
    o "relógio molecular forense".
  • 14:27 - 14:29
    Com estas três ideias,
  • 14:29 - 14:32
    podemos agora determinar
    a causa exata da morte.
  • 14:32 - 14:35
    Obtivemos muito mais informações
    para identificar a vítima
  • 14:35 - 14:37
    e agora conhecemos
    a altura exata da morte.
  • 14:37 - 14:40
    Mas estamos apenas a começar
    a obter algumas ideias,
  • 14:40 - 14:42
    das informações
    que ainda estão disponíveis
  • 14:42 - 14:45
    nas manchas de sangue
    ou noutras biomoléculas
  • 14:45 - 14:49
    que ainda estão disponíveis
    no local do crime, por exemplo,
  • 14:49 - 14:53
    mas é difícil prever
    qual será o futuro dos forenses.
  • 14:54 - 14:57
    Mas sabemos que não esgotámos
    os nossos meios,
  • 14:57 - 15:00
    estamos apenas no início do que ninguém
    podia imaginar anteriormente.
  • 15:00 - 15:03
    Estamos a transformar
    a ficção em realidade.
  • 15:03 - 15:04
    Obrigado.
  • 15:04 - 15:07
    (Aplausos)
Title:
Investigação no local do crime — o futuro | Wim Develter e Bram Bekaert | TEDxLeuven
Description:

Se olharmos para o número de crimes descritos nas séries televisivas, sabemos que é um tópico que interessa muita gente. Juntem-se a Wim Develter e Bram Bekaert nesta investigação do local do crime da vida real e descubram as novas tecnologias que podem ser usadas para investigar um homicídio.

Wim Develter é patologista forense e clínico ligado a Gasthuisberg, o hospital universitário de Leuven. A área da sua especialidade concentra-se nos danos empresariais.

Bram Bekaert começou a sua carreira em 1996 como agente policial em Bruxelas enquanto estudava Biotecnologia.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
15:10

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