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Pode o preconceito ser algum dia uma coisa boa?

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    Quando pensamos em
    preconceito e viés,
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    tendemos a pensar em
    pessoas estúpidas e más
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    fazendo coisas estúpidas e más.
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    E esta ideia é bem exemplificada
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    pelo crítico inglês William Hazlitt,
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    que escreveu:
    "O preconceito é o filho da ignorância."
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    Eu quero tentar convencê-los aqui
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    de que isto está errado.
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    Eu quero tentar convencê-los
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    de que o preconceito e o viés
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    são naturais,
    são frequentemente racionais,
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    e são frequentemente, mesmo, morais,
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    e eu acho que,
    uma vez que entendamos isto,
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    conseguiremos perceber melhor
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    quando eles dão errado,
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    quando têm consequências horríveis,
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    e estaremos mais aptos para agir
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    quando isto acontecer.
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    Então, comecemos com estereótipos.
    Vocês olham para mim,
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    sabem meu nome,
    sabem de alguns fatos sobre mim,
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    e vocês poderiam fazer certos julgamentos.
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    Vocês poderiam tentar
    adivinhar minha origem étnica,
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    minha afiliação política,
    minhas crenças religiosas.
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    E, de fato, estes julgamentos
    tendem a ser precisos.
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    Somos muito bons neste tipo de coisa.
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    E somos bons neste tipo de coisa
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    porque nossa habilidade
    de estereotipar pessoas
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    não é uma espécie de peculiaridade
    arbitrária da mente, mas,
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    sim um caso específico
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    de um processo mais geral,
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    pelo fato de termos experiência
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    com coisas e pessoas no mundo
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    que são categorizadas,
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    e podemos usar nossa experiência
    para fazermos generalizações
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    de novas experiências destas categorias.
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    Então, todos aqui têm muita experiência
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    com cadeiras, maçãs e cachorros,
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    e baseando-se nisso, podem ver
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    exemplos desconhecidos e podem adivinhar,
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    podem sentar-se na cadeira,
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    podem comer a maçã, o cachorro irá latir.
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    Agora, podemos estar errados.
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    A cadeira pode quebrar se se sentar nela,
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    a maçã ter veneno, o cachorro não latir,
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    e, de fato, este é meu cachorro
    Tessie, que não late. (Risos)
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    Mas, na maioria dos casos,
    somos bons nisso.
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    Na maioria dos casos, temos bons palpites
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    tanto na área social
    quanto na não-social,
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    e se não fôssemos capazes de fazer isso,
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    se não fossemos capazes de estimar
    os novos casos que encontramos,
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    nós não sobreviveríamos.
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    E, de fato, mais tarde,
    em seu maravilhoso ensaio,
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    Hazlitt admite isso.
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    Ele escreve:
    "Sem a ajuda do preconceito e do costume,
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    eu não conseguiria atravessar um cômodo;
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    nem saberia me conduzir
    em quaisquer circunstâncias,
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    nem o que sentir em
    qualquer relação da vida."
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    Ou escolher lados.
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    Agora, às vezes, nós dividimos o mundo em
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    "nós contra eles",
    em "grupo interno contra grupo externo",
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    e quando o fazemos,
    sabemos estar fazendo algo errado,
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    e ficamos meio envergonhados por isso.
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    Porém, outras vezes, temos orgulho do ato.
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    O assumimos abertamente.
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    E meu exemplo preferido
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    é uma pergunta que veio da plateia
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    em um debate republicano
    antes da última eleição.
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    (Vídeo) Anderson Cooper:
    Vamos às perguntas,
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    à pergunta no salão,
    sobre ajuda externa? Sim, senhora.
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    Mulher: O povo americano está sofrendo
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    em nosso país neste exato momento.
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    Por que continuamos a mandar ajuda externa
  • 2:43 - 2:44
    para outros países
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    quando precisamos de toda a ajuda
    possível para nós mesmos?
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    AC: Governador Perry, o que acha disso?
  • 2:50 - 2:51
    (Aplausos)
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    Rick Perry: Certamente, eu acho que—
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    PB: Cada uma das pessoas no palco
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    concordou com a premissa da pergunta dela,
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    de que como americanos,
    devemos cuidar mais
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    dos americanos do que de outras pessoas.
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    E, de fato, em geral,
    as pessoas são tocadas
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    por sentimentos de solidariedade,
    lealdade, orgulho, patriotismo,
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    por seu país ou por seu grupo étnico.
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    Política à parte, muitas
    pessoas têm orgulho de serem americanos,
  • 3:13 - 3:15
    e favorecem a América a outros países.
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    Moradores de outros países
    sentem o mesmo por suas nações,
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    e sentimos o mesmo quanto
    aos nossos grupos étnicos.
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    Agora, alguns de vocês
    podem rejeitar isso.
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    Alguns aqui podem
    ser tão cosmopolitas
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    que acham que etnia e nacionalidade
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    não têm peso moral.
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    Mas até vocês sofisticados aceitam que
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    deve existir alguma preferência
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    para o grupo interno
    que abrange família e amigos,
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    pessoas próximas,
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    portanto, até vocês fazem uma distinção
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    entre "nós" contra "eles".
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    Agora, essa distinção
    é bem natural
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    e moral, mas ela pode azedar,
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    e isto foi parte da pesquisa
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    do grande psicólogo social Henri Tajfel.
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    Tajfel nasceu na Polônia em 1919.
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    Ele foi estudar numa
    universidade na França,
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    pois, sendo judeu, não poderia
    estudar na Polônia,
  • 3:58 - 4:01
    e, então, ele se alistou
    no serviço militar francês
  • 4:01 - 4:02
    na Segunda Guerra Mundial.
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    Ele foi capturado e foi parar
  • 4:04 - 4:05
    num campo de prisioneiros de guerra,
  • 4:05 - 4:08
    e foi uma época terrível para ele,
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    pois se descobrissem que era judeu,
  • 4:09 - 4:12
    teria sido transferido
    a um campo de concentração,
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    onde, provavelmente,
    não sobreviveria.
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    E de fato, quando a
    guerra acabou e foi solto,
  • 4:16 - 4:18
    a maior parte de seus amigos e
    familiares estavam mortos.
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    Ele se envolveu com diversos projetos.
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    Ele ajudou os órfãos da guerra.
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    Mas ele mantinha um grande interesse
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    na ciência do preconceito e,
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    quando abriram vagas para
    uma prestigiosa bolsa de estudos inglesa
  • 4:28 - 4:30
    na área de estereótipos,
    ele se candidatou,
  • 4:30 - 4:31
    e foi aprovado,
  • 4:31 - 4:33
    dai, começou sua fantástica carreira.
  • 4:33 - 4:36
    E o que iniciou sua carreira
    foi uma reflexão,
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    de que o modo de pensar sobre o Holocausto
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    da maioria das pessoas estava errado.
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    Muitas pessoas, a maioria, na época,
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    viam o Holocausto como a representação
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    de alguma trágica falha
    da parte dos alemães,
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    algum defeito genético,
    uma personalidade autoritária.
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    E Tajfel rejeitou isso.
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    Tajfel disse que o que vemos no Holocausto
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    é só um exagero
  • 4:58 - 5:00
    de processos psicológicos normais
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    que existem dentro de cada um de nós.
  • 5:02 - 5:04
    E para explorar isso,
    fez uma série de clássicos estudos
  • 5:04 - 5:06
    com adolescentes ingleses.
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    Em um deles, perguntava
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    aos adolescentes todo tipo de perguntas
  • 5:10 - 5:12
    e, então, baseado nas respostas, dizia,
  • 5:12 - 5:14
    "Eu observei suas respostas e,
    baseado nelas,
  • 5:14 - 5:16
    eu determinei que você é"—
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    ele disse para metade deles —
  • 5:18 - 5:20
    "um amante de Kandinsky,
    você ama o trabalho de Kandinsky,
  • 5:20 - 5:23
    ou "um amante de Klee,
    você ama o trabalho de Klee".
  • 5:23 - 5:25
    Era tudo enrolação.
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    As respostas não tinham relação
    com Kandinsky ou Klee.
  • 5:28 - 5:30
    Eles provavelmente nem
    ouviram falar nesses artistas.
  • 5:30 - 5:33
    Ele só os dividiu arbitrariamente.
  • 5:33 - 5:36
    Mas o que ele descobriu foi
    que estas categorias importavam,
  • 5:36 - 5:39
    então, mais tarde, quando
    ele deu-lhes dinheiro,
  • 5:39 - 5:40
    eles preferiam dar o dinheiro
  • 5:40 - 5:42
    a membros do próprio grupo
  • 5:42 - 5:44
    do que a membros do outro grupo.
  • 5:44 - 5:46
    E o pior, eles estavam mais interessados
  • 5:46 - 5:48
    em estabelecer uma diferença
  • 5:48 - 5:51
    entre o seu grupo e o outro grupo,
  • 5:51 - 5:53
    ao ponto de abrirem mão de mais dinheiro
  • 5:53 - 5:58
    se ao fazê-lo eles pudessem
    dar menos ainda ao outro grupo.
  • 5:58 - 6:00
    Este viés parece surgir muito cedo.
  • 6:00 - 6:03
    Então minha colega e esposa,
    Karen Wynn, em Yale,
  • 6:03 - 6:04
    fez uma série de estudos com bebês
  • 6:04 - 6:07
    no qual ela expõe os bebês a fantoches,
  • 6:07 - 6:09
    e os fantoches têm certas
    preferências alimentares.
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    Então, um dos fantoches
    pode gostar de vagens.
  • 6:11 - 6:14
    E o outro pode gostar
    de biscoitos salgados.
  • 6:14 - 6:16
    Eles testam as preferências
    dos próprios bebês,
  • 6:16 - 6:19
    e os bebês normalmente
    preferem os biscoitos.
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    Mas a questão é:
    importa aos bebês
  • 6:22 - 6:25
    como eles tratam dos fantoches?
    E faz muita diferença.
  • 6:25 - 6:26
    Eles tendem a preferir o fantoche
  • 6:26 - 6:30
    que tem o mesmo gosto
    para comida que eles,
  • 6:30 - 6:32
    e pior, eles tendem a
    preferir os fantoches
  • 6:32 - 6:35
    que maltratam o fantoche
    que tem gostos diferentes.
  • 6:35 - 6:38
    (Risos)
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    Nós vemos esta psicologia de ser do grupo,
    não ser de grupo o tempo todo.
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    Nós a vemos em debates políticos,
  • 6:43 - 6:45
    dentro de grupos
    com ideologias diferentes,
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    Nós a vemos em seu extremo
    em casos de guerra,
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    em que o outro grupo não
    apenas recebe menos,
  • 6:52 - 6:54
    mas é desumanizado,
  • 6:54 - 6:56
    como a perspectiva nazista dos judeus
  • 6:56 - 6:58
    como vermes ou parasitas,
  • 6:58 - 7:02
    ou na perspectiva americana
    dos japoneses como ratos.
  • 7:02 - 7:05
    Estereótipos também podem deturpar-se.
  • 7:05 - 7:07
    Frequentemente eles são racionais e úteis,
  • 7:07 - 7:08
    mas, às vezes, são irracionais,
  • 7:08 - 7:10
    dão respostas erradas,
  • 7:10 - 7:11
    e outras vezes,
  • 7:11 - 7:13
    eles levam a consequências
    claramente imorais.
  • 7:13 - 7:16
    E o caso que mais tem sido estudado,
  • 7:16 - 7:17
    é o caso da raça.
  • 7:17 - 7:19
    Houve um estudo fascinante
  • 7:19 - 7:21
    anterior à eleição de 2008
  • 7:21 - 7:24
    onde psicólogos sociais
    observaram o quanto
  • 7:24 - 7:27
    os candidatos eram associados à América,
  • 7:27 - 7:31
    como numa associação inconsciente
    com a bandeira americana.
  • 7:31 - 7:34
    E em um desses estudos, eles compararam
    Obama e McCain, e descobriram que McCain
  • 7:34 - 7:38
    era julgado mais americano que Obama,
  • 7:38 - 7:40
    e em parte, as pessoas não
    se surpreendiam ao ouvir isso.
  • 7:40 - 7:42
    McCain é um celebrado heroi de guerra,
  • 7:42 - 7:44
    e muitas pessoas disseram explicitamente
  • 7:44 - 7:47
    que ele tinha uma história
    mais americana que Obama.
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    Mas eles também compararam Obama
  • 7:49 - 7:51
    ao primeiro ministro britânico Tony Blair,
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    e viram que também julgavam Blair
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    mais americano que Obama,
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    ainda que os entrevistados
    explicitamente entendessem
  • 7:58 - 8:01
    que ele não era nada americano. (Risos)
  • 8:01 - 8:03
    Mas eles estavam, é claro, reagindo
  • 8:03 - 8:05
    à cor da pele dele.
  • 8:05 - 8:07
    Estes estereótipos e inclinações
  • 8:07 - 8:09
    têm consequências reais
  • 8:09 - 8:12
    ao mesmo tempo sutis e muito importantes.
  • 8:12 - 8:14
    Em um estudo recente, pesquisadores
  • 8:14 - 8:18
    puseram anúncios de venda de
    figurinhas de baseball no eBay.
  • 8:18 - 8:20
    Algumas delas eram
    seguras por mãos brancas,
  • 8:20 - 8:22
    outras por mãos negras.
  • 8:22 - 8:23
    As figurinhas eram as mesmas.
  • 8:23 - 8:24
    As seguras por mãos negras
  • 8:24 - 8:27
    obtiveram lances consideravelmente menores
  • 8:27 - 8:29
    do que aquelas seguras por mãos brancas.
  • 8:29 - 8:31
    Em uma pesquisa feita em Stanford,
  • 8:31 - 8:36
    psicólogos exploraram casos de pessoas
  • 8:36 - 8:39
    sentenciadas pelo assassinato
    de uma pessoa branca.
  • 8:39 - 8:42
    Ao que parece,
    sendo os demais fatores constantes,
  • 8:42 - 8:45
    você é consideravelmente mais suscetível
    de ser executado
  • 8:45 - 8:46
    se parecer mais com o homem da direita
  • 8:46 - 8:48
    do que com o da esquerda,
  • 8:48 - 8:50
    e isso ocorre predominantemente porque
  • 8:50 - 8:53
    o homem da direita é mais
    a imagem negra,
  • 8:53 - 8:55
    mais afro-americano,
  • 8:55 - 8:57
    e isso aparentemente influi
    nas decisões das pessoas
  • 8:57 - 8:59
    sobre o que fazer com ele.
  • 8:59 - 9:01
    Então, agora que sabemos disto,
  • 9:01 - 9:02
    como combatemos isso?
  • 9:02 - 9:04
    E há diferentes caminhos.
  • 9:04 - 9:05
    Um caminho é o de apelar
  • 9:05 - 9:07
    para as respostas emocionais das pessoas,
  • 9:07 - 9:09
    apelar para a sua empatia,
  • 9:09 - 9:12
    e frequentemente fazemos
    isso através de estórias.
  • 9:12 - 9:14
    Então, se você é um pai liberal
  • 9:14 - 9:16
    e quer encorajar seus filhos a acreditar
  • 9:16 - 9:18
    nos méritos de famílias não-tradicionais
  • 9:18 - 9:21
    dê-lhes um livro como este:
    ["Heather Tem Duas Mamães"]
  • 9:21 - 9:23
    Se é conservador
    e tem atitude diferente,
  • 9:23 - 9:24
    pode dar um livro como este. (Risos)
  • 9:24 - 9:26
    ["Socorro! Mamãe! Tem liberais
    embaixo da minha cama!"]
  • 9:26 - 9:29
    Mas em geral, estórias podem tornar
  • 9:29 - 9:31
    anônimos em pessoas que importam,
  • 9:31 - 9:34
    e a ideia de que nos
    importamos com pessoas
  • 9:34 - 9:36
    quando a vemos como indivíduos
  • 9:36 - 9:38
    é uma ideia que se mostrou
    ao longo da história.
  • 9:38 - 9:41
    Então, Stalin fez a afirmação duvidosa:
  • 9:41 - 9:42
    "Uma única morte é uma tragédia,
  • 9:42 - 9:44
    um milhão é uma estatística",
  • 9:44 - 9:46
    e Madre Teresa disse:
  • 9:46 - 9:48
    "Se eu olhar para a massa, jamais agirei.
  • 9:48 - 9:50
    Mas se olhar para o indivíduo, agirei."
  • 9:50 - 9:52
    Psicólogos exploraram isso.
  • 9:52 - 9:53
    Por exemplo, em um estudo,
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    as pessoas recebiam uma lista
    de fatos sobre uma crise,
  • 9:56 - 10:00
    e observava-se o quanto doariam
  • 10:00 - 10:02
    para resolver a crise,
  • 10:02 - 10:04
    e outro grupo não recebia lista alguma,
  • 10:04 - 10:06
    mas ouviam a história de um indivíduo
  • 10:06 - 10:08
    com um nome e com um rosto,
  • 10:08 - 10:11
    e no final eles doaram muito mais.
  • 10:11 - 10:13
    Não acho que nada disso seja um segredo
  • 10:13 - 10:15
    para as pessoas engajadas em caridade.
  • 10:15 - 10:18
    As pessoas não tendem a inundar as pessoas
  • 10:18 - 10:19
    com fatos e estatísticas.
  • 10:19 - 10:22
    Em vez disso, vocês mostram faces,
    vocês mostram pessoas.
  • 10:22 - 10:25
    É possível que ao estender nossa compaixão
  • 10:25 - 10:27
    a um indivíduo, ela pode alcançar
  • 10:27 - 10:30
    o grupo ao qual o indivíduo pertence.
  • 10:31 - 10:33
    Esta é Harriet Beecher Stowe,
  • 10:33 - 10:35
    A história, talvez falsa,
  • 10:35 - 10:37
    de que o presidente Lincoln a convidou
  • 10:37 - 10:39
    para a Casa Branca no meio
    da Guerra de Secessão
  • 10:39 - 10:41
    e lhe disse:
  • 10:41 - 10:43
    "Então você é a mocinha que
    começou esta grande guerra."
  • 10:43 - 10:45
    E ele se referia a
    "A Cabana Do Pai Tomás".
  • 10:45 - 10:48
    "A Cabana Do Pai Tomás"
    não é um grande livro de filosofia,
  • 10:48 - 10:51
    nem de teologia,
    talvez nem mesmo de literatura,
  • 10:51 - 10:53
    mas ele faz um ótimo trabalho
  • 10:53 - 10:56
    em levar as pessoas a porem-se no lugar
  • 10:56 - 10:58
    de pessoas em cujos lugares
    normalmente não se poriam,
  • 10:58 - 11:00
    no lugar de escravos.
  • 11:00 - 11:03
    E esse poderia muito
    bem ter sido o estopim
  • 11:03 - 11:04
    de uma grande mudança social.
  • 11:04 - 11:06
    Mais recentemente, olhando para a América,
  • 11:06 - 11:09
    nas últimas décadas,
  • 11:09 - 11:12
    há motivo para se acreditar que
    programas como "The Cosby Show"
  • 11:12 - 11:16
    mudaram radicalmente a atitude
    americana para com afro-americanos,
  • 11:16 - 11:18
    enquanto programas como
    "Will and Grace" e "Modern Familiy"
  • 11:18 - 11:20
    mudaram as atitudes
  • 11:20 - 11:22
    para com homossexuais.
  • 11:22 - 11:23
    Não acho que seja um exagero dizer
  • 11:23 - 11:26
    que o maior catalisador de
    mudança moral na América
  • 11:26 - 11:29
    foi uma comédia de televisão.
  • 11:29 - 11:30
    Mas nem tudo são emoções;
  • 11:30 - 11:32
    e quero encerrar apelando
  • 11:32 - 11:34
    para o poder da razão.
  • 11:34 - 11:36
    Em algum ponto de seu maravilhoso livro
  • 11:36 - 11:38
    "Os Anjos Bons Da Nossa Natureza",
  • 11:38 - 11:42
    Steven Pinker diz: "O Velho testamento
    diz: 'ame seu próximo',
  • 11:42 - 11:45
    e o Novo Testamento diz :
    'ame seu inimigo',
  • 11:45 - 11:47
    mas, de verdade,
    eu não amo nenhum dos dois,
  • 11:47 - 11:49
    mas eu não quero matá-los.
  • 11:49 - 11:51
    Eu sei que tenho obrigações para com eles,
  • 11:51 - 11:54
    mas meus sentimentos morais,
    minhas crenças morais
  • 11:54 - 11:56
    de como devo me comportar com eles,
  • 11:56 - 11:57
    não se baseiam em amor.
  • 11:57 - 12:00
    Eles baseiam-se no entendimento
    dos direitos humanos,
  • 12:00 - 12:03
    na crença de que a vida deles
    é tão valiosa para eles,
  • 12:03 - 12:04
    quanto a minha é para mim".
  • 12:04 - 12:07
    E, para apoiar isto,
    ele conta uma estória
  • 12:07 - 12:08
    do grande filósofo Adam Smith,
  • 12:08 - 12:10
    e quero contar esta estória também,
  • 12:10 - 12:12
    embora vá adaptá-la um pouquinho
  • 12:12 - 12:13
    para tempos modernos.
  • 12:13 - 12:16
    Então, Adam Smith começa pedindo
    ao leitor que imagine
  • 12:16 - 12:17
    a morte de milhares de pessoas,
  • 12:17 - 12:19
    e imaginem que essas milhares
  • 12:19 - 12:21
    de pessoas estão num país
    o qual não conhecemos.
  • 12:21 - 12:25
    Poderia ser a China, a Índia
    ou um país africano.
  • 12:25 - 12:27
    E Smith pergunta: "Como você reagiria?"
  • 12:27 - 12:29
    E vocês diriam: "Bem, é uma pena."
  • 12:29 - 12:31
    e vocês seguiriam o resto de sua vidas.
  • 12:31 - 12:34
    Se abrissem o The New York Times
    online ou algo assim,
  • 12:34 - 12:37
    e descobrisse isto, e de fato,
    isto acontece o tempo todo,
  • 12:37 - 12:38
    prosseguiríamos com nossas vidas.
  • 12:38 - 12:40
    Em vez disso, imagine, diz Smith,
  • 12:40 - 12:42
    que você descobrirá que amanhã
  • 12:42 - 12:44
    seu dedo mindinho seria decepado.
  • 12:44 - 12:46
    Smith diz que isso importaria muito.
  • 12:46 - 12:48
    Você nem dormiria aquela noite
  • 12:48 - 12:49
    pensando naquilo.
  • 12:49 - 12:51
    Então isto põe uma pergunta:
  • 12:51 - 12:53
    Você sacrificaria mil vidas
  • 12:53 - 12:55
    para salvar seu mindinho?
  • 12:55 - 12:58
    Agora responda isto na
    privacidade da sua própria mente,
  • 12:58 - 13:01
    e Smith responde: "É lógico que não,
  • 13:01 - 13:02
    que pensamento horrível".
  • 13:02 - 13:04
    E por sua vez isto põe a pergunta,
  • 13:04 - 13:06
    nas palavras de Smith:
  • 13:06 - 13:08
    "Se nossos sentimentos
    passivos são quase sempre
  • 13:08 - 13:09
    tão sórdidos e egoístas,
  • 13:09 - 13:11
    por que que as nossas atitudes
  • 13:11 - 13:13
    são frequentemente tão
    generosas e tão nobres?"
  • 13:13 - 13:16
    E a resposta de Smith é: "Razão,
  • 13:16 - 13:17
    princípios, consciência.
  • 13:17 - 13:19
    [Esta] nos lembra,
  • 13:19 - 13:22
    com uma voz capaz de atordoar as
    mais presunçosas de nossas paixões,
  • 13:22 - 13:24
    de que somos apenas uma na multidão,
  • 13:24 - 13:26
    e em circunstância alguma
    melhor que nenhum outro nela".
  • 13:26 - 13:28
    Esta última parte é que é comumente
  • 13:28 - 13:32
    descrita como o princípio
    da imparcialidade.
  • 13:32 - 13:34
    E este princípio da
    imparcialidade se manifesta
  • 13:34 - 13:36
    em todas as religiões do mundo,
  • 13:36 - 13:38
    em todas as versões
    diferentes da Regra de Ouro,
  • 13:38 - 13:41
    e em todas as filosofias morais do mundo,
  • 13:41 - 13:42
    que diferem em muitos aspectos
  • 13:42 - 13:45
    mas partilham a pressuposição
    de que devemos julgar
  • 13:45 - 13:48
    moralidade de um ponto de
    vista um tanto imparcial.
  • 13:48 - 13:50
    A melhor articulação desta visão
  • 13:50 - 13:53
    para mim, na verdade,
    não é de um teólogo ou filósofo
  • 13:53 - 13:54
    mas de Humphrey Bogart
  • 13:54 - 13:56
    no final de "Casablanca".
  • 13:56 - 14:00
    Então, alerta de spoilers,
    ele está dizendo para sua amante
  • 14:00 - 14:01
    que eles têm de se separar
  • 14:01 - 14:02
    pelo bem maior,
  • 14:02 - 14:04
    ele diz, e não imitarei o sotaque (Risos)
  • 14:04 - 14:06
    mas ele diz a ela: "Não é difícil perceber
  • 14:06 - 14:08
    que os problemas de três pessoinhas
  • 14:08 - 14:11
    não somam uma pilha
    de feijões neste mundo louco".
  • 14:11 - 14:14
    Nossa razão poderia levar-nos
    a reprogramar nossas paixões.
  • 14:14 - 14:15
    Nossa razão poderia motivar-nos a
  • 14:15 - 14:17
    estender nossa empatia,
  • 14:17 - 14:19
    a escrever um livro como
    "Cabana Do Pai Tomás",
  • 14:19 - 14:21
    ou a ler um livro como
    "Cabana Do Pai Tomás",
  • 14:21 - 14:23
    e nossa razão poderia motivar-nos a criar
  • 14:23 - 14:26
    costumes, tabus e leis
  • 14:26 - 14:27
    que nos compelem
  • 14:27 - 14:29
    a agir por nossos impulsos
  • 14:29 - 14:31
    quando, como seres racionais, sentimos
  • 14:31 - 14:32
    que deveríamos ser compelidos.
  • 14:32 - 14:34
    Isto é o que uma constituição é.
  • 14:34 - 14:37
    Uma constituição é algo que
    foi implantado no passado
  • 14:37 - 14:38
    que se aplica agora no presente,
  • 14:38 - 14:39
    e o que ela diz é:
  • 14:39 - 14:41
    não importa o quanto queremos
  • 14:41 - 14:44
    reeleger um presidente popular
    para um terceiro mandato,
  • 14:44 - 14:46
    não importa o quanto os americanos
    brancos queiram
  • 14:46 - 14:50
    sentir que gostariam de reinstaurar
    a escravidão, nós não podemos.
  • 14:50 - 14:52
    Nós nos acorrentamos.
  • 14:52 - 14:54
    E nos acorrentamos de
    outras formas, também.
  • 14:54 - 14:57
    Sabemos que quando é
    hora de escolher alguém
  • 14:57 - 15:00
    para um trabalho, para um prêmio,
  • 15:00 - 15:03
    somos muito influenciados por sua raça,
  • 15:03 - 15:05
    somos influenciados por seu sexo,
  • 15:05 - 15:07
    somos influenciados
    pelo quão atraente são,
  • 15:07 - 15:10
    e, às vezes, diremos:
    "Tudo bem, é assim que deveria ser."
  • 15:10 - 15:12
    Mas, outras vezes, diremos:
    "Isso está errado".
  • 15:12 - 15:14
    E então, para combater isso,
  • 15:14 - 15:16
    não podemos só nos esforçar mais,
  • 15:16 - 15:19
    mas o que fazemos é arranjar situações
  • 15:19 - 15:22
    as quais outras fontes de informação
    não podem nos influenciar,
  • 15:22 - 15:24
    motivo pelo qual muitas orquestras
  • 15:24 - 15:26
    entrevistam músicos atrás de telas,
  • 15:26 - 15:28
    de forma que a única
    informação que têm
  • 15:28 - 15:30
    é a que eles acreditam
    ser importante.
  • 15:30 - 15:33
    Eu acho que preconceito e viés
  • 15:33 - 15:36
    ilustram uma dualidade
    fundamental da natureza humana,
  • 15:36 - 15:39
    Nós temos sentimentos, instintos, emoções,
  • 15:39 - 15:42
    e eles afetam nossos julgamentos e ações,
  • 15:42 - 15:44
    para o bem e para o mal,
  • 15:44 - 15:48
    mas somos também capazes
    de ponderação racional
  • 15:48 - 15:49
    e planejamento inteligente,
  • 15:49 - 15:52
    e podemos usá-los para, em alguns casos,
  • 15:52 - 15:54
    acelerar e nutrir nossas emoções,
  • 15:54 - 15:57
    e em outros casos combatê-las.
  • 15:57 - 15:58
    E é deste modo
  • 15:58 - 16:01
    que a razão nos ajuda a
    criar um mundo melhor.
  • 16:01 - 16:03
    Obrigado.
  • 16:03 - 16:07
    (Aplausos)
Title:
Pode o preconceito ser algum dia uma coisa boa?
Speaker:
Paul Bloom
Description:

Nós frequentemente pensamos em viés e preconceito como enraizados na ignorância. Como psicólogo, Paul Bloom tenta mostrar, que o preconceito é, muitas vezes natural, racional e até mesmo moral. A chave, diz Bloom, é entender como nossos próprios preconceitos funcionam — para que possamos controlá-los quando eles tomarem o rumo errado.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:23
  • ACABEI!
    Críticas e comentários são bem-vindos :)

  • Olá Amanda e mvdf952(um nome no profile seria bem-vindo ;) ),

    Será que poderiam revisar as legendas para adequarem-na às regras de 42 caracteres por linha e 21 caracteres/segundo? Após isso eu analisarei a mesma para aprovação.

    Vídeo da regra: https://www.youtube.com/watch?v=yvNQoD32Qqo
    Ferramenta para checar adequação: http://archifabrika.hu/tools/

    Não olhei o trabalho de localização feito ainda, primeiro só chequei adequação ao formato padrão. Assim que corrigido farei o resto :)

    Abraços!

  • Olá Leandro Veiga,

    Estou enviando a tarefa de volta porque ela ainda não está adequada aos padrões de 21 caracteres por segundo e 42 por linha. Maiores explicações podem ser encontradas no comentário que fiz anteriormente.

    Abraços

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions