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Meu afeto te afeta? | Tiago Schmitz | TEDxLaçador

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    Acho que meu coração
    nunca bateu tão forte na vida.
  • 0:12 - 0:15
    É uma experiência
    bastante única estar aqui.
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    Em primeiro lugar, eu queria
    agradecer a oportunidade
  • 0:18 - 0:19
    de compartilhar minha história.
  • 0:19 - 0:23
    Nas últimas três semanas, eu refleti
    bastante sobre a contribuição
  • 0:23 - 0:26
    que eu teria a trazer aqui pra vocês.
  • 0:27 - 0:29
    Deixei de dormir algumas noites por isso.
  • 0:29 - 0:31
    Eu chamei minha fala
    de "Um caminho de consciência",
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    porque eu acredito que,
    como esse é o tema do evento,
  • 0:35 - 0:39
    o caminho de consciência só começa
    quando a gente passa a se aceitar
  • 0:39 - 0:42
    e, mais do que isso, fazer algo positivo
    da nossa própria identidade.
  • 0:43 - 0:45
    Eu nunca consegui falar sobre isso
    abertamente na minha vida,
  • 0:45 - 0:48
    é a primeira vez que eu trago
    esse assunto publicamente,
  • 0:48 - 0:52
    e é preciso ter bastante coragem
    pra falar sobre assuntos como este.
  • 0:52 - 0:55
    Mas o fato de eu ter sofrido
    violência pela minha natureza,
  • 0:55 - 0:57
    ela sempre foi um divisor
    de águas na minha vida.
  • 0:57 - 0:59
    Pra mim existiam dois Tiagos:
  • 0:59 - 1:01
    um Tiago que ao longo
    do seu desenvolvimento
  • 1:01 - 1:06
    procurava ser um profissional de destaque
    e ser respeitado pelas suas ações;
  • 1:06 - 1:10
    e um Tiago do foro íntimo,
    que não se aceitava,
  • 1:10 - 1:12
    que se considerava uma pessoa
    não merecedora de felicidade.
  • 1:13 - 1:15
    E enquanto esses dois Tiagos
    não se encontrassem,
  • 1:15 - 1:19
    eu jamais conseguiria encontrar
    um caminho pra ser feliz.
  • 1:19 - 1:22
    E eu queria trazer,
    aqui pra vocês, uma imagem
  • 1:22 - 1:28
    que transmitisse um pouco da mensagem
    que eu quero passar neste momento.
  • 1:28 - 1:30
    E eu encontrei essa imagem
    na minha pré-adolescência.
  • 1:30 - 1:33
    Eu tinha 12 anos, e foi
    na minha primeira-comunhão.
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    Como eu sou de uma cidade pequena,
    os meus pais não são religiosos,
  • 1:37 - 1:39
    mas era um ritual importante a ser vivido.
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    E a minha mãe decidiu, então,
  • 1:42 - 1:45
    ao invés de alugar
    ou comprar um traje social,
  • 1:45 - 1:47
    como a maioria das famílias faz,
  • 1:47 - 1:48
    ela comprou uma roupa nova,
  • 1:48 - 1:51
    pra que eu pudesse utilizar
    depois, na minha vida.
  • 1:52 - 1:54
    Só que tinha um problema:
  • 1:54 - 1:56
    eu tinha os cabelos
    levemente compridos,
  • 1:56 - 1:58
    traços angelicais,
  • 1:58 - 2:01
    e os detalhes da roupa eram rosa.
  • 2:02 - 2:06
    Ao chegar na frente da igreja, eu estava
    me achando superbonito, diferente,
  • 2:06 - 2:08
    mas a professora da catequese pediu
  • 2:08 - 2:11
    que eu entrasse na igreja
    separado dos demais.
  • 2:11 - 2:15
    Enquanto os meninos entraram
    ao lado das meninas, por ordem de tamanho,
  • 2:15 - 2:19
    e eu de longe era o mais alto da turma,
    eu entrei sozinho na igreja.
  • 2:20 - 2:24
    E ao entrar na igreja, os olhares
    foram de surpresa, de espanto,
  • 2:24 - 2:25
    e eu acho que até de julgamento.
  • 2:25 - 2:27
    E eu me assustei com aquilo.
  • 2:27 - 2:29
    Eu não sabia como lidar
    com aquela situação.
  • 2:29 - 2:35
    Levei uns três anos pra olhar de novo
    essas fotos, e rasguei todas elas.
  • 2:35 - 2:39
    E, por algum motivo,
    esta foto acabou se salvando.
  • 2:39 - 2:41
    Eu também demorei
    um bom tempo pra compreender
  • 2:41 - 2:43
    o comportamento da minha mãe.
  • 2:43 - 2:46
    Inicialmente eu achei
    que ela tinha me exposto demais,
  • 2:46 - 2:49
    mas na verdade, hoje, eu entendo
    que aquele movimento dela
  • 2:49 - 2:52
    era um movimento de aceitação
    da minha sexualidade;
  • 2:52 - 2:55
    que pra ela, apesar
    dos olhares da sociedade,
  • 2:55 - 2:57
    eu era uma criança linda
    e uma criança normal.
  • 2:59 - 3:03
    Na sequência da minha vida, eu passei
    por uma série de situações de "bullying",
  • 3:03 - 3:06
    como muitos homossexuais passam.
  • 3:06 - 3:12
    Eu sofri bullying na escola, na faculdade,
    no trabalho, mas, na verdade,
  • 3:12 - 3:15
    não é exatamente sobre bullying
    que eu gostaria de falar aqui,
  • 3:15 - 3:17
    porque eu acho
    que a gente precisa aprender
  • 3:17 - 3:20
    a fazer, das coisas negativas
    que acontecem na nossa vida,
  • 3:20 - 3:24
    algo positivo, pra que a gente seja
    seres humanos melhores.
  • 3:25 - 3:28
    Mas é evidente que situações
    de preconceito e de violência
  • 3:28 - 3:31
    têm consequências no nosso comportamento.
  • 3:31 - 3:36
    E até meus 30 anos eu era uma pessoa
    antissocial, reprimida, agressiva,
  • 3:36 - 3:38
    e eu não conseguia me compreender.
  • 3:38 - 3:41
    E, com isso, eu também
    não conseguia compreender o outro.
  • 3:41 - 3:43
    Por eu ter sofrido preconceito,
  • 3:43 - 3:48
    eu absorvi esse preconceito dentro de mim,
    e eu me tornei uma pessoa preconceituosa.
  • 3:48 - 3:52
    Eu fui preconceituoso comigo,
    com outros homossexuais,
  • 3:52 - 3:55
    eu era preconceituoso
    com as pessoas em geral.
  • 3:55 - 3:57
    Pra mim, era meio que a lei
    da ação e da reação.
  • 3:57 - 3:59
    Como eu recebi violência,
  • 3:59 - 4:02
    eu achava que eu deveria
    devolver violência para o mundo,
  • 4:02 - 4:07
    que eu deveria reprimir meu comportamento
    e todos os meus trejeitos de homossexual,
  • 4:07 - 4:10
    pra que eu não sofresse
    mais violência com isso.
  • 4:10 - 4:12
    Mas é evidente que esse
    modelo não se sustenta.
  • 4:13 - 4:15
    Eu me sentia, também,
    uma pessoa sozinha no mundo.
  • 4:15 - 4:17
    Como venho de uma cidade
    de 20 mil habitantes,
  • 4:17 - 4:21
    e na minha época de adolescente
    a internet ainda não era popular,
  • 4:21 - 4:23
    eu achava que eu era
    o único homossexual do mundo,
  • 4:23 - 4:25
    e que por isso eu não era
    merecedor de felicidade,
  • 4:25 - 4:28
    que eu realmente era
    uma pessoa anormal.
  • 4:28 - 4:32
    Com o tempo, e com os dados e informações
    sendo compartilhadas na internet,
  • 4:32 - 4:35
    eu tive acesso a informações como esta.
  • 4:35 - 4:37
    Uma pesquisa da Fipe,
    com 500 escolas brasileiras,
  • 4:37 - 4:42
    revelou que 26% dos alunos
    declaram que não nos aceitam,
  • 4:42 - 4:47
    25% dos alunos acreditam
    que nós não somos pessoas confiáveis,
  • 4:47 - 4:50
    e 23% acreditam que nós somos doentes.
  • 4:50 - 4:52
    Tudo isso eu já pensei sobre mim.
  • 4:52 - 4:56
    Hoje, graças a Deus,
    eu não penso mais isso.
  • 4:56 - 4:59
    Eu também desenvolvi
    uma certa raiva pelo modelo escolar,
  • 4:59 - 5:04
    eu tinha muita ira com as escolas
    e com o que acontecia nas salas de aula.
  • 5:04 - 5:08
    Mas, com o tempo, eu também ressignifiquei
    essa raiva e entendi que, na verdade,
  • 5:08 - 5:11
    as escolas nada mais são
    do que reflexo da sociedade.
  • 5:11 - 5:15
    E enquanto a sociedade não mudar,
    a escola também não vai mudar.
  • 5:15 - 5:18
    Nesse sentido, eu trago
    mais uma informação importante:
  • 5:18 - 5:22
    segundo dados do Disque Denúncia,
    nos últimos quatro anos,
  • 5:22 - 5:26
    o índice de denúncia em relação
    à homofobia aumentou em 460%.
  • 5:26 - 5:31
    E essa informação tem dois olhares:
    um positivo, que é, nós, homossexuais,
  • 5:31 - 5:35
    estamos conseguindo falar mais sobre isso
    e reivindicar nossos direitos;
  • 5:35 - 5:38
    e o outro, que pode ser
    que a intolerância tenha aumentado.
  • 5:38 - 5:40
    Independente da interpretação
    que a gente faça desse dado,
  • 5:40 - 5:42
    eu acho que, na sociedade brasileira,
  • 5:42 - 5:47
    a gente ainda precisa discutir muito
    tolerância e aceitação do outro.
  • 5:48 - 5:53
    Eu pergunto pra vocês, não só em relação
    à aceitação dos homossexuais,
  • 5:53 - 5:57
    em relação a aceitação do outro,
    independente de quem ele seja.
  • 5:57 - 6:00
    E quando vocês se olham no espelho,
    o que vocês veem?
  • 6:02 - 6:05
    Vocês aceitam o cabelo de vocês,
    e no meu caso, a falta dele?
  • 6:05 - 6:09
    Vocês aceitam o peso de vocês,
    o gênero de vocês?
  • 6:09 - 6:11
    E vocês aceitam o do outro?
  • 6:11 - 6:14
    E até que ponto a gente contribui
    pra que esses preconceitos velados
  • 6:14 - 6:16
    continuem acontecendo na nossa sociedade?
  • 6:16 - 6:20
    Será que não está na hora
    de a gente ressignificar tudo isso?
  • 6:20 - 6:24
    Como na situação da comunhão que eu trouxe
    pra vocês, em que aquilo aconteceu comigo
  • 6:24 - 6:27
    e, por eu ser diferente, tive olhares
    de julgamento, ainda acho que a sociedade
  • 6:27 - 6:31
    está muito esquematizada
    pra privilegiar algumas pessoas.
  • 6:31 - 6:35
    São os héteros, os brancos, os ricos...
  • 6:35 - 6:38
    E como a gente sai,
    conscientemente, desses modelos?
  • 6:38 - 6:42
    A gente foi educado pra aceitar
    certos comportamentos, e não questionar:
  • 6:42 - 6:43
    a roupa que a gente usa,
  • 6:43 - 6:46
    os brinquedos, que são
    definidos por gênero,
  • 6:46 - 6:49
    as tarefas domésticas,
    que são associadas às mulheres,
  • 6:49 - 6:50
    o jeito de se portar.
  • 6:50 - 6:52
    Quem definiu tudo isso?
  • 6:52 - 6:56
    Será que não está na hora de a gente
    ressignificar e mudar essas coisas?
  • 6:57 - 7:00
    Eu aprendi, a duras penas,
    que quanto mais eu julgasse o outro,
  • 7:00 - 7:02
    menos eu seria compreendido.
  • 7:02 - 7:05
    Quando eu comecei a oferecer
    compreensão para o mundo,
  • 7:05 - 7:07
    o mundo também começou a me compreender.
  • 7:08 - 7:11
    Isso virou um mantra na minha vida,
    e todos os dias eu tento falar isso:
  • 7:11 - 7:16
    "Julgamento afasta, compreensão aproxima.
    Julgamento afasta, compreensão aproxima".
  • 7:16 - 7:19
    E, com isso, eu entendi que, na verdade,
  • 7:19 - 7:22
    ser gay não deveria ser um assunto
    a ser discutido na sociedade.
  • 7:22 - 7:24
    Isso não deveria ser relevante.
  • 7:24 - 7:26
    Eu precisei de dois anos de terapia
    pra compreender isso,
  • 7:26 - 7:31
    e entender que eu sou o Tiago,
    sou um ser humano, uma pessoa de bem,
  • 7:31 - 7:35
    com erros e acertos, e que eu mereço
    ser feliz, assim como todos vocês merecem.
  • 7:36 - 7:42
    E eu aprendi isso, com uma das pessoas
    que me trouxe mais aprendizado na vida.
  • 7:42 - 7:46
    Esta pessoa está aqui hoje,
    com seus 80 anos, me assistindo.
  • 7:46 - 7:49
    (Aplausos)
  • 7:58 - 7:59
    Obrigado.
  • 7:59 - 8:03
    Foi na cozinha da minha vó,
    Massimília Conceição da Câmara,
  • 8:03 - 8:05
    que eu aprendi a ser gente.
  • 8:05 - 8:10
    Pra ela, a minha sexualidade
    nunca precisou ser pauta a ser discutida.
  • 8:10 - 8:13
    Ela nunca me fez essa pergunta,
    e não foi por medo da resposta,
  • 8:13 - 8:17
    foi porque, pra ela, eu sempre
    fui o neto dela, o Tiago,
  • 8:17 - 8:22
    um ser humano que merece respeito,
    cuidado, afeto e aceitação,
  • 8:22 - 8:25
    como todo ser humano, não só eu.
  • 8:25 - 8:30
    Foi o amor da minha vó que eu acho
    que me salvou do vício e da autoagressão.
  • 8:30 - 8:34
    E a partir desse gesto dela, eu entendi
    que o que a humanidade precisa
  • 8:34 - 8:37
    não é da nossa agressividade,
    e nem dos nossos medos,
  • 8:37 - 8:40
    mas, sempre que a gente
    conseguir alcançar isso, o amor:
  • 8:40 - 8:43
    o amor-próprio, o amor pelo outro,
  • 8:43 - 8:46
    e o amor inclusive pelas pessoas
    que a gente não consegue compreender.
  • 8:49 - 8:52
    E foi só nesse momento
    que eu consegui me libertar.
  • 8:52 - 8:54
    Eu consegui me libertar do meu emprego,
  • 8:54 - 8:57
    e dos meus preconceitos mais densos
    que estavam dentro de mim.
  • 8:57 - 8:59
    E quando eu consegui me libertar
  • 8:59 - 9:01
    dessa carga pesada
    que existia dentro de mim,
  • 9:01 - 9:03
    eu consegui fazer com que o amor entrasse.
  • 9:03 - 9:06
    E foi daí que surgiu
    meu projeto empreendedor.
  • 9:06 - 9:08
    Foi dessa libertação
    que eu consegui entender
  • 9:08 - 9:12
    o meu talento e as coisas positivas
    que eu poderia fazer na minha vida.
  • 9:12 - 9:14
    Foi na cozinha da minha vó
    que eu me descobri.
  • 9:14 - 9:18
    Foi a partir da sensibilidade dela,
    que eu desenvolvi a minha sensibilidade.
  • 9:18 - 9:20
    Eu não precisei fazer
    cursos de gastronomia,
  • 9:20 - 9:21
    não precisei fazer nada,
  • 9:21 - 9:26
    eu simplesmente precisei deixar
    sair de dentro, aquilo que já existia,
  • 9:26 - 9:28
    a partir da relação que eu tive com ela.
  • 9:28 - 9:30
    E aí as coisas começaram
    a ser leves, na vida.
  • 9:30 - 9:34
    As coisas começaram a sair de uma maneira
    muito tranquila e muito bonita.
  • 9:35 - 9:37
    E hoje eu não acho que eu tenha uma marca,
  • 9:37 - 9:39
    uma empresa que pode virar
    uma empresa internacional,
  • 9:39 - 9:41
    que com isso eu posso ser milionário.
  • 9:41 - 9:43
    Isso pra mim, na verdade, nem importa.
  • 9:43 - 9:45
    O que eu considero é
    que eu tenho um projeto de vida,
  • 9:45 - 9:47
    que eu compartilho com os outros.
  • 9:47 - 9:51
    E a partir do momento em que eu me aceitei
    e me entendi como ser humano,
  • 9:51 - 9:55
    eu passei a desenvolver um sentimento
    bastante importante, hoje, no mundo,
  • 9:55 - 9:56
    que é a empatia.
  • 9:56 - 9:59
    Hoje eu consigo compreender
    o sofrimento do outro,
  • 9:59 - 10:02
    eu consigo compreender
    o desenvolvimento do outro,
  • 10:02 - 10:06
    e a importância de a gente conseguir
    despertar o nosso talento e o do outro.
  • 10:06 - 10:08
    Eu procuro fazer isso no meu projeto.
  • 10:08 - 10:11
    As pessoas que trabalham
    comigo não são funcionários,
  • 10:11 - 10:14
    são pessoas sonhadoras,
    que sonham os sonhos delas, junto comigo.
  • 10:15 - 10:17
    Ontem à noite, eles gravaram
    uma mensagem pra mim,
  • 10:17 - 10:20
    porque durante a semana perceberam
    que eu estava um pouco tenso
  • 10:20 - 10:24
    de estar aqui nesse palco,
    porque eu não escondo mais o meu jeito.
  • 10:24 - 10:27
    E eles mandaram uma mensagem
    de positividade pra mim.
  • 10:27 - 10:31
    E não tem nada mais bacana na vida
    do que receber gesto de carinho.
  • 10:31 - 10:35
    E esse gesto de carinho, sou muito grato
    por hoje conseguir ter encontrado.
  • 10:35 - 10:38
    E foi só a partir do respeito
    e aceitação, a mim e ao outro,
  • 10:38 - 10:40
    que eu entendi que o mundo
    pode ser mais leve.
  • 10:40 - 10:44
    As coisas não precisam ser densas
    e pesadas, não importa o barulho de fora,
  • 10:44 - 10:46
    quando a gente consegue se ouvir,
  • 10:46 - 10:49
    todo esse barulho
    se transforma em silêncio.
  • 10:50 - 10:53
    E eu sei que o caminho de encontrar
    nossa consciência, de se autoaceitar,
  • 10:53 - 10:55
    é um caminho bastante complexo, denso,
  • 10:55 - 10:58
    eu levei 18, 20 anos
    pra conseguir me encontrar.
  • 10:58 - 11:01
    Mas acho que mais importante
    que isso é a gente ser do bem,
  • 11:01 - 11:03
    e procurar transmitir o bem para o outro.
  • 11:03 - 11:06
    Eu me sinto um pouco pastor
    dizendo essas coisas,
  • 11:06 - 11:08
    (Risos)
  • 11:08 - 11:09
    mas eu virei uma pessoa otimista,
  • 11:09 - 11:13
    porque eu acredito no ser humano
    e no nosso potencial como ser humano.
  • 11:14 - 11:17
    Eu acho que o movimento deve vir
    de dentro pra fora, sempre.
  • 11:17 - 11:19
    Hoje se fala muito
    sobre empoderamento do outro,
  • 11:19 - 11:21
    o quanto se pode empoderar outras pessoas,
  • 11:21 - 11:24
    mas acho que a gente não pode empoderar
    ninguém, o máximo que se pode fazer
  • 11:24 - 11:28
    é mostrar a essas pessoas que a gente
    está ao lado delas nessa caminhada,
  • 11:28 - 11:30
    porque o empoderamento
    vem de dentro pra fora.
  • 11:30 - 11:33
    E pras pessoas que hoje ainda sofrem
    algum tipo de preconceito,
  • 11:33 - 11:35
    que se sentem menos
    que os outros por isso,
  • 11:35 - 11:39
    que acham que não são merecedoras
    de felicidade, como já aconteceu comigo,
  • 11:39 - 11:43
    e acabam caindo no vício das drogas,
    do álcool, do endividamento,
  • 11:43 - 11:45
    e uma série de outros vícios,
  • 11:45 - 11:47
    o que eu tenho pra dizer pra vocês
  • 11:47 - 11:51
    é que a ansiedade e as dificuldades
    só vão sair de dentro de vocês,
  • 11:51 - 11:54
    quando vocês começarem a ouvir
    o que têm dentro do coração de vocês,
  • 11:54 - 11:57
    quando vocês começarem a compreender
    quem vocês são no mundo,
  • 11:57 - 12:00
    e como vocês podem
    ser bacanas para o mundo.
  • 12:01 - 12:04
    Eu acho que todos nós podemos
    muito mais do que imaginamos.
  • 12:04 - 12:07
    Hoje, a partir do meu projeto
    e da minha liberdade conquistada,
  • 12:07 - 12:11
    eu consigo apoiar a causa
    dos homossexuais como eu, sem medo,
  • 12:11 - 12:14
    a causa negra, a causa
    das pessoas mais velhas,
  • 12:14 - 12:16
    e a causa de qualquer ser humano.
  • 12:16 - 12:18
    Hoje acho que é a partir
    das microrrevoluções
  • 12:18 - 12:20
    que a gente consegue transformar o mundo.
  • 12:20 - 12:24
    E eu procuro fazer isso todos os dias,
    com diferentes gestos na minha vida.
  • 12:25 - 12:29
    Hoje eu acho que nós somos todos iguais,
    eu olho para aquela foto da minha comunhão
  • 12:29 - 12:31
    e eu não me incomodo mais com aquilo.
  • 12:31 - 12:33
    Eu acho bonito o jeito
    que eu estava vestido.
  • 12:33 - 12:35
    Eu tenho saudades dos meus cabelos.
  • 12:35 - 12:36
    (Risos)
  • 12:36 - 12:38
    (Aplausos)
  • 12:38 - 12:39
    Obrigado.
  • 12:42 - 12:45
    Eu acho que a nossa essência
    fala muito de quem a gente é.
  • 12:45 - 12:48
    Eu precisei revisitar
    a relação com a minha vó,
  • 12:48 - 12:52
    a relação com a minha mãe, a aceitação
    da minha família e da minha história,
  • 12:52 - 12:54
    pra poder reconstruir
    o ser humano que eu sou,
  • 12:54 - 12:57
    e ser um ser humano melhor com isso.
  • 12:57 - 13:00
    E hoje eu desenvolvi gratidão
    por toda essa caminhada,
  • 13:00 - 13:03
    porque se eu não tivesse passado
    pela situação da comunhão,
  • 13:03 - 13:06
    pelas situações de bullying,
    e pela violência que recebi,
  • 13:06 - 13:08
    não teria me tornado
    o ser humano que sou hoje,
  • 13:08 - 13:11
    por isso acho tão importante ressignificar
  • 13:11 - 13:14
    as coisas negativas que acontecem na vida.
  • 13:14 - 13:17
    E o que eu digo é que hoje eu me sinto
    o melhor ser humano do mundo.
  • 13:17 - 13:21
    Eu não acho que só eu sou o melhor
    ser humano do mundo, eu acho que todos nós
  • 13:21 - 13:23
    somos os melhores seres humanos do mundo.
  • 13:23 - 13:24
    E a gente precisa acreditar nisso,
  • 13:24 - 13:26
    porque o mundo já tem
    bastante intolerância,
  • 13:26 - 13:30
    o Brasil já está bastante polarizado,
    e enquanto a gente não entender
  • 13:30 - 13:35
    que só a partir do empoderamento próprio
    a gente vai conseguir transformar o mundo,
  • 13:35 - 13:37
    a gente não vai sair desse status.
  • 13:37 - 13:40
    E eu acho que é mais honesto
    a gente ser como a gente é,
  • 13:40 - 13:42
    do que como os outros
    esperam que a gente seja.
  • 13:42 - 13:45
    E aqui eu cito dois homossexuais
    que, ao longo da história, pra mim,
  • 13:45 - 13:49
    foram bastante significativos,
    sofreram preconceito também,
  • 13:49 - 13:51
    mas conseguiram fazer algo bom disso.
  • 13:51 - 13:54
    Um deles foi o Harvey Milk,
    nos Estados Unidos,
  • 13:54 - 13:58
    que acabou sendo vítima de assassinato
    por defender a causa dos homossexuais,
  • 13:58 - 13:59
    na década de 60.
  • 13:59 - 14:03
    E o outro, um incompreendido
    à sua época, o Caio Fernando Abreu.
  • 14:03 - 14:06
    Gaúcho, acabou sendo vítima da AIDS,
  • 14:06 - 14:09
    e hoje tem seus textos
    popularizados na internet.
  • 14:10 - 14:14
    E pra finalizar o meu recado,
    o que eu queria dizer pra vocês
  • 14:14 - 14:16
    é colocar esta pergunta:
  • 14:16 - 14:18
    por qual motivo o meu afeto te afeta?
  • 14:18 - 14:21
    Por qual motivo a gente é tão intolerante?
  • 14:21 - 14:22
    Eu espero que a partir disso
  • 14:22 - 14:25
    a gente consiga desenvolver
    um pouco mais de empatia
  • 14:25 - 14:27
    e fazer do mundo
    algo muito mais significativo.
  • 14:27 - 14:28
    Obrigado.
  • 14:28 - 14:32
    (Aplausos)
Title:
Meu afeto te afeta? | Tiago Schmitz | TEDxLaçador
Description:

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

Tiago Schmitz é jornalista, pós-graduado em marketing pela Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mas foi na cozinha da sua avó que descobriu a essência e o sentido da sua vida.

Tiago aprendeu que um caminho de consciência só começa no momento em que aceitamos a nós mesmos e agimos de forma positiva sobre a nossa própria identidade. Esta palestra nos convida a refletir sobre a não aceitação da condição do outro, seja ele quem for. Até que ponto todos nós colaboramos para a construção do preconceito? E o que fazemos para mudar isso? A palestra nos deixa uma pergunta: por qual motivo o meu afeto te afeta? Talvez, se conseguirmos refletir melhor sobre isso, a tolerância aconteça e consigamos ser pessoas melhores para o mundo.

Tiago Schmitz se define como um sonhador que acredita no poder da transformação de si e do outro para melhorar o mundo. Em 2014, depois de dez anos no mercado corporativo da área de marketing, resolveu tirar do papel seu projeto pessoal e iniciou a história da Charlie Brownie, uma marca de doces que busca ser inspiradora, tornando o dia das pessoas mais feliz.

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Video Language:
Portuguese, Brazilian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
14:36

Portuguese, Brazilian subtitles

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