Lições dos presos no corredor da morte | David R. Dow | TEDxAustin
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0:09 - 0:11Bom dia a todos.
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0:13 - 0:14Há duas semanas,
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0:14 - 0:19eu estava sentado à mesa da cozinha
com a minha mulher Katya, -
0:19 - 0:23a falar sobre o que é que eu
havia de dizer hoje. -
0:24 - 0:27Temos um filho de 11 anos,
chamado Lincoln. -
0:27 - 0:31Ele também estava à mesa,
a fazer os trabalhos de matemática. -
0:32 - 0:35Durante uma pausa
na minha conversa com Katya, -
0:35 - 0:37olhei para o Lincoln
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0:37 - 0:40e, de repente, fui fulminado
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0:42 - 0:44pela recordação de um cliente meu.
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0:45 - 0:48O meu cliente era um tipo chamado Will.
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0:48 - 0:51Era do Texas do Norte.
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0:52 - 0:54Nunca conhecera muito bem o pai dele,
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0:54 - 0:59porque o pai abandonara a mãe
quando ela estava grávida dele. -
1:00 - 1:04Por isso, ficou destinado a ser criado
por uma mãe sozinha, -
1:04 - 1:06o que podia ter corrido bem,
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1:06 - 1:11não fosse a mãe dele
ser uma esquizofrénica paranoica. -
1:11 - 1:14Quando Will tinha cinco anos,
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1:14 - 1:17ela tentou matá-lo
com uma faca de cozinha. -
1:18 - 1:22Foi levada pelas autoridades
e metida num hospital psiquiátrico. -
1:23 - 1:26Durante os sete anos seguintes
Will viveu com o irmão mais velho, -
1:26 - 1:29até que este se suicidou
com um tiro no coração. -
1:30 - 1:33Depois disso, Will andou
de um lado para outro, -
1:33 - 1:35de parente em parente,
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1:35 - 1:39até que, quando tinha nove anos,
vivia praticamente por sua conta. -
1:40 - 1:43Naquela manhã, em que eu estava
com a Katya e o Lincoln, -
1:43 - 1:47olhei para o meu filho
e apercebi-me que, -
1:47 - 1:51quando o meu cliente Will
tinha a mesma idade, -
1:51 - 1:53já vivia, praticamente sozinho,
há dois anos. -
1:55 - 1:57Will acabou por se juntar a um gangue
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1:57 - 2:01e praticou uma série
de crimes muito graves, -
2:02 - 2:04incluindo o mais terrível de todos,
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2:05 - 2:07um homicídio horrível, trágico.
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2:09 - 2:14Will acabou por ser executado
como punição por esse crime. -
2:16 - 2:22Mas hoje não quero falar
sobre a moral da pena de morte. -
2:23 - 2:26Claro que penso que o meu cliente
não devia ter sido executado, -
2:26 - 2:29mas do que eu quero falar hoje
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2:29 - 2:33é da pena de morte,
numa forma que nunca fiz antes. -
2:35 - 2:38Queria falar sobre a pena de morte
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2:38 - 2:42numa forma que é
totalmente incontroversa. -
2:44 - 2:45Penso que é possível,
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2:45 - 2:50porque há um ponto
no debate sobre a pena de morte -
2:51 - 2:53— talvez o ponto mais importante —
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2:53 - 2:56com que toda a gente concorda,
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2:56 - 3:00em que os defensores mais ardentes
da pena de morte -
3:00 - 3:06e os abolicionistas mais veementes
se encontram na mesma página. -
3:07 - 3:09É esse ponto que eu quero explorar.
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3:10 - 3:13Mas, antes de o fazer,
quero gastar uns minutos -
3:13 - 3:17a contar-vos como se processa
uma condenação à morte -
3:17 - 3:19e depois quero contar-vos duas lições
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3:19 - 3:24que aprendi nos últimos 20 anos,
enquanto advogado da pena de morte, -
3:24 - 3:29ao observar mais de 100 casos
que se processaram desse modo. -
3:31 - 3:36Podemos pensar no processo de pena de morte
como uma história com quatro capítulos. -
3:36 - 3:41O primeiro capítulo de cada processo
é exatamente o mesmo, e é trágico. -
3:42 - 3:46Começa com o homicídio
de um ser humano inocente, -
3:47 - 3:49e é seguido por um julgamento
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3:49 - 3:52em que o assassino é condenado
e enviado para o corredor da morte. -
3:52 - 3:56Essa condenação à morte vem a ser
confirmada pelo tribunal de recurso estatal. -
3:57 - 4:00O segundo capítulo consiste
num procedimento legal complicado -
4:00 - 4:02conhecido por apelo de habeas corpus.
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4:03 - 4:06O terceiro capítulo é um procedimento
legal ainda mais complicado -
4:06 - 4:09conhecido por procedimento
de habeas corpus federal. -
4:09 - 4:14E no quarto capítulo podem acontecer
uma série de coisas. -
4:14 - 4:16Os advogados podem apresentar
uma petição de clemência, -
4:16 - 4:19podem iniciar uma litigação
ainda mais complexa, -
4:19 - 4:21ou podem não fazer nada de nada.
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4:22 - 4:26Mas esse quarto capítulo
acaba sempre com uma execução. -
4:27 - 4:31Quando eu comecei a representar presos
no corredor da morte, há mais de 20 anos, -
4:31 - 4:35as pessoas no corredor da morte
não tinham direito a um advogado -
4:35 - 4:38nem no segundo nem no quarto
capítulos desta história. -
4:38 - 4:40Estavam entregues a si próprios.
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4:40 - 4:42Foi só nos finais dos anos 80,
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4:42 - 4:46que adquiriram o direito a um advogado
durante o terceiro capítulo da história. -
4:47 - 4:53Portanto, os presos no corredor da morte
tinham que confiar em advogados voluntários -
4:53 - 4:55para tratar dos procedimentos legais.
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4:55 - 4:58O problema é que havia mais presos
no corredor da morte -
4:58 - 5:00do que os advogados que havia,
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5:00 - 5:03que tinham interesse e conhecimentos
para trabalhar nesses processos. -
5:03 - 5:05Inevitavelmente,
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5:05 - 5:09os advogados aglomeravam-se nos processos
que já estavam no quarto capítulo, -
5:09 - 5:11o que, claro, fazia sentido.
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5:11 - 5:12São esses os casos mais urgentes,
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5:12 - 5:15são esses os presos que estão
mais perto de serem executados. -
5:15 - 5:17Alguns desses advogados tinham êxito,
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5:17 - 5:20conseguiam obter novos julgamentos
para os seus clientes. -
5:20 - 5:23Outros conseguiam prolongar
a vida dos seus clientes, -
5:23 - 5:26por vezes, durante anos,
outras vezes, durante meses. -
5:26 - 5:29Mas uma coisa que nunca acontecia
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5:29 - 5:33era haver uma verdadeira
redução sustentada -
5:33 - 5:36no número de execuções anuais no Texas.
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5:36 - 5:37Como podem ver por este gráfico,
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5:37 - 5:41desde que o aparelho de execução
do Texas se tornou eficaz -
5:41 - 5:43desde os meados até ao final dos anos 90,
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5:43 - 5:45só houve alguns anos
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5:45 - 5:48em que o número de execuções anuais
desceu abaixo das 20. -
5:49 - 5:51Num ano normal, o Texas
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5:51 - 5:54tinha uma média de cerca
de duas pessoas por mês. -
5:55 - 6:00Nalguns anos, no Texas executámos
perto de 40 pessoas, numa base anual. -
6:00 - 6:05Este número nunca baixou significativamente
durante os últimos 15 anos. -
6:05 - 6:09Contudo, ao mesmo tempo
que continuamos a executar -
6:09 - 6:11o mesmo número de pessoas
todos os anos, -
6:11 - 6:15o número de pessoas que estão a ser
condenadas à morte, numa base anual, -
6:15 - 6:17tem-se reduzido muito acentuadamente.
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6:17 - 6:19Portanto, temos este paradoxo.
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6:19 - 6:23Ou seja, o número de execuções anuais
tem-se mantido alto, -
6:23 - 6:28mas o número de condenações à morte
tem descido. -
6:28 - 6:29Porque é que isso acontece?
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6:29 - 6:32Não pode ser atribuído
a uma descida da taxa de homicídios, -
6:32 - 6:36porque a taxa de homicídios
não tem baixado tão acentuadamente -
6:36 - 6:39como desceu a linha vermelha
naquele gráfico. -
6:39 - 6:41O que aconteceu
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6:41 - 6:45é que os júris começaram a condenar
cada vez mais as pessoas -
6:45 - 6:49a prisão perpétua, sem possibilidade
de liberdade condicional, -
6:49 - 6:52em vez de as enviarem
para a câmara de execução. -
6:53 - 6:56Porque é que isto aconteceu?
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6:56 - 7:00Não aconteceu por falta
do apoio popular à pena de morte. -
7:00 - 7:03Os opositores à pena de morte
sentem-se muito satisfeitos -
7:03 - 7:08porque o apoio à pena de morte no Texas
é o mais baixo de sempre. -
7:08 - 7:10Sabem o que isso significa no Texas?
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7:10 - 7:12Significa que anda pelos 60%.
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7:12 - 7:15Isto é muito bom, em comparação
com meados dos anos 80 -
7:15 - 7:17em que era acima dos 80%.
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7:18 - 7:21Mas não podemos explicar
a diminuição das condenações à morte -
7:21 - 7:24e a simpatia pela vida, sem possibilidade
de liberdade condicional, -
7:24 - 7:26pela diminuição do apoio à pena de morte,
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7:26 - 7:29porque as pessoas continuam
a apoiar a pena de morte. -
7:29 - 7:31O que aconteceu então
que causou este fenómeno? -
7:32 - 7:34O que aconteceu foi que os advogados
-
7:34 - 7:37que representam os presos
do corredor da morte -
7:37 - 7:40têm virado o seu interesse
cada vez mais para os primeiros capítulos -
7:40 - 7:42da história da condenação à morte.
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7:42 - 7:45Há 25 anos, concentravam-se
no capítulo quatro. -
7:45 - 7:48E passaram do capítulo quatro, há 25 anos
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7:48 - 7:51para o capítulo três,
no final dos anos 80. -
7:51 - 7:53Passaram do capítulo três,
no final dos anos 80, -
7:53 - 7:56para o capítulo dois,
em meados dos anos 90. -
7:56 - 7:58Entre meados e final dos anos 90,
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7:58 - 8:01começaram a concentrar-se
no capítulo um da história. -
8:01 - 8:04Podem pensar que esta diminuição
de condenações à morte -
8:04 - 8:06e o aumento no número
de condenações à vida -
8:06 - 8:08é uma coisa boa ou uma coisa má.
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8:08 - 8:10Não quero falar disso hoje.
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8:10 - 8:13Tudo o que vos quero dizer
é que a razão para tudo isto acontecer -
8:13 - 8:16é porque os advogados
da pena de morte perceberam -
8:16 - 8:19que, quanto mais cedo
interviessem num processo, -
8:19 - 8:22maior era a probabilidade
de salvarem a vida do seu cliente. -
8:23 - 8:26Esta foi a primeira coisa que aprendi.
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8:27 - 8:30Agora, a segunda coisa que aprendi.
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8:30 - 8:34O meu cliente Will não foi exceção à regra.
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8:35 - 8:37Confirmou a regra.
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8:38 - 8:39Por vezes, eu digo:
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8:39 - 8:42"Se me disserem o nome
dum preso no corredor da morte -
8:42 - 8:45" — não interessa em que estado,
não interessa se eu já o conheço — -
8:45 - 8:47"eu posso escrever a biografia dele".
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8:47 - 8:50Oito em dez vezes
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8:50 - 8:54os pormenores dessa biografia
serão mais ou menos rigorosos. -
8:54 - 8:58A razão para isso é que 80%
das pessoas no corredor da morte -
8:58 - 9:03são pessoas que vêm do mesmo tipo
de famílias disfuncionais como a de Will. -
9:03 - 9:0580% das pessoas no corredor da morte
-
9:05 - 9:08são pessoas que passaram
pelo sistema de justiça juvenil. -
9:09 - 9:12Foi a segunda lição que aprendi.
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9:13 - 9:17Agora estamos mesmo pertinho daquele ponto
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9:17 - 9:19em que toda a gente vai estar de acordo.
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9:20 - 9:22As pessoas nesta sala podem discordar
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9:22 - 9:24se Will devia ter sido executado,
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9:24 - 9:26mas acho que toda a gente concorda
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9:26 - 9:30que a melhor versão possível desta história
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9:30 - 9:34seria uma história em que
não houvesse nenhum homicídio. -
9:36 - 9:38Como é que fazemos isso?
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9:38 - 9:42Quando o meu filho Lincoln estava
a resolver o problema de matemática, -
9:42 - 9:44há duas semanas
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9:44 - 9:46— era um problema
complicado, retorcido — -
9:46 - 9:49ele estava a aprender como,
quando temos um problema complicado, -
9:49 - 9:53por vezes a solução é dividi-lo
em problemas mais pequenos. -
9:53 - 9:56É o que fazemos
com a maior parte dos problemas -
9:56 - 9:58— em matemática, em física,
em política social — -
9:58 - 10:01dividimo-lo em problemas mais pequenos,
mais fáceis de resolver. -
10:01 - 10:05Mas, de vez em quando,
como disse Dwight Eisenhower, -
10:05 - 10:09a forma como resolvemos um problema
é torná-lo maior. -
10:10 - 10:13A forma como resolvemos este problema
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10:13 - 10:16é tornar maior a questão da pena de morte.
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10:17 - 10:19Temos que dizer, está bem,
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10:19 - 10:24temos estes quatro capítulos
da história duma condenação à morte, -
10:24 - 10:28mas o que acontece
antes de essa história começar? -
10:29 - 10:32Como é que podemos intervir
na vida de um assassino -
10:33 - 10:36antes de ele ser um assassino?
-
10:36 - 10:42Que opções é que temos para empurrar
essa pessoa para fora do caminho -
10:42 - 10:46que o vai levar a um resultado
que toda a gente -
10:46 - 10:49— apoiantes da pena de morte
e opositores à pena de morte — -
10:49 - 10:52pensa que é um mau resultado:
-
10:52 - 10:54o assassínio dum ser humano inocente?
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10:57 - 11:02Por vezes, as pessoas dizem
que "isso não é ciência de foguetões". -
11:03 - 11:07Com isso, querem dizer que a ciência
de foguetões é muito complicada -
11:07 - 11:10e que o problema de que estamos
a falar agora é muito simples. -
11:11 - 11:13Bem, o que é a ciência de foguetões?
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11:13 - 11:18É a expressão matemática para
o impulso criado por um foguetão. -
11:20 - 11:24Hoje estamos a falar
duma coisa igualmente complicada. -
11:25 - 11:29Do que hoje estamos a falar
também é "ciência de foguetões". -
11:30 - 11:34O meu cliente Will e 80%
das pessoas no corredor da morte -
11:35 - 11:38tiveram cinco capítulos na sua vida
-
11:38 - 11:43que antecederam os quatro capítulos
da história da condenação à morte. -
11:43 - 11:47Penso nesses cinco capítulos,
como pontos de intervenção, -
11:47 - 11:49como locais na vida deles,
-
11:49 - 11:53em que a nossa sociedade
não pôde intervir na vida deles -
11:53 - 11:56e afastá-los do caminho
em que se encontravam -
11:56 - 11:59o que criou uma consequência,
que todos nós -
11:59 - 12:01— apoiantes da pena de morte,
opositores da pena de morte — -
12:01 - 12:04dizemos que foi um mau resultado.
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12:04 - 12:07Durante cada um desses cinco capítulos:
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12:07 - 12:09quando a mãe dele ficou grávida;
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12:09 - 12:11nos seus primeiros anos da infância;
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12:11 - 12:13quando andou no pré-escolar;
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12:13 - 12:15quando andou na primária e na secundária;
-
12:15 - 12:17e quando esteve
no sistema de justiça juvenil. -
12:17 - 12:19Durante esses cinco capítulos,
-
12:19 - 12:23houve uma enorme série de coisas
que a sociedade podia ter feito. -
12:23 - 12:24Se nós imaginássemos
-
12:24 - 12:27que há cinco módulos
diferentes de intervenção, -
12:27 - 12:30a forma como a sociedade podia intervir
em cada um destes cinco capítulos, -
12:30 - 12:33e pudéssemos misturá-los e combiná-los
da maneira que quiséssemos, -
12:33 - 12:37há 3000 — mais de 3000 —
estratégias possíveis -
12:37 - 12:39que podíamos adotar,
-
12:39 - 12:43a fim de afastar miúdos como o Will
do caminho em que se encontram. -
12:44 - 12:47Não estou aqui hoje
com a solução. -
12:48 - 12:52Mas o facto de ainda termos
muito a aprender, -
12:53 - 12:57não significa que não saibamos já muito.
-
12:57 - 13:00Sabemos, pela experiência
de outros estados, -
13:00 - 13:04que há uma ampla variedade
de modos de intervenção -
13:04 - 13:06que podiam ser usados no Texas
-
13:06 - 13:08e em todos os outros estados
que ainda não os usam, -
13:08 - 13:13para impedir uma consequência
que todos concordamos ser má. -
13:12 - 13:14Vou referir só alguns.
-
13:17 - 13:22Não vou falar aqui hoje
em reformar o sistema legal. -
13:23 - 13:24Provavelmente, isso é um tópico
-
13:24 - 13:28que é melhor reservar para uma sala
cheia de advogados e juízes. -
13:28 - 13:32Em vez disso, vou falar
de alguns modos de intervenção -
13:32 - 13:35que todos podemos ajudar a concretizar,
-
13:35 - 13:38porque há modos de intervenção
que serão implementados -
13:38 - 13:41quando os legisladores e os políticos,
quando os contribuintes e os cidadãos -
13:41 - 13:44concordem que é o que devemos fazer
-
13:44 - 13:47e é como devemos gastar o nosso dinheiro.
-
13:46 - 13:50Podíamos proporcionar
cuidados à primeira infância -
13:50 - 13:54a crianças economicamente débeis
e com outros problemas, -
13:55 - 13:57e podíamos fazê-lo gratuitamente.
-
13:57 - 14:01Podíamos afastar crianças como o Will
do caminho em que se encontram. -
14:01 - 14:05Há outros estados que fazem isso,
mas nós não fazemos. -
14:05 - 14:08Podíamos proporcionar escolas especiais,
-
14:08 - 14:10a nível do ensino básico
e do ensino secundário, -
14:10 - 14:13e mesmo no pré-escolar,
-
14:13 - 14:16viradas para crianças economicamente
débeis e com outros problemas, -
14:16 - 14:20em especial, crianças que já passaram
pelo sistema de justiça juvenil. -
14:20 - 14:22Há alguns estados que fazem isso.
-
14:22 - 14:24O Texas não faz.
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14:26 - 14:30Há uma outra coisa que podemos fazer
— aliás, há muitas outras coisas — -
14:30 - 14:32mas há uma coisa que vou referir,
-
14:32 - 14:35e vai ser a única coisa polémica
que vou dizer hoje. -
14:36 - 14:39Podíamos intervir
muito mais agressivamente -
14:39 - 14:42nas casas perigosamente disfuncionais,
-
14:42 - 14:45e retirar-lhes as crianças
-
14:45 - 14:48antes de as mães agarrarem em facas
e ameaçarem matá-las. -
14:50 - 14:53Se viermos a fazer isso,
precisamos de um sítio para as pôr. -
14:54 - 14:56Mesmo que façamos todas estas coisas,
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14:56 - 14:58haverá crianças que cairão pelas fendas
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14:58 - 14:59e irão acabar no último capítulo
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14:59 - 15:01antes de começar a história do crime,
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15:01 - 15:04vão acabar no sistema de justiça juvenil.
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15:04 - 15:07Mas, mesmo que isso aconteça,
ainda não é tarde demais. -
15:08 - 15:11Ainda há tempo para os afastar,
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15:11 - 15:14se pensarmos em afastá-los
em vez de os punirmos. -
15:15 - 15:16Há dois professores no nordeste
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15:16 - 15:18— um em Yale e outro em Maryland —
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15:18 - 15:22que instalaram uma escola
ligada a uma prisão de jovens. -
15:23 - 15:25Os miúdos estão na prisão
mas vão à escola -
15:25 - 15:28das oito da manhã
até às quatro da tarde. -
15:28 - 15:30Do ponto de vista logístico, é difícil.
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15:30 - 15:33Tiveram que contratar professores
dispostos a ensinar numa prisão, -
15:33 - 15:36tiveram que separar as pessoas
que trabalham na escola -
15:36 - 15:38e as autoridades da prisão,
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15:38 - 15:40e, o mais assustador de tudo,
-
15:40 - 15:42precisaram de inventar um novo programa
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15:42 - 15:46porque as pessoas não entram e saem
da prisão numa base semestral. -
15:46 - 15:47(Risos)
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15:47 - 15:50Mas fizeram essas coisas todas.
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15:50 - 15:53O que é que todas estas coisas
têm em comum? -
15:53 - 15:58O que todas estas coisas têm em comum
é que custam dinheiro. -
16:00 - 16:02Algumas pessoas nesta sala
podem ter idade suficiente -
16:02 - 16:06para se lembrarem do tipo
dum antigo anúncio de óleo para carros. -
16:06 - 16:12Dizia: "Podem pagar-me agora,
ou podem pagar-me mais tarde". -
16:14 - 16:18O que estamos a fazer,
no sistema da pena de morte, -
16:18 - 16:22é que estamos a pagar mais tarde.
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16:22 - 16:26Mas, por cada 15 000 dólares
-
16:26 - 16:28que gastarmos, a intervir na vida
-
16:28 - 16:32de crianças economicamente débeis
ou com outros problemas, -
16:32 - 16:35nesses capítulos anteriores,
-
16:34 - 16:37poupamos 80 000 dólares em custos
relacionados com o crime, -
16:37 - 16:39ao longo do seu percurso.
-
16:39 - 16:45Mesmo que não estejam de acordo
que há um imperativo moral para o fazer, -
16:45 - 16:48faz sentido economicamente.
-
16:50 - 16:53Quero contar a última conversa
que tive com o Will. -
16:54 - 16:59Foi no dia em que ele ia ser executado.
-
17:00 - 17:02Estávamos apenas a conversar.
-
17:02 - 17:06Já não havia mais nada a fazer
no processo dele. -
17:05 - 17:08Estávamos a falar da vida dele.
-
17:08 - 17:12Primeiro, ele falou do pai
que mal conhecia e que já tinha morrido. -
17:12 - 17:17Depois falou da mãe, que ele conhecia
e ainda estava viva. -
17:18 - 17:20E eu disse-lhe:
-
17:21 - 17:22"Conheço a história.
-
17:23 - 17:24"Li os registos.
-
17:25 - 17:27"Sei que ela tentou matar-te.
-
17:27 - 17:29"Sempre me interroguei
-
17:29 - 17:32"se tu realmente te lembras disso.
-
17:32 - 17:36"Eu não me lembro de nada
de quando tinha cinco anos. -
17:36 - 17:38"Talvez te lembres
porque alguém te contou". -
17:39 - 17:42Ele olhou para mim,
inclinou-se para a frente e disse: -
17:42 - 17:44"Professor"
-
17:44 - 17:47— conhecia-me há 12 anos,
mas continuava a chamar-me Professor. -
17:47 - 17:49"Professor, não quero
faltar-lhe ao respeito, -
17:50 - 17:53"mas quando a nossa mãe
agarra numa faca de cozinha -
17:53 - 17:55"que parece maior do que nós,
-
17:55 - 17:59"e nos persegue pela casa,
a gritar que nos vai matar, -
17:59 - 18:02"e temos que nos trancar na casa de banho,
e encostar-nos à porta -
18:02 - 18:05"a gritar por socorro
até aparecer a polícia... " -
18:06 - 18:08Ele olhou para mim e disse:
-
18:08 - 18:11"... é uma coisa que não esquecemos".
-
18:11 - 18:14Espero que haja uma coisa
de que não se esqueçam: -
18:14 - 18:16Desde que chegaram aqui, esta manhã,
-
18:16 - 18:18até ao intervalo para o almoço,
-
18:18 - 18:21vai haver quatro homicídios nos EUA.
-
18:22 - 18:25Vamos dedicar enormes recursos sociais
-
18:25 - 18:27para punir as pessoas
que praticarem esses crimes, -
18:27 - 18:29e isso tem que ser feito
-
18:29 - 18:31porque há que punir as pessoas
que fazem coisas más. -
18:31 - 18:34Mas três desses crimes podem ser evitados.
-
18:35 - 18:38Se aumentarmos o quadro
-
18:38 - 18:41e dedicarmos a nossa atenção
aos capítulos antecedentes. -
18:42 - 18:46nunca teremos que escrever
a primeira frase -
18:46 - 18:48com que começa a história
da pena de morte. -
18:49 - 18:50Obrigado.
-
18:50 - 18:52(Aplausos)
- Title:
- Lições dos presos no corredor da morte | David R. Dow | TEDxAustin
- Description:
-
Esta palestra foi dada num evento TEDx, organizado de forma independente por uma comunidade local mas usando o formato das Conferências TED. Saiba mais em: http://ted.com/tedx.
O que é que acontece antes de um homicídio? Na procura de formas para reduzir os processos de pena de morte, David R. Dow percebeu que há um número surpreendente de presos no corredor da morte com biografias semelhantes. Nesta palestra, propõe um plano arrojado, para impedir os homicídios.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 18:52
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for Lessons from death row inmates | David R. Dow | TEDxAustin | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Lessons from death row inmates | David R. Dow | TEDxAustin | ||
Margarida Ferreira accepted Portuguese subtitles for Lessons from death row inmates | David R. Dow | TEDxAustin | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Lessons from death row inmates | David R. Dow | TEDxAustin | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Lessons from death row inmates | David R. Dow | TEDxAustin | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Lessons from death row inmates | David R. Dow | TEDxAustin | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Lessons from death row inmates | David R. Dow | TEDxAustin | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Lessons from death row inmates | David R. Dow | TEDxAustin |