A natureza está por toda a parte — só precisamos de aprender a vê-la
-
0:01 - 0:04Estamos a roubar a natureza
aos nossos filhos. -
0:05 - 0:08Quando digo isto, não digo
que estamos a destruir a natureza -
0:08 - 0:10que eles vão querer
que tivéssemos preservado, -
0:10 - 0:13embora seja, infelizmente,
também esse o caso. -
0:13 - 0:17O que pretendo dizer é que começámos
a definir a natureza de uma forma -
0:17 - 0:20tão purista e tão restrita
-
0:20 - 0:23que, na definição que estamos a criar
para nós mesmos, -
0:23 - 0:25não restará nenhuma natureza
para os nossos filhos -
0:25 - 0:27quando forem adultos.
-
0:27 - 0:30Mas isto tem solução.
-
0:30 - 0:31Deixem-me explicar.
-
0:32 - 0:35Neste momento, os humanos
usam metade do mundo -
0:35 - 0:38para viver, cultivar e produzir madeira,
-
0:38 - 0:40para pastorear os seus animais.
-
0:40 - 0:42Se somássemos todos os seres humanos,
-
0:42 - 0:46teríamos um peso 10 vezes superior
ao de todos os mamíferos selvagens juntos. -
0:47 - 0:49Construímos estradas através da floresta.
-
0:50 - 0:54Adicionámos pequenas partículas de
plástico à areia das praias. -
0:54 - 0:59Mudámos a química dos solos
com os nossos fertilizantes artificiais. -
0:59 - 1:02E claro, mudámos a química do ar.
-
1:02 - 1:04Então, na vossa próxima respiração
-
1:04 - 1:08vocês vão inspirar mais 42%
de dióxido de carbono -
1:08 - 1:10do que inspirariam em 1750.
-
1:11 - 1:14Todas estas mudanças, e muitas outras,
-
1:14 - 1:18têm vindo a ser amontoadas
dentro do período "Antropoceno". -
1:18 - 1:21E este é um nome
que muitos geólogos têm sugerido -
1:21 - 1:23que déssemos à nossa época,
-
1:23 - 1:26considerando quão generalizada
tem sido a influência humana sobre ela. -
1:26 - 1:30Ainda é só uma proposta,
mas penso que é uma ajuda -
1:30 - 1:34para pensar na magnitude da
influência humana no planeta. -
1:35 - 1:37Onde fica então a natureza?
-
1:37 - 1:38O que é considerado natureza
-
1:38 - 1:41num mundo onde tudo
é influenciado pelos humanos? -
1:41 - 1:45Há 25 anos, o escritor ambiental
Bill McKibben -
1:45 - 1:50disse que, como a natureza
era uma coisa separada do homem, -
1:50 - 1:54e como a mudança climática
significava que cada centímetro da Terra -
1:54 - 1:55fora alterado pelo homem,
-
1:55 - 1:57então a natureza tinha acabado.
-
1:57 - 2:01De facto, deu ao seu livro o título
"O Fim da Natureza". -
2:02 - 2:04Eu discordo disto.
Simplesmente discordo disto. -
2:04 - 2:07Discordo desta definição de natureza,
-
2:07 - 2:09porque, fundamentalmente,
somos animais, certo? -
2:09 - 2:12Evoluímos neste planeta,
-
2:12 - 2:14no contexto de todos os outros animais
-
2:14 - 2:16com os quais que partilhamos um planeta,
-
2:16 - 2:18e todas as outras plantas e todos os
outros micróbios. -
2:18 - 2:23Por isso, penso que a natureza
não é o intocado pela humanidade, -
2:23 - 2:25homem ou mulher.
-
2:25 - 2:29Penso que a natureza está em qualquer
lugar onde a vida prospere, -
2:29 - 2:32qualquer lugar onde existam
múltiplas espécies juntas, -
2:32 - 2:34qualquer lugar que seja verde e azul,
-
2:34 - 2:36e que prospere,
e seja cheio de vida, a crescer. -
2:38 - 2:39E sob esta definição,
-
2:40 - 2:42as coisas parecem um pouco diferentes.
-
2:42 - 2:46Eu compreendo que existem
certas partes desta natureza -
2:46 - 2:48que nos tocam de uma forma especial.
-
2:48 - 2:50Lugares como Yellowstone,
-
2:50 - 2:52ou a estepe da Mongólia,
-
2:52 - 2:53a Grande Barreira de Coral
-
2:53 - 2:55ou o deserto do Serengueti.
-
2:55 - 3:00Lugares em que pensamos como
representações edénicas de uma natureza -
3:00 - 3:02antes de termos estragado tudo.
-
3:02 - 3:07E como tal, sofrem menos impacto
com as nossas atividades quotidianas. -
3:07 - 3:09Muitos destes lugares têm poucas
ou nenhumas estradas, -
3:09 - 3:11e por aí adiante.
-
3:11 - 3:12Mas, em última análise,
-
3:12 - 3:17mesmo estes jardins do Éden são
profundamente influenciados pelos humanos. -
3:17 - 3:19Vejamos a América do Norte,
por exemplo, -
3:19 - 3:21já que é onde nos encontramos.
-
3:21 - 3:24Há 15 000 anos, quando as primeiras
pessoas vieram para cá, -
3:24 - 3:27começaram um processo de interação
com a natureza -
3:27 - 3:31que levou à extinção de uma boa parcela
de animais de grande porte, -
3:31 - 3:33desde o mastodonte
à preguiça-gigante terrestre, -
3:33 - 3:35aos felinos dentes-de-sabre,
-
3:35 - 3:38todos estes animais fantásticos
que, infelizmente, já não estão connosco. -
3:38 - 3:40E quando estes animais se extinguiram,
-
3:40 - 3:43sabem, os ecossistemas não pararam.
-
3:43 - 3:46Efeitos em cadeia massivos
transformaram prados em florestas, -
3:46 - 3:49mudaram a composição da floresta
de uma árvore para outra. -
3:50 - 3:52E mesmo nestes édens,
-
3:52 - 3:54mesmo nestes locais perfeitos
-
3:54 - 3:57que nos relembram um passado
anterior aos humanos, -
3:57 - 4:00estamos a olhar essencialmente para
uma paisagem humanizada. -
4:01 - 4:05Não apenas estes humanos pré-históricos,
mas humanos históricos, indígenas, -
4:05 - 4:08até ao momento em que
os primeiros colonizadores apareceram. -
4:08 - 4:11E o caso é o mesmo para os outros
continentes também. -
4:11 - 4:14Os humanos têm estado envolvidos
na natureza -
4:14 - 4:17de uma forma muito influente,
desde há muito tempo. -
4:18 - 4:20Recentemente, alguém me disse:
-
4:20 - 4:22"Mas ainda há locais selvagens."
-
4:22 - 4:24E eu perguntei: "Onde? Onde? Quero lá ir."
-
4:24 - 4:26E ele disse: "A Amazónia."
-
4:26 - 4:30E eu respondi: "Ah, a Amazónia.
Acabei de vir de lá. É fabulosa." -
4:30 - 4:33A National Geographic
enviou-me ao Parque Nacional Manú, -
4:33 - 4:34que fica na Amazónia peruana,
-
4:35 - 4:37mas é um grande bocado
de floresta tropical, -
4:37 - 4:38sem clareiras, sem estradas,
-
4:38 - 4:40protegida como Parque Nacional,
-
4:40 - 4:43de facto, um dos que têm maior
biodiversidade no mundo. -
4:43 - 4:47E quando lá entrei com a minha canoa,
o que encontrei foram pessoas. -
4:48 - 4:51As pessoas têm vivido lá há centenas
e milhares de anos. -
4:51 - 4:54As pessoas vivem lá,
não flutuam apenas sobre a selva. -
4:54 - 4:57Eles têm uma relação significativa
com a paisagem. -
4:57 - 5:00Eles caçam. Eles cultivam.
-
5:00 - 5:01Eles domesticam culturas.
-
5:01 - 5:04Eles usam recursos naturais
para construírem as suas casas, -
5:04 - 5:06para cobrirem as suas casas.
-
5:06 - 5:10Até domesticam animais
que consideramos selvagens. -
5:10 - 5:12Estas pessoas estão lá
-
5:12 - 5:14e estão a interagir com o ambiente
-
5:14 - 5:17de uma forma realmente significativa
e visível no ambiente. -
5:17 - 5:20Eu estava com um antropólogo
nessa viagem -
5:20 - 5:23e, enquanto estávamos a descer o rio,
-
5:23 - 5:27ele disse-me: "Não existem vazios
demográficos no Amazonas". -
5:27 - 5:29Esta declaração perturbou-me,
-
5:29 - 5:32porque isso significa
que todo o Amazonas é assim. -
5:32 - 5:34Há pessoas por toda a parte.
-
5:34 - 5:36Muitas outras florestas são iguais,
-
5:36 - 5:38e não apenas as florestas tropicais.
-
5:38 - 5:41As pessoas influenciaram
os ecossistemas no passado, -
5:41 - 5:44e continuam a influenciar no presente,
-
5:44 - 5:47mesmo em locais
onde é mais difícil reparar nisso. -
5:48 - 5:53Então, se todas as definições de natureza
que quisermos usar -
5:53 - 5:56implicarem que esta esteja intocada
pela humanidade -
5:56 - 5:58ou que não haja pessoas nela,
-
5:58 - 6:03se todas nos dão um resultado
em que não temos nenhuma natureza, -
6:03 - 6:05então talvez essas definições
estejam erradas. -
6:05 - 6:09Talvez devêssemos defini-la
pela presença de múltiplas espécies, -
6:09 - 6:11pela presença de vida próspera.
-
6:11 - 6:13Agora, se fizermos isso dessa forma,
-
6:13 - 6:15o que teremos?
-
6:15 - 6:17Bem, isso é um tipo de milagre.
-
6:17 - 6:20De repente, existe natureza
ao nosso redor. -
6:20 - 6:23De repente, vemos esta lagarta Monarca
-
6:23 - 6:25a mastigar esta planta,
-
6:25 - 6:27e damo-nos conta que é assim,
-
6:27 - 6:29e é assim neste terreno baldio
em Chattanooga. -
6:30 - 6:32Olhem para este terreno baldio.
-
6:32 - 6:35Provavelmente, há no mínimo
uma dúzia de espécies -
6:35 - 6:37de plantas a crescerem aqui,
-
6:37 - 6:39apoiando toda a espécie de vida de insetos
-
6:39 - 6:43e isto é um espaço
completamente selvagem. -
6:43 - 6:46Este é um tipo de natureza selvagem
debaixo dos nossos narizes, -
6:46 - 6:48em que nem reparamos.
-
6:49 - 6:51E também existe um interessante
e pequeno paradoxo. -
6:51 - 6:55Esta natureza, este tipo de selva,
-
6:55 - 6:59parte descuidada da nossa existência
agrícola urbana, periurbana, suburbana. -
6:59 - 7:02que passa despercebida,
-
7:02 - 7:06é certamente mais selvagem
do que um parque nacional, -
7:06 - 7:09porque os parques nacionais
são geridos com muitos cuidados -
7:09 - 7:10no século XXI.
-
7:10 - 7:14Crater Lake, no sul do Oregon,
o parque nacional mais próximo de mim, -
7:14 - 7:19é um maravilhoso exemplo de paisagem
que parece ter vindo do passado. -
7:19 - 7:21Mas está a ser gerido cuidadosamente.
-
7:21 - 7:24Um dos problemas que tem agora
é o a morte do pinheiro de casca branca. -
7:25 - 7:27O pinheiro de casca branca
é maravilhoso, carismático... -
7:27 - 7:30É uma mega flora carismática,
-
7:30 - 7:32que cresce a alta altitude
-
7:32 - 7:35e que tem problemas agora,
com a doença. -
7:35 - 7:38Há uma bolha de ferrugem que foi
introduzida pelo escaravelho da casca. -
7:38 - 7:42Então, para lidar com isto,
o serviço do parque tem estado a plantar -
7:42 - 7:46mudas de pinheiro de casca branca
resistentes à ferrugem no parque, -
7:47 - 7:50mesmo em áreas geridas
como florestas selvagens. -
7:50 - 7:54E estão a colocar repelente
de escaravelhos em pontos-chave, -
7:54 - 7:56pelo que vi, da última vez
que passeei por lá. -
7:56 - 7:59E este tipo de coisas é muito mais vulgar
do que vocês possam pensar. -
7:59 - 8:01Os parques nacionais
são muito bem cuidados. -
8:01 - 8:04A vida selvagem é mantida de acordo
com a população e estrutura. -
8:04 - 8:06Os incêndios são apagados.
-
8:06 - 8:07Os incêndios são iniciados.
-
8:07 - 8:09As espécies não nativas são removidas.
-
8:09 - 8:11As espécies nativas são reintroduzidas.
-
8:11 - 8:13E de facto, eu dei uma vista de olhos,
-
8:13 - 8:15e o Parque Nacional Banff faz tudo que
eu acabei de dizer: -
8:15 - 8:17apaga e começa incêndios,
-
8:17 - 8:19monitoriza os lobos,
reintroduz os bisontes. -
8:19 - 8:23Fazer parecer que estes locais
estão intocados dá muito trabalho. -
8:23 - 8:25(Risos)
-
8:25 - 8:28(Aplausos)
-
8:31 - 8:36E, ironicamente, os locais que mais amamos
-
8:36 - 8:38são os locais que, às vezes,
amamos demais. -
8:38 - 8:40Muitos gostam de lá ir
-
8:40 - 8:42porque estão a ser geridos para
se manterem estáveis -
8:42 - 8:44face a um planeta em mudança,
-
8:44 - 8:47ficando, frequentemente,
cada vez mais frágeis com o tempo. -
8:47 - 8:50Isto significa que eles são absolutamente
os piores locais -
8:50 - 8:52para levarem os vossos filhos nas férias,
-
8:52 - 8:54porque vocês não podem fazer lá nada.
-
8:54 - 8:55Não podem subir às árvores.
-
8:55 - 8:57Não podem pescar o peixe.
-
8:57 - 8:59Não podem acampar no meio do nada.
-
8:59 - 9:01Não podem levar as pinhas.
-
9:01 - 9:03Existem várias regras e restrições
-
9:03 - 9:05que, do ponto de vista das crianças,
-
9:05 - 9:07faz com que este seja o pior lugar
do mundo. -
9:07 - 9:10Porque as crianças não querem caminhar
-
9:10 - 9:12por uma maravilhosa paisagem,
durante cinco horas -
9:12 - 9:14e olhar para uma vista maravilhosa.
-
9:14 - 9:16Talvez seja o que nós queremos,
como adultos. -
9:16 - 9:19O que as crianças querem fazer
é refugiarem-se nalgum lugar, -
9:19 - 9:21apenas mexer nisto,
trabalhar com isso -
9:21 - 9:25pegar naquilo, construir uma casa,
um forte, fazer coisas assim. -
9:26 - 9:29Além disso, este tipo de locais edénicos
-
9:29 - 9:32estão sempre distantes
de onde as pessoas vivem. -
9:32 - 9:35São caros. São difíceis de visitar.
-
9:35 - 9:38Isso significa que estão disponíveis
apenas para as elites. -
9:38 - 9:40E esse é um verdadeiro problema.
-
9:41 - 9:44A Nature Conservancy
fez uma pesquisa com jovens, -
9:44 - 9:48a quem foi perguntado com que frequência
passavam tempo ao ar livre. -
9:48 - 9:51E apenas dois entre cinco
passavam tempo ao ar livre -
9:51 - 9:52pelo menos, uma vez por semana.
-
9:52 - 9:55Os outros três em cinco
ficavam simplesmente em casa. -
9:55 - 9:57E quando lhes perguntaram porquê,
-
9:57 - 9:59quais eram as barreiras
para irem para o ar livre, -
9:59 - 10:02a resposta de 61% foi:
-
10:02 - 10:05"Não existem áreas naturais próximas
da minha casa." -
10:06 - 10:10E isso é de loucos.
Isso é patentemente falso. -
10:10 - 10:13Quer dizer, 71% das pessoas nos EUA
-
10:13 - 10:16vivem a 10 minutos de distância a pé
do parque da cidade. -
10:16 - 10:19Tenho certeza que esse número
é semelhante noutros países. -
10:19 - 10:21E que nem contam com o quintal deles,
-
10:21 - 10:23o ribeiro urbano, o terreno baldio.
-
10:23 - 10:25Toda a gente vive perto da natureza.
-
10:25 - 10:28Todas as crianças vivem perto da natureza.
-
10:28 - 10:30Esquecemo-nos
simplesmente de ver isso. -
10:30 - 10:33Temos passado demasiado tempo a ver
os documentários de David Attenborough, -
10:33 - 10:35onde a natureza é realmente sexy...
-
10:35 - 10:36(Risos)
-
10:36 - 10:40...e esquecemo-nos de como ver a natureza
que está literalmente à nossa porta, -
10:40 - 10:42a natureza na árvore de rua.
-
10:42 - 10:45Um exemplo: Filadélfia.
-
10:45 - 10:47Existe uma linha férrea elevada
-
10:47 - 10:49que se pode ver do chão
que está abandonada. -
10:49 - 10:53Isto pode parecer o início
da história do High Line, em Manhattan, -
10:53 - 10:56e é muito parecido, exceto que eles
ainda não fizeram desta um parque, -
10:56 - 10:58mas estão a trabalhar nisso.
-
10:58 - 11:01Então, por ora, é ainda
uma pequena área selvagem secreta -
11:01 - 11:02no coração da Filadélfia,
-
11:02 - 11:05e se souberem onde está
a abertura na cerca de arame, -
11:05 - 11:07vocês podem subir até lá acima,
-
11:07 - 11:10e encontrar este prado,
completamente selvagem, -
11:10 - 11:13a flutuar por cima
da cidade de Filadélfia. -
11:13 - 11:16Cada uma destas plantas cresceu
a partir de uma semente -
11:16 - 11:17plantada lá por si mesma.
-
11:17 - 11:20Isto é completamente autónomo
uma natureza com vontade própria. -
11:20 - 11:22E está mesmo no meio da cidade.
-
11:22 - 11:25Eles têm enviado pessoas até lá
para fazerem biopesquisas, -
11:25 - 11:28e há lá mais de 50 espécies de plantas.
-
11:29 - 11:30E não são apenas plantas.
-
11:30 - 11:33É um ecossistema,
ecossistema funcional. -
11:33 - 11:36Está a criar solo,
está a reter carbono. -
11:36 - 11:38Há polinização a acontecer.
-
11:38 - 11:40isto é realmente um ecossistema.
-
11:41 - 11:45Os cientistas começaram a chamar-lhes
"neoecossistemas", -
11:45 - 11:48porque são dominados
por espécies não nativas, -
11:48 - 11:50e porque eles são super estranhos.
-
11:50 - 11:52Não se parecem com nada
que tenhamos visto antes. -
11:52 - 11:56Durante tanto tempo considerámos
esses neoecossistemas como lixo. -
11:56 - 11:59Estamos a falar do renascimento
dos campos agrícolas, -
11:59 - 12:02de plantações de madeira
não geridas diariamente, -
12:02 - 12:05em geral, florestas secundárias,
por toda a Costa Leste, -
12:05 - 12:09onde, depois de a agricultura ter ido
para oeste, surgiu a floresta. -
12:09 - 12:12E é claro, por quase todo o Havai,
-
12:12 - 12:14onde os neoecossistemas são a regra,
-
12:15 - 12:17onde as espécies exóticas
dominam totalmente. -
12:17 - 12:20Nesta floresta há carvalhos Queensland,
-
12:20 - 12:23há fetos do sul da Ásia.
-
12:23 - 12:26Vocês podem fazer o vosso próprio
neoecossistema. -
12:26 - 12:27É realmente simples.
-
12:27 - 12:28Apenas parem de cortar a relva.
-
12:28 - 12:30(Risos)
-
12:30 - 12:33Ilkka Hanski foi um ecologista finlandês
e fez uma experiência. -
12:33 - 12:35Ele deixou de cortar a relva.
-
12:35 - 12:37Poucos anos depois vieram alguns
alunos licenciados, -
12:37 - 12:40fizeram uma série de "bio-blitz"
no quintal dele, -
12:40 - 12:44e encontraram 375 espécies de plantas,
-
12:44 - 12:47incluindo duas em risco de extinção.
-
12:48 - 12:54Então, quando vocês estiverem
no futuro High Line de Filadélfia, -
12:54 - 12:56cercados por esta selva,
-
12:56 - 13:00cercados por esta diversidade,
esta abundância, esta vibração, -
13:00 - 13:01podem olhar para o lado
-
13:01 - 13:04e ver o recreio da escola local,
-
13:04 - 13:06e é com isso que isto se parece.
-
13:06 - 13:08Estas crianças têm...
-
13:08 - 13:10Sabem, pela minha definição,
-
13:10 - 13:12existe muito no planeta
considerado como natureza, -
13:12 - 13:16mas este seria um dos poucos lugares
a não ser considerado como natureza. -
13:16 - 13:19Não há lá nada, exceto os humanos,
não há outras plantas ou animais. -
13:19 - 13:20E o que realmente queria fazer
-
13:20 - 13:23era simplesmente atirar uma escada
para o outro lado, -
13:23 - 13:26para essas crianças virem ter comigo
a este belo prado. -
13:26 - 13:29De certa forma, sinto que esta
é a escolha que enfrentamos. -
13:29 - 13:34Se considerarmos estas novas naturezas
como não aceitáveis, lixo ou não boas, -
13:35 - 13:38mais vale pavimentá-las com cimento.
-
13:38 - 13:40E num mundo em que tudo está
em mudança, -
13:40 - 13:43precisamos de ter muito cuidado
como definimos a natureza. -
13:44 - 13:46Para não a roubar aos nossos filhos,
-
13:46 - 13:48temos de fazer duas coisas.
-
13:48 - 13:52Primeiro: Não podemos definir a natureza
como uma coisa intocada. -
13:52 - 13:54Isso, de qualquer forma,
nunca fez nenhum sentido. -
13:54 - 13:57A natureza não esteve intocada
durante milhares de anos. -
13:57 - 13:59Isso exclui a maior parte da natureza
-
13:59 - 14:03que a maior parte das pessoas
pode visitar e com que se pode relacionar, -
14:03 - 14:06e inclui apenas a natureza
que as crianças não podem tocar, -
14:06 - 14:09o que me traz à segunda coisa
que temos de fazer: -
14:09 - 14:11Devemos deixar as crianças tocarem
na natureza, -
14:12 - 14:14porque aquilo que não é tocado,
não é amado. -
14:14 - 14:17(Aplausos)
-
14:23 - 14:27Nós enfrentamos alguns desafios
ambientais graves neste planeta. -
14:27 - 14:29A mudança climática é um deles.
-
14:29 - 14:32Há outros: A perda do "habitat"
é um dos meus preferidos -
14:32 - 14:34para ter um ataque de nervos
a meio da noite. -
14:34 - 14:36Porém, para os resolver,
precisamos de pessoas -
14:36 - 14:38— inteligentes, dedicadas —
-
14:38 - 14:40que se preocupem com a natureza.
-
14:40 - 14:43A única maneira de educarmos
uma geração de pessoas -
14:43 - 14:44que se preocupem com a natureza
-
14:44 - 14:46é deixarmos que elas toquem na natureza.
-
14:46 - 14:49Eu tenho a Teoria da Ecologia do Forte,
-
14:49 - 14:51a Teoria da Conservação do Forte.
-
14:51 - 14:54Todos os ecologistas ou conservacionistas
que conheço, -
14:54 - 14:56todos os profissionais da conservação
que conheço, -
14:56 - 14:58construíram fortes quando eram crianças.
-
14:59 - 15:02Se tivermos uma geração que não saiba
como construir um forte, -
15:02 - 15:05teremos uma geração que não sabe
como tomar conta da natureza. -
15:05 - 15:08Não quero ser eu quem vai dizer
a este miúdo de um programa especial -
15:08 - 15:11que leva os miúdos
dos bairros pobres de Filadélfia -
15:11 - 15:13aos parques da cidade,
-
15:13 - 15:16não quero ser eu a dizer-lhe
que a flor que ele está a segurar -
15:16 - 15:19é uma erva daninha não nativa e invasiva
e que a deve lançar no lixo. -
15:20 - 15:23Acho que eu deveria antes
aprender com este miúdo -
15:23 - 15:26que não importa de onde vem a planta:
-
15:26 - 15:30é linda e merece ser tocada e apreciada.
-
15:30 - 15:31Obrigada.
-
15:31 - 15:34(Aplausos)
- Title:
- A natureza está por toda a parte — só precisamos de aprender a vê-la
- Speaker:
- Emma Marris
- Description:
-
Como é que definem a "natureza"? Se nós a definirmos como o que está intocado pelos humanos, então não nos resta nada, diz a escritora ambiental Emma Marris. Ela instiga-nos a considerar a nova definição de natureza — que inclui não apenas a selva primitiva mas também os tufos de plantas que crescem espontaneamente nos espaços urbanos — e encoraja-nos a trazer os nossos filhos para o ar livre, para tocar e brincar com a natureza, para que um dia a possam amar e proteger.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 15:52
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for Emma Marris speaks at TEDSummit | ||
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Isabel Vaz Belchior
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Esta é uma tarefa de tradução em português (de Portugal) mas foi feita em português do Brasil. Por isso, na revisão da sua tradução da palestra TED de Emma Marris, a oralidade brasileira vai ser alterada para a oralidade portuguesa (para o português falado em Portugal).