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O significado oculto dos filmes infantis | Colin Stokes | TEDxBeaconStreet

  • 0:15 - 0:17
    O que prefiro no meu papel de pai
  • 0:17 - 0:19
    são os filmes que vejo.
  • 0:20 - 0:23
    Adoro partilhar com os meus filhos
    os meus filmes preferidos.
  • 0:23 - 0:27
    Quando a minha filha tinha quatro anos,
    fomos os dois ver "O Feiticeiro de Oz".
  • 0:28 - 0:31
    O filme dominou totalmente
    a imaginação dela, durante meses.
  • 0:31 - 0:34
    A personagem que ela preferia
    era Glinda, claro.
  • 0:34 - 0:36
    Foi um ótimo pretexto
  • 0:36 - 0:38
    para usar um vestido de fada
    e uma varinha mágica.
  • 0:38 - 0:40
    Quanto mais vemos um filme,
  • 0:40 - 0:42
    mais começamos a perceber
    como é original.
  • 0:42 - 0:45
    Hoje vivemos e criamos os nossos filhos
  • 0:45 - 0:50
    num complexo industrial espetacular
    dedicado à fantasia das crianças.
  • 0:52 - 0:55
    Mas "O Feiticeiro de Oz" manteve-se
    aparte, não seguiu essa tendência.
  • 0:56 - 0:59
    Só ao fim de 40 anos
    foi apanhado por essa tendência
  • 0:59 - 1:05
    com outro filme que apresentava
    um homem de lata e um tipo peludo
  • 1:05 - 1:09
    a salvar uma rapariga,
    mascarando-se de guarda inimigo.
  • 1:09 - 1:10
    (Risos)
  • 1:10 - 1:12
    Sabem de que filme estou a falar?
  • 1:13 - 1:14
    (Risos)
  • 1:15 - 1:18
    Há uma grande diferença
    entre estes dois filmes,
  • 1:18 - 1:20
    várias diferenças
    entre "O Feiticeiro de Oz"
  • 1:20 - 1:21
    e os filmes que vemos hoje.
  • 1:21 - 1:24
    Uma é que há muito pouca violência
    em "O Feiticeiro de Oz".
  • 1:24 - 1:28
    Os macacos são um pouco agressivos
    assim como as macieiras.
  • 1:29 - 1:34
    Mas, se "O Feiticeiro de Oz"
    fosse feito hoje, o feiticeiro diria:
  • 1:34 - 1:39
    "Dorothy, és a salvadora de Oz
    que a profecia previu.
  • 1:39 - 1:40
    "Usa os teus sapatos mágicos
  • 1:41 - 1:43
    "para derrotar os exércitos
    da Bruxa Malvada
  • 1:43 - 1:45
    "gerados pelo computador".
  • 1:45 - 1:47
    Não é isso que acontece.
  • 1:47 - 1:50
    Outra coisa que acho especial
    em "O Feiticeiro de Oz"
  • 1:50 - 1:53
    é que todas as personagens mais heroicas,
  • 1:53 - 1:57
    mais sábias e até mais malvadas
    são femininas.
  • 2:00 - 2:01
    Comecei a reparar nisso
  • 2:01 - 2:04
    quando mostrei à minha filha
    "A Guerra das Estrelas",
  • 2:04 - 2:07
    anos mais tarde,
    e a situação era diferente.
  • 2:07 - 2:09
    Nessa altura, também já tinha um filho.
  • 2:10 - 2:12
    Só tinha três anos na época.
  • 2:12 - 2:15
    Não devia ver, era demasiado
    pequeno para isso.
  • 2:15 - 2:20
    Mas era o segundo filho
    e o nível de supervisão tinha diminuído.
  • 2:20 - 2:21
    (Risos)
  • 2:21 - 2:24
    Assim, ele viu o filme
  • 2:28 - 2:30
    e ficou muito impressionado,
  • 2:30 - 2:34
    tal como a mãe pata impressiona
    os seus patinhos.
  • 2:36 - 2:40
    Deu-se conta de que só havia
    rapazes no universo,
  • 2:40 - 2:45
    com exceção da tia Beru e, claro,
    daquela princesa que era muito gira
  • 2:45 - 2:48
    mas que não faz nada
    durante a maior parte do filme,
  • 2:48 - 2:51
    para poder recompensar o herói
    com uma medalha
  • 2:51 - 2:53
    e um piscar de olhos
    para lhe agradecer ter salvo o universo
  • 2:53 - 2:57
    coisa que ele consegue,
    graças à magia com que tinha nascido.
  • 2:57 - 3:00
    Comparem isto com "O Feiticeiro de Oz"
    de 1939.
  • 3:00 - 3:02
    Como é que Dorothy ganha neste filme?
  • 3:03 - 3:07
    Fazendo amigos com toda a gente
    e sendo uma líder.
  • 3:07 - 3:11
    É esse o tipo de mundo
    em que eu preferia criar os meus filhos.
  • 3:11 - 3:15
    Porque é que há tanta Força,
    — Força com maiúscula —
  • 3:15 - 3:17
    nos filmes que temos
    para os nossos filhos
  • 3:17 - 3:19
    e tão pouca Estrada de Tijolos Amarelos?
  • 3:19 - 3:25
    Sei, por experiência própria
    que a Princesa Leia não fornece
  • 3:25 - 3:28
    um exemplo adequado
    do que eu teria usado
  • 3:29 - 3:32
    para descrever o mundo dos adultos,
    na educação das crianças.
  • 3:32 - 3:34
    (Risos)
  • 3:36 - 3:39
    Houve um momento, uma espécie
    de momento do primeiro beijo
  • 3:39 - 3:42
    quando eu estava à espera
    que começassem a passar o genérico
  • 3:42 - 3:45
    porque é o fim do filme, não é?
  • 3:45 - 3:48
    Terminei a missão, fiquei com a miúda,
    porque é que ainda estamos aqui?
  • 3:49 - 3:54
    Os filmes estão muito virados
    para derrotar o vilão e obter a recompensa
  • 3:54 - 3:58
    e não há muito espaço
    para outras relações e outros percursos.
  • 3:58 - 4:02
    É quase como, para um rapaz,
    ser um animal meio lorpa,
  • 4:02 - 4:06
    e, para uma rapariga, ter de usar
    o fato de guerreira.
  • 4:07 - 4:11
    Ou seja, há muitas exceções
  • 4:11 - 4:15
    e defenderei as princesas das Disney
    em frente de quem quer que seja.
  • 4:17 - 4:19
    Mas é também uma mensagem
    para os rapazes.
  • 4:19 - 4:22
    Os rapazes não são o público alvo.
  • 4:22 - 4:25
    Fazem um trabalho fenomenal
    a ensinar as raparigas
  • 4:25 - 4:27
    como se defenderem contra o patriarcado,
  • 4:27 - 4:29
    mas não mostram aos rapazes
  • 4:29 - 4:32
    como devem defender-se
    contra o patriarcado.
  • 4:32 - 4:35
    Não há modelos para eles.
  • 4:35 - 4:38
    Também temos algumas mulheres espantosas
  • 4:38 - 4:40
    que escrevem histórias novas
    para as crianças.
  • 4:41 - 4:45
    Mas, embora a 3D e deliciosas,
    como são a Hermione e a Katniss,
  • 4:45 - 4:47
    não deixam de ser filmes de guerra.
  • 4:47 - 4:50
    Claro que o estúdio
    de maior êxito de sempre
  • 4:52 - 4:55
    continua a produzir
    clássico após clássico,
  • 4:55 - 5:01
    em que vemos a aventura
    de um rapaz ou de um homem
  • 5:02 - 5:05
    ou dois homens que são amigos,
    ou um homem e o seu filho
  • 5:06 - 5:09
    ou dois homens que criam
    uma rapariguinha.
  • 5:10 - 5:13
    Até que, como vocês devem
    estar a pensar, este ano
  • 5:13 - 5:15
    eles finalmente apareceram com "Brave".
  • 5:15 - 5:17
    Recomendo-o a todos.
  • 5:17 - 5:18
    (Risos)
  • 5:19 - 5:22
    Lembram-se o que os críticos
    disseram quando saiu "Brave"?
  • 5:22 - 5:25
    "Ah, não acredito que a Pixar
    fez um filme com uma princesa".
  • 5:25 - 5:29
    Ora, quase nenhum destes filmes
    passou o teste de Bechdel.
  • 5:29 - 5:32
    Alison Bechdel é uma artista
    de banda desenhada
  • 5:32 - 5:34
    que, em meados dos anos 80,
  • 5:35 - 5:38
    gravou uma conversa que teve
    com uma amiga
  • 5:38 - 5:41
    sobre avaliar os filmes que viam.
  • 5:41 - 5:44
    É muito simples, são apenas
    três perguntas que é preciso responder.
  • 5:44 - 5:48
    Há mais do que uma personagem
    feminina no filme, que tenha falas?
  • 5:49 - 5:51
    Tentem obedecer a esta barra.
  • 5:52 - 5:56
    Essas mulheres falam uma com outra
    nalguma parte do filme?
  • 5:58 - 6:01
    Essa conversa é sobre qualquer coisa
  • 6:01 - 6:03
    que não seja sobre o tipo
    de que ambas gostam?
  • 6:03 - 6:05
    (Risos)
  • 6:06 - 6:07
    Obrigado.
  • 6:07 - 6:09
    (Aplausos)
  • 6:09 - 6:10
    Muito obrigado.
  • 6:11 - 6:16
    Duas mulheres que existem
    e falam uma com a outra sobre coisas.
  • 6:20 - 6:23
    Acontece. Eu já tenho visto.
  • 6:24 - 6:26
    Olhemos para os números.
  • 6:26 - 6:29
    Os cem filmes mais populares de 2011.
  • 6:29 - 6:33
    Quantos deles têm
    protagonistas femininas?
  • 6:35 - 6:36
    Onze.
  • 6:37 - 6:40
    Mas há um número ainda melhor do que este
  • 6:40 - 6:42
    que vai deitar a casa abaixo.
  • 6:43 - 6:47
    No ano passado, o New York Times
    publicou um estudo que o governo fez.
  • 6:47 - 6:49
    Dizia assim:
  • 6:49 - 6:53
    "Uma em cinco mulheres nos EUA
  • 6:54 - 6:58
    "diz que foi atacada sexualmente
    em qualquer altura da sua vida".
  • 7:00 - 7:03
    Eu não acho que a culpa
    seja do entretenimento popular,
  • 7:03 - 7:07
    não acho que os filmes infantis
    tenham a ver alguma coisa com isso
  • 7:07 - 7:10
    mas há qualquer coisa de errado.
  • 7:11 - 7:13
    Quando ouvi esta estatística,
  • 7:13 - 7:18
    uma das coisas que pensei
    foi que há muitos assaltantes sexuais.
  • 7:20 - 7:23
    Quem são esses sujeitos?
    O que é que eles aprendem?
  • 7:23 - 7:25
    O que é que eles não aprendem?
  • 7:25 - 7:29
    Estarão a absorver a história
    de que a missão de um herói
  • 7:29 - 7:33
    é derrotar o vilão com violência
    e depois receber a recompensa,
  • 7:33 - 7:37
    que é uma mulher
    que não tem amigos e não fala?
  • 7:40 - 7:43
    Estaremos a absorver esta história?
  • 7:47 - 7:51
    Enquanto pai, com o privilégio
    de criar uma filha,
  • 7:53 - 7:56
    tal como vocês que fazem o mesmo,
  • 7:56 - 7:59
    achamos este mundo e esta estatística
    muito alarmantes
  • 7:59 - 8:01
    e queremos prepará-las.
  • 8:01 - 8:04
    Temos instrumentos à nossa disposição,
    como o "Girl Power"
  • 8:05 - 8:07
    e esperamos que isso ajudará.
  • 8:07 - 8:09
    Mas comecei a pensar:
  • 8:09 - 8:11
    Será que o poder feminino as protegerá
  • 8:11 - 8:14
    se, ao mesmo tempo,
    ativa ou passivamente,
  • 8:14 - 8:17
    ensinamos os rapazes a manter
    o seu poder masculino?
  • 8:18 - 8:21
    Falo principalmente para os pais
    que aqui estão.
  • 8:21 - 8:24
    Penso que temos de mostrar
    aos nossos filhos
  • 8:24 - 8:26
    uma nova definição de masculinidade.
  • 8:26 - 8:30
    A definição de masculinidade
    já está a virar-se de pernas para o ar.
  • 8:31 - 8:33
    Já devem ter lido como a nova economia
  • 8:33 - 8:34
    está a mudar os papéis
  • 8:34 - 8:37
    entre os que cuidam de crianças
    e os que ganham um salário.
  • 8:37 - 8:38
    Estão a mudá-los radicalmente.
  • 8:38 - 8:41
    Os nossos filhos vão ter de se adaptar
  • 8:41 - 8:43
    a esta nova relação
    uns com os outros.
  • 8:43 - 8:47
    Penso que temos de lhes mostrar
    — e de sermos os seus modelos —
  • 8:47 - 8:50
    como um verdadeiro homem
  • 8:51 - 8:54
    é alguém que confia
    nas irmãs e as respeita
  • 8:56 - 9:01
    e quer estar ao lado delas
    e opõe-se aos tipos realmente maus
  • 9:01 - 9:04
    que são os homens que querem
    abusar das mulheres.
  • 9:05 - 9:10
    Penso que o nosso papel
    na Netflix é procurar os filmes
  • 9:10 - 9:13
    que passaram o teste Bechdel,
    se os conseguirmos encontrar
  • 9:13 - 9:20
    e procurar as heroínas que dão provas
    de coragem e unem as pessoas
  • 9:22 - 9:26
    e levam os nossos filhos a identificar-se
    com essas heroínas e dizer:
  • 9:26 - 9:29
    "Eu quero estar na equipa delas"
  • 9:29 - 9:32
    porque vão estar do lado dela.
  • 9:33 - 9:35
    Quando perguntei à minha filha
  • 9:35 - 9:38
    qual a sua personagem preferida
    em "A Guerra das Estrelas"
  • 9:38 - 9:39
    ela respondeu:
  • 9:39 - 9:41
    Obi-Wan.
  • 9:41 - 9:44
    Obi-Wan Kenobi e Glinda.
  • 9:46 - 9:48
    O que é que estes dois têm em comum?
  • 9:49 - 9:52
    Penso que são as duas pessoas no filme
    que sabem mais do que ninguém
  • 9:52 - 9:55
    e gostam de partilhar
    os seus conhecimentos
  • 9:55 - 9:58
    com outras pessoas, para os ajudar
    a atingir o seu potencial.
  • 9:59 - 10:01
    São líderes.
  • 10:01 - 10:04
    Agrada-me essa ambição da minha filha
  • 10:04 - 10:06
    e agrada-me essa ambição para o meu filho.
  • 10:06 - 10:07
    Quero mais ambições como essa.
  • 10:07 - 10:12
    Não me agrada que digam ao meu filho:
    "Vai e luta sozinho".
  • 10:13 - 10:16
    Prefiro que ele veja
    que deve juntar-se a uma equipa,
  • 10:18 - 10:21
    talvez mesmo uma equipa
    liderada por uma mulher
  • 10:22 - 10:27
    para ajudar outras pessoas
    a serem melhores pessoas,
  • 10:28 - 10:30
    como "O Feiticeiro de Oz".
  • 10:31 - 10:32
    Obrigado.
  • 10:32 - 10:36
    (Aplausos)
Title:
O significado oculto dos filmes infantis | Colin Stokes | TEDxBeaconStreet
Description:

Depois de ver "O Feiticeiro de Oz" e "A Guerra das Estrelas" com o filho e a filha, Colin Stokes, especialista em comunicações, pensa no conteúdo das histórias de que gostamos. Graças a uma consciência crescente de representação dos sexos, o mundo é hoje mais seguro para raparigas guerreiras — mas o percurso do herói a que nos habituámos será limitador? Esta palestra divertida e provocadora far-vos-á olhar duas vezes para os vossos filmes preferidos.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
10:43

Portuguese subtitles

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