Optariam por uma vida sem sofrimento? — Hayley Levitt e Bethany Rickwald

Vejam a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/would-you-opt-for-a-life-with-no-pain-hayley-levitt-and-bethany-rickwald

Imaginem que podiam ligar o cérebro a uma máquina que vos daria um supremo prazer até ao fim da vossa vida. Qual é o problema? Têm que abandonar a realidade uma vez por todas. Hayley Levitt e Bethany Rickwald exploram a cuidadosa experiência de Robert Nozick, a que ele chamou a Máquina da Experiência.

Lição de Hayley Levitt e Bethany Rickwald, animação de Avi Ofer.

Imaginem que podiam ligar
o cérebro a uma máquina

que vos daria um supremo prazer
até ao fim da vossa vida.

Se vos dessem a hipótese de aderirem
a esse tipo de existência, aceitariam?

Foi esta a pergunta
que o filósofo Robert Nozick fez

através duma experiência cuidadosa
a que chamou Máquina da Experiência.

A experiência pede-nos
para considerarmos um mundo

em que os cientistas desenvolveram
uma máquina que simula a vida real

mas que garante somente experiências
de prazer e nunca de sofrimento.

Qual é o inconveniente?

Têm que abandonar a realidade
uma vez por todas,

mas nem sequer vão notar a diferença.

As experiências não se distinguirão
da realidade.

Os altos e baixos naturais da vida

serão substituídos por uma série infindável
de bons momentos..

Parece ótimo, não é?

Pode parecer uma proposta tentadora,
mas talvez não seja tão ideal como parece.

A experiência foi concebida para refutar
uma noção filosófica

chamada hedonismo.

De acordo com os hedonistas,

maximizar o prazer
é a coisa mais importante na vida

porque o prazer é o maior bem
que a vida pode oferecer.

Para os hedonistas, a melhor escolha
que uma pessoa pode fazer

é a que lhe dê a maior quantidade
possível de prazer,

sem lhe provocar qualquer sofrimento.

Um prazer sem limites menos o sofrimento
é igual ao máximo prazer.

Por outras palavras, o cenário exato
que a Máquina da Experiência proporciona.

Portanto, se o hedonismo
for a vossa filosofia ideal,

ligar o cérebro à máquina
não teria problemas.

Mas, e se houver mais coisas na vida,
para além do prazer?

Era o que Nozick queria demonstrar

através da cuidadosa experiência
da Máquina da Experiência.

Apesar da promessa da máquina
de máximo prazer,

ele encontrou razões
para não viver ligado,

tal como aconteceu com outros sujeitos
que pensaram nessa proposta.

O que é que poderá dissuadir-nos
de escolher um futuro de supremo prazer?

Imaginem este cenário.

Betsy e Xander têm uma relação
apaixonada e empenhada.

Betsy sente-se no sétimo céu,
nunca se sentiu mais feliz.

No entanto, sem a Betsy saber,

Xander anda a namoriscar
a irmã dela, a Angelica,

com cartas de amor e "rendez-vous" secretos,
durante essa relação.

Se Betsy descobrir,

acaba a relação com Xander e com Angelica,

e a experiência será tão traumatizante
que ela nunca mais voltará a apaixonar-se.

Como Betsy está na santa ignorância
da infidelidade de Xander,

os hedonistas diriam que o melhor
é ela manter-se no escuro

e manter o seu alto nível de prazer.

Se Betsy não descobrir essa relação,

a vida dela continuará
tão feliz como agora.

Portanto, vale a pena Betsy saber
a verdade quanto a esta situação?

Imaginem que são a Betsy.

Preferiam saber a verdade?

Se a resposta é sim,

estarão a escolher uma opção
que diminui profundamente o vosso prazer.

Então, talvez acreditem
que há coisas na vida

com um valor intrínseco
maior do que o prazer.

A verdade, o conhecimento,
uma ligação autêntica com outras pessoas.

Tudo isto são coisas
que podem fazer parte da lista.

Se nunca souber verdade,

Betsy estará a viver a vida
na sua Máquina de Experiência pessoal,

um mundo de felicidade
que não se baseia na realidade.

Este triângulo do amor
é um exemplo extremo,

mas ilustra muitas das decisões
que tomamos no dia-a-dia.

Quer estejam a fazer uma escolha
para Betsy ou para vocês mesmos,

porque é que acham
que a realidade deve ser um fator?

Há algum valor inerente
nas experiências reais,

quer sejam agradáveis ou dolorosas?

Vocês sentem ter mais valor

quando vivem prazeres
e sofrimentos da vida real?

A experiência de Nozick
pode não fornecer todas as respostas

mas força-nos a pensar se a vida real,
embora imperfeita,

tem qualquer valor intrínseco para além
do prazer de nos ligarmos a uma máquina.