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Com informação, somos todos iguais | Dando de Antares | TEDxLaçador

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    Oi.
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    Plateia: Oi.
  • 0:11 - 0:16
    Dando de Antares: Não, não, gente.
    Eu vou contar 1, 2, 3 e vocês vêm:
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    1, 2, 3...
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    Plateia: Oi!
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    DA: Isso é energia!
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    É isso que eu faço.
  • 0:22 - 0:24
    Isso é energia.
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    Vou contar um pouco, em pinceladas, assim.
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    Primeiro: eu não sou jogador de futebol.
  • 0:29 - 0:31
    (Risos)
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    Segundo: eu não sou pagodeiro.
  • 0:33 - 0:34
    (Risos)
  • 0:35 - 0:38
    Aí chego no aeroporto,
    alguém pega minha mala:
  • 0:38 - 0:40
    "Então, você é de qual banda?"
  • 0:40 - 0:41
    "Não, sou pesquisador."
  • 0:41 - 0:42
    "Ahn?"
  • 0:42 - 0:43
    (Risos)
  • 0:43 - 0:48
    Bate de cima a baixo, olha, reolha, meio
    que não acredita: "Não, mas fala sério".
  • 0:48 - 0:52
    "Não, sou pesquisador. Sou pesquisador
    de desenvolvimento social."
  • 0:53 - 0:58
    Antares fica bastante longe, então
    por que eu pedi esse "oi" tão caloroso?
  • 0:58 - 0:59
    Porque é pra valer a pena.
  • 0:59 - 1:03
    Eu estou o dia todo trocando
    ideia com todo mundo.
  • 1:03 - 1:06
    O pessoal fala: "Cara!
    Você não para de falar!"
  • 1:06 - 1:09
    "Você acha que eu vim de longe
    pra caramba pra ficar calado?"
  • 1:09 - 1:10
    (Risos)
  • 1:10 - 1:12
    Você acha mesmo que eu vim pra fazer isso?
  • 1:12 - 1:13
    Então faço isso bem na prática.
  • 1:13 - 1:16
    E aí surgiu o Dando de Antares,
  • 1:17 - 1:19
    com uma coisa muito louca
    que foi a internet.
  • 1:19 - 1:21
    Eu catei uma porrada de sucata,
  • 1:21 - 1:25
    e fiz um provedor digital no Antares,
    não me pergunte como.
  • 1:25 - 1:27
    Só sei que está funcionando.
  • 1:27 - 1:28
    E aí como surgiu isso?
  • 1:28 - 1:30
    Num lava a jato.
  • 1:30 - 1:31
    É.
  • 1:31 - 1:32
    (Risos)
  • 1:32 - 1:36
    A gente abriu um lava a jato...
  • 1:36 - 1:37
    (Risos)
  • 1:39 - 1:40
    É bem assim, né?
  • 1:40 - 1:43
    "Não, mas como assim, Dando?
    Um lava a jato, um provedor digital?"
  • 1:43 - 1:47
    A gente abriu um lava a jato
    e tinha de tudo pra lavar, menos carro.
  • 1:47 - 1:48
    (Risos)
  • 1:48 - 1:51
    Tinha tênis, caixa d'água...
  • 1:51 - 1:54
    Até banho em mendigo eu já dei...
  • 1:55 - 1:58
    E aí o governo tinha aberto
    as inscrições pra agente comunitário.
  • 2:00 - 2:02
    Formou-se uma fila
    em frente ao lava a jato,
  • 2:03 - 2:06
    e as pessoas começaram a falar:
    "Poxa, não tem Xerox".
  • 2:06 - 2:08
    Falei: "Caraca, é verdade, não tem Xerox".
  • 2:08 - 2:11
    "Ah, poxa, não tem
    onde fazer o currículo."
  • 2:11 - 2:13
    E a fila toda falando sobre aquilo.
  • 2:13 - 2:14
    E, passou aqui nesse palco,
  • 2:14 - 2:19
    o meu irmão há mais de 28 anos,
    o Jessé Andarilho, que hoje é escritor,
  • 2:19 - 2:21
    e foi com uma história
    que surgiu com a gente.
  • 2:21 - 2:24
    Foi meu sócio, e hoje irmão,
  • 2:24 - 2:27
    a gente está andando pelo mundo,
    eu pra um lado ele para o outro.
  • 2:27 - 2:29
    A gente fala: "Faz quase um mês
    que a gente não se vê;
  • 2:29 - 2:31
    pra quem ficava o dia todo junto.
  • 2:31 - 2:35
    E nessa criação do lava a jato a gente
    pensou: "Vamos abrir uma 'lan-house'".
  • 2:35 - 2:37
    E aí abrimos uma lan-house.
  • 2:37 - 2:40
    Cada um comprou um computador
    no nome de alguém.
  • 2:40 - 2:41
    (Risos)
  • 2:42 - 2:45
    A gente chama o famoso "bucha".
  • 2:45 - 2:47
    Pegamos os buchas e tiramos
    computadores para o povo.
  • 2:47 - 2:51
    E aí, como conectar essas pessoas?
  • 2:51 - 2:53
    Como elas vão usar a internet?
  • 2:53 - 2:56
    Eu tenho certeza que todo mundo
    pegou a época da internet discada.
  • 2:56 - 2:58
    (Som de conexão discada)
  • 2:58 - 2:59
    (Risos)
  • 2:59 - 3:00
    É...
  • 3:00 - 3:04
    Conectar à meia-noite e ter que desligar
    às 6:00 senão o pulso do telefone...
  • 3:04 - 3:06
    Alguém falou aí:
    "Eu sei bem o que é isso!"
  • 3:07 - 3:09
    E aí vem outra parte
    que vocês vão se amarrar.
  • 3:09 - 3:12
    A gente conseguiu mandar um dos parceiros,
  • 3:12 - 3:14
    que era o Marcelo dos Santos,
  • 3:14 - 3:17
    pra Londres, ele jogava
    capoeira lá, a gente falou:
  • 3:17 - 3:19
    "Você vai fazer uma capoeira
    diferente, vai mostrar..."
  • 3:19 - 3:22
    E ele teve uma oportunidade, e foi.
  • 3:23 - 3:24
    Começamos a fazer um contato
  • 3:24 - 3:27
    e pra fazer uma ligação
    de lá pra cá era muito difícil.
  • 3:28 - 3:30
    Aí ele me ligou às 11:00,
  • 3:30 - 3:34
    e como se conectava
    da meia-noite até as 06:00,
  • 3:34 - 3:38
    ele me liga às 11:00 e fala: "Cara,
    faz um e-mail, a gente precisa se falar".
  • 3:38 - 3:41
    Aí eu falei: "Caraca, mas onde eu vou
    fazer isso agora, às 11 da manhã?"
  • 3:41 - 3:43
    Ele: "Faz um ICQ".
  • 3:43 - 3:44
    Quem lembra do ICQ?
  • 3:44 - 3:45
    (Risos)
  • 3:45 - 3:47
    ICQ...
  • 3:48 - 3:52
    Liguei pra um outro cara, que trabalhava
    num colégio público, e falei:
  • 3:52 - 3:56
    "Irmão, faz um ICQ aí pra mim, rapidinho?
    Tenho que falar com o Marcelo em Londres.
  • 3:56 - 3:58
    Ele quer conversar com a gente".
  • 3:58 - 3:59
    "Estou na hora do almoço."
  • 3:59 - 4:02
    "Cara, faz agora, tenho
    que falar agora, o cara está lá!"
  • 4:02 - 4:04
    Aí ele cria meu e-mail, que está válido,
  • 4:04 - 4:07
    que é: dandoDemais@hotmail.com
  • 4:07 - 4:07
    (Risos)
  • 4:08 - 4:10
    Aí eu falei: "Você está
    de sacanagem comigo, né?
  • 4:10 - 4:13
    Olha o tamanho do negão,
    você faz um e-mail desses, mano?"
  • 4:13 - 4:14
    (Risos)
  • 4:14 - 4:16
    "Você quer acabar com a minha raça!"
  • 4:16 - 4:18
    "E a senha é dandoMole."
  • 4:18 - 4:19
    (Risos)
  • 4:19 - 4:22
    "Que é isso? Como é
    que você faz isso comigo?"
  • 4:23 - 4:25
    Trocamos a senha,
  • 4:25 - 4:27
    surgiu isso tudo,
  • 4:27 - 4:30
    e estourou o boom da internet
    e das lan-houses no Rio de Janeiro.
  • 4:31 - 4:34
    Eu participei do Marco Civil da Internet,
    na Fundação Getúlio Vargas,
  • 4:34 - 4:38
    e eles falavam: "Dando, quero me comunicar
    com você, pra falar mais sobre isso".
  • 4:38 - 4:40
    "Vou colocar meu email no quadro..."
  • 4:40 - 4:41
    (Risos)
  • 4:41 - 4:42
    E os caras: "Está de sacanagem!"
  • 4:42 - 4:44
    "Não, é isso aí."
  • 4:45 - 4:46
    E aí as pessoas do Google me perguntavam:
  • 4:46 - 4:49
    "Dando, qual é o futuro
    da lan-house, o que você espera?"
  • 4:49 - 4:53
    Eu falei: "Ela é a nova esquina,
    no momento, cara. Ela vai mudar".
  • 4:53 - 4:56
    E é o que está acontecendo hoje,
    está todo mundo no celular,
  • 4:56 - 4:57
    todo mundo em outras formas,
  • 4:57 - 5:01
    e a lan-hose não passou,
    ela ficou como um ponto de referência.
  • 5:01 - 5:04
    Muitos perguntaram: "E aí, Dando,
    o que você vai fazer?"
  • 5:04 - 5:05
    "Cara, eu sou um mutante."
  • 5:05 - 5:07
    E agradeço a todos vocês,
  • 5:07 - 5:10
    por acreditarem em uma porrada
    de louco que passa aqui, como eu.
  • 5:10 - 5:13
    E a gente cria as ideias e o pessoal fala:
  • 5:13 - 5:14
    "E agora, o que você vai criar?"
  • 5:14 - 5:18
    Eu falei: "Eu não sei, tenho
    que ver o que a favela tem, né?"
  • 5:18 - 5:21
    E aí criamos a Orquestra de Jazz.
  • 5:22 - 5:24
    Os caras perguntaram:
    "Dando, você saca de jazz?"
  • 5:24 - 5:26
    Falei: "Eu não.
  • 5:26 - 5:30
    Mas vamos reunir todo mundo,
    junta todo mundo, vamos tirar um som,
  • 5:30 - 5:31
    vamos ver o que a gente faz".
  • 5:31 - 5:33
    Aí os caras: "Charlie Parker".
  • 5:33 - 5:35
    Eu falei: "Já vi de longe, alguma coisa".
  • 5:35 - 5:37
    (Risos)
  • 5:37 - 5:40
    E fui para o centro do Rio,
    a galera começou a ensaiar
  • 5:40 - 5:42
    e eu fui parar na Fundição Progresso,
  • 5:42 - 5:44
    que é uma casa muito
    importante do Rio de Janeiro.
  • 5:44 - 5:47
    Aí os caras falaram assim: "E aí?
    Você está aqui pra trazer a banda?"
  • 5:47 - 5:49
    Eu falei: "Estou, cara.
  • 5:49 - 5:52
    Estou trazendo a melhor banda de jazz
    do Rio de Janeiro, você nunca viu".
  • 5:52 - 5:53
    Ele falou: "Verdade, nunca vi".
  • 5:53 - 5:55
    "É, porque ainda vai nascer."
  • 5:55 - 5:56
    (Risos)
  • 5:56 - 5:59
    E aí rolou um show com a Elza Soares.
  • 5:59 - 6:01
    Foi muito massa, está no YouTube.
  • 6:01 - 6:03
    A Elza sentou do nosso lado, eu falei:
  • 6:03 - 6:06
    "Cara, vocês sabem
    quem está aqui? A Elza Soares".
  • 6:06 - 6:08
    E ela assim: "Como faz pra tirar o tom?"
  • 6:08 - 6:10
    "Está maluco, como eu vou
    tirar o tom dessa mulher?"
  • 6:10 - 6:13
    Eu mal toco meu cavaquinho.
  • 6:13 - 6:18
    E aí rolou um show com a Elza Soares,
    Luiz Melodia, tudo no improviso.
  • 6:19 - 6:22
    E é como estou fazendo aqui pra vocês,
    é como eu faço, é na prática.
  • 6:22 - 6:25
    Eu não desenho muito, não consigo,
  • 6:25 - 6:29
    nem quero, também, planejar muito.
  • 6:29 - 6:30
    (Risos)
  • 6:30 - 6:34
    Eu sou esse cara do tato,
    vou desenrolando aqui.
  • 6:34 - 6:37
    O Ryo, o Miguel, a gente estava
    trocando uma ideia, eu falei:
  • 6:37 - 6:39
    "Estão surgindo várias coisas aqui".
  • 6:39 - 6:40
    (Risos)
  • 6:40 - 6:41
    E o TED proporciona isso.
  • 6:42 - 6:45
    E aí surgiu a Antares Jazz Big Band,
    fazendo orquestra com a galera,
  • 6:45 - 6:49
    tocou com a Elza, com todo mundo,
    eu falei: "Agora vocês estão prontos,
  • 6:49 - 6:51
    tocam vocês, e eu vou pra uma outra ideia,
  • 6:52 - 6:54
    participar de alguma coisa,
    não sei muito bem".
  • 6:54 - 6:56
    Os caras: "Você é maluco".
  • 6:56 - 6:58
    "Mas é assim mesmo
    que vou tocando minha vida."
  • 6:58 - 7:00
    E aí estava aqui o Daniel falando
  • 7:00 - 7:03
    e eu fiquei muito impressionado
    em encontrar o Daniel e a mãe dele,
  • 7:03 - 7:05
    a Ivonete; ele é meu amigaço.
  • 7:05 - 7:10
    Eu faço uma produção
    em parceria com a CUFA.
  • 7:10 - 7:12
    Faço a Taça das Favelas,
  • 7:12 - 7:16
    que é uma coordenação minha,
    são 240 mil jovens de favela.
  • 7:16 - 7:18
    Cada favela com seu time,
  • 7:18 - 7:22
    disputando dois meses e meio
    de campeonato,
  • 7:22 - 7:25
    oito jogos por dia.
  • 7:25 - 7:28
    E aquela garotada toda com o sonho
    de ser jogador de futebol.
  • 7:28 - 7:31
    Eu falo: "Eu só consigo
    prometer uma coisa.
  • 7:31 - 7:34
    Jogue sua bola, mostre
    sua arte, faça o que eu faço.
  • 7:34 - 7:36
    Vai para o mundo. Aí é com você".
  • 7:36 - 7:39
    Mas tem outras histórias muito
    impressionantes nessa carreira
  • 7:39 - 7:41
    entre tecnologia e música, produzindo.
  • 7:41 - 7:44
    Eu tenho umas histórias,
    e a Fernanda estava me lembrando,
  • 7:44 - 7:46
    já faz exatamente sete anos
    que ela passou por lá.
  • 7:46 - 7:49
    E ela me lembrou do Bill,
    que era um porteiro.
  • 7:51 - 7:52
    E o Bill falou assim: "E aí, Dando?"
  • 7:52 - 7:54
    Aquele sotaque bem nordestino.
  • 7:54 - 7:56
    "Vamos montar uma máquina?"
  • 7:56 - 7:57
    Falei: "Vamos!"
  • 7:58 - 8:01
    "Tem umas sucatas lá dentro do prédio."
  • 8:01 - 8:04
    Falei: "Vai, traz aí. É o que tem".
  • 8:05 - 8:07
    Montamos uma máquina pra ele.
  • 8:07 - 8:10
    Quem saca mais a fundo
    de montagem de computador,
  • 8:10 - 8:12
    era um K6286,
  • 8:13 - 8:15
    512 de memória,
  • 8:15 - 8:17
    gravador de CD de 52x...
  • 8:17 - 8:19
    Meu Deus do céu.
  • 8:19 - 8:24
    Eu sou da época do pen drive azulzinho
    de soltar a tampinha, sabe qual é?
  • 8:24 - 8:26
    Mas é isso aí.
  • 8:26 - 8:29
    É melanina, tá gente?
    Eu sou quase o Mumm-Ra.
  • 8:29 - 8:31
    (Risos)
  • 8:31 - 8:33
    E o Bill começou a mexer
    com a máquina dele,
  • 8:33 - 8:35
    começou a gravar seu CD em casa,
  • 8:35 - 8:37
    começou a pesquisar coisas comigo,
  • 8:37 - 8:39
    ele foi fazendo o serviço,
  • 8:39 - 8:42
    o Bill saiu da portaria, pediu as contas.
  • 8:42 - 8:44
    E eu ontem falando com a Fernanda:
  • 8:44 - 8:45
    "Você lembra do Bill?"
  • 8:45 - 8:47
    "Lembro, aquele porteiro?"
  • 8:47 - 8:50
    "Então, o Bill hoje é uma empresa
    com mais de 50 funcionários."
  • 8:50 - 8:52
    (Aplausos)
  • 8:56 - 8:59
    Aí tinha a dona Lia,
  • 8:59 - 9:05
    ela pegava baldes de massa corrida
    de parede, e me mostrava os artesanatos.
  • 9:05 - 9:08
    Falei: "Esse baldinho é muito massa,
    com esses acabamentos".
  • 9:08 - 9:12
    Quem surgiu nesse meio tempo,
    quem está bombando?
  • 9:12 - 9:13
    Mercado Livre.
  • 9:13 - 9:16
    Falei: "Bota lá no Mercado Livre,
    cara, tira foto".
  • 9:16 - 9:19
    Ela: "Ah, Dando, não dá certo,
    não tenho paciência".
  • 9:19 - 9:23
    Falei: "Cara, vamos lá, eu paro com você,
    a gente desenha, vamos fazer juntos".
  • 9:23 - 9:26
    E ela está até hoje, vendendo,
  • 9:26 - 9:29
    acho que não cabe mais estrelas
    no link dela no Mercado Livre.
  • 9:29 - 9:32
    Quem entrega, positiva, e tal.
  • 9:32 - 9:34
    Então tem gente que vende sonhos, né?
  • 9:34 - 9:36
    Eu compro o sonho dos outros.
  • 9:36 - 9:37
    (Risos)
  • 9:37 - 9:39
    (Aplausos)
  • 9:42 - 9:46
    E aí, quando você pensa
    que vai ficar perdido no caminho,
  • 9:46 - 9:48
    porque todo mundo tem esse momento,
  • 9:48 - 9:50
    várias pessoas aqui falaram a mesma coisa,
  • 9:50 - 9:52
    que você acha que vai dar certo,
    ou não, com os números.
  • 9:52 - 9:58
    Eu falei com a Fernanda,
    com a Paulinha, com a Ana:
  • 9:58 - 10:01
    "No Brasil demora 50 anos
    pra você ver o resultado
  • 10:01 - 10:04
    de um bem que alguém está fazendo".
  • 10:05 - 10:09
    Como a minha fala muda muito,
    conforme as informações,
  • 10:09 - 10:13
    eu digo pra vocês, essa informação mudou.
  • 10:13 - 10:14
    Ela muda pra três anos.
  • 10:14 - 10:16
    Está aqui o resultado disso tudo.
  • 10:16 - 10:19
    Quanta gente está fazendo
    tanta coisa boa em tão pouco tempo.
  • 10:19 - 10:22
    De fazer isso acontecer.
  • 10:23 - 10:26
    Eu fui agradecer ao Eder,
    professor do Weslei, porque eu falei:
  • 10:26 - 10:31
    "Weslei, você é uma prova viva
    do que eu faço, cara.
  • 10:31 - 10:36
    Porque eu acho que a pessoa do clássico,
    que foi criada no clássico, tocando piano,
  • 10:36 - 10:38
    tocando Bach, Beethoven,
  • 10:38 - 10:42
    vai ter uma dificuldade muito grande
    pra fazer um som da favela.
  • 10:42 - 10:44
    Mas você é da favela
    e está fazendo clássico,
  • 10:44 - 10:46
    você consegue andar pelos dois mundos".
  • 10:46 - 10:48
    Eu ando pelos dois mundos
  • 10:48 - 10:53
    e preferi tentar conectar
    a favela com o asfalto,
  • 10:53 - 10:56
    mas sem essa agressividade toda,
    sem falar que você é lá e eu sou aqui.
  • 10:56 - 10:58
    Não, não, não é isso.
  • 10:58 - 11:02
    É que eu sei que na favela
    tem um senso criativo muito grande,
  • 11:02 - 11:05
    as empresas estão precisando
    de senso criativo muito grande.
  • 11:05 - 11:07
    Eu não quero te falar
    do meu sofrimento, da minha favela.
  • 11:07 - 11:10
    Eu sofri pra caramba, é o sorriso
    que eu trago pra vocês.
  • 11:10 - 11:13
    A gente tem que ir com um senso criativo.
  • 11:13 - 11:16
    Se você tem uma campanha
    dentro da sua empresa
  • 11:16 - 11:19
    cara, sua cabeça está focada,
    você não está conseguindo enxergar,
  • 11:19 - 11:20
    procura um favelado.
  • 11:20 - 11:22
    Escuta a história.
  • 11:22 - 11:24
    Ele vai te dar uma linha que você não viu
  • 11:24 - 11:26
    e aí você vai criar.
  • 11:26 - 11:29
    Hoje eu faço algumas
    campanhas de design da Nike.
  • 11:30 - 11:32
    Os caras me falam: "Dando,
    vamos fazer assim".
  • 11:32 - 11:33
    "Está tudo errado."
  • 11:33 - 11:34
    (Risos)
  • 11:34 - 11:35
    Os caras: "Como?"
  • 11:35 - 11:39
    "Então, deixa eu te contar uma coisa.
    Cara pálida, você é brasileiro.
  • 11:40 - 11:42
    Esse padrão funciona lá em Nova York.
  • 11:42 - 11:44
    Vai botar pipoca para os caras?
  • 11:44 - 11:45
    Não funciona."
  • 11:45 - 11:46
    Aí ele: "É..."
  • 11:46 - 11:52
    Então, quando você se permite
    abrir, ouvir, deixar rolar,
  • 11:53 - 11:56
    tirar essa sistemática toda
    do desenho tecnológico,
  • 11:56 - 11:58
    das planilhas, e fala assim:
  • 11:58 - 12:01
    "Deixa teu sentimento entrar,
    que sua promoção vai ser melhor".
  • 12:01 - 12:05
    Ajudar o próximo, que é isso
    que a gente faz o tempo todo.
  • 12:05 - 12:07
    E criar um grande desenho disso
  • 12:07 - 12:10
    e não só achar que aquele
    cara vai te derrubar,
  • 12:10 - 12:13
    mas achar que vai ser uma empresa
    e vai ser um grande parceiro,
  • 12:13 - 12:14
    como eu faço hoje.
  • 12:15 - 12:18
    Eu fui esta semana no Bangu 1.
  • 12:18 - 12:22
    Na verdade eu fui quase intimado
    a ir lá, fazer uma visita.
  • 12:22 - 12:24
    E aí o cara passou na galeria falou:
  • 12:24 - 12:25
    "Dando!"
  • 12:25 - 12:26
    Falei: "E aí?"
  • 12:26 - 12:28
    "Você lembra de mim, cara?"
  • 12:28 - 12:31
    Aí eu falei: "Cara, muita gente".
  • 12:31 - 12:33
    "Cara, dei mole."
  • 12:33 - 12:36
    Aí eu falei: "Mas tem chance, cara.
    Vamos cair pra dentro".
  • 12:36 - 12:37
    "Ah, você me ajuda?"
  • 12:37 - 12:38
    "Claro, é pra isso que estou aqui."
  • 12:38 - 12:42
    É pra isso que a Carmela está fazendo
    o trabalho no presídio de Porto Alegre.
  • 12:42 - 12:43
    Não tem dimensão.
  • 12:43 - 12:46
    Então, vocês estão aqui
    justamente pra isso.
  • 12:46 - 12:49
    Pra ouvir falas como a minha,
    como as dos amigos,
  • 12:49 - 12:52
    mas, comece a ver
    ao seu redor e da sua casa.
  • 12:52 - 12:54
    É o primeiro passo.
  • 12:54 - 12:57
    Sair de casa, parar no seu portão
  • 12:57 - 13:01
    e ter um olhar do seu portão.
  • 13:01 - 13:04
    Olhe e pense assim: "Aquele lixo
    está no lugar errado".
  • 13:04 - 13:05
    Não te custa, cara.
  • 13:05 - 13:06
    "Mas não fui eu."
  • 13:06 - 13:09
    Tá bom, cara, põe ali. É um bom começo.
  • 13:09 - 13:10
    Já é um bom começo.
  • 13:10 - 13:15
    Relaxar, respirar, pra entender
    o que está acontecendo contigo,
  • 13:15 - 13:18
    porque tudo é tanto dinheiro
    que tem que ser feito.
  • 13:18 - 13:19
    "Cara, o dinheiro tem que voltar."
  • 13:19 - 13:21
    É claro, tem contas a pagar.
  • 13:22 - 13:26
    Mas a gratificação
    de fazer algo tão grande
  • 13:27 - 13:29
    que passam dez anos,
    você não lembra da pessoa
  • 13:29 - 13:32
    e ela te encontra e fala: "Obrigado".
  • 13:32 - 13:34
    Falei: "Pelo quê? Eu não lembro".
  • 13:34 - 13:36
    "Você ajudou meu filho, e tal."
  • 13:36 - 13:39
    A gente tem hoje o Alan,
    que é um atleta de judô,
  • 13:39 - 13:44
    ele estava no tráfico e eu falei:
    "Estou indo aí agora, de madrugada".
  • 13:44 - 13:47
    Fomos eu e o Jessé:
    "E aí, o que está pegando?"
  • 13:47 - 13:48
    "Ah, não, vou ficar por aqui."
  • 13:48 - 13:52
    "Por quê? Se você pensa que eu vim
    massagear seu ego, você é otário,
  • 13:52 - 13:54
    porque eu não vim massagear seu ego.
  • 13:54 - 13:55
    Quer assumir?"
  • 13:55 - 13:56
    "Quero."
  • 13:56 - 13:59
    "Então você vai estudar, depois você vai
    trocar tiro, vai fazer o que você quiser.
  • 13:59 - 14:01
    Mas não vem com essa coisinha:
  • 14:01 - 14:04
    'Ah, eu sou coitado, sou da favela,
    não me deram oportunidade'.
  • 14:04 - 14:07
    Estão aqui dois exemplos:
    Jessé Andarilho, escritor,
  • 14:07 - 14:10
    que lançou um livro pela maior
    editora do Brasil, a Objetiva;
  • 14:10 - 14:12
    e eu, que faço campanha pelo mundo.
  • 14:12 - 14:14
    E aí? É isto que você quer?
  • 14:14 - 14:16
    Não? Então cola com a gente
    e vamos embora, firma o bonde.
  • 14:16 - 14:18
    Vamos tocar."
  • 14:18 - 14:21
    E foi pra Miami fazer judô.
  • 14:21 - 14:25
    Está lá, acontecendo, fazendo isso.
  • 14:25 - 14:27
    Então, gente, pra finalizar,
  • 14:27 - 14:30
    a minha fala e uma frase minha
    que eu deixo pra vocês:
  • 14:30 - 14:33
    "Com informação, somos todos iguais".
  • 14:33 - 14:34
    Obrigado.
  • 14:34 - 14:36
    (Aplausos)
Title:
Com informação, somos todos iguais | Dando de Antares | TEDxLaçador
Description:

Dando conta diversas histórias, e sua própria apresentação é bem mais simples: “Eu não sou jogador de futebol, eu não sou pagodeiro, eu sou pesquisador de desenvolvimento social. Eu compro o sonho dos outros”.

Cria da favela de Antares, Dando foi convidado a participar de um grupo de samba e logo ficou responsável pela parte operacional. E foi com a necessidade de informatizar o grupo que Dando teve o encontro com a tecnologia na favela, e não apenas informatizou o grupo de samba como informatizou a Favela de Antares e boa parte do bairro de Santa Cruz.
Fundou o C.R.I.A – Centro Revolucionário de Inovação e Arte em parceria com Gilson Moreira, professor de hip-hop e "video maker", Antônio Cabral, advogado e professor na FGV e o escritor Jessé Andarilho. A repercussão de suas ações levou a uma participação no quadro Lan House, no programa Fantástico, na Rede Globo, apresentado por Regina Casé.
Palestrante na Fundação Getúlio Vargas, colaborador na elaboração do Marco Civil da Internet e ganhador do Prêmio Transformadores da Revista Trip.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
Portuguese, Brazilian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
14:38

Portuguese, Brazilian subtitles

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