Return to Video

Breve história da melancolia — Courtney Stephens

  • 0:07 - 0:10
    A tristeza faz parte
    da experiência humana.
  • 0:10 - 0:12
    mas, durante séculos,
    não tem havido acordo
  • 0:12 - 0:17
    sobre o que é a tristeza
    e o que se pode fazer quanto a isso.
  • 0:18 - 0:19
    Em termos simples,
  • 0:19 - 0:21
    a tristeza é considerada muitas vezes
  • 0:21 - 0:24
    como a reação natural
    a uma situação difícil.
  • 0:24 - 0:26
    Sentimo-nos tristes
    quando um amigo se afasta
  • 0:26 - 0:28
    ou morre um animal de estimação.
  • 0:28 - 0:30
    Quando um amigo diz: "Estou triste",
  • 0:30 - 0:32
    normalmente, perguntamos:
    "O que é que aconteceu?"
  • 0:32 - 0:37
    Mas a nossa suposição de que a tristeza
    tem uma causa exterior
  • 0:37 - 0:39
    é uma ideia relativamente recente.
  • 0:40 - 0:42
    Os médicos da Grécia antiga
    tinham outro conceito da tristeza.
  • 0:42 - 0:46
    Acreditavam que era
    um fluido negro dentro do corpo.
  • 0:46 - 0:48
    Consoante o sistema humoral,
  • 0:49 - 0:53
    o corpo e a alma humanos eram controlados
    por quatro fluidos, chamados humores.
  • 0:53 - 0:58
    O seu equilíbrio influenciava diretamente
    a saúde e o temperamento duma pessoa.
  • 0:58 - 1:01
    Melancolia deriva de "melaina kole",
  • 1:01 - 1:05
    a palavra para bílis negra, o humor
    considerado responsável pela tristeza.
  • 1:05 - 1:08
    Alterando a alimentação
    e graças a práticas médicas,
  • 1:08 - 1:11
    podia-se repor o equilíbrio dos humores.
  • 1:11 - 1:14
    Embora hoje saibamos
    muito mais sobre os sistemas
  • 1:14 - 1:15
    que governam o corpo humano,
  • 1:15 - 1:17
    esta ideia dos gregos sobre a tristeza
  • 1:17 - 1:19
    reflete o pensamento atual:
  • 1:19 - 1:22
    não para a tristeza que todos nós
    sentimos de vez em quando,
  • 1:22 - 1:24
    mas para a depressão clínica.
  • 1:24 - 1:26
    Os médicos pensam
    que certos estados emocionais
  • 1:26 - 1:30
    inexplicáveis e prolongados estão,
    pelo menos parcialmente,
  • 1:30 - 1:32
    relacionados com a química cerebral,
  • 1:32 - 1:36
    com o equilíbrio de diversos químicos
    presentes no cérebro.
  • 1:36 - 1:37
    Tal como o sistema grego,
  • 1:37 - 1:40
    modificar o equilíbrio desses químicos
    pode alterar profundamente
  • 1:40 - 1:44
    a forma como reagimos
    a circunstâncias difíceis.
  • 1:44 - 1:49
    Também há uma longa tradição
    que tenta discernir o valor da tristeza.
  • 1:49 - 1:51
    Nessa discussão, encontramos
    um forte argumento
  • 1:51 - 1:54
    de que a tristeza não é apenas
    uma parte inevitável da vida,
  • 1:55 - 1:56
    mas é uma parte essencial.
  • 1:56 - 1:58
    Se nunca nos sentimos melancólicos,
  • 1:58 - 2:02
    nunca experimentámos uma parte
    do que significa ser humano.
  • 2:02 - 2:06
    Muitos pensadores pensam que a melancolia
    é necessária para ganhar sabedoria.
  • 2:06 - 2:09
    Robert Burton, nascido em 1577,
  • 2:09 - 2:13
    passou a vida a estudar as causas
    e as manifestações da tristeza.
  • 2:13 - 2:16
    Na sua obra prima
    "Anatomia da Melancolia",
  • 2:16 - 2:21
    Burton escreveu:
    "Quem fica mais sábio fica mais triste".
  • 2:21 - 2:24
    Os poetas românticos
    do início do século XIX,
  • 2:24 - 2:29
    achavam que a melancolia permitia
    entender melhor outras emoções profundas,
  • 2:29 - 2:31
    como a beleza e a alegria.
  • 2:31 - 2:35
    Compreender a tristeza das árvores
    que perdem as folhas no outono
  • 2:35 - 2:39
    é compreender melhor o ciclo de vida
    que traz as flores na primavera.
  • 2:40 - 2:42
    Mas a sabedoria e a inteligência emocional
  • 2:42 - 2:45
    parecem estar muito alto
    na hierarquia das necessidades.
  • 2:45 - 2:48
    Será que a tristeza tem valor
    a um nível mais elementar,
  • 2:48 - 2:51
    mais tangível,
    talvez mesmo mais evolutivo?
  • 2:51 - 2:54
    Os cientistas pensam
    que chorar e sentir-se isolado
  • 2:54 - 2:57
    foi o que inicialmente ajudou
    os nossos antepassados
  • 2:57 - 2:59
    a estreitar laços sociais
  • 2:59 - 3:01
    e os ajudou a obter o apoio
    de que necessitavam.
  • 3:01 - 3:04
    A tristeza, em oposição
    à raiva ou à violência,
  • 3:04 - 3:05
    exprimia um sofrimento
  • 3:05 - 3:09
    que podia aproximar imediatamente
    as pessoas daquele que sofria.
  • 3:09 - 3:13
    Isso ajudava essa pessoa
    e a comunidade e geral a prosperar.
  • 3:14 - 3:17
    A tristeza talvez tenha ajudado a gerar
    a unidade necessária para sobreviver,
  • 3:17 - 3:20
    mas muitos se interrogam
    se o sofrimento dos outros
  • 3:20 - 3:24
    é parecido com o sofrimento
    que nós sentimos.
  • 3:24 - 3:26
    A poetisa Emily Dickinson escreveu:
  • 3:26 - 3:30
    "Sempre que encontro um desgosto
    meço-o com olhos inquiridores.
  • 3:30 - 3:33
    "Interrogo-me se ele pesa
    o mesmo que o meu
  • 3:33 - 3:35
    "ou tem uma dimensão mais leve".
  • 3:35 - 3:37
    No século XX,
  • 3:37 - 3:39
    antropólogos médicos,
    como Arthur Kleinman,
  • 3:40 - 3:43
    reuniram indícios a partir da forma
    como as pessoas falam da dor,
  • 3:43 - 3:47
    e concluíram que as emoções
    não são universais.
  • 3:47 - 3:50
    A cultura e, em especial,
    a forma como usamos a linguagem,
  • 3:50 - 3:53
    pode influenciar como nos sentimos.
  • 3:53 - 3:55
    Quando falamos de "coração partido",
  • 3:55 - 3:58
    o sentimento de quebra
    passa a fazer parte da nossa experiência,
  • 3:58 - 4:01
    enquanto numa cultura
    que fala dum "coração ferido"
  • 4:01 - 4:04
    parece ser uma experiência
    subjetiva diferente.
  • 4:05 - 4:08
    Alguns pensadores contemporâneos
    não estão interessados
  • 4:08 - 4:10
    na subjetividade da tristeza,
    versus a sua universalidade
  • 4:10 - 4:12
    e preferem usar a tenologia
  • 4:12 - 4:15
    para eliminar qualquer
    forma de sofrimento.
  • 4:15 - 4:18
    David Pearce sugeriu
    que a engenharia genética
  • 4:18 - 4:20
    e outros processos contemporâneos
  • 4:21 - 4:23
    podem alterar a forma
    como os seres humanos
  • 4:23 - 4:25
    sentem a dor emocional e física
  • 4:25 - 4:28
    e também que os ecossistemas mundiais
    deviam ser repensados
  • 4:28 - 4:31
    para suprimir o sofrimento
    dos animais selvagens.
  • 4:31 - 4:34
    Chama a este projeto
    "engenharia do paraíso".
  • 4:34 - 4:37
    Mas não será triste
    um mundo sem tristeza?
  • 4:37 - 4:40
    Os nossos antepassados primitivos
    e os nossos poetas preferidos
  • 4:40 - 4:43
    não deviam querer viver nesse paraíso.
  • 4:43 - 4:48
    Na verdade, a única coisa sobre a tristeza
    em que parece que todos estão de acordo
  • 4:48 - 4:51
    é que a maior parte das pessoas
    a sentiu, ao longo dos tempos.
  • 4:51 - 4:53
    Desde há milhares de anos
  • 4:53 - 4:57
    uma das melhores formas
    para lidar com esta emoção difícil,
  • 4:57 - 5:01
    foi exprimi-la, tentar dizer
    o que parece inexprimível.
  • 5:02 - 5:04
    Nas palavras de Emily Dickinson:
  • 5:04 - 5:08
    "A esperança é a coisa emplumada
    que penetra na alma
  • 5:08 - 5:11
    "e canta uma melodia sem palavras.
  • 5:11 - 5:13
    "E nunca para... nunca".
Title:
Breve história da melancolia — Courtney Stephens
Speaker:
Courtney Stephens
Description:

Vejam a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/a-brief-history-of-melancholy-courtney-stephens

Se estão vivos, respiram e são seres humanos, com toda a probabilidade já estiveram tristes. Mas o que é, ao certo, a melancolia? Que devemos fazer para lutar contra ela (se é que devemos fazer alguma coisa). Courtney Stephens pormenoriza a forma como ainda hoje tentamos compreender a tristeza e defende a sua utilidade.

Lição de Courtney Stephens, animação de Sharon Colman Graham.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
05:29
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for A brief history of melancholy
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for A brief history of melancholy
Mafalda Ferreira accepted Portuguese subtitles for A brief history of melancholy
Mafalda Ferreira edited Portuguese subtitles for A brief history of melancholy
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for A brief history of melancholy
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for A brief history of melancholy
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for A brief history of melancholy
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for A brief history of melancholy
Show all

Portuguese subtitles

Revisions