Ou mudem ou encolham: Frank Van Massenhove no TEDxGhent

Frank Van Massenhove explica como as empresas no século XXI terão que competir por funcionários. Abraçar suas ideias radicais e originais, no que diz respeito ao uso de mídias sociais, o teletrabalho e locais de trabalho móveis, poderão ajudar gestores a liderar suas empresas para o século XXI.

Em 2005, nós nos perguntávamos
qual seria o nosso maior problema.

Ficamos surpresos quando vimos que seria:

como achar as pessoas de que precisamos
para realizar nossa missão eficientemente?

Mas nós, a gestão,
todos "baby boomers",

não deveríamos ficar surpresos.

Fomos nós que criamos o problema.

Todo mundo pensa
que a nossa geração

era a geração
"Faça amor, não faça guerra".

Mas, na verdade, nós praticamos:
"Faça amor, não faça bebês".

(Risos)

Nossos pais tiveram 2,2 bebês.

Nós produzimos apenas 1,2.

Precisamos de 2,1 filhos para
substituir os que se aposentam.

Nossos filhos estão se saindo melhor.

Mas seus filhos entrarão no mercado

de trabalho por volta de 2030, tarde demais.

Contra todas as probabilidades, o número
de pessoas no trabalho continua crescendo.

A situação na Bélgica
vai ficar problemática

em 2014, quando o número de pessoas
deixando o mercado de trabalho

será o mesmo que o número de pessoas
entrando no mercado de trabalho.

Parece que 2020 será

o ano mais difícil,

com uma taxa de substituição
de cerca de 60%.

Enquanto isso, a guerra
contra o talento vai estourar

com toda intensidade.

Portanto, o aspecto central
do mercado de trabalho

mudará de forma dramática.

Antigamente, a oferta de trabalho
excedia a demanda.

O empregador escolhia o empregado

e ele podia fazer altas exigências.

Em um futuro próximo, a demanda
de trabalho excederá a oferta.

O empregado será raro.

No futuro, o empregado
escolherá o empregador.

Toda empresa, todos os
empregadores

terão que competir com
outros empregadores.

Este é o desafio:
quem conquistará tais pessoas?

Para cada empresa,
a ideia chave para o futuro seria:

como me transformo e continuo
a ser um empregador atrativo?

Estou convencido de que a resposta é:

Mude a sua cultura corporativa.

Personalize sua cultura

para a cultura da geração do milênio,

pois são essas as pessoas
de que você necessita.

Questão chave: que cultura
corporativa atrai a geração do milênio?

Esta geração almeja um alto grau
de autodeterminação.

Eles não são escravos de salários.

Não querem que seu chefe
decida onde trabalham.

Nosso lema: trabalhar em casa,
casa no trabalho.

Trabalhar em casa.

Então, a próxima questão lógica seria:

quem pode trabalhar em casa?

Nem cogite.
Sei qual será o resultado.

Os melhores têm permissão para
trabalhar em casa,

os formados também.
No resto não se pode confiar.

A questão real é a seguinte:

quais funções não se qualificam
para o trabalho em casa?

Você ficará surpreso.

92% dos nossos são perfeitamente
capazes de trabalhar em casa.

E 69% assim o faz.

Isto requer mudança total de todos
os processos e fluxos de trabalho.

Até agora, o funcionário
tinha que seguir o arquivo

porque era um arquivo de papel.

A tecnologia hoje
faz com que seja possível

fazer arquivos seguirem o funcionário.

Digital é o normal de agora.

O funcionário espera trabalhar com
a última palavra em tecnologia.

No mínimo o tipo de tecnologia de ponta
que ele usa e com que joga em casa.

Para ele, é normal trabalhar
em qualquer lugar,

a qualquer hora
e com qualquer dispositivo.

Trazer seu dispositivo próprio será
o padrão nos próximos anos.

Se a última palavra em tecnologia
é como tomar o café da manhã,

usar as mídias sociais é como respirar.

Se você economiza na tecnologia
às custas dos empregados

e você não confia neles
na mídia social,

eles vão se sentir como prisioneiros
em sua organização.

Se você quer que os seus
"geração milênio" deixem o emprego,

continue usando versões antigas
do Microsoft Office e proíba as mídias sociais.

Deixe seus funcionários trabalhar
onde eles quiserem,

mas faça com que eles se sintam
em casa no trabalho também.

O local do trabalho não é lugar
para concentração solitária.

É o lugar onde você encontra
com pessoas.

Como o empregador,
pense como seria o lugar de trabalho

que você gostaria de ter para poder
encontrar com as pessoas.

O lugar onde as pessoas trabalham
não deveria depender de hierarquia.

Mas sim na atividade que você executa
naquele específico momento.

Então, você pode ler emails aqui,
e também em casa,

ou no Starbucks, onde quer que
haja conexão com a Internet.

Você pode ter uma reunião aqui,

mas claro, também temos
videoconferência.

E café?

Um café você pode beber
em qualquer lugar.

Quase sempre bebe-se em casa,

o que é bem barato
para o empregador.

Neste tipo de ambiente, a criatividade
parece vir naturalmente.

Mas para criar uma organização
criativa de verdade,

você precisa fazer muito mais.

Tudo deve ser projetado
para que os funcionários

participem no contínuo design
da futura organização.

Quando você entra em uma organização,

você percebe a qualidade
do chefe e sua cultura.

De que tipo de chefes precisamos

para gerar um ambiente criativo?

Não este, porque ele é assim.

Nós precisamos de chefes assim.

Como podemos saber se
estes são os novos bons chefes?

Como saber se o gerente de equipe
é um formador de equipe?

Como saber se ela é uma
treinadora efetiva para você?

Nós perguntamos para a equipe.

Todo ano temos avaliações de baixo para
cima dos chefes em nossa organização.

Não se encontra muita criatividade numa
organização que se baseia neste modelo.

É preciso trabalhar muito para garantir
que se tenha este tipo de organização.

Como atingir isso?

Fácil, pergunte aos seus funcionários.

Dê tempo a eles.

Incentive-os.

E claro, não encha suas agendas

com 100% de projetos operacionais.

Faça-os se sentirem orgulhosos.

Pense e crie uma marca autêntica.

Peça a todos os funcionários
que usem a mídia social

Rogue que conversem sobre a organização
deles, não sobre a sua organização.

Transforme-se em uma empresa
que conversa.

É um trabalho duro, mas que trás
resultados excelentes,

inclusive resultados financeiros, embora
isto seja apenas um efeito colateral.

É lucro colateral.

Antes de tudo, você tem que fazer com que
a sua gente se sinta em casa no trabalho.

E não diga a eles quando trabalhar.

Apenas péssimos chefes e funcionários

ficam felizes com a marcação no relógio.

Chefes péssimos pensam que
você é um bom funcionário

quando você chega na hora certa

e não sai do trabalho cedo.

Funcionários medíocres pensam
que é bom simplesmente estar lá.

No final, o que conta
são os resultados.

Cada equipe tem a obrigação de saber
quais resultados precisa atingir.

E a equipe inteira decide
quem faz o quê, não o chefe.

Um chefe nunca deve dizer
como se trabalha.

Ele vai decidir que resultados
deverão ser atingidos.

Isto é o que um autêntico chefe faz.

Ele não mente,
ele 
faz o que prega,

não porque ele lê isto
 em um guia
dos gurus de gerenciamento,

mas porque ele acredita nisto,

ele está convencido,

ele fica entusiasmado com isto.

Para o chefe antiquado,

o funcionário é equivalente a função.

Uma organização possui
recursos financeiros,

possui recursos logísticos,

porém não possui
recursos humanos.

As pessoas não são recursos.

Sua política de recrutamento
deve refletir essa regra.

Seja como os Rollins Stones.

O que aconteceria se Charlie Watts
tivesse se enchido

das loucuras do Keith, Mick e Ron?

Eles poriam um anúncio à procura de
um baterista que pudesse manter o ritmo?

Não. Eles fariam tudo
que fosse possível

até encontrarem um novo Stone.

Se o seu pessoal é realmente
importante para você,

então você se importa
com o futuro deles.

Não só suas futuras carreiras,

porque isto só diz respeito
ao futuro da empresa.

mas o futuro deles,
a vida futura deles.

Claro, nem todos da geração do milênio
fazem parte do partido verde,

mas pode ter certeza de que eles
detestam sujeira e desperdício.

O mundo é o mundo deles.

Para eles, o aquecimento global
não é um problema teórico.

Eles sentem isto.
Isto destrói seu mundo.

Portanto, não pensem que eles
trabalhariam para uma empresa

que seja parte do problema.

Seus amigos os criticariam muito

se trabalhassem
para uma empresa poluente.

Não se iluda, ao fazer escolhas,

eles preferem ouvir os amigos
e não o empregador.

Mesmo que sua empresa
não tenha nada a ver com ecologia,

você deveria fazer parte
da solução do meio ambiente.

Por isso, compramos produtos
que duram para sempre.

Esta é a razão de dirigirmos
carros híbridos pequenos.

Em alguns anos, vamos produzir
toda a energia de que necessitamos.

A compra de papel caiu 72%.

As Impressoras caíram 84%.

Todos na organização
sabem dessa estratégia

e estão certos de que a gerência
faz boas escolhas.

Estratégia e marca são as tarefas
essenciais do gerenciamento,

mas esta tarefa deles
termina aqui.

A gestão determina a direção.

As pessoas decidem como,
e o que fazer para chegar lá.

Às vezes, precisamos romper
de vez com o passado.

Escolhemos um ambiente
totalmente novo:

menos espaço, sem paredes.

Tantas mudanças,
e conseguimos nossos resultados?

No primeiro ano, após a mudança,
aumentamos a produção em dois dígitos.

Mas repito,
isto é lucro colateral.

O que importa são as pessoas.

Resultados indicam que
 os funcionários
federais são os mais realizados,

porque são eles que decidem
quando trabalhar.

É isto que eles amam.

As pessoas preferem
trabalhar em casa

porque estão cansados
de engarrafamentos

e trens sempre lotados,
atrasados, muito quentes ou muito frios,

e continuam trabalhando em casa

porque, assim, eles se tornaram

diretores de suas próprias vidas.

No sábado, todo mundo briga por uma vaga

no estacionamento da IKEA ou no shopping.

Mas o nosso pessoal faz compras
na segunda ou terça-feira.

Nossos funcionários trabalham
quando estão concentrados.

Quando você se concentra, apenas precisa
de 6 horas para completar a tarefa.

Anna está certa

Assim, todo mundo
ganha
 4 ou 5 horas por dia.

Na realidade, tempo
é o novo dinheiro.

Nossa organização é também
 equilibrada
em termos de gênero.

Em todos os níveis, o número
de mulheres e de homens é igual.

E, curiosamente, não temos um plano
de gerenciamento de gênero.

Qual é o segredo?

Nossas mães jovens não precisam
de trabalho de meio período

para poder pegar seus filhos
no colégio ou na creche.

Funcionários de meio período

não são promovidos.

Funcionários de tempo integral são.

Às vezes, as coisas são mais fáceis
do que se imagina.

Estamos muito felizes
com estes resultados,

porque isto nos torna
mais atraentes como empregador.

Porque sabemos que a família
é alta prioridade para a "geração do milênio",

e não a organização para
que trabalham.

Importante sim,
mas não uma prioridade.

Aceite isto. Família são
os pais, os avós, os filhos.

Mas família não é só a família.
Também os amigos

e qualquer outro
com os mesmos valores.

Os funcionários têm que

vivenciar estes valores de família

dentro da organização.

Isto significa remover a hierarquia
e símbolos de status.

Significa criar um meio ambiente
físico que promova

um encontro entre todos
os funcionários. Sem paredes.

[Autenticidade, criatividade,
personalidade, família, estratégia,

sustentabilidade, tecnologia
e autodeterminação]

Estes são os oito
 motores de mudanças.

Os empregadores não têm escolha.

Empresas em coma, acordem.

Mudem ou desapareçam.

Mudem ou encolham.

E mudar é como respirar:

se você para, você morre.

Obrigado.

(Aplausos)