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Arqueologia a partir do espaço

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    Quando era criança
    e crescia em Maine,
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    uma das coisas que mais gostava de fazer
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    era procurar dólares de areia
    no litoral do Maine,
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    porque os meus pais diziam
    que me trariam sorte.
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    Mas essas conchas
    são difíceis de encontrar.
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    Estão cobertas de areia.
    São difíceis de ver.
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    Ainda assim, com o passar
    do tempo, habituei-me a procurá-las.
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    Comecei a identificar formas e desenhos
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    que me ajudaram a colecioná-las.
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    Isto transformou-se numa
    paixão por encontrar coisas,
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    um amor pelo passado e pela arqueologia.
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    E, por fim, quando comecei
    a estudar Egiptologia,
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    apercebi-me que ver a olho nu
    não era suficiente.
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    Porque, de repente, no Egito,
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    em vez de uma pequena
    faixa de areia em Maine,
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    a minha praia tinha agora 1200 km,
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    perto do Nilo.
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    E os meus dólares de areia
    também cresceram
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    e tinham agora o tamanho de cidades.
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    Foi isto que me levou a usar
    imagens de satélite.
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    Para tentar mapear o passado, eu sabia
    que teria de olhar de outra forma.
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    Então, quero vos mostrar um exemplo
    de como podemos olhar de outra forma
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    utilizando infravermelhos.
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    Este é um local que fica
    no leste do delta egípcio
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    chamado Bendix.
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    E o local aparenta ser castanho,
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    mas quando usamos o infravermelho
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    e processamos a imagem,
    de repente, numa cor falsa,
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    o sítio ganha um aspeto rosa-choque.
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    O que vocês estão a ver
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    são as mudanças químicas reais
    que ocorreram no território
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    devido ao acúmulo
    de materiais e atividades
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    dos egípcios antigos.
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    O que quero partilhar com vocês hoje
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    é como usamos dados de satélite
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    para encontrar uma cidade do Egito Antigo,
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    chamada Itjtawy,
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    desaparecida há milhares de anos.
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    Itjtawy foi a capital do Egito Antigo
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    durante mais de 400 anos,
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    num período chamado o Império Médio
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    há cerca de 4000 anos.
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    O sítio fica no Faiyum do Egito
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    e é muito importante porque no Império Médio
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    houve um renascimento da arte egípcia antiga
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    da arquitetura e da religião.
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    Os egiptólogos sempre souberam que Itjtawy
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    ficava num lugar perto das pirâmides
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    construídas pelos reis, indicada aqui
    dentro dos círculos vermelhos,
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    mas algures nesta grande planície.
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    Esta área é enorme.
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    Tem 6 x 5 km de tamanho.
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    O Nilo passava perto da cidade de Itjtawy,
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    e com o tempo, foi se movendo para leste,
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    cobrindo toda a cidade.
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    Então, como se encontra
    uma cidade enterrada
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    numa área tão vasta?
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    Encontrá-la por acaso seria como
    encontrar uma agulha num palheiro,
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    de olhos vendados e com luvas de basebol.
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    Então, usámos dados topográficos da NASA
    para mapear a área.
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    São modificações muito subtis.
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    Começamos a ver por onde
    o fluxo do Nilo corria.
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    Mas podem ver com mais detalhe
    — e até mais interessante —
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    esta área levemente elevada,
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    dentro deste círculo, que
    pensámos poder ser
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    a localização da cidade de Itjtawy.
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    Então, trabalhámos com cientistas egípcios
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    para fazer trabalhos de remoção,
    como podem ver aqui.
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    Quando digo remoção, é como
    remoção do gelo, mas em vez
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    de camadas de mudança climática,
    procuramos camadas de presença humana.
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    E a cinco metros de profundidade,
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    debaixo de uma camada espessa de lama,
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    encontrámos uma camada densa de cerâmica.
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    Ou seja, na possível localização
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    de Itjtawy, a 5 metros de profundidade,
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    temos uma camada de ocupação
    de centenas de anos
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    que remonta ao Império Médio,
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    ao exato período em que julgamos
    que Itjtawy tenha existido.
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    Também encontrámos pedras brutas
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    — cornalina, quartzo e ágata —
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    que mostram que havia aqui
    oficinas de joias.
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    Isto pode não parecer muito,
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    mas se pensarmos nas pedras mais comuns
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    utilizadas para joias no Império Médio,
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    estas são as pedras que se usavam.
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    Então, temos uma densa camada de ocupação
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    que remonta ao Império Médio, neste local.
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    Também temos sinais de
    uma oficina de joias de elite,
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    o que mostra que havia ali
    uma cidade importante.
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    Não, Itjtawy ainda não era aqui,
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    mas vamos voltar a este local
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    num futuro próximo para o mapear.
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    Ainda mais importante,
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    temos financiamento para
    ensinar jovens egípcios
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    a usar tecnologia de satélite
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    para que eles próprios possam
    fazer grandes descobertas.
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    Gostaria de terminar com a minha citação favorita
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    do Império Médio,
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    escrita provavelmente na cidade
    de Itjtawy há 4000 anos:
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    "Partilhar conhecimento
    é a maior de todas as vocações.
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    "Não há nada parecido na terra."
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    E como se pode concluir,
    o TED não foi fundado em 1984 d.C.
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    (Risos)
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    A criação de ideias começou
    realmente em 1984 a.C.
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    numa cidade não-perdida-por-muito-tempo,
    encontrada de cima.
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    Isso certamente dá outro valor ao ato
    de encontrar conchas no litoral.
  • 4:53 - 4:55
    Muito obrigada.
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    (Aplausos)
  • 4:57 - 4:58
    Obrigada.
  • 4:58 - 5:00
    (Aplausos)
Title:
Arqueologia a partir do espaço
Speaker:
Sarah Parcak
Description:

Nesta curta palestra, a TED Fellow Sarah Parcak introduz o campo da "arqueologia a partir do espaço", utilizando imagens de satélite para encontrar pistas para os locais perdidos de civilizações passadas.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
05:20
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Archeology from space
Rita Maia approved Portuguese subtitles for Archeology from space
Rita Maia edited Portuguese subtitles for Archeology from space
Rita Maia edited Portuguese subtitles for Archeology from space
Thiago Paula accepted Portuguese subtitles for Archeology from space
Thiago Paula edited Portuguese subtitles for Archeology from space
Thiago Paula edited Portuguese subtitles for Archeology from space
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