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Câmaras escondidas que filmam a injustiça nos lugares mais perigosos do mundo

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    Gostava de começar
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    com a história de Mary,
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    uma mulher de uma aldeia africana.
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    As suas primeiras memórias
  • 0:09 - 0:12
    são da fuga da sua família
    de motins violentos
  • 0:12 - 0:15
    organizados pelo
    partido político no poder.
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    O irmão dela foi assassinado
    pelas milícias financiadas pelo estado
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    e ela foi violada mais que uma vez,
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    só porque pertencia ao partido errado.
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    Numa manhã, um mês antes das eleições,
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    a aldeia da Mary foi chamada
    a outra reunião para intimidação.
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    Nesta reunião está um homem
    em pé á sua frente, a dizer-lhes:
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    "Nós sabemos quem vocês são,
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    "nós sabemos em quem vão votar
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    "e, se não usarem o boletim certo,
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    "vamo-nos vingar."
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    Mas, para a Mary,
    esta reunião é diferente.
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    Ela sente-se diferente.
  • 0:52 - 0:55
    Desta vez, ela anseia por esta reunião
  • 0:55 - 0:58
    porque, desta vez, ela traz consigo
    uma câmara escondida no vestido,
  • 0:59 - 1:01
    uma câmara que mais ninguém vê.
  • 1:02 - 1:04
    Ninguém está autorizado
    a filmar nestas reuniões.
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    Arriscamos a vida se o fizermos.
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    A Mary sabe disso, mas também sabe
    que a única maneira de os fazer parar
  • 1:10 - 1:14
    e de se proteger a si e à sua comunidade
  • 1:14 - 1:16
    é denunciando a intimidação,
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    para garantir que eles sabem
    que alguém os está a seguir,
  • 1:20 - 1:23
    para pôr um fim
    à impunidade que eles sentem.
  • 1:24 - 1:28
    A Mary e os seus amigos estavam
    a filmar há meses, secretamente,
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    a intimidação do partido
    político no poder.
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    (Vídeo) [Filmado com câmaras escondidas]
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    Homem: Vamos agora falar
    das eleições que se aproximam.
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    Nada nos pode impedir
    de fazer o que quisermos.
  • 1:42 - 1:44
    Se nós ouvirmos que vocês
    estão com a oposição
  • 1:45 - 1:47
    não vos vamos perdoar.
  • 1:47 - 1:50
    [Comício de intimidação das milícias]
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    O Partido pode torturar-vos
    a qualquer momento.
  • 1:55 - 1:58
    Os jovens podem espancar-vos.
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    ["Interrupção da reunião política"]
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    Para aqueles que mentem, ao dizer
    que voltaram para o Partido,
  • 2:12 - 2:14
    o vosso tempo está a esgotar-se.
  • 2:14 - 2:17
    [Milícias da Juventude do Partido]
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    Alguns morreram porque se rebelaram.
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    Outros perderam as suas casas.
  • 2:23 - 2:26
    Se não trabalharem em
    conjunto com o Partido,
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    vão ter uma vida muito má.
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    Oren Yakobovich: Estas imagens
    foram transmitidas por todo o mundo,
  • 2:42 - 2:43
    mas mais importante ainda,
  • 2:43 - 2:46
    foram retransmitidas na comunidade.
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    Os perpetradores também as viram.
  • 2:49 - 2:52
    Perceberam que alguém os estava a seguir.
  • 2:52 - 2:55
    Ficaram assustados.
    A impunidade foi quebrada.
  • 2:55 - 2:58
    A Mary e os seus amigos
    forçaram o político partido no poder
  • 2:58 - 3:01
    a não usar de violência
    durante as eleições
  • 3:01 - 3:03
    e salvaram centenas de vidas.
  • 3:04 - 3:07
    A Mary é apenas uma
    entre centenas de pessoas
  • 3:07 - 3:10
    que a minha organização ajudou
    a documentar violações de direitos humanos
  • 3:10 - 3:12
    usando câmaras.
  • 3:13 - 3:16
    A minha formação devia
    ter-me levado noutra direcção.
  • 3:16 - 3:19
    Nasci em Israel numa família de direita
  • 3:19 - 3:21
    e, desde que me lembro,
  • 3:21 - 3:25
    queria alistar-me no exército
    israelita para servir o meu país
  • 3:25 - 3:28
    e provar aquilo que eu acreditava ser
    o nosso direito a todo o território.
  • 3:29 - 3:35
    Alistei-me no exército israelita
    logo depois da primeira intifada,
  • 3:35 - 3:37
    a primeira insurreição palestina.
  • 3:37 - 3:39
    Prestei serviço numa
    das unidades de infantaria
  • 3:39 - 3:42
    mais conservadoras, duras, agressivas.
  • 3:43 - 3:45
    Fiquei com a maior arma no meu pelotão.
  • 3:46 - 3:47
    (Risos)
  • 3:48 - 3:50
    Tornei-me oficial, muito depressa
  • 3:50 - 3:52
    e tinha soldados sob o meu comando.
  • 3:53 - 3:56
    À medida que o tempo passou
    comecei a servir na Cisjordânia
  • 3:56 - 3:58
    e vi estas imagens.
  • 4:06 - 4:08
    Não gostei do que vi.
  • 4:08 - 4:10
    Demorei algum tempo,
  • 4:10 - 4:12
    mas por fim recusei-me
    a servir na Cisjordânia
  • 4:13 - 4:16
    e tive de passar algum tempo na prisão.
  • 4:16 - 4:17
    Foi um pouco...
  • 4:17 - 4:20
    (Aplausos)
  • 4:20 - 4:22
    Não foi assim tão mau, devo dizer.
  • 4:22 - 4:25
    Foi um pouco como estar num hotel,
    mas com comida muito merdosa.
  • 4:25 - 4:26
    (Risos)
  • 4:26 - 4:30
    Na prisão, continuava a pensar
    que precisava que as pessoas soubessem.
  • 4:30 - 4:32
    É preciso que as pessoas percebam
  • 4:32 - 4:34
    como era a realidade na Cisjordânia.
  • 4:35 - 4:37
    É preciso que ouçam o que ouvi,
  • 4:37 - 4:39
    é preciso que vejam o que vi,
  • 4:39 - 4:42
    mas também percebi,
    é preciso que os próprios palestinos,
  • 4:42 - 4:44
    as pessoas que estão a sofrer,
  • 4:44 - 4:46
    sejam capazes de contar as suas histórias,
  • 4:46 - 4:50
    não os jornalistas ou os cineastas
    que estão de fora da situação.
  • 4:52 - 4:55
    Juntei-me a uma organização
    dos direitos humanos,
  • 4:55 - 4:58
    uma organização israelita
    chamada B'Tselem.
  • 4:58 - 5:00
    Juntos, analisámos a Cisjordânia
  • 5:00 - 5:03
    e escolhemos 100 famílias
    que vivem nos sítios mais perigosos,
  • 5:04 - 5:07
    perto de postos de controlo,
    perto de bases do exército,
  • 5:08 - 5:10
    lado a lado com colonos.
  • 5:10 - 5:13
    Demos-lhes câmaras e formação.
  • 5:14 - 5:18
    Começámos rapidamente
    a receber imagens muito perturbadoras
  • 5:18 - 5:23
    sobre como os colonos e os soldados
    os estão a maltratar.
  • 5:24 - 5:26
    Gostava de partilhar convosco
    dois excertos deste projecto.
  • 5:26 - 5:30
    Foram ambos transmitidos em Israel
    e geraram muito debate.
  • 5:31 - 5:32
    Tenho de vos avisar,
  • 5:32 - 5:34
    alguns de vós podem
    achá-los muito explícitos.
  • 5:35 - 5:38
    Os homens mascarados
    que vêem nos primeiros excertos
  • 5:38 - 5:39
    são colonos judeus.
  • 5:39 - 5:42
    Minutos antes de a câmara ser ligada,
  • 5:42 - 5:44
    abordaram uma família palestina
  • 5:44 - 5:45
    que estava a trabalhar a sua terra
  • 5:45 - 5:47
    e disseram-lhes
    que tinham de se ir embora,
  • 5:47 - 5:50
    porque aquela terra pertencia
    aos colonos judeus.
  • 5:50 - 5:52
    Os palestinos recusaram.
  • 5:53 - 5:55
    Vamos ver o que aconteceu.
  • 5:55 - 5:59
    Os homens mascarados
    que se aproximam são colonos judeus.
  • 6:00 - 6:02
    Estão-se a aproximar da família palestina.
  • 6:02 - 6:03
    [6.Agosto.2008]
  • 6:16 - 6:17
    (Gritos)
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    Isto é uma manifestação na Cisjordânia.
  • 6:23 - 6:25
    O homem de verde é palestino.
  • 6:25 - 6:27
    Vai ser preso não tarda.
  • 6:28 - 6:30
    Aqui vêem-no vendado e algemado.
  • 6:31 - 6:34
    Daqui a pouco, arrepende-se
    de ter vindo a esta manifestação.
  • 6:36 - 6:38
    (Som de tiro)
  • 6:38 - 6:42
    Foi alvejado no pé
    com uma bala de borracha.
  • 6:43 - 6:45
    Ele está bem.
  • 6:49 - 6:52
    Nem todos os colonos e soldados
    estão a agir desta maneira.
  • 6:53 - 6:57
    Estamos a falar de uma minoria minúscula,
    mas têm de ser levados à justiça.
  • 6:57 - 6:59
    Estas imagens e outras como elas,
  • 6:59 - 7:02
    forçaram o exército e a polícia
    a começar investigações.
  • 7:03 - 7:05
    Foram mostradas em Israel, claro,
  • 7:05 - 7:08
    e também foram exibidas
    ao público israelita.
  • 7:08 - 7:11
    Este projecto redefiniu
    a luta pelos direitos humanos
  • 7:11 - 7:13
    nos territórios ocupados.
  • 7:13 - 7:18
    Conseguimos reduzir o número
    de ataques violentos na Cisjordânia.
  • 7:21 - 7:23
    O sucesso deste projecto
    deixou-me a pensar
  • 7:23 - 7:26
    como posso levar esta metodologia
    para outros lugares no mundo.
  • 7:26 - 7:28
    Tendemos a acreditar que, hoje em dia,
  • 7:28 - 7:30
    com toda a tecnologia,
  • 7:30 - 7:32
    — os Smartphones e a Internet —
  • 7:32 - 7:33
    somos capazes de ver e perceber
  • 7:33 - 7:35
    o que está a acontecer no mundo,
  • 7:35 - 7:37
    e que as pessoas podem
    contar a sua história
  • 7:37 - 7:40
    — mas é só parte da verdade.
  • 7:40 - 7:42
    Ainda hoje,
    com toda a tecnologia que temos,
  • 7:42 - 7:44
    menos de metade da população mundial
  • 7:44 - 7:46
    tem acesso à Internet.
  • 7:47 - 7:49
    Mais de três mil milhões de pessoas...
  • 7:49 - 7:51
    Vou repetir o número:
  • 7:51 - 7:54
    três mil milões de pessoas
    consomem notícias
  • 7:54 - 7:57
    censuradas pelos que estão no poder.
  • 7:59 - 8:01
    Mais ou menos na mesma altura,
  • 8:01 - 8:04
    sou abordado por um tipo excelente
    chamado Uri Fruchtmann.
  • 8:04 - 8:06
    É um cineasta e activista.
  • 8:06 - 8:09
    Nós percebemos que estávamos
    a pensar sintonizados
  • 8:09 - 8:14
    e decidimos fundar Videre,
    a nossa organização, juntos.
  • 8:15 - 8:18
    Enquanto construíamos
    a organização em Londres,
  • 8:18 - 8:20
    viajávamos clandestinamente a lugares
  • 8:20 - 8:22
    onde a comunidade
    estava a sofrer de abusos,
  • 8:22 - 8:25
    onde estavam a acontecer
    atrocidades em massa
  • 8:25 - 8:27
    e havia falta de denúncias.
  • 8:27 - 8:30
    Tentámos perceber como podíamos ajudar.
  • 8:31 - 8:34
    Aprendi quatro coisas:
  • 8:34 - 8:37
    A primeira é que temos de nos envolver
  • 8:37 - 8:39
    com as comunidades
    que vivem em zonas rurais,
  • 8:39 - 8:43
    onde acontecem ofensas
    longe dos olhos do público.
  • 8:43 - 8:45
    Temos que nos associar a elas.
  • 8:45 - 8:49
    Precisamos de perceber quais as imagens
    que não estão a chegar lá fora
  • 8:49 - 8:51
    e ajudá-los a documentá-las.
  • 8:52 - 8:54
    A segunda coisa que aprendi
  • 8:54 - 8:57
    é que temos de os capacitar
    a filmar de maneira segura.
  • 8:58 - 9:01
    A segurança tem de ser a prioridade.
  • 9:02 - 9:04
    Onde eu costumava trabalhar,
    na Cisjordânia,
  • 9:04 - 9:06
    podíamos mostrar a câmara
  • 9:06 - 9:08
    e, provavelmente, não éramos alvejados,
  • 9:08 - 9:10
    mas nos sítios em que queríamos trabalhar,
  • 9:10 - 9:14
    basta puxar do telemóvel,
    e somos mortos — literalmente mortos.
  • 9:16 - 9:17
    Foi por isso que decidimos
  • 9:17 - 9:19
    operar clandestinamente
  • 9:19 - 9:20
    quando necessário,
  • 9:20 - 9:22
    e usar principalmente câmaras escondidas.
  • 9:22 - 9:24
    Infelizmente, não posso mostrar
  • 9:24 - 9:27
    as câmaras que usamos actualmente
    por razões óbvias.
  • 9:27 - 9:29
    Mas estas são as câmaras
    que usávamos antes.
  • 9:29 - 9:31
    Podem comprá-las nas lojas.
  • 9:31 - 9:35
    Agora, estamos a construir
    uma câmara personalizada.
  • 9:35 - 9:37
    como a que a Mary estava a usar no vestido
  • 9:37 - 9:39
    para filmar a reunião de intimidação
  • 9:39 - 9:41
    do partido político no poder.
  • 9:41 - 9:43
    É uma câmara que ninguém consegue ver,
  • 9:43 - 9:46
    que se mistura com o ambiente,
  • 9:46 - 9:47
    com o envolvente.
  • 9:48 - 9:52
    Os cuidados ao filmar vão além
    de usar câmaras escondidas.
  • 9:52 - 9:55
    A segurança começa antes
    de o activista ligar a câmara.
  • 9:56 - 9:58
    Para manter os nosso parceiros seguros,
  • 9:58 - 10:01
    trabalhamos para perceber
    o risco de cada lugar
  • 10:01 - 10:04
    e de cada sequência antes de acontecer,
  • 10:04 - 10:06
    fazendo um plano alternativo,
    caso algo corra mal
  • 10:07 - 10:09
    e garantindo que tudo está
    como é suposto
  • 10:09 - 10:11
    antes de começarmos a operação.
  • 10:12 - 10:16
    A terceira coisa que aprendi
    foi a importância da verificação.
  • 10:16 - 10:19
    Podemos ter um plano magnífico
    de uma atrocidade
  • 10:19 - 10:21
    mas, se não pudermos verificá-lo,
    não vale nada.
  • 10:22 - 10:26
    Recentemente, como na guerra
    na Síria ou em Gaza,
  • 10:26 - 10:31
    vimos imagens que eram encenadas,
    ou trazidas de outro conflito.
  • 10:31 - 10:35
    Essa desinformação destruiu
    a credibilidade da fonte
  • 10:35 - 10:38
    e danificou a credibilidade de outras
    fontes fiáveis.
  • 10:39 - 10:43
    Usamos várias maneiras de garantir
    que podemos verificar a informação
  • 10:43 - 10:45
    e podemos confiar no material.
  • 10:45 - 10:47
    Começa pela aprovação dos nosso parceiros,
  • 10:47 - 10:48
    perceber quem eles são,
  • 10:48 - 10:50
    e trabalhar intensamente com eles.
  • 10:50 - 10:52
    Como filmamos um local?
  • 10:52 - 10:54
    Filmamos sinais de trânsito, relógios,
  • 10:54 - 10:55
    Filmamos jornais.
  • 10:56 - 11:00
    Verificamos mapas, olhamos para mapas,
  • 11:00 - 11:02
    confirmamos a informação,
  • 11:02 - 11:05
    e olhamos também
    para os metadados do material.
  • 11:06 - 11:09
    A quarta e mais importante
    coisa que aprendi
  • 11:09 - 11:13
    foi como usar as imagens
    para criar uma mudança positiva.
  • 11:15 - 11:16
    Para fazer efeito,
  • 11:16 - 11:20
    a chave é como usamos o material.
  • 11:21 - 11:24
    Hoje, estamos a trabalhar com
    centenas de activistas
  • 11:24 - 11:25
    que filmam clandestinamente.
  • 11:25 - 11:28
    Trabalhamos com eles para perceber
    a situação na zona
  • 11:28 - 11:31
    e que imagens faltam para a descrever,
  • 11:31 - 11:36
    quem está a influenciar a situação,
  • 11:36 - 11:40
    e quando lançar o material
    para avançar a luta.
  • 11:40 - 11:42
    Às vezes, é como pô-lo nos "media",
  • 11:42 - 11:45
    nos "media" locais,
    para criar consciência.
  • 11:45 - 11:47
    Às vezes é trabalhar
    com quem toma as decisões
  • 11:47 - 11:48
    para alterar as leis.
  • 11:48 - 11:52
    Às vezes, é trabalhar com advogados
    para usar como prova em tribunal.
  • 11:53 - 11:54
    Mas mais frequentemente,
  • 11:54 - 11:59
    a forma mais eficaz
    de causar uma mudança social
  • 11:59 - 12:01
    é trabalhar dentro da comunidade.
  • 12:01 - 12:03
    Quero dar-vos um exemplo.
  • 12:03 - 12:08
    Fatuma faz parte duma rede de mulheres
    que está a lutar contra abusos no Quénia.
  • 12:08 - 12:11
    As mulheres na comunidade
    são constantemente assediadas
  • 12:11 - 12:14
    a caminho da escola e do trabalho.
  • 12:14 - 12:17
    Estão a tentar mudar o comportamento
    da comunidade a partir de dentro.
  • 12:19 - 12:21
    No próximo excerto,
  • 12:21 - 12:24
    Fatuma leva-nos com ela
    na sua viagem para o trabalho.
  • 12:25 - 12:29
    A sua voz foi sobreposta
    nas imagens que ela filmou
  • 12:29 - 12:31
    com câmaras escondidas
  • 12:31 - 12:34
    (Vídeo) Fatuma Chiusiku:
    Chamo-me Fatuma Chiusiku.
  • 12:34 - 12:36
    Tenho 32 anos, sou mãe,
  • 12:36 - 12:38
    e Ziwa La Ng'Ombe é a minha casa.
  • 12:39 - 12:42
    Todas as manhãs, apanho o miniautocarro
  • 12:42 - 12:43
    número 11.
  • 12:44 - 12:47
    Mas, em vez de uma viagem
    pacífica para o trabalho,
  • 12:47 - 12:49
    todos os dias começam com o medo.
  • 12:51 - 12:52
    Venham comigo
  • 12:52 - 12:54
    e usem os meu olhos
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    para sentirem o que eu sinto.
  • 13:00 - 13:01
    Enquanto ando, estou a pensar:
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    Vão-me apalpar?
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    Agarrar?
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    Ser violada por este motorista outra vez?
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    Até os homens lá dentro,
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    a maneira como olham para mim,
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    apalpam o meu corpo,
    se esfregam contra mim,
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    me agarram
  • 13:17 - 13:19
    e, agora, enquanto me sento no meu lugar,
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    só queria pensar no meu dia a dia,
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    os meus sonhos,
    os meus filhos na escola.
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    Em vez disso, preocupo-me
    com o momento em que vamos chegar
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    e em que vou ser violada outra vez.
  • 13:34 - 13:37
    OY: Hoje, há uma nova frente
    na luta pelos direitos humanos.
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    Eu costumava andar com uma grande arma.
  • 13:41 - 13:43
    Agora, ando com isto.
  • 13:44 - 13:49
    Isto é uma arma muito mais potente
    e muito, muito mais eficaz.
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    Mas temos de usar
    o seu poder sensatamente.
  • 13:54 - 13:59
    Ao pôr as imagens certas
    nas mãos certas, no momento certo,
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    conseguimos realmente causar impacto.
  • 14:03 - 14:04
    Obrigado
  • 14:04 - 14:07
    (Aplausos)
  • 14:14 - 14:15
    Obrigado.
  • 14:15 - 14:18
    (Aplausos)
Title:
Câmaras escondidas que filmam a injustiça nos lugares mais perigosos do mundo
Speaker:
Oren Yakabovich
Description:

Ver para crer, diz Oren Yakabovich — e é por isso que ele ajuda pessoas comuns a utilizar câmaras escondidas para filmar situações perigosas de violência, fraude política e abusos. A sua organização, Videre, desmascara, verifica e publicita abusos que o mundo precisa de testemunhar.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
14:35

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