"Quem sou eu?" Uma questão filosófica — Amy Adkins
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0:07 - 0:09Ao longo da História da Humanidade,
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0:09 - 0:12três pequenas palavras deixaram os poetas
a olhar para uma página em branco, -
0:12 - 0:15os filósofos a calcorrearem
as praças públicas, -
0:15 - 0:17e os suplicantes de volta dos oráculos:
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0:17 - 0:19"Quem sou eu?"
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0:19 - 0:23Do antigo aforismo grego inscrito
no templo de Apolo -
0:23 - 0:24"Conhece-te a ti mesmo"
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0:24 - 0:27ao hino "rock" dos Who
"Who are you?" -
0:27 - 0:30filósofos, psicólogos, académicos,
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0:30 - 0:35cientistas, artistas, teólogos e políticos
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0:35 - 0:38todos trataram o tema da identidade.
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0:38 - 0:43As hipóteses deles são muito diversas
e não reúnem consenso. -
0:43 - 0:45Estas são pessoas inteligentes e criativas
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0:45 - 0:50então, qual é a dificuldade em descobrir
a resposta certa? -
0:50 - 0:52Um desafio certamente reside
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0:52 - 0:56no conceito complexo
da persistência da identidade. -
0:56 - 0:58Qual deles em ti é "quem"?
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0:58 - 1:00A pessoa que és hoje?
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1:00 - 1:01A que eras há cinco anos?
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1:01 - 1:03A que serás daqui a 50 anos?
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1:03 - 1:05E quando é "sou"?
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1:05 - 1:07Esta semana?
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1:07 - 1:08Hoje?
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1:08 - 1:09Esta hora?
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1:09 - 1:11Este segundo?
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1:11 - 1:13E que aspeto em ti é "eu"?
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1:13 - 1:15És tu o teu corpo físico?
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1:15 - 1:17Os teus pensamentos e sentimentos?
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1:17 - 1:18As tuas ações?
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1:18 - 1:22Estas águas lamacentas do pensamento
abstrato são difíceis de navegar. -
1:22 - 1:26Deve ter sido por isso que,
para demonstrar essa complexidade, -
1:26 - 1:31o historiador grego Plutarco
usou a história de um navio. -
1:31 - 1:34Como és "Eu"?
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1:34 - 1:39Segundo a lenda, Teseu, o mítico rei
fundador de Atenas, -
1:39 - 1:43matou sozinho
o maligno Minotauro em Creta, -
1:43 - 1:46e depois regressou a casa num navio.
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1:46 - 1:48Para homenagear este feito heroico,
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1:48 - 1:52durante 1000 anos, os atenienses
mantiveram com extremo cuidado -
1:52 - 1:58o navio dele no porto,
reencenando anualmente a sua viagem. -
1:58 - 2:01Sempre que uma parte do navio
ficava gasta ou danificada, -
2:01 - 2:06era substituída por uma peça idêntica,
do mesmo material, -
2:06 - 2:09até que, a dada altura,
deixou de haver partes originais. -
2:09 - 2:12Plutarco reparou que o navio de Teseu
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2:12 - 2:15era um exemplo do paradoxo filosófico
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2:15 - 2:18que gira em torno
da persistência da identidade. -
2:18 - 2:20Como podem ser substituídas
todas as partes de uma coisa -
2:20 - 2:24e essa coisa manter-se a mesma?
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2:24 - 2:26Vamos imaginar que há dois navios:
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2:26 - 2:29o navio que Teseu atracou em Atenas,
o navio A, -
2:29 - 2:35e o navio com que os atenienses navegaram
1000 anos depois, o navio B. -
2:35 - 2:41Muito simplesmente, a nossa pergunta é:
A é igual a B? -
2:41 - 2:45Alguns dirão que durante 1000 anos
só houve um navio de Teseu, -
2:45 - 2:48porque as mudanças que foram
sendo feitas aconteceram gradualmente. -
2:48 - 2:54Nunca, em momento algum,
deixou de ser o lendário navio. -
2:54 - 2:56Embora não tenham absolutamente
qualquer parte em comum, -
2:56 - 3:01os dois navios são numericamente idênticos
significando uma e a mesma coisa, -
3:01 - 3:04portanto, A é igual a B.
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3:04 - 3:09Contudo, outros poderão argumentar
que Teseu nunca pôs os pés no navio B, -
3:09 - 3:13e a sua presença no navio
é uma propriedade qualitativa essencial -
3:13 - 3:15do navio de Teseu.
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3:15 - 3:17Não consegue sobreviver sem ele.
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3:17 - 3:20Por isso, embora os dois navios
sejam numericamente idênticos, -
3:20 - 3:23eles não são qualitativamente idênticos.
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3:23 - 3:27Logo, A não é igual a B.
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3:27 - 3:30Mas o que acontece ao considerarmos
esta questão de forma diferente? -
3:30 - 3:34E se, à medida que cada peça do navio
ia sendo deitada fora, -
3:34 - 3:39alguém as tivesse recolhido todas
e reconstruído o navio original inteiro? -
3:39 - 3:44Quando estivesse terminado, existiriam,
inegavelmente, dois navios físicos: -
3:44 - 3:46aquele que está atracado em Atenas,
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3:46 - 3:48e o outro que está no quintal
de um sujeito qualquer. -
3:48 - 3:52Ambos poderiam reclamar o título
"O Navio de Teseu", -
3:52 - 3:55mas apenas um poderia ser, de facto,
o verdadeiro. -
3:55 - 3:56Então, qual deles é,
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3:56 - 4:00e mais importante ainda,
o que tem isto a ver contigo? -
4:00 - 4:02Tal como o navio de Teseu,
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4:02 - 4:05tu és uma coleção de partes
em constante mudança: -
4:05 - 4:12o teu corpo físico, mente, emoções,
circunstâncias, e até idiossincrasias, -
4:12 - 4:17estão sempre a mudar, mas, de uma
forma espantosa e por vezes ilógica, -
4:17 - 4:19continuas o mesmo, também.
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4:19 - 4:24Esta é uma das razões pela qual a pergunta
"Quem sou eu?" é tão complexa. -
4:24 - 4:26E para a responder,
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4:26 - 4:28como muitas grandes mentes antes de ti,
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4:28 - 4:34tens de querer mergulhar no oceano
sem fundo do paradoxo filosófico. -
4:34 - 4:36Ou, podes simplesmente responder:
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4:36 - 4:41"Eu sou um herói lendário a navegar
num poderoso navio numa viagem épica." -
4:41 - 4:42Pode resultar, quem sabe?
- Title:
- "Quem sou eu?" Uma questão filosófica — Amy Adkins
- Speaker:
- Amy Adkins
- Description:
-
Vejam a lição completa em: http://ed.ted.com/lessons/who-am-i-a-philosophical-inquiry-amy-adkins
Ao longo da História da Humanidade, o tema da identidade deixou poetas a olhar para uma página em branco, filósofos a calcorrear praças públicas e suplicantes de volta dos oráculos. Estas águas turvas do pensamento abstrato eram difíceis de navegar. Deve ter sido por isso que, para demonstrar a sua complexidade, o historiador grego Plutarco usou a história de um navio. Amy Adkins esclarece a história do navio de Teseu, de Plutarco.
Lição de Amy Adkins, animação de Stretch Films, Inc.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TED-Ed
- Duration:
- 04:59
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