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Um teste para a doença de Parkinson através de um telefonema

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    Bem, eu trabalho em matemática aplicada
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    e isso é um problema peculiar
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    para qualquer um que trabalhe
    em matemática aplicada,
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    porque somos como os consultores de gestão.
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    Ninguém sabe que raio fazemos.
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    Portanto vou dar-vos alguma... vou hoje tentar
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    explicar-vos o que faço.
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    Então, a dança é uma das actividades mais humanas.
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    Maravilhamo-nos com bailarinos virtuosos
    de ballet e sapateado,
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    como verão mais à frente.
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    O ballet requer um extraordinário
    nível de competência
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    e um alto nível de técnica,
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    e provavelmente um nível inicial de adequação
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    que pode bem ter uma componente genética.
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    Mas, infelizmente, doenças neurológicas
    como a doença de Parkinson
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    destroem gradualmente esta
    capacidade extraordinária,
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    como está a acontecer com
    o meu amigo Jan Stripling,
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    que era um bailarino virtuoso no seu tempo.
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    Tem havido um grande progresso
    nos tratamentos ao longo dos anos.
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    Contudo, há 6,3 milhões de
    pessoas em todo o mundo
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    que têm esta doença e têm de viver com
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    fraqueza, tremor e rigidez incuráveis
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    e outros sintomas que ocorrem com a doença.
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    Portanto, o que precisamos é
    de ferramentas objectivas
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    para detectar a doença antes
    que seja tarde de mais.
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    Temos de ser capazes de avaliar
    a progressão objectivamente
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    e, finalmente, só vamos conseguir saber
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    que temos realmente uma cura quando tivermos
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    uma medida objectiva que possa
    responder a isso com certeza.
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    Mas, frustrantemente, para a
    doença de Parkinson
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    e outras doenças do movimento,
    não há biomarcadores,
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    portanto não há um teste sanguíneo
    simples que possamos fazer
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    e o melhor que temos é
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    um teste neurológico de 20 minutos.
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    Têm de ir a uma clínica fazê-lo.
    É muito, muito caro
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    e isso significa que, fora de ensaios clínicos,
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    simplesmente nunca é feito. Nunca é feito.
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    Mas e se os pacientes pudessem
    fazer este teste em casa?
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    Bem, isso na verdade pouparia uma
    viagem difícil até à clínica.
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    E se os pacientes conseguissem fazer
    o teste por eles mesmos?
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    Não era preciso pagar a mão-de-obra cara.
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    Custa cerca de 300 dólares, já agora,
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    fazê-lo numa clínica de neurologia.
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    Portanto, o que vos quero propor é uma
    maneira pouco convencional
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    pela qual podemos tentar alcançar isto,
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    porque, sabem, de certa maneira, pelo menos,
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    somos todos virtuosos como
    o meu amigo Jan Stripling.
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    Então, aqui temos um vídeo de
    umas vibrantes cordas vocais.
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    Agora, estas são saudáveis e é alguém
    a produzir sons de fala,
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    e podemos pensar em nós próprios
    enquanto bailarinos de ballet vocal,
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    porque temos de coordenar todos
    estes órgãos vocais
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    quando produzimos sons e,
    na verdade, todos nós
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    temos os genes para isso.
    O FOXP2, por exemplo.
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    E tal como o ballet, requer um
    extraordinário nível de treino.
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    Quer dizer, pensem só no tempo que
    uma criança leva a aprender a falar.
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    Pelo som, conseguimos mesmo localizar
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    a posição da corda vocal enquanto vibra
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    e, tal como os membros são afectados
    pela doença de Parkinson,
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    os órgãos vocais também são.
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    Então, no sinal de baixo, podem ver
    um exemplo de
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    um tremor irregular das cordas vocais.
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    Observamos sempre os mesmos sintomas.
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    Vemos tremor vocal, fraqueza e rigidez.
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    Na verdade, a fala torna-se mais
    silenciosa e mais aspirada
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    a partir de determinado momento,
    e este é um dos sintomas comuns.
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    Portanto, estes efeitos vocais podem,
    na verdade, ser bastante subtis
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    nalguns casos, mas com qualquer
    microfone digital,
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    e usando um software de análise
    da voz de precisão
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    combinado com os mais recentes de
    "aprendizagem de máquina",
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    que está agora muito avançada,
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    podemos agora quantificar exactamente
    onde se situa alguém
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    num contínuo entre saudável e doente
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    usando apenas sinais vocais.
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    Então estes testes baseados na voz,
    como é que se comparam aos
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    testes clínicos da especialidade? Bem,
    ambos são não-invasivos.
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    O teste neurológico é não-invasivo.
    Ambos usam infra-estruturas já existentes.
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    Não é preciso projectar uma série de
    novos hospitais para os fazermos.
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    E ambos são rigorosos. Ok, mas
    para além disso,
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    os testes baseados na voz
    não são especializados.
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    O que quer dizer que podem
    ser auto-administrados.
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    São super rápidos. Demoram
    no máximo 30 segundos.
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    São de ultra-baixo custo,
    e todos sabemos o que acontece.
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    Quando algo se torna de ultra-baixo custo,
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    torna-se intensamente escalável.
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    Portanto, aqui estão algumas metas incríveis
    com as quais eu acho que já podemos lidar.
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    Conseguimos reduzir as dificuldades
    logísticas com os doentes.
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    Não há necessidade de ir ao médico
    para um check-up de rotina.
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    Conseguimos realizar uma monitorização de
    alta frequência para obter dados objectivos.
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    Conseguimos recrutar em massa
    a baixo custo para ensaios clínicos
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    e conseguimos fazer rastreios a
    uma escala populacional
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    viável para esta primeira fase.
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    Temos a oportunidade de começar à procura
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    de biomarcadores precoces para a doença,
    para antes de ser tarde demais.
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    Portanto, dando hoje os primeiros
    passos neste sentido,
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    estamos a lançar a Iniciativa Voz da Parkinson.
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    Com a Aculab e a PatientsLikeMe, pretendemos
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    gravar um grande número de vozes
    de todo o mundo
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    para reunir dados suficientes para começarmos
    a dar conta destas quatro metas.
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    Temos números locais acessíveis a ¾
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    de mil milhões de pessoas no planeta.
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    Qualquer pessoa saudável ou com Parkinson
    pode telefonar, por pouco dinheiro,
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    e deixar uma gravação, poucos cêntimos cada,
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    e fico muito feliz de anunciar que já atingimos
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    6% do nosso alvo em apenas 8 horas.
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    Obrigado. (Aplausos)
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    (Aplausos)
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    Tom Rielly:
    Max, obtendo todas estas amostras de,
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    digamos, 10.000 pessoas,
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    vocês serão capazes de distinguir
    quem é saudável de quem não é?
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    O que é que vão extrair destas amostras?
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    Max Little: Sim. Sim. O que vai acontecer é que,
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    durante a chamada, terão de indicar se têm
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    ou não têm a doença, percebes?
    TR: Certo.
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    ML: Algumas pessoas podem não o fazer.
    Podem não fazer tudo.
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    Mas vamos obter uma amostra de dados
    muito grande, recolhida
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    a partir de todo o tipo de circunstâncias,
    e é o obtê-la
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    em diferentes circunstâncias que
    interessa, porque assim
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    podemos corrigir os factores de confusão
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    e olhar para os verdadeiros marcadores da doença.
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    TR: Vocês têm neste momento uma
    precisão de 86%, é?
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    ML: É muito melhor do que isso.
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    Na verdade, o meu aluno Thanasis,
    tenho de o mencionar,
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    porque ele tem feito um trabalho fantástico,
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    agora conseguiu provar que isto também
    funciona na rede móvel,
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    o que capacita o projecto,
    e estamos a obter 99% de precisão.
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    TR: Noventa e nove. Bem, é uma melhoria.
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    Portanto, o que isso significa
    é que as pessoas vão poder...
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    ML: (Risos)
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    TR: As pessoas vão poder telefonar
    a partir dos seus telemóveis
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    e fazer este teste, e as pessoas com
    Parkinson poderão ligar,
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    gravar a própria voz e depois
    o médico poderá averiguar
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    o seu progresso, perceber em que fase
    da doença é que estão.
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    ML: Absolutamente.
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    TR: Muito obrigado. Max Little, minha gente.
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    ML: Obrigado, Tom. (Aplausos)
Title:
Um teste para a doença de Parkinson através de um telefonema
Speaker:
Max Little
Description:

A doença de Parkinson afecta 6,3 milhões de pessoas em todo o mundo, causando fraqueza e tremores, mas não há uma maneira objectiva de a detectar antecipadamente. Até agora. Max Little, matemático aplicado e membro TED, está a testar uma ferramenta simples e barata que, em ensaios clínicos, é capaz de detectar a doença de Parkinson com 99% de precisão -- através de um telefonema de 30 segundos.

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English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
06:04

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