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Filho de pastor, jogador de futebol e... gay | Brett Trapp | TEDxPeachtree

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    Minha mãe era professora,
    e meu pai era pastor.
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    Nossa família morava
    em Florence, no Alabama,
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    uma sonolenta cidadezinha ribeirinha
    de batistas e artistas,
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    principalmente batistas.
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    Florence é sulista por excelência,
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    com almoços de domingo depois da igreja,
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    beisebol da pequena liga
    e desfiles comemorativos das escolas.
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    Eu tinha boas notas, seguia
    todas as regras e até jogava futebol.
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    Isso me tornava um bom filho do sul.
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    Desde cedo, nos ensinavam
    a dizer a verdade,
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    mas ninguém nos ensina
    a dizer a nossa verdade,
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    talvez um distúrbio alimentar
    ou algum trauma de infância,
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    ou algo simples como amor à arte
    num mundo cheio de atletas.
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    Não.
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    Ninguém nos ensina
    a contar essas verdades.
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    Comecei a descobrir
    minha verdade desde cedo.
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    É uma verdade que se descobre,
    tenta entender e nega sozinho
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    e, quando você é jovem,
    parece uma bola de chumbo na alma,
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    pesada e tóxica.
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    O filho jogador de futebol do pastor...
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    era gay!
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    Como vocês acham que se sentiriam
    sendo um filho gay de pastor
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    no sul dos EUA?
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    Essa era minha verdade de duas toneladas,
    mas dizê-la não era uma opção.
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    O fantasma do bom moço
    da cultura do sul era claro:
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    "Calado, nem mais um pio.
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    Não falamos sobre isso
    por aqui, menino do pastor".
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    Adoro minhas raízes do sul
    e amo as pessoas com quem fui à igreja,
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    algumas das melhores do mundo.
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    Mas, em 1988, foi aprovada uma resolução
    numa reunião de líderes da igreja do país,
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    que declarava que a homossexualidade era
    "uma manifestação de natureza depravada,
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    uma perversão de padrões divinos
    e uma abominação".
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    Esse linguajar muito feroz foi imitado
    por muitas outras organizações religiosas
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    nos anos 1980 e 1990,
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    e aquelas palavras fortes não passaram
    despercebidas nos bancos das igrejas.
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    Ser gay é ser uma minoria única,
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    que vive com uma fisiologia não escolhida,
    em uma tribo que não é sua,
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    entre famílias que lutam
    para entender você.
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    E ser uma pessoa gay de fé
    no sul dos EUA
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    é seu próprio desafio único.
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    Flannery O'Connor escreveu notoriamente:
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    "Enquanto o sul não é centrado em Cristo,
    é mais certamente assombrado por Cristo".
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    Ser gay em uma comunidade
    saturada de religião
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    é saber que você é bem-vindo somente...
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    se permanecer solteiro e celibatário.
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    É se sentir forçado a escolher
    entre a fé espiritual e o amor mundano.
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    É implorar a Deus para mudar você,
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    esperando por uma passagem de ouro
    para a heterossexualidade.
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    Assim, segui rumo ao ensino médio
    e à faculdade sem namoro, apenas negação.
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    Eu levava a sério minha fé,
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    esperando descobrir um dia
    um tônico de disciplinas espirituais
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    que me curasse.
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    Enquanto isso, aperfeiçoei a arte
    de atenuar a dor:
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    trabalho, trabalho, trabalho,
    noites fora, longas férias
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    e o encantamento contínuo:
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    "Não preciso de amor, não preciso de amor,
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    não... preciso... de amor".
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    Eu não tinha mecanismos
    pra lidar com isso.
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    Eu tinha todo um sistema
    pra lidar com isso.
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    E funcionava!
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    Até que parou.
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    Certo momento, em torno dos 30 anos,
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    acordei
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    e me dei conta de que todos os meus amigos
    haviam seguido com sua vida,
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    matriculando-se no mundo
    dos vestidos de noiva
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    e das festas infantis de aniversário.
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    Minha solidão aumentou e, quando as noites
    em claro começaram a se somar...
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    finalmente desisti.
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    Decidi parar de me esconder.
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    De uma conversa dolorosa após a outra,
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    comecei a me revelar para amigos
    e familiares, a maioria muito religiosa.
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    As conversas foram difíceis no começo.
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    O vinho tinto era minha coragem;
    o antiácido, minha paz.
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    (Risos)
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    Durante anos, imaginei as piores reações,
    com pessoas surtando e me julgando,
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    mas, cada vez, toda vez,
    eu encontrava amor
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    e lágrimas,
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    e um daqueles abraços demorados que damos
    em quem está travando uma batalha difícil.
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    E assim, nos meus 30 anos,
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    finalmente, de modo desajeitado,
    eu me deparei com a luz da minha verdade,
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    algo que eu gostaria
    de ter feito muito mais cedo.
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    Muitos parecem achar
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    que as pessoas religiosas do sul
    são alimentadas pelo ódio.
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    Mas sei que não é verdade,
    porque eu as conheço.
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    São extremamente generosas
    e bondosas demais.
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    Há séculos, elas têm ajudado
    os pobres em nossos bairros
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    e proporcionado alívio após os desastres.
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    Precisamos de nossas comunidades de fé,
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    e os de fora que as chamam de intolerantes
    estão propagando a falácia da composição.
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    Os fanáticos ferozes não representam
    a maioria benevolente.
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    Acho que nossas comunidades de fé
    não têm um problema com o ódio.
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    Acho que temos um problema com o amor.
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    Simplesmente não temos amado bem
    nossos jovens LGBT!
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    (Aplausos)
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    Não temos amado bem nossos jovens LGBT.
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    Não temos escutado.
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    Temos oferecido a teologia
    antes da empatia.
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    Protegemos um tabu que silenciosamente
    os aniquila em sua própria vergonha.
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    Não temos dado a eles o espaço e a graça
    que damos a todos os outros
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    e defendemos doutrinas
    espirituais frias e impessoais
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    enquanto perdemos pessoas
    em nossos bancos de igreja.
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    Os jovens de nossas comunidades religiosas
    não ousam falar sua verdade,
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    por medo!
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    Muitos deles estão sofrendo sozinhos,
    e precisamos nos perguntar:
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    "Por que a palavra A-J-U-D-A
    é tão difícil para eles?"
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    Mas a boa notícia é que vejo
    líderes religiosos se levantando,
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    mudando essa realidade.
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    Vejo nossas igrejas fazendo mudanças,
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    como têm feito tantas vezes
    por séculos, em direção ao amor.
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    Vejo a retórica sendo substituída
    por um léxico de graça.
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    Vejo pessoas de fé
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    aprendendo uma música sacra
    que mantém o ritmo com ortodoxia,
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    enquanto gritam um coro de amor.
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    E vejo crentes
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    unidos,
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    lembrando a cada jovem:
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    "Você é amado e você é adorável,
    e seu futuro é incrivelmente brilhante".
  • 6:20 - 6:21
    Obrigado.
  • 6:21 - 6:23
    (Vivas) (Aplausos)
  • 6:26 - 6:28
    Obrigado.
  • 6:28 - 6:30
    (Aplausos) (Vivas)
Title:
Filho de pastor, jogador de futebol e... gay | Brett Trapp | TEDxPeachtree
Description:

Brett Trapp dá uma palestra comovente sobre aceitar o fato de ser gay em uma comunidade profundamente religiosa no sul dos EUA, com uma compreensão surpreendente sobre si mesmo e sobre a comunidade.
Brett Trapp deixou recentemente a Corporate America para se dedicar a seu sonho de se tornar escritor e contador de histórias. Ele compartilha histórias de autodescoberta e identidade no site www.BlueBabiesPink.com, inspirado em sua experiência de aceitar o fato de ser gay no sul dos EUA.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
06:36

Portuguese, Brazilian subtitles

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