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Porque é que há pessoas canhotas? — Daniel M. Abrams

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    Se vocês conhecem um canhoto idoso,
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    o mais provável é que
    ele tenha tido que aprender
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    a escrever ou a comer com a mão direita.
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    Em várias partes do mundo,
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    ainda é comum a prática de forçar
    as crianças a usarem a mão "certa".
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    Até a palavra para direito
    significa também correto ou bom,
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    não apenas em inglês, mas também
    em muitas outras línguas.
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    Mas, se ser canhoto é assim tão errado,
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    porque é que acontece sequer?
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    Atualmente, cerca de 1/10
    da população mundial é canhota.
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    Vestígios arqueológicos
    mostram que tem sido assim
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    desde há 500 mil anos.
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    Em cerca de 10% de ossadas humanas
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    observam-se diferenças associadas
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    ao comprimento do braço
    e à densidade óssea.
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    Algumas ferramentas e artefactos ancestrais
    mostram indícios do uso da mão esquerda.
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    Apesar do que muitos possam pensar,
    a destreza manual não é uma escolha.
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    Pode ser prevista
    ainda antes do nascimento
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    com base na posição do feto no útero.
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    Assim, se a destreza manual é inata,
    isso quer dizer que é genético?
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    Bem, sim e não.
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    Gémeos idênticos,
    que possuem os mesmos genes,
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    podem ter mãos dominantes diferentes.
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    Na verdade, isso acontece
    tão frequentemente
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    como com qualquer outro par de irmãos.
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    Mas as hipóteses
    de se ser destro ou canhoto
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    são determinadas
    pela destreza manual dos pais
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    em proporções
    surpreendentemente consistentes.
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    Se o pai for canhoto e a mãe for destra,
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    há uma hipótese de 17%
    de se nascer canhoto.
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    Se os dois pais forem destros, terão 10%
    de hipóteses de terem um filho canhoto.
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    A destreza manual parece ser determinada
    por um jogo de dados,
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    mas as hipóteses são
    definidas pelos genes.
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    Tudo isso implica que há uma razão
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    para que a evolução tenha produzido
    esta pequena proporção de canhotos
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    e a tenha mantido ao longo de milénios.
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    Embora existam inúmeras teorias
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    tentando explicar porque é que
    existe a destreza manual,
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    ou porque é que a maioria
    das pessoas são destras,
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    um recente modelo matemático
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    sugere que a proporção real
    reflete um equilíbrio
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    entre as pressões competitivas
    e cooperativas da evolução humana.
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    Os benefícios de ser canhoto
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    são mais claros nas atividades
    que envolvem um adversário,
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    como a luta ou os desportos competitivos.
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    Por exemplo, cerca de 50% dos melhores
    rebatedores de basebol têm sido canhotos.
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    Porquê?
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    Pensem nisso como uma vantagem surpresa.
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    Como os canhotos são uma minoria,
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    os competidores,
    tanto destros como canhotos
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    passarão a maior parte do tempo
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    a enfrentar e a praticar contra destros.
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    Assim, quando os dois se enfrentam,
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    o canhoto está mais bem preparado
    do que o seu adversário destro,
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    enquanto o destro fica em desvantagem.
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    Esta hipótese de luta,
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    em que um desequilíbrio na população
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    resulta em vantagem para os
    lutadores ou atletas canhotos,
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    é um exemplo de seleção negativa
    em função da frequência.
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    Mas, de acordo com os
    princípios da evolução,
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    os grupos que têm uma vantagem relativa
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    tendem a aumentar até a
    vantagem desaparecer.
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    Se as pessoas apenas lutassem e
    competissem durante a evolução humana
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    a seleção natural faria com que
    os canhotos tivessem mais vantagem
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    até que o seu número fosse tão grande
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    que deixariam de ser um trunfo raro.
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    Assim, num mundo puramente competitivo,
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    50% da população seriam canhotos.
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    Mas a evolução humana consistiu
    em cooperação, para além da competição.
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    A pressão cooperativa
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    empurra a distribuição da
    destreza manual na direção oposta.
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    No golfe, em que o desempenho não
    depende do adversário,
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    somente 4% dos melhores
    jogadores são canhotos,
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    um exemplo do fenómeno mais amplo
    de partilha de utensílios.
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    Tal como os jovens golfistas
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    encontram mais facilmente
    tacos de golfe para destros,
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    também a maior parte dos instrumentos
    importantes que a sociedade utiliza
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    são concebidos para a maioria destra.
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    Como os canhotos têm mais dificuldade
    em usar esses instrumentos
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    e têm uma taxa de acidentes mais alta,
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    teriam menos êxito
    num mundo puramente competitivo,
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    acabando por desaparecer da população.
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    Portanto, prevendo a distribuição
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    de pessoas canhotas na população em geral,
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    assim como os dados condizentes
    de diversos desportos,
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    o modelo indica
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    que a persistência de canhotos,
    enquanto uma minoria pequena mas estável,
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    reflete um equilíbrio
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    que provém dos efeitos
    competitivos e cooperativos
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    que funcionam simultaneamente
    ao longo do tempo.
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    O que é mais intrigante
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    é o que os números nos dizem
    sobre diversas populações.
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    Desde a distribuição assimétrica
    das pegadas de animais cooperativos,
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    até à percentagem
    um pouco maior de canhotos
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    em sociedades de
    caçadores-recoletores competitivos,
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    descobrimos que as respostas a alguns
    enigmas da primitiva evolução humana
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    já se encontram nas nossas mãos.
Title:
Porque é que há pessoas canhotas? — Daniel M. Abrams
Speaker:
Daniel M. Abrams
Description:

Ver a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/why-are-some-people-left-handed-daniel-m-abrams

Atualmente, há em todo o mundo cerca 10% de pessoas canhotas. Porque é que há uma proporção tão pequena de pessoas canhotas — e, para começar, porque é que existe esta característica? Daniel M. Abrams investiga como a proporção desigual de canhotos e destros nos permite descobrir um equilíbrio entre pressões competitivas e cooperativas na evolução humana.

Lição de Daniel M. Abrams, animação de TED-Ed.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
05:07

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