A política arriscada do progresso
-
0:01 - 0:04A sabedoria convencional
sobre o nosso mundo atual -
0:04 - 0:07é a de que este é um período
de declínio terrível. -
0:08 - 0:12E isso não é surpreendente,
dadas as más notícias ao nosso redor: -
0:12 - 0:14do ISIS à desigualdade,
-
0:14 - 0:16a disfunção política,
as alterações climáticas, -
0:16 - 0:18o Brexit, e assim por diante.
-
0:20 - 0:23Mas é o seguinte,
e isso pode soar um pouco estranho: -
0:24 - 0:26na verdade, eu não caio
nessa narrativa sombria, -
0:27 - 0:29e nem acho que vocês deveriam.
-
0:29 - 0:31Não é que eu não veja os problemas.
-
0:31 - 0:34Leio as mesmas manchetes que vocês.
-
0:34 - 0:38O que eu contesto é a conclusão
que tantas pessoas tiram delas, -
0:38 - 0:40ou seja, que estamos todos ferrados
-
0:40 - 0:43porque os problemas são insolúveis
-
0:43 - 0:45e os nossos governos são inúteis.
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0:45 - 0:47E por que digo isso?
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0:47 - 0:50Não é como se eu fosse
otimista por natureza, -
0:50 - 0:54mas alguma coisa sobre o favoritismo
constante da desgraça na mídia, -
0:54 - 0:58com a sua obsessão nos problemas
e não nas respostas, -
0:58 - 1:00sempre me incomodaram.
-
1:00 - 1:02Então, há alguns anos decidi,
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1:02 - 1:04bem, eu sou jornalista,
-
1:04 - 1:06que eu deveria ver se posso fazer melhor
-
1:06 - 1:10indo ao redor do mundo
e perguntando às pessoas -
1:10 - 1:11se e como tinham abordado
-
1:11 - 1:14seus grandes desafios
econômicos e políticos. -
1:15 - 1:17E o que encontrei me surpreendeu.
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1:17 - 1:21Acontece que existem notáveis
sinais de progresso no mundo, -
1:22 - 1:25muitas vezes nos lugares mais inesperados,
-
1:25 - 1:28e eles me convenceram
de que nossos grandes desafios globais -
1:28 - 1:31podem não ser tão insolúveis na verdade.
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1:31 - 1:34Não existem apenas correções teóricas;
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1:34 - 1:36essas correções foram tentadas.
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1:36 - 1:38Elas funcionaram,
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1:38 - 1:40e oferecem esperança para todos nós.
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1:40 - 1:42Vou mostrar a vocês o que quero dizer
-
1:42 - 1:44falando sobre como
três dos países que visitei, -
1:44 - 1:47o Canadá, a Indonésia e o México,
-
1:47 - 1:50superaram três problemas
supostamente impossíveis. -
1:51 - 1:55Estas histórias são importantes
por terem ferramentas que podemos usar, -
1:55 - 1:58e não apenas para aqueles
problemas particulares, -
1:58 - 2:00mas para muitos outros, também.
-
2:01 - 2:05Quando as pessoas pensam
sobre a minha terra natal, o Canadá, hoje, -
2:05 - 2:07se é que pensam nele,
-
2:07 - 2:11pensam em como é frio, chato, educado.
-
2:11 - 2:14Elas acham que nos desculpamos demais
em nossos sotaques engraçados. -
2:15 - 2:16E tudo isso é verdade.
-
2:16 - 2:18(Risos)
-
2:18 - 2:19Desculpem.
-
2:19 - 2:20(Risos)
-
2:20 - 2:23Mas o Canadá também é importante
-
2:23 - 2:25por causa de seu triunfo sobre um problema
-
2:25 - 2:28que atualmente divide
muitos outros países: -
2:28 - 2:29imigração.
-
2:29 - 2:33Considerem, o Canadá hoje está entre
as nações mais acolhedoras do mundo, -
2:34 - 2:37mesmo se comparado a outros países
amigáveis à imigração. -
2:37 - 2:42A sua taxa de imigração per capita
é quatro vezes maior do que a da França, -
2:42 - 2:44e sua porcentagem
de residentes nascidos no exterior -
2:44 - 2:46é o dobro da Suécia.
-
2:46 - 2:48Enquanto isso, o Canadá admitiu
-
2:48 - 2:51dez vezes mais refugiados sírios
no ano passado -
2:51 - 2:53do que os Estados Unidos.
-
2:53 - 2:56(Aplausos)
-
3:00 - 3:03E agora o Canadá
está recebendo ainda mais. -
3:03 - 3:05No entanto, se perguntarem aos canadenses
-
3:05 - 3:07o que os deixa
mais orgulhosos de seu país, -
3:07 - 3:12eles classificam o "multiculturalismo",
um palavrão na maioria dos lugares, -
3:12 - 3:13em segundo lugar,
-
3:13 - 3:15à frente do hóquei.
-
3:16 - 3:17Hóquei.
-
3:17 - 3:19(Risos)
-
3:20 - 3:22Em outras palavras,
num momento em que outros países -
3:22 - 3:26estão freneticamente construindo novas
barreiras para manter estrangeiros fora, -
3:26 - 3:29canadenses os querem ainda mais.
-
3:29 - 3:32Agora, aqui está a parte
realmente interessante. -
3:32 - 3:34O Canadá nem sempre foi assim.
-
3:34 - 3:36Até meados dos anos 60,
-
3:36 - 3:40o Canadá seguia uma política
de imigração explicitamente racista. -
3:40 - 3:43Ela era chamada de "Canadá Branco",
-
3:43 - 3:46e como podem ver,
não se referiam apenas à neve. -
3:47 - 3:52Então, como aquele Canadá
se tornou o país que é hoje? -
3:53 - 3:56Apesar do que a minha mãe
em Ontário dirá a vocês, -
3:56 - 3:58a resposta não tinha
nada a ver com virtude. -
3:58 - 4:01Os canadenses não são inerentemente
melhor do que ninguém. -
4:01 - 4:06A verdadeira explicação envolve o homem
que se tornou o líder do Canadá em 1968, -
4:06 - 4:09Pierre Trudeau, que também é
o pai do atual primeiro-ministro. -
4:09 - 4:12(Aplausos)
-
4:13 - 4:15A primeira coisa a saber
sobre o primeiro Trudeau -
4:15 - 4:18é que ele era muito diferente
dos líderes anteriores do Canadá. -
4:18 - 4:22Ele era um franco-canadense num país
há muito dominado por sua elite inglesa. -
4:22 - 4:24Ele era um intelectual.
-
4:24 - 4:27Ele era até mesmo meio "descolado".
-
4:27 - 4:29Quero dizer, é sério, o cara fazia ioga.
-
4:29 - 4:31Ele saia com os Beatles.
-
4:31 - 4:32(Risos)
-
4:32 - 4:36E como todo descolado,
ele podia ser irritante às vezes. -
4:37 - 4:39Mas, mesmo assim, ele conseguiu
-
4:39 - 4:44uma das transformações mais progressivas
que qualquer país já viu. -
4:44 - 4:47A fórmula dele, eu soube,
envolveu duas partes. -
4:47 - 4:51Primeiro, o Canadá se livrou de suas
regras de imigração baseadas em raça, -
4:51 - 4:53e as substituiu com novas leis
desconsiderando a cor -
4:53 - 4:59que, ao contrário, enfatizavam educação,
experiência e competências linguísticas. -
4:59 - 5:01E isso fez aumentar muito as chances
-
5:01 - 5:04de recém-chegados
contribuírem com a economia. -
5:05 - 5:08Depois, na parte dois, Trudeau
criou a primeira política no mundo -
5:08 - 5:12de multiculturalismo oficial
para promover a integração -
5:12 - 5:17e a ideia de que a diversidade
era a chave para a identidade do Canadá. -
5:18 - 5:21Nos anos que se seguiram, Ottawa
continuou impulsionando essa mensagem, -
5:21 - 5:24mas, ao mesmo tempo, cidadãos canadenses
-
5:24 - 5:30começaram a ver os benefícios materiais
do multiculturalismo, ao redor deles. -
5:30 - 5:32E essas duas influências logo se uniram
-
5:32 - 5:36para criar o Canadá apaixonadamente
"cabeça aberta" de hoje. -
5:38 - 5:41Vamos agora nos voltar para outro país
e um problema ainda mais difícil: -
5:41 - 5:43o extremismo islâmico.
-
5:43 - 5:47Em 1998, o povo da Indonésia
ocupou as ruas -
5:47 - 5:50e derrubou seu ditador
de longa data, Suharto. -
5:50 - 5:53Foi um momento incrível,
-
5:53 - 5:54mas também assustador.
-
5:54 - 5:56Com 250 milhões de pessoas,
-
5:56 - 6:00a Indonésia é o maior país
de maioria muçulmana na Terra. -
6:00 - 6:03Também é quente, enorme e incontrolável,
-
6:03 - 6:06composto de 17 mil ilhas,
-
6:06 - 6:08nas quais as pessoas falam
perto de mil idiomas. -
6:09 - 6:11Suharto tinha sido ditador,
-
6:11 - 6:13e bem sórdido.
-
6:13 - 6:16Mas ele também tinha sido
um tirano bastante eficaz, -
6:16 - 6:19e sempre teve o cuidado
de manter a religião fora da política. -
6:19 - 6:23Os especialistas temiam que,
sem o controle dele sobre as coisas, -
6:23 - 6:25o país iria explodir,
-
6:25 - 6:27ou extremistas religiosos assumiriam
-
6:27 - 6:30e transformariam a Indonésia
numa versão tropical do Irã. -
6:32 - 6:34E isso é o que parecia
acontecer a princípio. -
6:34 - 6:37Nas primeiras eleições livres
do país em 1999, -
6:37 - 6:41partidos islâmicos
conseguiram 36% dos votos, -
6:41 - 6:43e as ilhas pegaram fogo,
-
6:43 - 6:46enquanto motins e ataques terroristas
mataram milhares de pessoas. -
6:47 - 6:51Desde então, no entanto, a Indonésia
tomou um rumo surpreendente. -
6:52 - 6:55Enquanto pessoas comuns têm se tornado
mais devotas num nível pessoal, -
6:55 - 6:58vi mais delas com lenço na cabeça
numa recente visita -
6:58 - 7:00do que teria visto há uma década,
-
7:00 - 7:03a política do país
se moveu na direção oposta. -
7:04 - 7:07A Indonésia é agora
uma democracia bem decente. -
7:08 - 7:11E ainda, seus partidos islâmicos
têm perdido apoio, -
7:11 - 7:15de uma alta de cerca de 38% em 2004
-
7:15 - 7:18para 25% em 2014.
-
7:19 - 7:22Quanto ao terrorismo,
agora ele é extremamente raro. -
7:22 - 7:25E enquanto alguns indonésios
aderiram recentemente ao ISIS, -
7:25 - 7:27esse número é bem pequeno,
-
7:28 - 7:31muito menor em termos per capita
-
7:31 - 7:33do que o número de belgas.
-
7:34 - 7:37Tente pensar num outro
país de maioria muçulmana -
7:37 - 7:39do qual podemos dizer
todas essas mesmas coisas. -
7:39 - 7:42Em 2014, estive na Indonésia
e perguntei ao seu atual presidente, -
7:42 - 7:46um tecnocrata de fala mansa
chamado Joko Widodo: -
7:46 - 7:51"Por que a Indonésia prospera quando
tantos outros estados muçulmanos morrem?" -
7:51 - 7:53"Bem, o que nós percebemos", ele me disse,
-
7:53 - 7:58"é que, para lidar com o extremismo, antes
era preciso lidar com a desigualdade". -
7:58 - 8:02Partidos religiosos da Indonésia,
como partidos similares em outros lugares, -
8:02 - 8:06tendiam a se concentrar em coisas como
reduzir a pobreza e eliminar a corrupção. -
8:06 - 8:09E foi isso que Joko
e seus antecessores fizeram também, -
8:09 - 8:12roubando assim a força dos islamitas.
-
8:12 - 8:14Eles também reprimiram
duramente o terrorismo, -
8:14 - 8:17mas os democratas da Indonésia
tinham aprendido uma lição chave -
8:17 - 8:19durante os anos sombrios da ditadura,
-
8:19 - 8:23ou seja, que a repressão
só cria mais extremismo. -
8:24 - 8:28Então, eles travaram sua guerra
com extraordinária delicadeza. -
8:28 - 8:30Eles usaram a polícia em vez do exército.
-
8:30 - 8:33Eles só detinham suspeitos
se tivessem provas suficientes. -
8:33 - 8:35Fizeram julgamentos públicos.
-
8:35 - 8:37Eles até mesmo enviaram
imãs liberais para as prisões -
8:37 - 8:41para persuadir os jihadistas
de que o terror é anti-islâmico. -
8:41 - 8:44E tudo isso valeu a pena
de forma espetacular, -
8:44 - 8:48criando o tipo de país que seria
inimaginável 20 anos atrás. -
8:49 - 8:52Portanto, neste ponto,
meu otimismo deveria, espero, -
8:52 - 8:54estar começando a fazer
um pouco mais de sentido. -
8:54 - 8:58Nem a imigração nem o extremismo islâmico
são impossíveis de tratar. -
8:58 - 9:01Juntem-se a mim agora numa última viagem,
-
9:01 - 9:03desta vez para o México.
-
9:03 - 9:06Das nossas três histórias,
esta provavelmente mais me surpreendeu, -
9:06 - 9:08pois como todos sabemos,
-
9:08 - 9:11o país ainda vem lutando
com muitos problemas. -
9:11 - 9:13E, no entanto, há alguns anos,
o México fez algo -
9:13 - 9:19que muitos outros países,
da França à Índia aos Estados Unidos -
9:19 - 9:21ainda podem apenas sonhar.
-
9:21 - 9:25O país estraçalhou a paralisia política
à qual estava agarrado por anos. -
9:25 - 9:28Para entender como,
precisamos retroceder ao ano 2000, -
9:28 - 9:31quando o México tornou-se,
finalmente, uma democracia. -
9:31 - 9:35Ao invés de usar suas novas liberdades
para lutar por reforma, -
9:35 - 9:38os políticos do México as usaram
para lutar uma contra a outra. -
9:38 - 9:41Impasse no Congresso
e os problemas do país: -
9:41 - 9:44drogas, pobreza, crime, corrupção,
-
9:44 - 9:46ficaram fora de controle.
-
9:46 - 9:49As coisas ficaram tão ruins que, em 2008,
-
9:49 - 9:52o Pentágono advertiu que o México
poderia entrar em colapso. -
9:53 - 9:57Então, em 2012, esse cara
chamado Enrique Peña Nieto -
9:57 - 10:00de alguma forma foi eleito presidente.
-
10:00 - 10:04Agora, este Peña inspirava
pouquíssima confiança a princípio. -
10:05 - 10:07Claro, ele era bonitão,
-
10:07 - 10:11mas ele veio do antigo partido corrupto
no poder do México, o PRI, -
10:11 - 10:14e ele era um mulherengo notório.
-
10:15 - 10:18Na verdade, ele era um garoto tão bonito,
-
10:18 - 10:20que as mulheres o chamavam
de "bombom", docinho, -
10:20 - 10:22em comícios de campanha.
-
10:22 - 10:23(Risos)
-
10:23 - 10:27No entanto, esse mesmo bombom
logo surpreendeu a todos -
10:27 - 10:28conquistando uma trégua
-
10:28 - 10:31entre os três partidos políticos
beligerantes do país. -
10:31 - 10:34E ao longo dos próximos 18 meses,
eles juntos passaram -
10:34 - 10:37um conjunto de reformas
incrivelmente abrangente. -
10:37 - 10:40Eles abriram os monopólios
sufocantes do México. -
10:40 - 10:43Liberalizaram seu setor
energético enferrujado. -
10:43 - 10:46Eles reestruturaram suas escolas
deficientes, e muito mais. -
10:46 - 10:49Para apreciar a escala dessa proeza,
-
10:49 - 10:53tentem imaginar o Congresso dos EUA
passando a reforma da imigração, -
10:53 - 10:56a reforma do financiamento de campanha
e a reforma do sistema bancário. -
10:56 - 10:59Agora, tentem imaginar o Congresso
fazendo tudo ao mesmo tempo. -
11:00 - 11:02Isso é o que foi feito no México.
-
11:02 - 11:06Há pouco tempo encontrei-me com Peña
e perguntei como ele conseguiu tudo isso. -
11:06 - 11:09O presidente deu o seu famoso
sorriso com uma piscadinha -
11:09 - 11:11(Risos)
-
11:13 - 11:17e me disse que a resposta breve
era compromisso. -
11:17 - 11:19Claro que eu quis mais detalhes,
-
11:19 - 11:22e a resposta longa foi, essencialmente:
-
11:22 - 11:25"Compromisso, compromisso
e mais compromisso". -
11:25 - 11:28Peña sabia que precisava
construir a confiança no início, -
11:28 - 11:32então começou a dialogar com a oposição
poucos dias depois de sua eleição. -
11:32 - 11:34Para afastar a pressão
de interesses especiais, -
11:34 - 11:37ele manteve suas reuniões
pequenas e secretas, -
11:37 - 11:41e muitos dos participantes mais tarde
me disseram que foi essa intimidade, -
11:41 - 11:46acrescida de muita tequila compartilhada,
que ajudou a construir a confiança. -
11:46 - 11:49Assim como o fato de que todas
as decisões tinham de ser unânimes, -
11:49 - 11:53e que Peña até concordou em passar
prioridades dos outros partidos -
11:53 - 11:55antes de suas próprias.
-
11:55 - 11:58Como Santiago Creel,
um senador da oposição, me disse: -
11:58 - 12:03"Não estou dizendo que sou especial
ou que qualquer um seja especial, -
12:03 - 12:06mas esse grupo, aquele era especial".
-
12:06 - 12:07A prova?
-
12:07 - 12:11Quando Peña foi empossado,
o pacto se manteve, -
12:11 - 12:14e o México avançou
pela primeira vez em anos. -
12:16 - 12:17Bueno.
-
12:17 - 12:19Portanto, agora vimos
como esses três países -
12:19 - 12:22venceram três de seus grandes desafios.
-
12:22 - 12:24E isso é muito bom para eles, certo?
-
12:24 - 12:27Mas o que há de bom para nós nisso?
-
12:27 - 12:31Bem, no decurso do estudo dessas
e de muitas outras histórias de sucesso, -
12:31 - 12:35como a forma como Ruanda se reergueu
novamente depois da guerra civil, -
12:35 - 12:38ou o Brasil reduziu a desigualdade,
-
12:38 - 12:41ou a Coreia do Sul manteve a sua economia
crescendo mais rápido e por mais tempo -
12:41 - 12:43do que qualquer outro país do planeta,
-
12:43 - 12:46tenho notado algumas linhas comuns.
-
12:46 - 12:49Agora, antes de descrevê-las,
preciso adicionar uma ressalva. -
12:49 - 12:51Eu percebo, é claro,
que todos os países são únicos. -
12:51 - 12:54Então não podemos simplesmente
pegar o que funcionou em um, -
12:54 - 12:57e transportar isso para outro
e esperar que funcione lá também. -
12:57 - 13:00Nem soluções específicas
funcionam para sempre. -
13:00 - 13:03É preciso adaptá-las
conforme as circunstâncias mudam. -
13:03 - 13:06Dito isso, despindo essas histórias
às suas essências, -
13:06 - 13:11podemos absolutamente refinar ferramentas
comuns para solução de problemas -
13:11 - 13:14que irão funcionar em outros países,
-
13:14 - 13:16em salas de reuniões,
-
13:16 - 13:18e em outros contextos, também.
-
13:19 - 13:22Número um, aceitem o extremo.
-
13:22 - 13:24Em todas as histórias que observamos,
-
13:24 - 13:27a salvação veio num momento
de perigo existencial. -
13:28 - 13:30E isso não foi coincidência.
-
13:30 - 13:35Como no Canadá: quando Trudeau assumiu
o cargo, enfrentou dois perigos iminentes. -
13:35 - 13:39Primeiro, embora seu vasto e subpovoado
país precisasse de muitos mais habitantes, -
13:39 - 13:41sua fonte preferida
de trabalhadores brancos, -
13:41 - 13:44a Europa, tinha acabado
de parar de exportá-los -
13:44 - 13:46tendo, finalmente,
se recuperado da Segunda Guerra. -
13:46 - 13:49O outro problema foi
que a longa guerra fria do Canadá, -
13:49 - 13:51entre as suas comunidades
francesa e inglesa, -
13:51 - 13:53tinha acabado de ficar acirrada.
-
13:53 - 13:55Quebec ameaçava se separar,
-
13:55 - 13:59e os canadenses estavam, na verdade,
matando outros canadenses pela política. -
13:59 - 14:03Agora, os países enfrentam
crises o tempo todo, certo? -
14:03 - 14:05Não há nada de especial nisso.
-
14:05 - 14:09Mas a grande sacada de Trudeau
foi perceber que a crise do Canadá -
14:09 - 14:13tinha varrido todos os obstáculos
que normalmente bloqueiam a reforma. -
14:13 - 14:16O Canadá teve que se abrir.
Ele não tinha escolha. -
14:17 - 14:19E tinha que repensar a sua identidade.
-
14:19 - 14:21Mais uma vez, ele não tinha escolha.
-
14:21 - 14:24E isso deu a Trudeau
a oportunidade de uma geração -
14:24 - 14:27de quebrar regras antigas
e escrever novas. -
14:27 - 14:32Como todos nossos outros heróis, ele foi
inteligente o bastante para aproveitá-la. -
14:32 - 14:36Número dois, existe poder
no pensamento promíscuo. -
14:36 - 14:39Outra semelhança notável
entre os bons solucionadores de problemas -
14:39 - 14:41é que todos eles são pragmáticos.
-
14:41 - 14:45Eles vão roubar as melhores respostas
onde quer que as encontrem, -
14:45 - 14:46e não deixam que detalhes
-
14:46 - 14:51como partido ou ideologia
ou sentimentalismo os atrapalhem. -
14:51 - 14:55Como mencionei antes, democratas
da Indonésia foram inteligentes o bastante -
14:55 - 14:59para roubar muitas das melhores promessas
de campanhas islamitas para si próprios. -
14:59 - 15:03Eles até mesmo convidaram alguns
dos radicais para seu governo de coalizão. -
15:03 - 15:07Isso horrorizou muitos
dos indonésios seculares. -
15:08 - 15:13Mas, ao forçar os radicais
a realmente ajudar a governar, -
15:13 - 15:17isso rapidamente expôs o fato de que eles
não eram nada bons para o trabalho, -
15:17 - 15:20o que acabou envolvendo-os
em todos os acordos sujos -
15:20 - 15:23e humilhações mesquinhas
que fazem parte da política cotidiana. -
15:23 - 15:27E isso feriu tanto a imagem deles
que eles nunca mais se recuperam. -
15:27 - 15:29Número três,
-
15:29 - 15:32agrade todas as pessoas de vez em quando.
-
15:32 - 15:37Mencionei como crises podem conceder
liberdades extraordinárias aos líderes, -
15:37 - 15:41e é verdade, mas a solução de problemas
por vezes requer mais do que só ousadia. -
15:41 - 15:44É preciso mostrar moderação, também,
-
15:44 - 15:47justamente quando essa é
a última coisa que você quer fazer. -
15:47 - 15:49Como Trudeau: quando ele assumiu o cargo,
-
15:49 - 15:51poderia facilmente ter colocado
seu núcleo eleitoral, -
15:51 - 15:54ou seja, a comunidade francesa
do Canadá, em primeiro lugar. -
15:54 - 15:58Ele poderia ter agradado
algumas das pessoas o tempo todo. -
15:58 - 16:01E Peña poderia ter usado seu poder
para continuar atacando a oposição, -
16:01 - 16:03como era a tradição no México.
-
16:03 - 16:06No entanto, em vez disso,
ele escolheu abarcar seus inimigos, -
16:06 - 16:09enquanto forçou seu próprio partido
a fazer concessões. -
16:09 - 16:13E Trudeau estimulou todos
a pensarem em termos tribais -
16:13 - 16:18e a ver o multiculturalismo,
não a língua nem a cor da pele, -
16:18 - 16:21como o que os tornou
essencialmente canadenses. -
16:21 - 16:23Ninguém conseguiu tudo o que queria,
-
16:23 - 16:27mas todo mundo conseguiu o suficiente
que a boa solução oferecia. -
16:29 - 16:31Neste ponto podem estar pensando:
-
16:31 - 16:35"Tudo bem, Tepperman, se as soluções
existem mesmo lá fora como você insiste, -
16:35 - 16:38então por que mais países
não as estão usando?" -
16:38 - 16:42Não é como se elas exigissem
poderes especiais para serem obtidas. -
16:42 - 16:45Quero dizer, nenhum dos líderes
dos quais falamos são super-heróis. -
16:45 - 16:49Eles não realizaram nada por conta própria
e todos tinham muitas falhas. -
16:49 - 16:52Considerem o primeiro presidente
democrático da Indonésia, -
16:52 - 16:53Abdurrahman Wahid.
-
16:53 - 16:57Esse homem era tão
absurdamente nada carismático -
16:57 - 17:01que uma vez ele caiu no sono
no meio do seu próprio discurso. -
17:01 - 17:02(Risos)
-
17:02 - 17:04História verdadeira.
-
17:08 - 17:12Então, isso nos diz que o verdadeiro
obstáculo não é capacidade, -
17:12 - 17:13e não são circunstâncias.
-
17:13 - 17:16É algo muito mais simples.
-
17:16 - 17:20Fazer grandes mudanças
envolve assumir grandes riscos, -
17:20 - 17:22e isso é assustador.
-
17:22 - 17:26Superar esse medo requer coragem,
-
17:26 - 17:27e, como todos sabem,
-
17:27 - 17:30políticos corajosos
são dolorosamente raros. -
17:31 - 17:33Mas isso não significa que nós, eleitores,
-
17:33 - 17:36não possamos exigir coragem
dos nossos líderes políticos. -
17:36 - 17:39É por isso que os colocamos
no poder, antes de mais nada. -
17:39 - 17:44E, dada a situação atual do mundo,
não há realmente nenhuma outra opção. -
17:44 - 17:47As respostas estão lá fora,
-
17:47 - 17:49mas agora cabe a nós
-
17:49 - 17:52eleger mais mulheres e homens
-
17:52 - 17:54corajosos o suficiente para encontrá-las,
-
17:54 - 17:55roubá-las,
-
17:55 - 17:57e fazê-las funcionar.
-
17:57 - 17:58Obrigado.
-
17:58 - 18:01(Aplausos)
- Title:
- A política arriscada do progresso
- Speaker:
- Jonathan Tepperman
- Description:
-
Problemas globais como o terrorismo, a desigualdade e a disfunção política não são fáceis de resolver, mas isso não significa que devemos deixar de tentar. Na verdade, sugere o jornalista Jonathan Tepperman, poderíamos até querer pensar em assumir mais riscos. Ele viajou pelo mundo para perguntar aos líderes mundiais como eles estão abordando problemas difíceis e desenterrou histórias surpreendentemente esperançosas que ele refinou em três ferramentas para resolução de problemas.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:16
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