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O que significa ser um cidadão do mundo?

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    Quero apresentar-vos
    uma mulher incrível.
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    O seu nome é Davinia.
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    A Davinia nasceu na Jamaica,
    emigrou para os EUA aos 18 anos,
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    e agora vive mesmo às portas
    de Washington, DC.
  • 0:14 - 0:17
    Não é uma colaboradora política
    de alto nível,
  • 0:17 - 0:18
    nem uma lobista.
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    Ela provavelmente dir-vos-ia
    que passa despercebida,
  • 0:22 - 0:24
    mas está a ter um impacto notável.
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    O que é incrível acerca dela
  • 0:26 - 0:29
    é que todas as semanas
    está disposta a passar tempo
  • 0:29 - 0:31
    focada em pessoas que não são ela,
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    pessoas que não ela na sua vizinhança,
    no seu estado, nem mesmo no seu país,
  • 0:36 - 0:38
    pessoas que provavelmente
    nunca conhecerá.
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    O impacto de Davinia
    começou há uns anos
  • 0:40 - 0:43
    quando contactou
    todos os seus amigos no Facebook,
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    e lhes pediu que doassem os seus cêntimos
  • 0:45 - 0:47
    para ela poder financiar
    a educação de raparigas.
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    Ela não estava à espera
    de uma grande resposta,
  • 0:50 - 0:53
    mas 700 mil cêntimos mais tarde,
  • 0:53 - 0:56
    conseguiu mandar para a escola
    mais de 120 meninas.
  • 0:56 - 0:58
    Falámos a semana passada
  • 0:58 - 1:01
    e ela disse-me que ficou
    com má fama no banco local
  • 1:01 - 1:05
    sempre que chegava com um carrinho
    de compras cheio de cêntimos.
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    Mas Davinia não está sozinha.
  • 1:08 - 1:10
    Pelo contrário.
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    Ela é parte integrante
    de um movimento crescente.
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    E há um nome para pessoas como ela,
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    "cidadãos do mundo".
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    Um cidadão do mundo é alguém
    que se identifica em primeiro lugar,
  • 1:21 - 1:25
    não como um membro de um estado,
    de uma tribo ou nação,
  • 1:25 - 1:27
    mas como membro da raça humana
  • 1:27 - 1:32
    e alguém que está preparado
    para agir segundo essa crença,
  • 1:32 - 1:35
    para lidar com os maiores desafios
    do nosso mundo.
  • 1:35 - 1:38
    O nosso trabalho foca-se em encontrar,
  • 1:38 - 1:41
    apoiar e estimular
    cidadãos do mundo.
  • 1:41 - 1:45
    Existem em todos os países
    e entre todas as populações.
  • 1:45 - 1:47
    Quero defender aqui hoje
  • 1:47 - 1:50
    que o futuro do planeta
    depende dos cidadãos do mundo.
  • 1:50 - 1:54
    Estou convencido de que, se tivéssemos
    mais cidadãos do mundo ativos,
  • 1:54 - 1:57
    cada um dos grandes desafios
    que enfrentamos,
  • 1:57 - 2:01
    desde a pobreza, alteração climática,
    desigualdade de sexo,
  • 2:01 - 2:03
    estes desafios teriam solução.
  • 2:03 - 2:05
    Eles são, em última análise
    problemas globais,
  • 2:05 - 2:08
    e podem apenas ser resolvidos
  • 2:08 - 2:12
    por cidadãos do mundo que exijam
    soluções globais dos seus líderes.
  • 2:13 - 2:15
    A reação imediata
    de algumas pessoas a esta ideia
  • 2:15 - 2:19
    é que ela ou é um pouco utópica
    ou mesmo ameaçadora.
  • 2:20 - 2:23
    Gostaria de partilhar convosco
    um pouco da minha história,
  • 2:23 - 2:24
    como cheguei até aqui,
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    como se relaciona com a Davinia
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    e convosco, espero eu.
  • 2:28 - 2:30
    Cresci em Melbourne, na Austrália,
  • 2:30 - 2:33
    e era um daqueles miúdos
    realmente irritantes
  • 2:33 - 2:36
    que nunca parava de perguntar
    "Porquê?"
  • 2:36 - 2:37
    Provavelmente também foram assim.
  • 2:37 - 2:41
    Costumava perguntar à minha mãe
    as coisas mais irritantes.
  • 2:41 - 2:44
    Perguntava-lhe:
    "Mãe, porque não posso mascarar-me
  • 2:44 - 2:46
    "e brincar com fantoches o dia todo?"
  • 2:46 - 2:48
    "Porque queres batatas fritas com isso?"
  • 2:48 - 2:49
    "O que é um camarão,
  • 2:49 - 2:52
    "e porque temos que continuar
    a atirá-los para a grelha?"
  • 2:52 - 2:53
    (Risos)
  • 2:53 - 2:56
    "E mãe, este corte de cabelo?
    Porquê?"
  • 2:56 - 2:58
    (Risos)
  • 2:58 - 3:00
    O pior corte de cabelo.
  • 3:01 - 3:03
    Ainda está terrível.
  • 3:03 - 3:05
    Enquanto miúdo dos "porquês"
    achava que podia mudar o mundo
  • 3:05 - 3:08
    e era impossível
    convencerem-me do contrário.
  • 3:08 - 3:11
    Quando tinha 12 anos
    e no meu primeiro ano de liceu,
  • 3:11 - 3:14
    comecei a angariar dinheiro
    para os países em desenvolvimento.
  • 3:14 - 3:16
    Éramos um grupo de miúdos
    muito entusiasmados
  • 3:16 - 3:19
    e angariámos mais dinheiro
    do que qualquer outra escola na Austrália.
  • 3:19 - 3:23
    Por isso, foi-me dada a oportunidade
    de ir às Filipinas aprender mais.
  • 3:23 - 3:25
    Estávamos em 1998.
  • 3:25 - 3:29
    Fomos levados para uma favela
    nos arredores de Manila.
  • 3:29 - 3:32
    Foi lá que me tornei amigo
    de Sonny Boy,
  • 3:32 - 3:36
    que vivia no que era literalmente
    uma pilha de lixo fumegante.
  • 3:37 - 3:39
    Chamavam-lhe
    a "Montanha Fumegante"
  • 3:39 - 3:41
    Não deixem que o romantismo
    do nome vos engane,
  • 3:41 - 3:43
    porque não era mais
    do que uma lixeira rançosa
  • 3:43 - 3:48
    onde crianças como o Sonny Boy
    passavam os dias a vasculhar
  • 3:48 - 3:51
    para ver se encontravam alguma coisa,
    qualquer coisa de valor.
  • 3:51 - 3:55
    Aquela noite com Sonny Boy e a família
    mudou a minha vida para sempre
  • 3:55 - 3:57
    porque, quando chegou a hora
    de ir dormir,
  • 3:57 - 4:00
    deitámo-nos numa placa de cimento
    que era metade do meu quarto,
  • 4:00 - 4:03
    eu, o Sonny Boy
    e o resto da sua família,
  • 4:03 - 4:07
    os sete em fila,
    com o cheiro do lixo à nossa volta
  • 4:07 - 4:10
    e baratas a rastejar por todo o lado.
  • 4:10 - 4:13
    Não consegui pregar olho,
    fiquei acordado a pensar para mim:
  • 4:13 - 4:17
    "Porque deveria alguém ter que viver assim
    quando eu tenho tanto?
  • 4:17 - 4:20
    Porque é que a capacidade
    de Sonny Boy viver os seus sonhos
  • 4:20 - 4:22
    deve ser determinada
    pelo lugar onde nasceu,
  • 4:22 - 4:25
    ou o que Warren Buffet chamou
    "a lotaria do ovário?"
  • 4:25 - 4:29
    Não entendia
    e precisava perceber porquê.
  • 4:30 - 4:32
    Só mais tarde vim a compreender
  • 4:32 - 4:34
    que a pobreza
    que tinha visto nas Filipinas
  • 4:34 - 4:39
    era o resultado de decisões tomadas
    ou não tomadas pelo homem
  • 4:39 - 4:42
    por uma sucessão de potências coloniais
    e governos corruptos
  • 4:42 - 4:45
    que pensavam em tudo
    menos nos interesses do Sonny Boy.
  • 4:45 - 4:49
    Certo, não criaram a Montanha Fumegante,
    mas bem o podiam ter feito.
  • 4:49 - 4:52
    Se quisermos ajudar crianças
    como o Sonny Boy,
  • 4:52 - 4:55
    não chega tentar enviar-lhes
    alguns dólares
  • 4:55 - 4:58
    ou tentar limpar a lixeira
    em que ele vivia,
  • 4:58 - 5:00
    porque a raiz do problema
    está noutro sítio.
  • 5:00 - 5:04
    Trabalhei em projetos de desenvolvimento
    comunitário nos anos seguintes
  • 5:04 - 5:06
    a tentar ajudar a construir escolas,
  • 5:06 - 5:09
    formar professores
    e combater o VIH e a SIDA,
  • 5:09 - 5:11
    apercebi-me
    que o desenvolvimento comunitário
  • 5:11 - 5:14
    deveria ser conduzido
    pelas próprias comunidades,
  • 5:14 - 5:18
    e que apesar de a caridade ser necessária,
    não é suficiente.
  • 5:18 - 5:20
    Precisamos confrontar estes desafios
  • 5:20 - 5:22
    a uma escala global
    e de uma forma sistemática.
  • 5:22 - 5:24
    E o melhor que pude fazer
  • 5:24 - 5:27
    foi tentar mobilizar
    um grande grupo de cidadãos
  • 5:27 - 5:31
    para insistir que os nossos líderes
    se envolvam nessa mudança sistemática.
  • 5:31 - 5:33
    Foi por isso, que uns anos mais tarde
  • 5:33 - 5:36
    me juntei a um grupo de amigos
    da faculdade
  • 5:36 - 5:39
    para trazer para a Austrália
    a campanha Acabar com a Pobreza.
  • 5:39 - 5:43
    Tínhamos o sonho de organizar
    um pequeno concerto
  • 5:43 - 5:46
    por altura da cimeira do G20
    com artistas australianos locais.
  • 5:46 - 5:48
    E um dia, subitamente,
    houve uma explosão.
  • 5:48 - 5:52
    quando recebemos um telefonema
    de Bono, de Edge e dos Pearl Jam,
  • 5:52 - 5:55
    em que todos concordaram
    ser cabeças de cartaz do concerto.
  • 5:55 - 5:58
    Fiquei um pouco entusiasmado
    nesse dia, como podem ver.
  • 5:58 - 6:00
    (Risos)
  • 6:00 - 6:01
    Mas para nosso espanto,
  • 6:01 - 6:04
    o governo australiano
    ouviu as nossas vozes coletivas,
  • 6:04 - 6:08
    e concordaram em duplicar o investimento
    para a saúde global e desenvolvimento
  • 6:08 - 6:11
    num valor adicional
    de 6200 milhões de dólares.
  • 6:12 - 6:17
    (Aplausos)
  • 6:17 - 6:20
    Foi como um incrível reconhecimento.
  • 6:20 - 6:23
    Ao reunir os cidadãos,
    ajudámos a persuadir o nosso governo
  • 6:23 - 6:24
    a fazer o impensável,
  • 6:24 - 6:28
    a agir e a resolver
    um problema a milhas de distância.
  • 6:29 - 6:30
    Mas sabem que mais?
  • 6:31 - 6:32
    Isto não durou.
  • 6:33 - 6:35
    Houve uma mudança no governo,
  • 6:35 - 6:38
    e seis anos mais tarde,
    todo aquele dinheiro
  • 6:38 - 6:39
    desapareceu.
  • 6:40 - 6:41
    O que aprendemos?
  • 6:42 - 6:45
    Aprendemos que aumentos pontuais
    não são suficientes.
  • 6:45 - 6:48
    Precisávamos de um
    movimento sustentável,
  • 6:48 - 6:52
    que não fosse suscetível
    aos humores de um político
  • 6:52 - 6:54
    ou a uma recessão económica.
  • 6:54 - 6:56
    Era necessário que acontecesse
    em todo o lado
  • 6:56 - 7:00
    de outra forma, cada governo
    teria este mecanismo de desculpa integrado
  • 7:00 - 7:04
    de que não poderiam carregar sozinhos
    o fardo da ação global.
  • 7:05 - 7:08
    E foi nisto que embarcámos.
  • 7:08 - 7:11
    E ao embarcarmos neste desafio,
    perguntámo-nos:
  • 7:11 - 7:15
    Como obtemos pressão suficiente
    e construímos um grande exército
  • 7:15 - 7:17
    para ganhar estas batalhas a longo prazo?
  • 7:17 - 7:19
    Apenas conseguíamos pensar numa forma.
  • 7:20 - 7:23
    Precisávamos transformar
    esta excitação de curto prazo
  • 7:23 - 7:26
    das pessoas envolvidas na campanha
    Acabar com a Pobreza
  • 7:26 - 7:27
    numa paixão a longo prazo.
  • 7:28 - 7:30
    Teria de fazer parte da sua identidade.
  • 7:30 - 7:35
    Em 2012, cofundámos uma organização
    cujo objetivo era mesmo esse.
  • 7:36 - 7:40
    E só havia um nome para ela,
    Cidadão do Mundo.
  • 7:40 - 7:43
    Mas isto não é sobre uma organização.
  • 7:43 - 7:46
    Isto é sobre cidadãos que agem.
  • 7:46 - 7:48
    E os dados de investigação dizem-nos
  • 7:48 - 7:52
    que do total da população
    que se preocupa com problemas globais
  • 7:52 - 7:56
    apenas 18% fizeram algo acerca disso.
  • 7:56 - 7:59
    Não é que as pessoas não queiram agir.
  • 7:59 - 8:01
    Na maioria das vezes, não sabem como agir,
  • 8:01 - 8:04
    ou acham que as suas ações
    não terão nenhum efeito.
  • 8:04 - 8:08
    Tivemos que recrutar e estimular
    milhões de cidadãos
  • 8:08 - 8:09
    em dezenas de países
  • 8:09 - 8:13
    para pressionarem os seus líderes
    a comportarem-se de forma altruísta.
  • 8:13 - 8:16
    Ao fazermos isso
    descobrimos algo emocionante,
  • 8:16 - 8:19
    quando fazemos da cidadania global
    a nossa missão,
  • 8:19 - 8:23
    encontrámos aliados extraordinários.
  • 8:23 - 8:27
    A pobreza extrema não é o único problema
    que é essencialmente mundial.
  • 8:27 - 8:28
    A alteração climática também é,
  • 8:29 - 8:31
    os direitos humanos,
    a igualdade de sexos,
  • 8:31 - 8:33
    até a guerra.
  • 8:33 - 8:35
    Deparámo-nos ombro a ombro
  • 8:35 - 8:39
    com pessoas entusiasmadas em identificar
    todos estes problemas interligados.
  • 8:39 - 8:43
    Mas como recrutamos
    e envolvemos esses cidadãos do mundo?
  • 8:43 - 8:47
    Usámos a linguagem universal,
  • 8:47 - 8:48
    a música.
  • 8:48 - 8:51
    Fizemos o Festival Cidadão do Mundo
  • 8:51 - 8:53
    no coração de Nova Iorque
    em Central Park,
  • 8:53 - 8:57
    e convencemos alguns dos maiores
    artistas mundiais a participar.
  • 8:57 - 9:00
    Certificámo-nos
    de que estes festivais coincidiam
  • 9:00 - 9:02
    com a Assembleia Geral das Nações Unidas,
  • 9:02 - 9:04
    para que os líderes, que tinham
    de ouvir as nossas vozes.
  • 9:04 - 9:06
    não as pudessem ignorar.
  • 9:07 - 9:08
    Mas havia um senão,
  • 9:09 - 9:11
    os bilhetes não se compravam.
  • 9:11 - 9:12
    Era preciso merecê-los.
  • 9:12 - 9:15
    Tinham de agir por uma causa mundial
  • 9:15 - 9:19
    e só depois disso é que ganhavam
    pontos para se qualificarem.
  • 9:19 - 9:21
    O ativismo é a moeda.
  • 9:22 - 9:26
    Não havia interesse nenhum
    em cidadania, apenas por prazer.
  • 9:27 - 9:31
    Para mim, cidadania significa agir,
    e era o que exigíamos.
  • 9:31 - 9:33
    Surpreendentemente, resultou.
  • 9:33 - 9:37
    No ano passado, mais de 155 mil cidadãos
    na área de Nova Iorque
  • 9:38 - 9:39
    ganharam pontos para se qualificarem.
  • 9:39 - 9:44
    Mundialmente, inscrevemos cidadãos
    em mais de 150 países.
  • 9:44 - 9:47
    No ano passado inscrevemos
    mais de 100 mil novos membros
  • 9:47 - 9:49
    todas as semanas do ano.
  • 9:50 - 9:54
    Não precisamos de criar
    cidadãos do mundo a partir do nada.
  • 9:54 - 9:56
    Já os temos por todo o lado.
  • 9:56 - 10:00
    Só precisamos ser organizados
    e motivados para começar a agir.
  • 10:00 - 10:03
    E é aqui que acho que podemos
    aprender muito com a Davinia,
  • 10:03 - 10:07
    que começou a agir
    como cidadã do mundo em 2012.
  • 10:08 - 10:09
    Aqui está o que ela fez.
  • 10:10 - 10:11
    Não foi nada transcendente.
  • 10:12 - 10:16
    Começou por escrever cartas
    e enviar emails para políticos.
  • 10:16 - 10:19
    Fez voluntariado
    na sua comunidade local.
  • 10:19 - 10:22
    Foi quando começou a agir
    nas redes sociais
  • 10:22 - 10:24
    e começou a recolher cêntimos,
  • 10:24 - 10:25
    muitos cêntimos.
  • 10:26 - 10:30
    Pode não parecer muito para vocês.
  • 10:30 - 10:32
    Como é que isso alcançaria algo?
  • 10:33 - 10:36
    Alcançou muito
    porque ela não estava sozinha.
  • 10:36 - 10:41
    As suas ações, juntamente com 142 mil
    outros cidadãos do mundo,
  • 10:41 - 10:43
    levaram o governo americano
    a duplicar o investimento
  • 10:43 - 10:45
    na Parceria Mundial para a Educação.
  • 10:45 - 10:47
    Aqui está o Dr. Raj Shah,
  • 10:47 - 10:49
    diretor do USAID, a fazer esse anúncio.
  • 10:49 - 10:53
    Quando milhares de cidadãos do mundo
    encontram inspiração uns nos outros,
  • 10:53 - 10:56
    é incrível ver o seu poder coletivo.
  • 10:56 - 10:59
    Cidadãos do mundo como a Davinia
    ajudaram a persuadir o Banco Mundial
  • 10:59 - 11:02
    a aumentar o seu investimento
    na água e saneamento.
  • 11:02 - 11:06
    Aqui está o presidente do Banco Jim Kim
    a anunciar 15 mil milhões de dólares
  • 11:06 - 11:07
    no palco Cidadão do Mundo.
  • 11:07 - 11:11
    O primeiro-ministro Modi da Índia
    confirmou o seu empenho
  • 11:11 - 11:16
    em colocar uma casa de banho
    em cada casa e escola na Índia até 2019.
  • 11:16 - 11:21
    Cidadãos do mundo encorajados
    pelo apresentador Stephen Colbert
  • 11:21 - 11:24
    lançaram uma invasão
    no Twitter na Noruega.
  • 11:24 - 11:27
    Erna Solberg, primeira-ministra do país
    recebeu a mensagem,
  • 11:27 - 11:30
    comprometeu-se a dobrar o investimento
    na educação de raparigas.
  • 11:30 - 11:34
    Cidadãos do mundo e rotários apelaram
    aos governos do Canadá, do Reino Unido
  • 11:34 - 11:36
    e da Austrália
  • 11:36 - 11:39
    para aumentarem os investimentos
    na erradicação da pólio.
  • 11:39 - 11:43
    Juntaram-se e comprometeram
    665 milhões de dólares.
  • 11:44 - 11:46
    Mas apesar deste dinamismo,
  • 11:47 - 11:49
    enfrentamos enormes desafios.
  • 11:50 - 11:52
    Devem estar a pensar para vocês,
  • 11:52 - 11:54
    como podemos persuadir
    os líderes mundiais
  • 11:54 - 11:57
    a manterem-se focados
    nos problemas mundiais?
  • 11:57 - 12:03
    De facto, o poderoso político
    americano Tip O'neil disse:
  • 12:03 - 12:05
    "Toda a política é local."
  • 12:06 - 12:09
    É o que leva
    os políticos a serem eleitos:
  • 12:09 - 12:12
    procurar o poder, ganhá-lo
    e agarrar-se a ele,
  • 12:12 - 12:15
    através da busca de interesses locais
    e na melhor das hipóteses, nacionais.
  • 12:16 - 12:20
    Experimentei isto pela primeira vez
    quando tinha 21 anos.
  • 12:21 - 12:22
    Tive uma reunião
  • 12:23 - 12:27
    com o ministro dos Negócios Estrangeiros
    da altura, não vou citar nomes.
  • 12:28 - 12:29
    [Alexander Downer]
  • 12:29 - 12:31
    (Risos)
  • 12:32 - 12:33
    E à porta fechada,
  • 12:33 - 12:35
    partilhei esta paixão,
    acabar com a pobreza extrema.
  • 12:35 - 12:39
    Disse: "Sr. ministro, a Austrália
    tem esta oportunidade única
  • 12:39 - 12:42
    "de ajudar a alcançar os Objetivos
    de Desenvolvimento do Milénio
  • 12:42 - 12:43
    "Nós conseguimos."
  • 12:44 - 12:45
    Fez uma pausa,
  • 12:45 - 12:48
    olhou-me de cima a baixo
    com um olhar frio e arrogante
  • 12:48 - 12:50
    e disse; "Humm,
  • 12:50 - 12:52
    "que se lixe a ajuda externa."
  • 12:53 - 12:54
    Só que ele não usou a palavra "lixar."
  • 12:56 - 12:57
    E continuou.
  • 12:57 - 12:59
    Disse que temos que cuidar
    primeiro do nosso quintal.
  • 13:00 - 13:04
    Acho isto um pensamento
    ultrapassado e até perigoso.
  • 13:04 - 13:07
    Ou como diria o meu falecido avô,
    uma grande treta.
  • 13:08 - 13:11
    O provincianismo oferece
    esta falsa dicotomia
  • 13:11 - 13:14
    porque coloca os pobres de um país
    contra os pobres de outro.
  • 13:15 - 13:18
    Finge que nos podemos isolar
    e isolar as nações umas das outras.
  • 13:19 - 13:23
    O mundo é o nosso quintal e estamos
    a ignorá-lo por nossa conta e risco.
  • 13:23 - 13:25
    Vejam o que aconteceu
    quando ignorámos o Ruanda
  • 13:25 - 13:28
    quando ignoramos a Síria
    e a alteração climática.
  • 13:28 - 13:31
    Os líderes políticos deviam importar-se,
  • 13:31 - 13:33
    o impacto da alteração climática
    e a pobreza extrema
  • 13:33 - 13:35
    vêm bater à nossa porta.
  • 13:35 - 13:38
    Os cidadãos do mundo entendem isto.
  • 13:38 - 13:41
    Vivemos numa época
    que favorece os cidadãos do mundo,
  • 13:41 - 13:44
    uma época em que cada voz
    pode ser ouvida.
  • 13:44 - 13:46
    Lembram-se quando, em 2002,
  • 13:46 - 13:49
    foram assinados os Objetivos
    de Desenvolvimento do Milénio?
  • 13:49 - 13:52
    O máximo que podíamos fazer nessa altura
    era enviar uma carta
  • 13:52 - 13:53
    e esperar pelas próximas eleições.
  • 13:54 - 13:55
    Não havia redes sociais.
  • 13:56 - 13:59
    Hoje, milhões de cidadãos
    têm mais ferramentas,
  • 13:59 - 14:01
    mais acesso à informação,
  • 14:01 - 14:04
    maior capacidade de influência
    do que nunca.
  • 14:04 - 14:08
    Os problemas e as ferramentas
    para os resolver estão bem à nossa frente.
  • 14:08 - 14:10
    O mundo mudou,
  • 14:10 - 14:13
    e aqueles que olham
    além das nossas fronteiras
  • 14:13 - 14:15
    estão do lado certo da história.
  • 14:16 - 14:18
    Então, onde estamos nós?
  • 14:18 - 14:20
    Fizemos este incrível festival,
  • 14:20 - 14:23
    alcançámos
    grandes vitórias políticas,
  • 14:23 - 14:25
    e os cidadãos estão
    a inscrever-se pelo mundo fora.
  • 14:26 - 14:28
    Mas alcançámos o nosso objetivo?
  • 14:29 - 14:30
    Não.
  • 14:30 - 14:33
    Temos um longo caminho a percorrer.
  • 14:33 - 14:35
    Mas esta é a oportunidade que eu vejo.
  • 14:36 - 14:39
    O conceito de cidadão do mundo,
  • 14:40 - 14:45
    evidente na sua lógica mas até agora
    impraticável em muitos aspetos,
  • 14:45 - 14:50
    coincidiu com este momento específico
    no qual temos o privilégio de viver.
  • 14:50 - 14:51
    Como cidadãos do mundo,
  • 14:51 - 14:56
    temos a oportunidade única de acelerar
    uma mudança positiva em grande escala
  • 14:56 - 14:57
    pelo mundo.
  • 14:58 - 15:00
    Nos próximos meses e anos,
  • 15:00 - 15:03
    os cidadãos do mundo
    vão responsabilizar os líderes
  • 15:03 - 15:06
    para garantir que os Objetivos
    de Desenvolvimento Sustentável
  • 15:06 - 15:08
    sejam identificados e implementados.
  • 15:08 - 15:11
    Os cidadãos do mundo vão unir-se
    às maiores ONG mundiais
  • 15:11 - 15:14
    para acabar com doenças
    como a poliomielite e a malária.
  • 15:14 - 15:17
    Cidadãos do mundo vão inscrever-se
    em todos os cantos do planeta,
  • 15:17 - 15:20
    aumentando a frequência, a qualidade
  • 15:20 - 15:22
    e o impacto das suas ações.
  • 15:23 - 15:25
    Estes sonhos são alcançáveis.
  • 15:26 - 15:28
    Imaginem um exército de milhões
  • 15:28 - 15:30
    a crescer para dezenas de milhões,
  • 15:30 - 15:34
    conectados, informados, empenhados
  • 15:35 - 15:37
    e sem aceitarem um não como resposta.
  • 15:38 - 15:40
    Durante todos estes anos,
  • 15:41 - 15:43
    tentei restabelecer ligação
    com o Sonny Boy.
  • 15:45 - 15:47
    Infelizmente, não consegui.
  • 15:49 - 15:51
    Conhecemo-nos muito antes
    das redes sociais,
  • 15:51 - 15:54
    e a sua morada foi transferida
    pelas autoridades,
  • 15:54 - 15:56
    como geralmente acontece
    com as favelas.
  • 15:58 - 16:01
    Adorava sentar-me com ele,
    onde quer que ele esteja,
  • 16:01 - 16:05
    e partilhar com ele o quanto me inspirou
    o tempo que passei na Montanha Fumegante.
  • 16:07 - 16:08
    Graças a ele e a tantos outros,
  • 16:08 - 16:12
    percebi a importância de fazer parte
    de um movimento de pessoas,
  • 16:13 - 16:16
    de crianças dispostas a levantar
    a cabeça dos ecrãs e a ver o mundo,
  • 16:17 - 16:18
    como cidadãos do mundo.
  • 16:19 - 16:21
    Cidadãos do mundo
    que se mantêm unidos,
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    que perguntam "Porquê?"
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    que rejeitam os opositores,
  • 16:27 - 16:30
    e abraçam as incríveis possibilidades
    do mundo que partilhamos.
  • 16:31 - 16:33
    Eu sou um cidadão do mundo.
  • 16:33 - 16:34
    E vocês?
  • 16:35 - 16:36
    Obrigado.
  • 16:36 - 16:40
    (Aplausos)
Title:
O que significa ser um cidadão do mundo?
Speaker:
Hugh Evans
Description:

Hugh Evans começou um movimento que mobiliza "cidadãos do mundo", pessoas que se identificam em primeiro lugar não como membros de um estado, nação ou tribo mas como membros da raça humana. Neste inspirador e pessoal discurso, aprendam mais sobre como este novo entendimento do nosso lugar no mundo está a dinamizar pessoas a agir nas lutas contra a pobreza extrema, as alterações climáticas, a igualdade de género e muito mais. "Estes são os derradeiros problemas mundiais," diz Evans, "e só podem ser resolvidos por cidadãos do mundo que exigem soluções mundiais aos seus líderes."

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:56

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