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Lições de esperança da batalha para salvar a floresta tropical

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    Quando os portugueses chegaram
    à América Latina há cerca de 500 anos,
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    encontraram esta espantosa
    floresta tropical.
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    Entre toda a biodiversidade
    que eles jamais tinham visto,
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    encontraram uma espécie
    que captou logo a sua atenção.
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    Esta espécie, quando lhe cortamos a casca,
    segrega uma resina vermelha escura
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    que era muito boa para pintar
    e tingir tecidos para vestuário.
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    O povo indígena chamava
    a esta espécie "pau-brasil",
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    e é por isso que esta terra passou a ser
    a "terra do brasil" e, depois, o Brasil.
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    É o único país do mundo
    que tem o nome duma árvore.
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    Podem imaginar que é muito giro
    ser silvicultor no Brasil.
  • 0:50 - 0:52
    Entre outras razões.
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    Os produtos da floresta
    estão todos à nossa volta.
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    Para além destes produtos todos,
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    a floresta é muito importante
    para a regulação climática.
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    No Brasil, quase 70% da evaporação
    que provoca a chuva
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    é proveniente da floresta.
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    Só a Amazónia envia para a atmosfera
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    vinte mil milhões
    de toneladas de água, por dia.
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    É mais do que o que o rio Amazonas,
    que é o maior rio do mundo,
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    lança no mar, por dia,
    ou seja, 17 mil milhões de toneladas.
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    Se tivéssemos que ferver água
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    para conseguir o mesmo efeito
    da evapotranspiração,
  • 1:31 - 1:33
    precisaríamos de seis meses
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    de toda a capacidade mundial
    de geração de energia.
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    Portanto, é um excelente serviço
    para todos nós.
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    No mundo há uns quatro mil milhões
    de hectares de florestas.
  • 1:45 - 1:50
    É mais ou menos a China, os EUA,
    o Canadá e o Brasil, todos juntos,
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    em termos de dimensão,
    só para fazerem uma ideia.
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    Três quartos delas situam-se
    na zona temperada,
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    e apenas um quarto nos trópicos,
  • 2:00 - 2:03
    mas este quarto
    — mil milhões de hectares —
  • 2:03 - 2:07
    contém a maior parte da biodiversidade
  • 2:07 - 2:11
    e, o que é muito importante,
    50% da biomassa viva, o carbono.
  • 2:12 - 2:16
    Há 2000 anos tínhamos seis mil milhões
    de hectares de floresta,
  • 2:16 - 2:20
    mais 50% do que temos hoje.
  • 2:20 - 2:24
    Perdemos dois mil milhões de hectares
    nos últimos 2000 anos.
  • 2:24 - 2:28
    Mas metade disso foi perdida
    nos últimos 100 anos.
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    Foi quando trocámos a desflorestação
    das florestas temperadas
  • 2:33 - 2:35
    pela desflorestação
    das florestas tropicais.
  • 2:36 - 2:38
    Pensem nisto:
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    Em 100 anos, perdemos a mesma
    quantidade de floresta nos trópicos
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    que perdemos em 2000 anos
    nas florestas das zonas temperadas.
  • 2:47 - 2:50
    É esta a velocidade da destruição
    que estamos a ter.
  • 2:51 - 2:55
    Ora bem, o Brasil
    é uma peça importante deste "puzzle".
  • 2:55 - 2:58
    Temos a segunda maior floresta do mundo,
    logo a seguir à Rússia.
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    Significa que 12% de todas
    as florestas do mundo estão no Brasil,
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    na sua maioria na Amazónia.
  • 3:04 - 3:08
    É a maior área de floresta que temos.
    É uma área enorme.
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    Podíamos encaixar ali
    muitos dos países europeus.
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    Ainda temos 80% de cobertura florestal.
  • 3:14 - 3:16
    Essa é a parte boa.
  • 3:16 - 3:20
    Mas perdemos 15% apenas em 30 anos.
  • 3:21 - 3:23
    Se continuarmos a esta velocidade,
  • 3:23 - 3:28
    muito em breve, perderemos
    essa poderosa bomba que temos na Amazónia
  • 3:28 - 3:30
    que regula o nosso clima.
  • 3:30 - 3:33
    A desflorestação estava a crescer
    rapidamente e a acelerar
  • 3:33 - 3:36
    no final dos anos 90
    e no início da década de 2000.
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    (Som de motosserra)
  • 3:42 - 3:43
    (Som de árvore a cair)
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    Vinte e sete mil quilómetros
    quadrados num ano.
  • 3:48 - 3:51
    São 2,7 milhões de hectares!
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    É quase como metade da Costa Rica,
  • 3:56 - 3:57
    todos os anos.
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    Nessa altura
    — isto passa-se em 2003, 2004 —
  • 4:02 - 4:06
    eu fui trabalhar para o governo.
  • 4:06 - 4:11
    Juntamente com outros colegas
    do Departamento Nacional das Florestas,
  • 4:11 - 4:13
    e integrados numa equipa,
  • 4:13 - 4:16
    fomos encarregados
    de procurar as causas da desflorestação
  • 4:16 - 4:19
    e traçar um plano
    para a combater a nível nacional,
  • 4:19 - 4:22
    envolvendo os governos locais,
    a sociedade civil,
  • 4:22 - 4:24
    as empresas, as comunidades locais,
  • 4:24 - 4:27
    na tentativa de poder
    detetar essas causas.
  • 4:27 - 4:32
    Assim, traçámos este plano,
    com 144 ações em diversas áreas.
  • 4:33 - 4:35
    Agora vou referir todas elas, uma a uma...
  • 4:35 - 4:36
    Não!
  • 4:36 - 4:42
    Vou só dar alguns exemplos
    do que fizemos nos anos seguintes.
  • 4:42 - 4:45
    A primeira coisa foi instituir um sistema,
  • 4:45 - 4:48
    com a Agência Espacial Brasileira,
  • 4:48 - 4:51
    que pudesse verificar onde
    está a ocorrer a desflorestação,
  • 4:51 - 4:53
    quase em tempo real.
  • 4:53 - 4:55
    Agora, no Brasil, temos este sistema
  • 4:55 - 4:58
    em que todos os meses,
    ou de dois em dois meses,
  • 4:58 - 5:01
    recebemos informação sobre os locais
    onde está a ocorrer desflorestação
  • 5:01 - 5:04
    para podermos atuar quando isso acontece.
  • 5:04 - 5:06
    Toda a informação
    é perfeitamente transparente
  • 5:06 - 5:09
    para poder ser copiada
    para sistemas independentes.
  • 5:09 - 5:11
    Isso permitiu-nos, entre outras coisas,
  • 5:11 - 5:16
    apreender 1,4 milhões
    de metros cúbicos de troncos
  • 5:16 - 5:18
    que foram obtidos ilegalmente.
  • 5:18 - 5:21
    Cortámos e vendemos uma parte.
  • 5:21 - 5:24
    Todas as receitas revertem para um fundo
  • 5:24 - 5:28
    que financia projetos de conservação
    de comunidades locais, a fundo perdido.
  • 5:29 - 5:32
    Isso também nos permitiu
    fazer uma grande operação
  • 5:32 - 5:34
    para detetar a corrupção
    e atividades ilegais
  • 5:34 - 5:40
    que resultou na prisão de 700 pessoas,
    incluindo muitos funcionários públicos.
  • 5:40 - 5:43
    Depois, fizemos a ligação.
  • 5:43 - 5:46
    As áreas onde tinha havido
    desflorestação ilegal
  • 5:46 - 5:49
    não podiam receber qualquer tipo
    de crédito ou financeiro.
  • 5:49 - 5:51
    Fizemos esse corte através
    do sistema bancário.
  • 5:51 - 5:53
    Depois ligámos isso
    aos utilizadores finais.
  • 5:53 - 5:56
    Portanto, os supermercados,
    os matadouros, etc.,
  • 5:56 - 5:59
    que comprem produtos
    de áreas de abate ilegal,
  • 5:59 - 6:03
    também podem ser responsabilizados
    pela desflorestação.
  • 6:03 - 6:06
    Fizemos todas estas ligações
    para ajudar a resolver o problema.
  • 6:06 - 6:10
    Também trabalhámos muito
    na questão da posse da terra.
  • 6:10 - 6:12
    É muito importante
    por causa dos conflitos.
  • 6:12 - 6:15
    Criámos cinquenta milhões de hectares
    de áreas protegidas,
  • 6:15 - 6:19
    o que é uma área do tamanho da Espanha.
  • 6:20 - 6:24
    Desta área, oito milhões
    são terras indígenas.
  • 6:25 - 6:28
    Começamos agora a ver os resultados.
  • 6:29 - 6:31
    Nos últimos dez anos,
  • 6:31 - 6:35
    a desflorestação foi reduzida
    no Brasil em 75%.
  • 6:35 - 6:37
    (Aplausos)
  • 6:40 - 6:44
    Se compararmos
    com a média de desflorestação
  • 6:44 - 6:46
    que tivemos nos últimos dez anos,
  • 6:46 - 6:51
    salvámos 8,7 milhões de hectares,
    que é o tamanho da Áustria.
  • 6:51 - 6:54
    Mas, mais importante ainda,
    evitámos a emissão
  • 6:54 - 6:57
    de três mil milhões de toneladas
    de CO2 na atmosfera.
  • 6:57 - 7:00
    Isto é, de longe,
    a maior contribuição até hoje,
  • 7:00 - 7:03
    para a redução das emissões de gases
    com efeitos de estufa.
  • 7:03 - 7:06
    É uma ação positiva.
  • 7:06 - 7:09
    Pode pensar-se que, quando
    fazemos este tipo de ações
  • 7:09 - 7:12
    para reduzir, para diminuir
    a desflorestação,
  • 7:12 - 7:14
    teríamos um impacto económico
  • 7:14 - 7:18
    porque deixávamos de ter
    atividade económica, ou coisa parecida.
  • 7:18 - 7:21
    É interessante saber
    que acontece exatamente o contrário.
  • 7:21 - 7:26
    Na verdade, no período em que temos
    o maior declínio da desflorestação,
  • 7:26 - 7:30
    a economia cresceu, em média,
    o dobro da década anterior,
  • 7:30 - 7:33
    quando a desflorestação estava a aumentar.
  • 7:33 - 7:35
    Portanto, é uma boa lição para nós.
  • 7:35 - 7:37
    Talvez isto esteja completamente desligado,
  • 7:37 - 7:41
    porque só agora sabemos
    que a desflorestação baixou.
  • 7:41 - 7:45
    É uma boa notícia e é uma proeza.
  • 7:45 - 7:48
    Obviamente, sentimo-nos
    orgulhosos com isso.
  • 7:48 - 7:51
    Mas ainda está longe de ser suficiente.
  • 7:51 - 7:55
    Se pensarmos na desflorestação
    da Amazónia em 2013,
  • 7:56 - 7:59
    que foi mais de meio milhão de hectares,
  • 8:00 - 8:02
    isso significa que, em cada minuto,
  • 8:02 - 8:05
    só no ano passado,
    foi cortada na Amazónia
  • 8:05 - 8:09
    uma área do tamanho
    de dois campos de futebol.
  • 8:10 - 8:14
    Se adicionarmos a desflorestação
    que temos noutros biomas no Brasil,
  • 8:14 - 8:18
    continuamos a falar da maior taxa
    de desflorestação do mundo.
  • 8:19 - 8:22
    É mais ou menos
    como sermos os heróis da floresta,
  • 8:22 - 8:25
    mas continuarmos
    os campeões da desflorestação.
  • 8:26 - 8:30
    Portanto, não nos podemos
    dar por satisfeitos, nem de longe.
  • 8:30 - 8:32
    O nosso próximo passo, penso eu,
  • 8:32 - 8:37
    é lutar por uma perda zero
    da cobertura florestal no Brasil
  • 8:37 - 8:40
    e termos isso como meta para 2020.
  • 8:40 - 8:42
    É esse o nosso próximo passo.
  • 8:42 - 8:44
    Sempre nos interessámos pela relação
  • 8:44 - 8:46
    entre a mudança climática e as florestas.
  • 8:46 - 8:52
    Primeiro, porque 15% das emissões de
    gases de estufa provêm da desflorestação,
  • 8:52 - 8:54
    portanto, é uma grande parte do problema.
  • 8:54 - 8:58
    Mas também porque as florestas
    podem ter um grande papel na solução,
  • 8:58 - 9:04
    visto que é a melhor forma que conhecemos
    de captar e armazenar o carbono.
  • 9:05 - 9:07
    Há uma outra relação
    entre o clima e as florestas
  • 9:07 - 9:10
    que me impressionou em 2008
  • 9:10 - 9:12
    e fez com que eu mudasse a minha carreira
  • 9:12 - 9:15
    das florestas para a mudança climática.
  • 9:15 - 9:18
    Fui ao Canadá, de visita
    à Colômbia Britânica,
  • 9:18 - 9:23
    juntamente com os chefes
    dos serviços florestais de outros países,
  • 9:23 - 9:25
    com quem temos uma espécie de aliança,
  • 9:25 - 9:29
    como o Canadá, a Rússia, a Índia,
    a China, os EUA.
  • 9:29 - 9:31
    Quando lá chegámos,
  • 9:31 - 9:34
    ouvimos falar do besouro do pinheiro
  • 9:34 - 9:38
    que está literalmente a comer
    as florestas no Canadá.
  • 9:38 - 9:43
    O que vemos ali, aquelas árvores castanhas,
    são árvores mortas.
  • 9:44 - 9:49
    São árvores mortas por causa
    das larvas do besouro.
  • 9:49 - 9:51
    O que acontece é que este besouro
  • 9:51 - 9:54
    é controlado pelo frio no inverno.
  • 9:54 - 9:58
    Já há muitos anos que eles não têm
    invernos suficientemente frios
  • 9:58 - 10:01
    para controlar a população deste besouro.
  • 10:01 - 10:05
    Tornou-se uma doença
  • 10:05 - 10:09
    que está a matar
    milhares de milhões de árvores.
  • 10:09 - 10:12
    Vim-me embora com esta ideia
    de que a floresta
  • 10:12 - 10:18
    é uma das vítimas mais precoces
    e mais afetadas da mudança climática.
  • 10:18 - 10:20
    Portanto, pus-me a pensar:
  • 10:20 - 10:24
    Eu consegui trabalhar
    com todos os meus colegas
  • 10:24 - 10:26
    para ajudar a impedir a desflorestação,
  • 10:26 - 10:29
    e podemos vir a perder
    a batalha mais tarde
  • 10:29 - 10:31
    por causa da mudança climática,
  • 10:31 - 10:35
    através das cheias,
    do calor, dos fogos, etc.
  • 10:35 - 10:38
    Por isso decidi sair
    do serviço da floresta
  • 10:38 - 10:41
    e começar a trabalhar diretamente
    na mudança climática,
  • 10:41 - 10:46
    encontrar uma forma de pensar
    e de entender esse desafio, e partir daí.
  • 10:46 - 10:50
    O desafio da mudança climática
    é muito simples.
  • 10:50 - 10:52
    A meta é muito clara.
  • 10:52 - 10:56
    Queremos limitar o aumento
    da temperatura média do planeta
  • 10:56 - 10:58
    em dois graus.
  • 10:58 - 11:00
    Há várias razões para isso.
  • 11:00 - 11:02
    Neste momento, não vou entrar nisso.
  • 11:02 - 11:05
    Mas, para conseguir
    este limite de dois graus,
  • 11:05 - 11:09
    que é possível para que
    possamos sobreviver,
  • 11:09 - 11:14
    o IPCC, o Painel Intergovernamental
    de Mudanças Climáticas,
  • 11:14 - 11:21
    define que temos uma previsão de emissões
    de um bilião de toneladas de CO2
  • 11:21 - 11:24
    desde 2012 até ao fim do século.
  • 11:25 - 11:27
    Se dividirmos isto pelo número de anos,
  • 11:27 - 11:30
    temos uma previsão média
  • 11:30 - 11:33
    de 11 mil milhões de toneladas
    de CO2 por ano.
  • 11:34 - 11:36
    Ora bem, o que é uma tonelada de CO2?
  • 11:37 - 11:42
    É mais ou menos o que um pequeno carro,
    que percorra 20 km por dia,
  • 11:42 - 11:44
    emite num ano.
  • 11:45 - 11:47
    Ou é um voo, só de ida,
  • 11:47 - 11:50
    de São Paulo para Joanesburgo,
    ou para Londres.
  • 11:50 - 11:52
    Ida e volta, duas toneladas.
  • 11:52 - 11:55
    Portanto 11 mil milhões de toneladas
    é o dobro disso.
  • 11:55 - 12:00
    Ora as emissões atuais são
    de 50 mil milhões de toneladas
  • 12:01 - 12:02
    e estão a aumentar.
  • 12:03 - 12:07
    Provavelmente serão
    de 61 mil milhões em 2020.
  • 12:07 - 12:11
    Precisamos de reduzir para 10, em 2050.
  • 12:12 - 12:14
    Enquanto isto acontece,
    a população aumentará
  • 12:14 - 12:17
    de sete para nove mil milhões de pessoas,
  • 12:17 - 12:19
    a economia crescerá de 60 biliões
    de dólares em 2010
  • 12:19 - 12:21
    para 200 biliões de dólares.
  • 12:21 - 12:26
    Portanto, precisamos de ser
    muito mais eficientes
  • 12:26 - 12:30
    de modo a podermos passar
    de sete toneladas de carbono "per capita",
  • 12:30 - 12:35
    por pessoa, por ano,
    para qualquer coisa como uma tonelada.
  • 12:35 - 12:38
    Temos que escolher.
  • 12:38 - 12:40
    Ou vamos de avião ou temos um carro.
  • 12:40 - 12:43
    A questão é, conseguiremos?
  • 12:43 - 12:45
    É exatamente a mesma pergunta
  • 12:45 - 12:48
    que me fizeram quando eu estava
    a arquitetar o plano
  • 12:48 - 12:50
    para combater a desflorestação.
  • 12:50 - 12:52
    É um problema tão grande, tão complexo.
  • 12:52 - 12:53
    Conseguiremos?
  • 12:54 - 12:55
    Penso que sim.
  • 12:55 - 12:57
    Penso o seguinte:
  • 12:57 - 13:02
    a desflorestação significa 60%
    das emissões de gases de estufa
  • 13:02 - 13:04
    no Brasil, nos últimos dez anos.
  • 13:04 - 13:06
    Agora é um pouco menos de 30%.
  • 13:06 - 13:09
    No mundo, 60% é energia.
  • 13:09 - 13:13
    Portanto, se atacarmos
    diretamente a energia,
  • 13:13 - 13:16
    da mesma forma como atacámos
    a desflorestação,
  • 13:16 - 13:18
    talvez tenhamos uma hipótese.
  • 13:18 - 13:22
    Portanto, há cinco coisas
    que eu penso que devemos fazer.
  • 13:22 - 13:25
    Primeiro, precisamos de separar
    o desenvolvimento das emissões de carbono.
  • 13:26 - 13:30
    Não precisamos de deitar abaixo
    todas as florestas
  • 13:30 - 13:32
    para arranjar mais empregos,
    mais agricultura
  • 13:32 - 13:34
    e aumentar mais a economia.
  • 13:34 - 13:36
    Provámos isso quando reduzimos
    a desflorestação.
  • 13:36 - 13:38
    A economia continua a crescer.
  • 13:38 - 13:42
    O mesmo pode acontecer
    no setor da energia.
  • 13:43 - 13:46
    Segundo, temos que dirigir
    os incentivos para os destinos certos.
  • 13:46 - 13:48
    Atualmente, 500 mil milhões
    de dólares por ano
  • 13:48 - 13:51
    vão para subsídios
    aos combustíveis fósseis.
  • 13:51 - 13:53
    Porque é que não pomos uma taxa
    sobre o carbono
  • 13:53 - 13:56
    e transferimos isso
    para as energias renováveis?
  • 13:56 - 14:00
    Terceiro, precisamos de medir
    e tornar os dados transparentes
  • 14:00 - 14:03
    — onde, quando e quem
    está a emitir gases de estufa —
  • 14:03 - 14:07
    para podermos atuar especificamente
    em cada uma dessas ocasiões.
  • 14:07 - 14:11
    Quarto, precisamos de dar o salto
    nas vias de desenvolvimento,
  • 14:12 - 14:15
    ou seja, não precisamos
    de passar pelo telefone fixo
  • 14:15 - 14:17
    antes de termos telemóveis.
  • 14:17 - 14:19
    Não precisamos de proporcionar
    combustíveis fósseis
  • 14:19 - 14:22
    a mil milhões de pessoas
    que não têm acesso à energia
  • 14:22 - 14:24
    antes de chegarmos à energia limpa.
  • 14:24 - 14:26
    Quinto e último,
  • 14:26 - 14:29
    precisamos de partilhar
    a responsabilidade entre governos,
  • 14:29 - 14:31
    empresas e sociedade civil.
  • 14:31 - 14:36
    Há trabalho para toda a gente,
    e precisamos que todos se envolvam.
  • 14:37 - 14:38
    Para finalizar,
  • 14:38 - 14:42
    penso que o futuro não é uma fatalidade
  • 14:42 - 14:45
    em que temos que fazer negócios
    como sempre fizemos.
  • 14:45 - 14:48
    Precisamos de ter a coragem
    de mudar o caminho,
  • 14:48 - 14:50
    de investir em qualquer coisa nova,
  • 14:50 - 14:53
    de pensar que podemos mudar de caminho.
  • 14:53 - 14:55
    Estamos a fazer isso
    no Brasil, com a desflorestação,
  • 14:55 - 14:59
    e espero que possamos fazê-lo também
    com a mudança climática no mundo.
  • 14:59 - 15:00
    Obrigado.
  • 15:00 - 15:03
    (Aplausos)
Title:
Lições de esperança da batalha para salvar a floresta tropical
Speaker:
Tasso Azevedo
Description:

"Salvem as florestas" é um "slogan" ambientalista velho como o tempo — e Tasso Azevedo esclarece-nos quanto à forma como esta luta decorre atualmente. Provocadas pelas espantosas perdas dos anos 90, novas leis (e dados transparentes) estão a ajudar a abrandar a taxa de desflorestação no Brasil. Será suficiente? Ainda não. Ele tem cinco ideias sobre o que deve ser feito a seguir. E pede que as lições aprendidas no Brasil sejam aplicadas a um problema ainda maior: a mudança climática global.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:16

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