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Cair e levantar: o desenvolvimento do drone agrícola | Eduardo Goerl | TEDxUnisinos

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    Muito bom dia, senhoras e senhores.
    Sejam bem-vindos a bordo.
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    Eu vou falar sobre cair e levantar.
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    Esse tema pode parecer estranho
    vindo de um piloto de avião,
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    e ele de fato é.
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    Avião e cair não combinam.
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    Desde muito pequeno, eu gosto de aviões.
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    Quando passava um, eu era aquela criança
    que dizia: "Ó o vião, ó o vião!",
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    e ali eu ficava por horas.
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    O tempo passou e isso não mudou.
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    Até hoje, o som do avião
    não é um som normal.
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    Muitas crianças gostam de avião,
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    e elas dizem que querem
    ser pilotos quando crescer.
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    Eu acho que elas desistem quando elas
    descobrem que o avião pode cair.
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    Alguém aqui sonhou em ser piloto
    quando era criança?
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    Alguém aqui tem medo de voar hoje?
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    As pesquisas mostram
    que entre 40% e 60% das pessoas
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    têm medo de voar.
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    Há quem diga que não tem medo
    porque, se for acontecer alguma coisa,
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    não vai poder fazer absolutamente nada.
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    Há quem diga que não tem medo hoje,
    mas um dia já teve.
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    Afinal de contas, o medo é instintivo.
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    Pra contrariar as pesquisas,
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    as estatísticas apontam
    que, a cada 10 milhões de decolagens,
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    apenas quatro acidentes acontecem.
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    O avião é o meio de transporte
    mais seguro que existe,
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    mas eu quero ver pensar isso
    quando se está lá dentro
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    e começa aquela turbulência.
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    A gente se agarra no banco da poltrona,
    por mais que isso não vá adiantar de nada.
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    A evolução do voo foi muito rápida
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    e, assim como a evolução
    de diversas tecnologias,
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    ela teve momentos em que
    determinados pontos eram aceitáveis
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    e, logo depois, se tornaram absurdos.
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    O homem sempre quis voar.
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    Conseguiu isso apenas
    no início do século 20.
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    Vinte e cinco anos depois,
    já usava o avião nas guerras
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    e, 40 anos depois, já havia o transporte
    aéreo de passageiros regular,
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    naquilo que era uma grande aventura.
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    Em 1960, um avião decolava
    de Porto Alegre pra Nova Iorque,
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    demorava quase três dias,
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    e dificilmente chegava lá
    com os mesmos motores
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    com os quais tinha saído
    aqui de Porto Alegre.
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    Iam acontecendo falhas
    de motor durante o voo
  • 2:25 - 2:27
    e os motores iam sendo substituídos,
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    mas ninguém deixava de voar
    naquela época por causa disso.
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    Isso era uma coisa normal.
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    O fato é que essa aviação
    que a gente tem hoje,
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    comercial, que a gente vê nos aeroportos,
    tem índices de segurança altíssimos,
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    e ela consegue [isso] aprendendo
    com os erros que comete,
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    mas eu estou certo de que vocês já viram
    no jornal acidentes de outras aviações:
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    a aviação geral, a aviação agrícola
    e a aviação de instrução.
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    A gente junta tudo no mesmo pacote
    e fala que são os aviões pequenos.
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    Essas aviações têm um índice
    de segurança um pouco diferente
  • 3:02 - 3:08
    e é por elas que nós pilotos
    começamos as nossas carreiras.
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    Comigo não foi diferente.
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    Até o meu ensino médio, o meu caminho,
    na minha cabeça, era uma linha reta:
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    eu ia sair do colégio,
    entrar no aeroclube, companhia aérea,
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    copiloto, comandante;
    barbada, sucesso total.
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    Ao final do terceiro ano,
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    eu descobri que os meus pais enxergavam
    uma curva de conhecimento no meu caminho,
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    e essa curva era chamada
    de Gestão para Inovação e Liderança.
  • 3:33 - 3:37
    Era um curso novo na época
    e eu fiquei bastante contrariado,
  • 3:37 - 3:40
    mas hoje eu acho que isso foi excelente,
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    ainda mais porque, com esta aparência,
    eu não ia muito longe na aviação.
  • 3:47 - 3:51
    Bom, eu entrei no GIL,
    comecei a cursar faculdade,
  • 3:51 - 3:55
    achei demais, fiz grandes amigos,
    aprendi um monte,
  • 3:55 - 3:58
    mas os aviões nunca voaram pra longe.
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    Na metade da faculdade,
    eu fiz um intercâmbio prolongado,
  • 4:01 - 4:04
    umas férias prolongadas,
    fiz um intercâmbio, fui para os EUA,
  • 4:04 - 4:08
    com um único objetivo,
    que era juntar dinheiro pra virar piloto.
  • 4:08 - 4:10
    Eu tive três empregos ao mesmo tempo.
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    Eu fui salva-vidas de piscina térmica.
    A piscina era um pouco maior que essa.
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    (Risos)
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    Eu fui barista numa cafeteria,
    também é mais ou menos barista,
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    e fui recepcionista de hotel.
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    Cheguei a trabalhar 68 dias seguidos
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    e voltei para o Brasil com aquilo que eu
    achava que era um monte de dinheiro.
  • 4:29 - 4:33
    Pra virar piloto, eu precisava
    de, no mínimo, 170 horas [de voo].
  • 4:33 - 4:37
    Com aquele monte de dinheiro,
    eu tinha voado e tinha feito 35 horas.
  • 4:37 - 4:39
    Ali, a minha chance de ser piloto
    era muito remota.
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    Até que, no dia da minha formatura,
  • 4:41 - 4:45
    o meu padrinho me ajudou a voltar
    pra trajetória inicial.
  • 4:45 - 4:49
    Ele me ofereceu ajuda nas horas de voo,
    fiz todas as horas de voo,
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    e eu acho que até hoje eu não soube
    agradecer o suficiente por isso.
  • 4:55 - 4:58
    Larguei todos os empregos
    que eu tinha na administração,
  • 4:58 - 5:02
    formado em administração,
    e virei instrutor de voo.
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    Fui dar instrução no aeroclube de Bagé,
    lá no interior do estado.
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    Chegando lá, o presidente disse:
    "Eduardo, tem aqui o hangar..."
  • 5:11 - 5:13
    Tinha cinco cachorros
    pra ajudar na minha segurança.
  • 5:13 - 5:15
    Era uma zona rural de Bagé.
  • 5:15 - 5:20
    "Tem um avião em funcionamento
    e três alunos."
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    Dentro lá do hangar,
    tinha uma cama, e ali eu morava,
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    e aquilo pra mim era, disparado,
    o melhor emprego do mundo.
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    Eu voava de dia
    e, de noite, comia churrasco.
  • 5:31 - 5:35
    Nesses churrascos,
    eu conheci a aviação agrícola.
  • 5:35 - 5:37
    Conheci diversos pilotos,
    conheci a aviação agrícola.
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    A aviação agrícola é a pulverização
    de lavouras, feita por aviões,
  • 5:41 - 5:45
    que é feita pra combater e prevenir
    as pragas na lavoura.
  • 5:45 - 5:50
    Esses aviões passam
    a baixa altura, rápidos,
  • 5:50 - 5:52
    e aplicam os produtos que são necessários.
  • 5:52 - 5:55
    Ao final de cada faixa de pulverização,
  • 5:55 - 5:58
    o avião faz uma curva de reversão.
  • 5:58 - 6:01
    Quanto mais tempo
    o avião fica pulverizando,
  • 6:01 - 6:02
    mais eficiente é o trabalho.
  • 6:02 - 6:06
    Dessa forma, a curva de reversão
    deve ser otimizada.
  • 6:06 - 6:11
    Ao final da faixa, o piloto inicia
    uma curva ascendente
  • 6:11 - 6:16
    e, à retomada, volta para o chão,
    pra seguir na próxima faixa,
  • 6:16 - 6:20
    volta para o chão, bem próximo;
    a manobra é semiacrobática.
  • 6:20 - 6:24
    Os pilotos que fazem essa aviação
    agrícola são muito habilidosos
  • 6:24 - 6:29
    e eles garantem a qualidade dos alimentos
    que a gente recebe à mesa,
  • 6:29 - 6:33
    trabalhando durante a safra, de sol a sol.
  • 6:33 - 6:35
    Foi lá em Bagé também que eu tive contato
  • 6:35 - 6:37
    com o primeiro acidente
    da aviação agrícola.
  • 6:37 - 6:42
    Um piloto que era tido por eles
    como o melhor, o mais habilidoso,
  • 6:42 - 6:45
    se acidentou num fio de alta tensão.
  • 6:46 - 6:49
    Eu devo ter pensado a mesma coisa
    que alguns de vocês:
  • 6:49 - 6:53
    será que passa um avião
    embaixo de um fio de alta tensão?
  • 6:53 - 6:57
    O fato é que passa,
    e isso é uma coisa bem normal hoje.
  • 6:57 - 7:01
    Comecei a conhecer um pouco
    de estatísticas de segurança de voo
  • 7:01 - 7:05
    e acabei entrando pra ela.
  • 7:05 - 7:09
    Eu ia dizer "entrando pra dentro dela"
    e eu de fato entrei pra dentro dela.
  • 7:10 - 7:13
    Tudo ia muito bem lá em Bagé,
    até que, numa tarde de domingo,
  • 7:13 - 7:16
    meu aluno me ligou e disse:
    "Eduardo, vamos fazer um voozinho?"
  • 7:16 - 7:20
    Eu falei: "Certo". Fui até o hangar, olhei
    o avião e a gente estava sem gasolina.
  • 7:20 - 7:23
    Liguei pra ele e falei: "Fernando,
    não vem. A gente não tem gasolina".
  • 7:23 - 7:25
    Ele me ligou, uns 15 minutos depois:
  • 7:25 - 7:28
    "Consegui um galão na aviação
    agrícola. Estou indo". Falei: "Então vem".
  • 7:28 - 7:32
    Fui lá pra fora, olhei e o vento estava
    cruzado. Falei: "Fernando, não vem".
  • 7:32 - 7:34
    Aí, o vento diminuiu.
    Falei: "Fernando, vem".
  • 7:34 - 7:38
    Naquela tarde, tive cinco sinais
    de que eu não devia decolar.
  • 7:38 - 7:40
    Eu era apaixonado pelo avião,
    ainda sou apaixonado.
  • 7:40 - 7:43
    Não estava nem aí para os sinais.
  • 7:43 - 7:44
    A gente decolou.
  • 7:45 - 7:48
    O avião: aquele bem pequenininho,
    em que cabe um instrutor atrás
  • 7:48 - 7:49
    e o aluno na frente.
  • 7:49 - 7:51
    Tirei o avião do chão.
  • 7:52 - 7:55
    Logo depois da decolagem,
    eu passei os controles pra ele,
  • 7:55 - 7:57
    e peguei o rádio pra começar a falar.
  • 7:57 - 7:59
    No que eu comecei a falar,
  • 7:59 - 8:01
    embaixo do painel dele,
    saía uma cortina de fumaça.
  • 8:01 - 8:04
    Essa cortina de fumaça girava no teto
    e vinha na minha direção.
  • 8:04 - 8:07
    A primeira coisa em que eu pensei
    foi na minha mãe.
  • 8:07 - 8:10
    A minha mãe dizia:
    "Onde tem fumaça, tem fogo".
  • 8:11 - 8:14
    A segunda coisa em que eu pensei
    também não foi nada aeronáutica.
  • 8:14 - 8:16
    A minha trajetória
    era chegar lá na frente,
  • 8:16 - 8:19
    "comandantão" de avião
    grande internacional.
  • 8:19 - 8:21
    Aquilo ali não estava previsto.
  • 8:21 - 8:25
    O fato é que eu tinha 194 horas totais,
  • 8:25 - 8:28
    das quais 170 haviam sido sob supervisão.
  • 8:28 - 8:31
    Era a minha 24ª hora de comandante,
  • 8:31 - 8:35
    e eu estava com um avião pegando fogo
    e eu tinha que fazer alguma coisa.
  • 8:38 - 8:42
    Demorei 22 anos pra entender
    que um avião pode cair.
  • 8:44 - 8:46
    Só que não dava mais tempo de ter medo:
  • 8:46 - 8:51
    ou eu fazia alguma coisa,
    ou eu não fazia mais nada.
  • 8:51 - 8:55
    A última coisa de que eu me lembro
    foi quando eu desviei da última árvore,
  • 8:55 - 8:57
    o motor tinha parado,
  • 8:57 - 9:00
    e o aluno, Fernando, olhou pra trás,
  • 9:00 - 9:02
    e ele conta que eu botei
    a mão no ombro dele e falei:
  • 9:02 - 9:05
    "Fica tranquilo.
    Eu vou tirar a gente dessa".
  • 9:05 - 9:07
    Por mais medo que eu estivesse sentindo,
  • 9:07 - 9:10
    isso me mostra que um pouco
    de coragem eu tinha.
  • 9:11 - 9:13
    A gente caiu.
  • 9:13 - 9:15
    A gente se machucou bastante;
    o Fernando bem mais,
  • 9:15 - 9:19
    porque ele estava no banco da frente,
    e bateu com o rosto no painel.
  • 9:21 - 9:24
    Hoje, quando eu olho para as fotos,
  • 9:24 - 9:29
    quando eu olho pra mim depois do acidente
    - já tinha perdido o cabelo -,
  • 9:29 - 9:30
    eu estou bem.
  • 9:30 - 9:36
    Quando eu olho para o Fernando,
    eu acho que o procedimento foi razoável.
  • 9:36 - 9:40
    Agora, quando eu olho para o avião,
    eu acho que o procedimento foi excelente,
  • 9:40 - 9:45
    porque o avião virou um "churrasco"
    bem desagradável.
  • 9:45 - 9:52
    Eu descobri com o acidente
    que as pessoas julgam acidentes aéreos.
  • 9:52 - 9:55
    Normalmente, a gente julga
    acidentes aéreos do piloto morto,
  • 9:55 - 9:59
    e esse não era o meu caso;
    eu estava vivo, escutando o julgamento.
  • 9:59 - 10:03
    Os meus amigos, pra me ajudar,
    me chamavam de "o barbeiro dos ares",
  • 10:04 - 10:06
    ou ainda "o maneto dos ares".
  • 10:06 - 10:09
    Lá em Bagé, todo mundo
    me deu um apoio enorme,
  • 10:09 - 10:12
    mas a gente dá mais bola pra quem critica,
  • 10:12 - 10:15
    e eu me lembro muito bem
    dum cara que chegou lá e disse assim:
  • 10:15 - 10:17
    "Pô, cara, você destruiu
    o avião do aeroclube!
  • 10:17 - 10:20
    Como é que a gente vai continuar
    dando instrução?"
  • 10:20 - 10:23
    Isso era uma coisa
    que ficou na minha cabeça.
  • 10:23 - 10:25
    Depois daquilo ali,
    o fracasso se instalou.
  • 10:25 - 10:28
    O meu sonho de voar tinha virado
    um pesadelo terrível,
  • 10:28 - 10:33
    porque eu nunca mais ia ter
    o mesmo número de decolagens e de pousos.
  • 10:33 - 10:36
    Eu sempre estaria
    com uma decolagem a mais.
  • 10:36 - 10:42
    Decidi encarar o acidente como um tropeço,
    e não como uma queda,
  • 10:42 - 10:45
    e deixei a minha mãe
    com menos cabelos que eu
  • 10:45 - 10:49
    quando, 30 dias depois,
    eu voltei para o aeroclube
  • 10:49 - 10:53
    e fiz o meu primeiro voo solo
    pela segunda vez.
  • 10:54 - 10:57
    Logo depois, me chamaram
    no aeroclube de Eldorado do Sul,
  • 10:57 - 11:00
    eu trabalhei mais um ano
    e, hoje, há cinco anos,
  • 11:00 - 11:02
    eu sou piloto duma empresa
    aérea aqui do Brasil,
  • 11:02 - 11:04
    tenho o meu sonho de voar realizado
  • 11:04 - 11:09
    e, de fato, acho a máquina
    em que eu voo maravilhosa,
  • 11:09 - 11:12
    mas o acidente nunca foi
    pra longe na minha cabeça,
  • 11:12 - 11:14
    e os jornais ajudavam nisso.
  • 11:14 - 11:17
    Sempre que fotos como essas aparecem,
  • 11:17 - 11:20
    eu lembro que, um dia,
    eu estava lá dentro.
  • 11:25 - 11:29
    Mesmo assim, na primeira vez
    em que eu vi um "drone",
  • 11:29 - 11:32
    aqueles drones pequenininhos,
    branquinhos, que tiram fotos,
  • 11:32 - 11:36
    eu não pensei em nenhum uso
    pra ele nesse setor,
  • 11:36 - 11:38
    mas não demorou muito,
    num período de férias,
  • 11:38 - 11:40
    pra que eu e o meu sócio, Cristiano,
  • 11:40 - 11:44
    a gente pensasse no uso do drone
    para a pulverização agrícola.
  • 11:44 - 11:45
    A gente começou a pesquisar
  • 11:45 - 11:50
    e descobriu que já existem muitos drones
    de monitoramento de lavouras,
  • 11:50 - 11:53
    mas a ideia não era essa;
    a ideia era a pulverização mesmo
  • 11:53 - 11:57
    e, pra isso, encontramos um produto
    semelhante, parecido, no Japão,
  • 11:57 - 11:59
    mas nada além de parecido.
  • 12:00 - 12:02
    Uma coisa que a gente viu é que se diz
  • 12:02 - 12:04
    que um drone de pulverização
    agrícola é ruim
  • 12:04 - 12:07
    porque ele tiraria o emprego dos pilotos.
  • 12:07 - 12:09
    Eu acho esse um conceito totalmente errado
  • 12:09 - 12:12
    e é um conceito de quem
    não conhece a aviação agrícola.
  • 12:12 - 12:16
    O drone não carrega
    o peso que o avião carrega.
  • 12:16 - 12:21
    Dessa forma, o drone pode fazer
    todas as partes sensíveis da lavoura.
  • 12:21 - 12:25
    Por partes sensíveis, eu quero dizer
    aquelas onde, ano após ano,
  • 12:25 - 12:29
    os relatórios de acidente mostram
    que os acidentes se repetem.
  • 12:29 - 12:35
    Perda de controle no ar, falha de motor
    e colisão com obstáculos:
  • 12:35 - 12:39
    todos os anos, os pilotos morrem
    sob essas condições.
  • 12:40 - 12:44
    Hoje em dia, é aceitável
    que um piloto passe a 300 km/h
  • 12:44 - 12:47
    entre uma cerca e um fio de alta tensão.
  • 12:47 - 12:51
    Hoje em dia, é aceitável
    um piloto acabar o seu expediente,
  • 12:51 - 12:53
    abrir o motor, mexer no que precisa,
  • 12:53 - 12:56
    no dia seguinte fazer
    uma manobra semiacrobática
  • 12:56 - 12:58
    e precisar do máximo daquele motor.
  • 12:58 - 13:02
    Eu tenho uma esperança de que,
    logo, logo, isso vai virar um absurdo.
  • 13:02 - 13:04
    Além de melhorar a segurança,
  • 13:04 - 13:08
    a pulverização com drone
    permite uma eficiência muito melhor,
  • 13:08 - 13:10
    porque o avião tem que fazer
    aquela curva de reversão,
  • 13:10 - 13:14
    que é estimada em 25 segundos;
    o drone não precisa.
  • 13:14 - 13:18
    Além disso, as falhas que o avião deixa,
    que não são por incompetência dos pilotos,
  • 13:18 - 13:22
    que são sim por insegurança de o piloto
    entrar com o avião naquela posição,
  • 13:22 - 13:25
    também não vão acontecer;
    se o drone cair, não dá nada.
  • 13:25 - 13:30
    Somado a tudo isso, todos os cálculos
    até agora me mostram
  • 13:30 - 13:33
    que há uma redução no custo
    do hectare pulverizado,
  • 13:33 - 13:36
    quando se faz isso com um drone,
    um veículo aéreo não tripulado.
  • 13:36 - 13:39
    Eu tenho uma esperança
    de que, num futuro bem próximo,
  • 13:39 - 13:43
    a gente consiga entrar nas lavouras
    com avião e drone,
  • 13:43 - 13:47
    cada um fazendo o seu melhor.
  • 13:47 - 13:50
    Falando em futuro, o meu filme preferido
    quando eu era pequeno
  • 13:50 - 13:52
    era o "De Volta para o Futuro".
  • 13:52 - 13:54
    Acho que vocês lembram...
  • 13:55 - 13:57
    Esse filme... o slide... aí.
  • 13:57 - 14:00
    Nesse filme, um cientista muito louco
  • 14:00 - 14:03
    e um jovem representante
    do jeito americano de ser
  • 14:03 - 14:07
    aprontavam altas confusões
    entre o futuro, o passado e o presente.
  • 14:07 - 14:11
    Eles tinham uma máquina do tempo, e essa
    máquina do tempo mudava o futuro deles.
  • 14:11 - 14:15
    O que eu aprendi nesse filme
    é que a máquina do tempo não mudava nada.
  • 14:15 - 14:18
    Quem mudava o futuro deles
    eram eles mesmos.
  • 14:18 - 14:21
    A máquina do tempo era um instrumento
    pra que eles fossem até o futuro
  • 14:21 - 14:25
    e entendessem as relações de causa
    e efeito do que eles fizeram aqui.
  • 14:25 - 14:29
    Dessa forma, eu entendo que a gente
    pode mudar o futuro da gente
  • 14:29 - 14:33
    simplesmente mudando as relações
    de causa e efeito do que eu faço hoje,
  • 14:33 - 14:35
    aqui no presente.
  • 14:35 - 14:37
    Com o projeto do drone agrícola,
  • 14:37 - 14:41
    eu uso essa maravilhosa máquina
    do tempo chamada "dia de hoje"
  • 14:41 - 14:44
    pra tentar mudar e melhorar
    um futuro bem próximo.
  • 14:44 - 14:47
    A gente só não pode mudar
    o futuro com a morte.
  • 14:47 - 14:49
    Eu tive uma chance de ficar vivo
  • 14:49 - 14:52
    e hoje eu identifico
    uma oportunidade de melhorar
  • 14:52 - 14:54
    a vida e o cotidiano de um monte de gente.
  • 14:54 - 14:59
    O projeto do drone agrícola está
    decolando, está em fase de testes.
  • 14:59 - 15:02
    Durante os testes, acontecem muitas falhas
  • 15:02 - 15:05
    e essas falhas pra gente
    significam quedas,
  • 15:05 - 15:09
    mas as quedas não são mais importantes
  • 15:09 - 15:12
    porque o importante mesmo
    é aprender a levantar.
  • 15:12 - 15:13
    Muito obrigado.
  • 15:13 - 15:16
    (Aplausos)
Title:
Cair e levantar: o desenvolvimento do drone agrícola | Eduardo Goerl | TEDxUnisinos
Description:

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

Eduardo, desde criança, sempre quis ser piloto de avião. Em sua palestra, ele compartilha sua jornada em busca da realização do seu sonho. Para poder juntar o dinheiro para pagar suas horas de voo, ele chegou a trabalhar em três empregos simultaneamente nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, após concluir sua formação e começar a trabalhar como instrutor de voo, ele passou por um dos maiores desafios da vida de qualquer piloto: um acidente aéreo, felizmente, sem vítimas. No entanto, ele não se deixou abater e transformou essa queda, que ele chama de tropeço, em aprendizado. Hoje, cinco anos após o acidente, ele é piloto de uma grande empresa aérea brasileira, além de trabalhar no projeto Agrone, que prevê a utilização de drones na pulverização agrícola em áreas mais perigosas da lavoura. Eduardo ensina que, mais do que querer mudar o futuro, devemos mudar as relações de causa e efeito na nossa vida, aprendendo que o mais importante não é a queda, mas aprender a levantar.

Eduardo Goerl é formado em Administração, com habilitação em Gestão para Inovação e Liderança (GIL), na Unisinos. Já trabalhou como tradutor, vendedor de software ERP, barista, salva-vidas de piscina, atendente de hotel, entre outros empregos. Hoje, é piloto de Airbus A320, que é a realização de um sonho. Na aviação, já foi instrutor teórico e de voo. Nos últimos quatro anos, trabalha na maior empresa aérea do país. Paralelamente à aviação, abriu uma empresa chamada Agrone, que desenvolve um drone agrícola.

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Video Language:
Portuguese, Brazilian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
15:19

Portuguese, Brazilian subtitles

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