Cair e levantar: o desenvolvimento do drone agrícola | Eduardo Goerl | TEDxUnisinos
-
0:08 - 0:12Muito bom dia, senhoras e senhores.
Sejam bem-vindos a bordo. -
0:12 - 0:15Eu vou falar sobre cair e levantar.
-
0:15 - 0:20Esse tema pode parecer estranho
vindo de um piloto de avião, -
0:20 - 0:21e ele de fato é.
-
0:21 - 0:26Avião e cair não combinam.
-
0:26 - 0:28Desde muito pequeno, eu gosto de aviões.
-
0:28 - 0:32Quando passava um, eu era aquela criança
que dizia: "Ó o vião, ó o vião!", -
0:32 - 0:33e ali eu ficava por horas.
-
0:33 - 0:35O tempo passou e isso não mudou.
-
0:35 - 0:40Até hoje, o som do avião
não é um som normal. -
0:40 - 0:42Muitas crianças gostam de avião,
-
0:42 - 0:45e elas dizem que querem
ser pilotos quando crescer. -
0:45 - 0:50Eu acho que elas desistem quando elas
descobrem que o avião pode cair. -
0:51 - 0:55Alguém aqui sonhou em ser piloto
quando era criança? -
0:55 - 0:57Alguém aqui tem medo de voar hoje?
-
0:57 - 1:02As pesquisas mostram
que entre 40% e 60% das pessoas -
1:02 - 1:04têm medo de voar.
-
1:04 - 1:08Há quem diga que não tem medo
porque, se for acontecer alguma coisa, -
1:08 - 1:11não vai poder fazer absolutamente nada.
-
1:11 - 1:15Há quem diga que não tem medo hoje,
mas um dia já teve. -
1:15 - 1:18Afinal de contas, o medo é instintivo.
-
1:18 - 1:20Pra contrariar as pesquisas,
-
1:20 - 1:25as estatísticas apontam
que, a cada 10 milhões de decolagens, -
1:25 - 1:27apenas quatro acidentes acontecem.
-
1:27 - 1:32O avião é o meio de transporte
mais seguro que existe, -
1:32 - 1:34mas eu quero ver pensar isso
quando se está lá dentro -
1:34 - 1:35e começa aquela turbulência.
-
1:35 - 1:40A gente se agarra no banco da poltrona,
por mais que isso não vá adiantar de nada. -
1:40 - 1:43A evolução do voo foi muito rápida
-
1:43 - 1:46e, assim como a evolução
de diversas tecnologias, -
1:46 - 1:50ela teve momentos em que
determinados pontos eram aceitáveis -
1:50 - 1:54e, logo depois, se tornaram absurdos.
-
1:54 - 1:55O homem sempre quis voar.
-
1:55 - 1:59Conseguiu isso apenas
no início do século 20. -
1:59 - 2:03Vinte e cinco anos depois,
já usava o avião nas guerras -
2:03 - 2:07e, 40 anos depois, já havia o transporte
aéreo de passageiros regular, -
2:07 - 2:10naquilo que era uma grande aventura.
-
2:10 - 2:15Em 1960, um avião decolava
de Porto Alegre pra Nova Iorque, -
2:15 - 2:17demorava quase três dias,
-
2:17 - 2:21e dificilmente chegava lá
com os mesmos motores -
2:21 - 2:23com os quais tinha saído
aqui de Porto Alegre. -
2:23 - 2:25Iam acontecendo falhas
de motor durante o voo -
2:25 - 2:27e os motores iam sendo substituídos,
-
2:27 - 2:30mas ninguém deixava de voar
naquela época por causa disso. -
2:30 - 2:32Isso era uma coisa normal.
-
2:32 - 2:34O fato é que essa aviação
que a gente tem hoje, -
2:34 - 2:39comercial, que a gente vê nos aeroportos,
tem índices de segurança altíssimos, -
2:39 - 2:43e ela consegue [isso] aprendendo
com os erros que comete, -
2:43 - 2:49mas eu estou certo de que vocês já viram
no jornal acidentes de outras aviações: -
2:49 - 2:53a aviação geral, a aviação agrícola
e a aviação de instrução. -
2:53 - 2:57A gente junta tudo no mesmo pacote
e fala que são os aviões pequenos. -
2:57 - 3:02Essas aviações têm um índice
de segurança um pouco diferente -
3:02 - 3:08e é por elas que nós pilotos
começamos as nossas carreiras. -
3:08 - 3:09Comigo não foi diferente.
-
3:09 - 3:14Até o meu ensino médio, o meu caminho,
na minha cabeça, era uma linha reta: -
3:14 - 3:17eu ia sair do colégio,
entrar no aeroclube, companhia aérea, -
3:17 - 3:21copiloto, comandante;
barbada, sucesso total. -
3:21 - 3:23Ao final do terceiro ano,
-
3:23 - 3:28eu descobri que os meus pais enxergavam
uma curva de conhecimento no meu caminho, -
3:28 - 3:32e essa curva era chamada
de Gestão para Inovação e Liderança. -
3:33 - 3:37Era um curso novo na época
e eu fiquei bastante contrariado, -
3:37 - 3:40mas hoje eu acho que isso foi excelente,
-
3:40 - 3:45ainda mais porque, com esta aparência,
eu não ia muito longe na aviação. -
3:47 - 3:51Bom, eu entrei no GIL,
comecei a cursar faculdade, -
3:51 - 3:55achei demais, fiz grandes amigos,
aprendi um monte, -
3:55 - 3:58mas os aviões nunca voaram pra longe.
-
3:58 - 4:01Na metade da faculdade,
eu fiz um intercâmbio prolongado, -
4:01 - 4:04umas férias prolongadas,
fiz um intercâmbio, fui para os EUA, -
4:04 - 4:08com um único objetivo,
que era juntar dinheiro pra virar piloto. -
4:08 - 4:10Eu tive três empregos ao mesmo tempo.
-
4:10 - 4:14Eu fui salva-vidas de piscina térmica.
A piscina era um pouco maior que essa. -
4:14 - 4:15(Risos)
-
4:15 - 4:20Eu fui barista numa cafeteria,
também é mais ou menos barista, -
4:20 - 4:22e fui recepcionista de hotel.
-
4:22 - 4:25Cheguei a trabalhar 68 dias seguidos
-
4:25 - 4:29e voltei para o Brasil com aquilo que eu
achava que era um monte de dinheiro. -
4:29 - 4:33Pra virar piloto, eu precisava
de, no mínimo, 170 horas [de voo]. -
4:33 - 4:37Com aquele monte de dinheiro,
eu tinha voado e tinha feito 35 horas. -
4:37 - 4:39Ali, a minha chance de ser piloto
era muito remota. -
4:39 - 4:41Até que, no dia da minha formatura,
-
4:41 - 4:45o meu padrinho me ajudou a voltar
pra trajetória inicial. -
4:45 - 4:49Ele me ofereceu ajuda nas horas de voo,
fiz todas as horas de voo, -
4:49 - 4:54e eu acho que até hoje eu não soube
agradecer o suficiente por isso. -
4:55 - 4:58Larguei todos os empregos
que eu tinha na administração, -
4:58 - 5:02formado em administração,
e virei instrutor de voo. -
5:02 - 5:06Fui dar instrução no aeroclube de Bagé,
lá no interior do estado. -
5:06 - 5:11Chegando lá, o presidente disse:
"Eduardo, tem aqui o hangar..." -
5:11 - 5:13Tinha cinco cachorros
pra ajudar na minha segurança. -
5:13 - 5:15Era uma zona rural de Bagé.
-
5:15 - 5:20"Tem um avião em funcionamento
e três alunos." -
5:20 - 5:23Dentro lá do hangar,
tinha uma cama, e ali eu morava, -
5:23 - 5:27e aquilo pra mim era, disparado,
o melhor emprego do mundo. -
5:27 - 5:31Eu voava de dia
e, de noite, comia churrasco. -
5:31 - 5:35Nesses churrascos,
eu conheci a aviação agrícola. -
5:35 - 5:37Conheci diversos pilotos,
conheci a aviação agrícola. -
5:37 - 5:41A aviação agrícola é a pulverização
de lavouras, feita por aviões, -
5:41 - 5:45que é feita pra combater e prevenir
as pragas na lavoura. -
5:45 - 5:50Esses aviões passam
a baixa altura, rápidos, -
5:50 - 5:52e aplicam os produtos que são necessários.
-
5:52 - 5:55Ao final de cada faixa de pulverização,
-
5:55 - 5:58o avião faz uma curva de reversão.
-
5:58 - 6:01Quanto mais tempo
o avião fica pulverizando, -
6:01 - 6:02mais eficiente é o trabalho.
-
6:02 - 6:06Dessa forma, a curva de reversão
deve ser otimizada. -
6:06 - 6:11Ao final da faixa, o piloto inicia
uma curva ascendente -
6:11 - 6:16e, à retomada, volta para o chão,
pra seguir na próxima faixa, -
6:16 - 6:20volta para o chão, bem próximo;
a manobra é semiacrobática. -
6:20 - 6:24Os pilotos que fazem essa aviação
agrícola são muito habilidosos -
6:24 - 6:29e eles garantem a qualidade dos alimentos
que a gente recebe à mesa, -
6:29 - 6:33trabalhando durante a safra, de sol a sol.
-
6:33 - 6:35Foi lá em Bagé também que eu tive contato
-
6:35 - 6:37com o primeiro acidente
da aviação agrícola. -
6:37 - 6:42Um piloto que era tido por eles
como o melhor, o mais habilidoso, -
6:42 - 6:45se acidentou num fio de alta tensão.
-
6:46 - 6:49Eu devo ter pensado a mesma coisa
que alguns de vocês: -
6:49 - 6:53será que passa um avião
embaixo de um fio de alta tensão? -
6:53 - 6:57O fato é que passa,
e isso é uma coisa bem normal hoje. -
6:57 - 7:01Comecei a conhecer um pouco
de estatísticas de segurança de voo -
7:01 - 7:05e acabei entrando pra ela.
-
7:05 - 7:09Eu ia dizer "entrando pra dentro dela"
e eu de fato entrei pra dentro dela. -
7:10 - 7:13Tudo ia muito bem lá em Bagé,
até que, numa tarde de domingo, -
7:13 - 7:16meu aluno me ligou e disse:
"Eduardo, vamos fazer um voozinho?" -
7:16 - 7:20Eu falei: "Certo". Fui até o hangar, olhei
o avião e a gente estava sem gasolina. -
7:20 - 7:23Liguei pra ele e falei: "Fernando,
não vem. A gente não tem gasolina". -
7:23 - 7:25Ele me ligou, uns 15 minutos depois:
-
7:25 - 7:28"Consegui um galão na aviação
agrícola. Estou indo". Falei: "Então vem". -
7:28 - 7:32Fui lá pra fora, olhei e o vento estava
cruzado. Falei: "Fernando, não vem". -
7:32 - 7:34Aí, o vento diminuiu.
Falei: "Fernando, vem". -
7:34 - 7:38Naquela tarde, tive cinco sinais
de que eu não devia decolar. -
7:38 - 7:40Eu era apaixonado pelo avião,
ainda sou apaixonado. -
7:40 - 7:43Não estava nem aí para os sinais.
-
7:43 - 7:44A gente decolou.
-
7:45 - 7:48O avião: aquele bem pequenininho,
em que cabe um instrutor atrás -
7:48 - 7:49e o aluno na frente.
-
7:49 - 7:51Tirei o avião do chão.
-
7:52 - 7:55Logo depois da decolagem,
eu passei os controles pra ele, -
7:55 - 7:57e peguei o rádio pra começar a falar.
-
7:57 - 7:59No que eu comecei a falar,
-
7:59 - 8:01embaixo do painel dele,
saía uma cortina de fumaça. -
8:01 - 8:04Essa cortina de fumaça girava no teto
e vinha na minha direção. -
8:04 - 8:07A primeira coisa em que eu pensei
foi na minha mãe. -
8:07 - 8:10A minha mãe dizia:
"Onde tem fumaça, tem fogo". -
8:11 - 8:14A segunda coisa em que eu pensei
também não foi nada aeronáutica. -
8:14 - 8:16A minha trajetória
era chegar lá na frente, -
8:16 - 8:19"comandantão" de avião
grande internacional. -
8:19 - 8:21Aquilo ali não estava previsto.
-
8:21 - 8:25O fato é que eu tinha 194 horas totais,
-
8:25 - 8:28das quais 170 haviam sido sob supervisão.
-
8:28 - 8:31Era a minha 24ª hora de comandante,
-
8:31 - 8:35e eu estava com um avião pegando fogo
e eu tinha que fazer alguma coisa. -
8:38 - 8:42Demorei 22 anos pra entender
que um avião pode cair. -
8:44 - 8:46Só que não dava mais tempo de ter medo:
-
8:46 - 8:51ou eu fazia alguma coisa,
ou eu não fazia mais nada. -
8:51 - 8:55A última coisa de que eu me lembro
foi quando eu desviei da última árvore, -
8:55 - 8:57o motor tinha parado,
-
8:57 - 9:00e o aluno, Fernando, olhou pra trás,
-
9:00 - 9:02e ele conta que eu botei
a mão no ombro dele e falei: -
9:02 - 9:05"Fica tranquilo.
Eu vou tirar a gente dessa". -
9:05 - 9:07Por mais medo que eu estivesse sentindo,
-
9:07 - 9:10isso me mostra que um pouco
de coragem eu tinha. -
9:11 - 9:13A gente caiu.
-
9:13 - 9:15A gente se machucou bastante;
o Fernando bem mais, -
9:15 - 9:19porque ele estava no banco da frente,
e bateu com o rosto no painel. -
9:21 - 9:24Hoje, quando eu olho para as fotos,
-
9:24 - 9:29quando eu olho pra mim depois do acidente
- já tinha perdido o cabelo -, -
9:29 - 9:30eu estou bem.
-
9:30 - 9:36Quando eu olho para o Fernando,
eu acho que o procedimento foi razoável. -
9:36 - 9:40Agora, quando eu olho para o avião,
eu acho que o procedimento foi excelente, -
9:40 - 9:45porque o avião virou um "churrasco"
bem desagradável. -
9:45 - 9:52Eu descobri com o acidente
que as pessoas julgam acidentes aéreos. -
9:52 - 9:55Normalmente, a gente julga
acidentes aéreos do piloto morto, -
9:55 - 9:59e esse não era o meu caso;
eu estava vivo, escutando o julgamento. -
9:59 - 10:03Os meus amigos, pra me ajudar,
me chamavam de "o barbeiro dos ares", -
10:04 - 10:06ou ainda "o maneto dos ares".
-
10:06 - 10:09Lá em Bagé, todo mundo
me deu um apoio enorme, -
10:09 - 10:12mas a gente dá mais bola pra quem critica,
-
10:12 - 10:15e eu me lembro muito bem
dum cara que chegou lá e disse assim: -
10:15 - 10:17"Pô, cara, você destruiu
o avião do aeroclube! -
10:17 - 10:20Como é que a gente vai continuar
dando instrução?" -
10:20 - 10:23Isso era uma coisa
que ficou na minha cabeça. -
10:23 - 10:25Depois daquilo ali,
o fracasso se instalou. -
10:25 - 10:28O meu sonho de voar tinha virado
um pesadelo terrível, -
10:28 - 10:33porque eu nunca mais ia ter
o mesmo número de decolagens e de pousos. -
10:33 - 10:36Eu sempre estaria
com uma decolagem a mais. -
10:36 - 10:42Decidi encarar o acidente como um tropeço,
e não como uma queda, -
10:42 - 10:45e deixei a minha mãe
com menos cabelos que eu -
10:45 - 10:49quando, 30 dias depois,
eu voltei para o aeroclube -
10:49 - 10:53e fiz o meu primeiro voo solo
pela segunda vez. -
10:54 - 10:57Logo depois, me chamaram
no aeroclube de Eldorado do Sul, -
10:57 - 11:00eu trabalhei mais um ano
e, hoje, há cinco anos, -
11:00 - 11:02eu sou piloto duma empresa
aérea aqui do Brasil, -
11:02 - 11:04tenho o meu sonho de voar realizado
-
11:04 - 11:09e, de fato, acho a máquina
em que eu voo maravilhosa, -
11:09 - 11:12mas o acidente nunca foi
pra longe na minha cabeça, -
11:12 - 11:14e os jornais ajudavam nisso.
-
11:14 - 11:17Sempre que fotos como essas aparecem,
-
11:17 - 11:20eu lembro que, um dia,
eu estava lá dentro. -
11:25 - 11:29Mesmo assim, na primeira vez
em que eu vi um "drone", -
11:29 - 11:32aqueles drones pequenininhos,
branquinhos, que tiram fotos, -
11:32 - 11:36eu não pensei em nenhum uso
pra ele nesse setor, -
11:36 - 11:38mas não demorou muito,
num período de férias, -
11:38 - 11:40pra que eu e o meu sócio, Cristiano,
-
11:40 - 11:44a gente pensasse no uso do drone
para a pulverização agrícola. -
11:44 - 11:45A gente começou a pesquisar
-
11:45 - 11:50e descobriu que já existem muitos drones
de monitoramento de lavouras, -
11:50 - 11:53mas a ideia não era essa;
a ideia era a pulverização mesmo -
11:53 - 11:57e, pra isso, encontramos um produto
semelhante, parecido, no Japão, -
11:57 - 11:59mas nada além de parecido.
-
12:00 - 12:02Uma coisa que a gente viu é que se diz
-
12:02 - 12:04que um drone de pulverização
agrícola é ruim -
12:04 - 12:07porque ele tiraria o emprego dos pilotos.
-
12:07 - 12:09Eu acho esse um conceito totalmente errado
-
12:09 - 12:12e é um conceito de quem
não conhece a aviação agrícola. -
12:12 - 12:16O drone não carrega
o peso que o avião carrega. -
12:16 - 12:21Dessa forma, o drone pode fazer
todas as partes sensíveis da lavoura. -
12:21 - 12:25Por partes sensíveis, eu quero dizer
aquelas onde, ano após ano, -
12:25 - 12:29os relatórios de acidente mostram
que os acidentes se repetem. -
12:29 - 12:35Perda de controle no ar, falha de motor
e colisão com obstáculos: -
12:35 - 12:39todos os anos, os pilotos morrem
sob essas condições. -
12:40 - 12:44Hoje em dia, é aceitável
que um piloto passe a 300 km/h -
12:44 - 12:47entre uma cerca e um fio de alta tensão.
-
12:47 - 12:51Hoje em dia, é aceitável
um piloto acabar o seu expediente, -
12:51 - 12:53abrir o motor, mexer no que precisa,
-
12:53 - 12:56no dia seguinte fazer
uma manobra semiacrobática -
12:56 - 12:58e precisar do máximo daquele motor.
-
12:58 - 13:02Eu tenho uma esperança de que,
logo, logo, isso vai virar um absurdo. -
13:02 - 13:04Além de melhorar a segurança,
-
13:04 - 13:08a pulverização com drone
permite uma eficiência muito melhor, -
13:08 - 13:10porque o avião tem que fazer
aquela curva de reversão, -
13:10 - 13:14que é estimada em 25 segundos;
o drone não precisa. -
13:14 - 13:18Além disso, as falhas que o avião deixa,
que não são por incompetência dos pilotos, -
13:18 - 13:22que são sim por insegurança de o piloto
entrar com o avião naquela posição, -
13:22 - 13:25também não vão acontecer;
se o drone cair, não dá nada. -
13:25 - 13:30Somado a tudo isso, todos os cálculos
até agora me mostram -
13:30 - 13:33que há uma redução no custo
do hectare pulverizado, -
13:33 - 13:36quando se faz isso com um drone,
um veículo aéreo não tripulado. -
13:36 - 13:39Eu tenho uma esperança
de que, num futuro bem próximo, -
13:39 - 13:43a gente consiga entrar nas lavouras
com avião e drone, -
13:43 - 13:47cada um fazendo o seu melhor.
-
13:47 - 13:50Falando em futuro, o meu filme preferido
quando eu era pequeno -
13:50 - 13:52era o "De Volta para o Futuro".
-
13:52 - 13:54Acho que vocês lembram...
-
13:55 - 13:57Esse filme... o slide... aí.
-
13:57 - 14:00Nesse filme, um cientista muito louco
-
14:00 - 14:03e um jovem representante
do jeito americano de ser -
14:03 - 14:07aprontavam altas confusões
entre o futuro, o passado e o presente. -
14:07 - 14:11Eles tinham uma máquina do tempo, e essa
máquina do tempo mudava o futuro deles. -
14:11 - 14:15O que eu aprendi nesse filme
é que a máquina do tempo não mudava nada. -
14:15 - 14:18Quem mudava o futuro deles
eram eles mesmos. -
14:18 - 14:21A máquina do tempo era um instrumento
pra que eles fossem até o futuro -
14:21 - 14:25e entendessem as relações de causa
e efeito do que eles fizeram aqui. -
14:25 - 14:29Dessa forma, eu entendo que a gente
pode mudar o futuro da gente -
14:29 - 14:33simplesmente mudando as relações
de causa e efeito do que eu faço hoje, -
14:33 - 14:35aqui no presente.
-
14:35 - 14:37Com o projeto do drone agrícola,
-
14:37 - 14:41eu uso essa maravilhosa máquina
do tempo chamada "dia de hoje" -
14:41 - 14:44pra tentar mudar e melhorar
um futuro bem próximo. -
14:44 - 14:47A gente só não pode mudar
o futuro com a morte. -
14:47 - 14:49Eu tive uma chance de ficar vivo
-
14:49 - 14:52e hoje eu identifico
uma oportunidade de melhorar -
14:52 - 14:54a vida e o cotidiano de um monte de gente.
-
14:54 - 14:59O projeto do drone agrícola está
decolando, está em fase de testes. -
14:59 - 15:02Durante os testes, acontecem muitas falhas
-
15:02 - 15:05e essas falhas pra gente
significam quedas, -
15:05 - 15:09mas as quedas não são mais importantes
-
15:09 - 15:12porque o importante mesmo
é aprender a levantar. -
15:12 - 15:13Muito obrigado.
-
15:13 - 15:16(Aplausos)
- Title:
- Cair e levantar: o desenvolvimento do drone agrícola | Eduardo Goerl | TEDxUnisinos
- Description:
-
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
Eduardo, desde criança, sempre quis ser piloto de avião. Em sua palestra, ele compartilha sua jornada em busca da realização do seu sonho. Para poder juntar o dinheiro para pagar suas horas de voo, ele chegou a trabalhar em três empregos simultaneamente nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, após concluir sua formação e começar a trabalhar como instrutor de voo, ele passou por um dos maiores desafios da vida de qualquer piloto: um acidente aéreo, felizmente, sem vítimas. No entanto, ele não se deixou abater e transformou essa queda, que ele chama de tropeço, em aprendizado. Hoje, cinco anos após o acidente, ele é piloto de uma grande empresa aérea brasileira, além de trabalhar no projeto Agrone, que prevê a utilização de drones na pulverização agrícola em áreas mais perigosas da lavoura. Eduardo ensina que, mais do que querer mudar o futuro, devemos mudar as relações de causa e efeito na nossa vida, aprendendo que o mais importante não é a queda, mas aprender a levantar.
Eduardo Goerl é formado em Administração, com habilitação em Gestão para Inovação e Liderança (GIL), na Unisinos. Já trabalhou como tradutor, vendedor de software ERP, barista, salva-vidas de piscina, atendente de hotel, entre outros empregos. Hoje, é piloto de Airbus A320, que é a realização de um sonho. Na aviação, já foi instrutor teórico e de voo. Nos últimos quatro anos, trabalha na maior empresa aérea do país. Paralelamente à aviação, abriu uma empresa chamada Agrone, que desenvolve um drone agrícola.
- Video Language:
- Portuguese, Brazilian
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 15:19