O contador de histórias em todos nós | Zach King | TEDxPortland

Nossas ideias e pensamentos são o que realmente importa. Criar algo que deve inspirar o mundo por meio de novas tecnologias.

Zach é cineasta, nascido e criado em Portland. Começou sua jornada no cinema aos sete anos de idade, quando seus pais lhe deram uma câmera em um casamento. Depois de ser recusado na escola de cinema, começou o canal "FinalCutKing" do YouTube, em que publicou tutoriais de edição de vídeo.

Esta palestra foi dada num evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite: http://ted.com/tedx

Há seis anos, estava saindo de Portland.

Nasci e cresci aqui,

e estava indo a Los Angeles para morar lá.

Era assustador ser um jovem,
recém-formado no ensino médio,

planejando dominar o mundo do cinema.

Eu planejava ser aluno de cinema
em Los Angeles naquela época.

E se vocês me perguntassem: "O que você
vai fazer depois de se formar em cinema?",

eu diria, é claro:

"Bem, vou pra Hollywood
fazer longa-metragens para o cinema,

ter meu nome em destaque

e trabalhar com meu diretor
favorito: Spielberg".

(Risos)

Claro que isso iria acontecer.

Mas, na realidade,
voltando para o presente,

estou criando vídeos curtos,
em minha garagem, para isto:

a telinha e a internet.

Essa é uma das ferramentas
que mudou minha vida,

entre algumas outras.

Na verdade, não entrei na escola
de cinema como eu esperava.

Acabei fazendo um ano na faculdade
enquanto esperava para me recandidatar,

e fiquei meio desanimado:

"Está bem, eu achava
que minha vocação era ser cineasta

e dirigir com Spielberg".

Então, eu me apaixonei naquela época,

e não foi por uma garota.

Eu me apaixonei pela internet
e pela tecnologia digital

porque, na época,

percebi que elas estavam se convergindo
de uma maneira muito legal.

A internet se estabilizou,

estavam surgindo sites
como YouTube, Vimeo.

Era possível publicar o trabalho on-line
e começar a ganhar seguidores.

Então, por outro lado, havia
a tecnologia digital decolando.

As câmeras estavam ficando
mais baratas e de melhor qualidade,

e custavam apenas cerca de uns US$ 2 mil.

Então, peguei uma câmera,

e comecei a filmar meus vídeos
enquanto não estava na escola de cinema.

Como não havia lição,

eu filmava, publicava on-line
e começava a ganhar seguidores.

Isso começou a mudar minha vida.

Então, eu ia para a escola de cinema
e perguntava a meus colegas e professores:

"Como se entra na indústria do cinema?
Como se vai para Hollywood?"

porque eu ainda queria dirigir.

Eles diziam: "Está bem,
é assim que funciona:

você vai para Hollywood,

trabalha por dez anos, fazendo
nada do que realmente gosta,

como assistente de alguém,
fazendo o trabalho sujo.

Então, finalmente, pode lançar seu filme.

Porque todo diretor quer a chance

de estar na frente dos executivos
e lançar sua história.

Se conseguir essa chance,

e, vamos dizer que Hollywood
compre a ideia,

o estúdio lhe pagará para sumir
por alguns anos e fazer esse filme,

e, quando voltar e tiver
um lançamento nas salas de cinema,

podem acontecer duas coisas.

Uma: fica horrível, você foge da cidade
e nunca mais volta a dirigir um filme,

ou dá certo,

e esse é o momento em que você
começa a formar seus seguidores.

Mas, voltando ao meu tempo
de aluno na escola de cinema:

"Isso não faz sentido pra mim,
porque o sistema tem que ser quebrado".

Já estou formando meus seguidores on-line,

e eu tinha amigos que faziam isso on-line,

criando canais no YouTube
e outras redes on-line de sucesso.

Não fazia sentido esperar de 12 a 15 anos

antes de começar minha carreira,

e, mesmo nesse intervalo,

não parecia que estaria fazendo
algo que eu adorava.

Essa ferramenta e outras, como a câmera,
foram as que começaram a mudar minha vida.

Quantos de vocês têm um desses?

Isso é chocante, está bem.

(Risos)

Vão em frente e o tirem do bolso.

Estou autorizando vocês,
porque metade já o tem nas mãos.

(Risos)

Vejo vocês tuitando aí,
tirando fotos aqui.

Mas, na verdade, isso é loucura.

A maioria vai verificar isto duas vezes
durante minha palestra de 15 minutos.

A maioria de nós vai verificar
o celular dez vezes por hora,

o que equivale a 150 vezes por dia.

Eu e provavelmente
todos vocês neste auditório

o verificamos umas 300 vezes por dia.

Na verdade, eis o que quero que façam,

respondendo a esta pergunta,
levantando seu celular:

"Já verificaram seu celular após estarem
acordados por 15 minutos esta manhã?"

Oitenta por cento de vocês, está bem.

Eis o que não farei vocês responderem.

Quando forem almoçar depois disso
e forem ao banheiro,

75% de vocês levarão junto seu celular.

(Risos)

Sim, estão levantando a mão, o celular aí.

Mas, estou dizendo

que vivemos numa época em que a tecnologia
é uma de nossas ferramentas.

A internet é uma de minhas ferramentas,
e só precisamos disto.

Sabe, eu estava viajando para Portland,
vindo de Los Angeles ontem,

e estava pensando no avião:

"Se você fosse escritor,
no passado, no século 14,

antes da invenção da imprensa
por Gutenberg,

só escreveria seu livro, finalizaria
e colocaria na prateleira, imaginando:

'Espero que criem uma máquina
que publique isso algum dia?'"

(Risos)

Não sei como esperavam

que as pessoas alcançassem o mundo
e lançassem seus livros.

Mas não temos mais esse problema,
temos a tecnologia.

Se você for escritor hoje,
poderá pegar seu celular,

publicar um blog que as pessoas
poderão ler em qualquer lugar.

Não é problema para nós.

Só precisamos de algumas ferramentas
para conectar o mundo.

Trouxe minhas duas ferramentas:
meu computador e minha câmera.

Tenho aqui em minha mochila
o que chamo de meu escritório portátil,

porque, quando saio de Los Angeles,
trabalho lá, na garagem...

Este é meu computador,
onde faço minhas edições,

toda a importação de dados
e a mágica de publicar on-line,

e esta é minha câmera, que custa
por volta de uns US$ 2 mil.

Não vou detalhar sobre o que é
muito legal nisso.

Temos lentes intercambiáveis
e toda essa tecnologia DSLR,

mas o incrível é que custa
por volta de uns US$ 2 mil,

enquanto a passagem para fazer
um filme de Hollywood

apenas há alguns anos,

custava centenas de milhares de dólares
só para comprar ou alugar uma câmera,

e depois era necessário
processar em filme.

Vocês, que não tem interesse
em cinema, talvez não se importem,

mas essa é uma tecnologia incrível,

e é minha ferramenta
para alcançar o mundo.

Fiz um vídeo há algum tempo

(Risos)

chamado Jedi Kittens.

(Risos)

Ele recebeu essa mesma reação
ao ser publicado on-line.

Foi uma loucura.

Eu estava realmente
interessado em Star Wars

e achei que seria divertido fazer
um filme como Lucas tinha feito

e chamar um pouco a atenção.

Mas o problema é ser universitário,
sobreviver de macarrão instantâneo

e não ter milhões de dólares no bolso.

Então, peguei cartolina,
cola quente, tinta spray,

escalei alguns gatinhos adoráveis
e tive esta ideia.

(Vídeo)

(Risos)

(Aplausos)

Vim contar a vocês hoje que, quando
juntamos Star Wars e gatinhos,

temos um vídeo de sucesso.

Muito obrigado.

(Risos) (Aplausos)

Não, estou brincando.

Jedi Kittens foi um ótimo vídeo para nós,
o pontapé inicial para nosso canal.

Começamos a criar um público muito grande.

O canal deve ter mais
de 10 milhões de visualizações.

Mas foi uma loucura, porque é realmente
o que o cineasta moderno sabe fazer.

Fizemos isso em uma noite.

Eu estava na escola.

Tínhamos nossas aulas durante o dia
e começamos por volta das 21 horas.

Falei ao meu melhor amigo:

"Quer fazer um filme Jedi Kittens
parecido com Star Wars?"

Ele disse: "É claro".

Então, fizemos esse filme
das 21 horas até meia-noite.

Temos toda a filmagem
aqui em nosso computador,

e ficamos fazendo a edição
lado a lado até as oito da manhã.

Foi assim que fizemos
nossas filmagens durante a escola.

Filmávamos à noite

e publicávamos às oito da manhã.

Ao mesmo tempo em que isso
estava acontecendo...

Isso, a propósito, é o que se tem
que fazer para compor uma música

com uma orquestra de 40 a 50 músicos.

Ao mesmo tempo, em Atlanta, na Geórgia,

meu compositor, Andrew, estava
compondo a música para nosso filme.

Então, às oito da manhã, após lhe entregar
a prévia por volta da meia-noite,

ele passou a noite toda trabalhando,
me enviou a música, e nós a publicamos.

Assim, todo o processo foi finalizado.

Também tenho um cara do som
com quem trabalho, de Wheaton, Illinois,

e envio a ele os efeitos sonoros.

Planejo como acho que deve ser
e o que ele deve fazer.

Todos nós colaboramos pela internet.

Nem mesmo nos sentamos juntos,

fazendo um filme que acabou rendendo
alguns milhões de dólares,

e não tínhamos US$ 1 milhão para fazê-lo.

Tínhamos cartolina e outras coisas,
que foram meu custo para fazer esse filme.

É por causa da tecnologia que está
mudando todas as nossas indústrias

que estamos tendo tanto poder
apenas nas ferramentas

e deixando nossas ideias
saírem e serem eficazes.

Adoro que não se trata
apenas de fazer filmes;

trata-se de música, arte, jornalismo,
tantos meios diferentes.

Fiz uma longa viagem no verão passado
com meus dois melhores amigos.

Entramos num carro minúsculo

e descobrimos que era minúsculo,
porque percorremos uns 16 mil quilômetros,

fomos a 50 cidades diferentes em 40 dias,

e o que constatamos foi incrível:

as crianças apareciam
para nos mostrar o trabalho delas,

nos encontramos com os fãs.

Eles nos mostraram seu trabalho
e ficamos impressionados,

porque há crianças de 10,
11, 12 anos fazendo...

Vocês acabaram de vê-las
fazendo Jedi Kittens sozinhas,

e elas têm dez anos de idade.

Fiquei impressionado,
porque era literalmente

o poder dessas ferramentas
a que as crianças têm acesso agora,

que, há alguns anos,
creio que não existiam.

Elas estão permitindo às nossas crianças

criar muito antes o que jamais
poderíamos imaginar.

Não sei se terei emprego algum dia,

porque essas crianças
são a nova geração de cineastas.

Se analisarmos os espaços
que estão mudando,

teremos uma nova geração de escritores,

compositores, artistas
e designers gráficos,

tudo por causa do poder
de nossa tecnologia.

Também adoro ter um amigo em Los Angeles.

Quantos de vocês já viram este vídeo?

(Aplausos)

Sim, é um vídeo muito popular,
que ficou conhecido há um mês.

Chama-se "First Kiss".

Basicamente, o conceito

era pegar 20 pessoas diferentes
que nunca se encontraram,

e elas se beijarem pela primeira vez.

Foram 50 milhões de visualizações
desse vídeo na primeira semana.

Creio que tenha quase 80 milhões
de visualizações agora,

e foi apenas um orçamento de US$ 1,3 mil.

Isso é loucura,

porque temos o mundo da propaganda.

Há pessoas da Wieden+Kennedy aqui,
e posso jogar lenha na fogueira,

mas temos agências de propaganda
que gastam milhões de dólares.

Sei disso porque trabalho
com essas agências agora.

Trabalho diretamente com marcas e sei
que gastam quantias absurdas de dinheiro,

criando algo que nem mesmo
consegue tanta divulgação,

que jogam fora e nunca nem mesmo publicam.

Mas aqui está minha amiga Tatia,
que fez este vídeo por US$ 1,3 mil.

Ela publicou e teve 80 milhões
de visualizações.

Isso é loucura.

Acho que isso mostra o poder
dos criadores individuais agora,

que não temos que ser
uma agência para criar,

não precisamos ter milhões de dólares
para fazer um filme em Hollywood.

Temos o poder nas ferramentas
da tecnologia digital

direto no bolso neste momento.

Se fosse para incentivá-los, eu diria:

"Vocês têm tantas ótimas ferramentas aqui.

Então, façam boas criações".

Temos tantas ferramentas
no computador, software, projeto.

Alguém falou anteriormente
sobre como é apenas o dedo e o mouse,

movendo e criando logotipos incríveis.

Mas, essas ferramentas vão desaparecer.

Eu me perguntava:

"Se Beethoven e Mozart vivessem
nesta época, o que e como iriam compor?

Usariam a tecnologia MIDI
e os pequenos sintetizadores?

Como soaria a obra de Beethoven hoje?

Ou o que um compositor
estaria fazendo agora?

Da Vinci seria o próximo
Steve Jobs de nossa era

se tivesse a tecnologia
na ponta dos dedos?"

Não sei o que fariam, mas sei uma coisa:

estamos todos em tempos
diferentes na história.

Todos nós temos um poder muito legal
para criar alguma coisa.

Na verdade, quero criar uma coisa
agora com vocês: topam um vídeo Vine?

Plateia: Sim.

Zach King: Seria muito legal
ter vocês em um vídeo Vine.

Como meus pais estão aqui,
tenho que explicar: um vídeo Vine...

(Risos)

é aquele em que vocês
criam algo em seis segundos,

e isso é tudo o que vocês têm.

Ele publica em seu canal,
onde as pessoas podem seguir vocês,

e, se não se importarem,
1 milhão de pessoas irão vê-los.

Vou descer, vamos acender as luzes,
e vou criar um vídeo com vocês.

Eis como funciona.

Aperto com meu polegar o botão de gravação

e gravo a primeira metade
aqui na plateia com vocês.

A ideia é que vou
me teletransportar para o palco.

Isso é legal pra vocês?

Não preciso de vocês ainda.

Fiquem sentados e permaneçam como estão.

Vou dizer:

"Ei, estou aqui no TEDxPortland
e vou me teletransportar pro palco".

Está bem, parece idiota,

mas esperem até eu chegar lá em cima.

(Risos)

Sabe, metade do tempo
estou filmando essas coisas,

meus colegas de quarto
me acham esquisito, mas tudo bem.

Agora preciso de vocês, de verdade.

Quando gravar a última metade,

vou me teletransportar pro palco no vídeo.

Quero que se manifestem.

Fiquem em pé, aplaudam e vibrem,
porque muita gente vai ver isso.

ZK: Estão prontos?
Plateia: Sim.

ZK: Abaixem o celular e vamos fazer isso.

Lá vamos nós.

No momento exato em que eu chegar,
vocês vão à loucura.

(Vivas) (Aplausos)

(Risos)

Ótimo. Adoro a energia. Foi incrível.

Quando eu sentar, vou publicar isso.

Vai ao vivo para 1,1 milhão de pessoas.

Então, se não se importarem, vocês todos
estão no vídeo; parecem ótimos.

Muito obrigado.

(Aplausos) (Vivas)

Vou mostrar onde podem assistir
a esse vídeo quando eu publicar.

Mas quero deixar isto a vocês:

temos tanta tecnologia no bolso.

Temos o poder para todos os espaços
diferentes que estão mudando.

Se você for escritor, compositor,

quero que percebam que essas coisas
são apenas ferramentas.

Em alguns anos, haverá um novo desses,
ou provavelmente em seis meses.

Em alguns anos, haverá uma nova câmera,
um novo computador.

Talvez, algum dia, atenderemos
a celulares assim: "Alô. E aí?"

Não sei como estará a tecnologia,

mas isto...

é apenas uma ferramenta.

O que importa é o que está aqui dentro:

suas ideias e seus pensamentos

é que podem inspirar as pessoas.

Então, peguem as ferramentas,

peguem suas ideias

e criem algo que inspire o mundo.

(Aplausos) (Vivas)