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Jane McGonigal: O jogo que pode lhe dar 10 anos a mais de vida.

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    Eu sou uma jogadora, o que significa que eu gosto de ter objetivos.
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    Eu gosto de missões especiais e de objetivos secretos.
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    Então aqui está minha missão especial para esta palestra:
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    eu vou tentar aumentar o tempo de vida
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    de cada um de vocês que está aqui hoje
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    em sete minutos e meio.
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    Literalmente, vocês vão viver sete minutos e meio a mais
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    do que normalmente viveriam,
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    simplesmente porque vocês assistiram a esta palestra.
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    OK, alguns de vocês parecem um pouco céticos.
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    Tudo bem, porque, vejam só -
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    eu tenho a matemática do meu lado para provar que isso é possível.
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    Sei que isso não fará o menor sentido pra vocês agora.
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    Mas daqui a pouco eu explico.
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    Por ora, apenas prestem atenção a esse número na parte de baixo:
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    mais-7.68245837 minutos,
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    que será meu presente pra vocês caso eu seja bem sucedida em minha missão.
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    Agora, vocês também têm uma missão secreta.
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    A missão de vocês é descobrir como querem passar seus
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    sete minutos e meio extras.
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    E eu acho que vocês deveriam fazer algo incomum com eles,
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    pois esses são minutos bônus. Vocês não iam ganhá-los mesmo.
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    Bem, como eu sou uma designer de jogos, vocês devem estar pensando:
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    "eu sei o que ela quer que a gente faça com esses minutos.
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    Ela vai querer que a gente passe esses minutos jogando".
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    Bem, essa é uma presunção totalmente plausível,
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    considerando que eu tenho o hábito de encorajar as pessoas
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    a passar mais tempo jogando.
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    Por exemplo, na minha primeira palestra no TED,
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    eu propus que nós, como planeta, deveríamos gastar 21 bilhões de horas
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    por semana jogando video games.
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    Bem, 21 bilhões de horas é muito tempo.
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    É de fato tanto tempo que o comentário não solicitado número um
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    que mais escuto das pessoas de tudo quanto é parte do mundo
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    desde que eu dei a palestra é o seguinte:
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    "Jane, jogos são ótimos e tudo mais, mas, no seu leito de morte,
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    você vai realmente desejar ter passado mais tempo jogando Angry Birds?"
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    Essa ideia é tão difundida - de que jogos são uma perda de tempo
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    da qual nós ainda vamos nos arrepender - que eu escuto isso literalmente o tempo todo aonde quer que eu vá.
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    Por exemplo - e esta é uma história verdadeira -, há apenas algumas semanas,
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    um motorista de táxi, depois de descobrir que eu e um amigo estávamos na cidade
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    para uma conferência de desenvolvedores de jogos,
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    virou pra gente e disse - e essas foram suas palavras -
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    "Eu odeio jogos. Que desperdício de vida. Imagina chegar ao fim da vida
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    arrependido de ter desperdiçado esse tempo todo."
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    Bem, eu quero tratar esse tema de uma forma bem séria.
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    Quer dizer, eu gostaria que os jogos fossem uma força boa no mundo.
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    Eu não quero que os jogadores se arrependam do tempo que passaram jogando,
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    tempo este que eu os encorajei a passar assim.
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    Por isso, ultimamente, eu tenho pensado bastante sobre essa questão.
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    Quando estivermos em nosso leito de morte, será que nós vamos nos arrepender
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    do tempo que passamos jogando?
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    Bom, talvez isso os surpreenda, mas acontece que
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    na verdade existe uma pesquisa científica sobre esse assunto.
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    É verdade. Funcionários de um asilo,
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    as pessoas que tomam conta da gente no fim das nossas vidas,
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    recentemente elaboraram um relatório sobre os arrependimentos mais frequentes
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    das pessoas que estavam literalmente em seus leitos de morte.
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    E é isso o que eu gostaria de compartilhar com vocês aqui hoje -
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    os cinco maiores arrependimentos de quem está no fim da vida.
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    Número um: eu queria não ter trabalhado tanto.
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    Número dois: eu queria ter tido mais contato com meus amigos.
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    Número três: eu queria ter me permitido ser mais feliz.
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    Número quatro: eu queria ter tido a coragem de expressar meu verdadeiro eu.
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    E número cinco: eu queria ter vivido uma vida fiel aos meus sonhos,
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    em vez de fazer o que os outros esperavam de mim.
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    Bem, até onde eu sei, ninguém nunca disse a nenhum dos funcionários do asilo que
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    queria ter passado mais tempo jogando videogames,
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    mas quando eu escuto esses cinco maiores arrependimentos de quem está no fim da vida,
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    eu não posso deixar de ouvir aí cinco profundos desejos humanos
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    que os jogos na realidade nos ajudam a realizar.
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    Por exemplo, eu queria não ter trabalhado tanto.
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    Para muitas pessoas, isso significa: eu queria ter passado mais tempo
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    com minha família, com meus filhos quando eles eram crianças.
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    Bem, a gente sabe que jogar juntos traz tremendos
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    benefícios à familia.
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    Um estudo recente da Escola da Vida da Família da
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    Universidade Brigham Young constatou que pais que
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    passam mais tempo jogando videogames com os filhos
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    têm um relacionamento muito mais forte com eles na vida real.
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    Eu queria ter tido mais contato com meus amigos.
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    Bem, centenas de milhões de pessoas
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    usam os jogos sociais, como FarmVille ou Words with Friends,
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    para ficar em contato diário com amigos da vida real e com a família.
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    Um estudo recente da Universidade de Michigan mostrou
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    que esses jogos são ferramentas incrivelmente
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    poderosas na administração de relacionamentos.
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    Eles nos ajudam a ficar conectados com as pessoas em nossa rede social,
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    de quem, de outra forma, estaríamos distantes
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    se não estivéssemos jogando juntos.
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    Eu queria ter me permitido ser mais feliz.
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    Bem, aqui eu não posso deixar de pensar sobre uma experiência clínica inovadora
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    recentemente feita na Universidade East Carolina,
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    que mostrou que jogos on-line podem superar
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    fármacos no tratamento da ansiedade clínica e da depressão.
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    Apenas 30 minutos por dia jogando on-line
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    foram suficientes para melhorar tremendamente o humor
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    e aumentar a felicidade a longo prazo.
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    Eu queria ter tido a coragem de expressar meu verdadeiro eu.
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    Bem, avatares são maneiras de expressar nossos verdadeiros eus,
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    nossa versão mais heroica e idealizada de quem nós poderíamos nos tornar.
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    Vocês podem ver isso neste retrato do alter ego de Robbie Cooper
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    um jogador com seu avatar.
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    E a Universidade de Stanford tem feito pesquisas, já faz cinco anos,
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    para mostrar que jogar usando um avatar idealizado
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    muda nossa forma de pensar e agir na vida real,
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    fazendo-nos mais corajosos, mais ambiciosos,
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    mais comprometidos com nossos objetivos.
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    Eu queria ter vivido uma vida fiel aos meus sonhos,
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    em vez de ter feito o que os outros esperavam de mim.
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    Os jogos já estão fazendo isso? Eu não tenho certeza,
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    por isso eu deixei um ponto de interrogação, um ponto de interrogação Super Mário.
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    E nós vamos voltar a ele.
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    Mas, enquanto isso, talvez vocês estejam imaginando
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    quem é esta designer de jogos pra nos falar
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    sobre arrependimentos no leito de morte?
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    E é verdade, eu nunca trabalhei num asilo,
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    e eu nunca estive no meu leito de morte.
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    Mas recentemente eu passei três meses em cima de uma cama, querendo morrer.
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    Realmente querendo morrer.
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    Bem, deixa eu contar essa estória pra vocês.
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    Tudo começou dois anos atrás, quando eu bati minha cabeça e tive uma concussão.
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    Mas a concussão não curou de forma adequada,
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    e depois de 30 dias eu terminei tendo sintomas como dores de cabeça intermináveis,
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    náusea, vertigem, perda de memória, confusão mental.
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    Meu médico me disse que, para curar meu cérebro,
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    eu tinha de descansar.
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    Então eu tive que evitar tudo que disparasse meus sintomas.
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    Para mim, aquilo significou ficar sem ler, sem escrever, sem videogames,
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    sem trabalho ou e-mail, sem correr, sem álcool, sem cafeína.
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    Em outras palavras - e eu acho que dá pra ver onde isso tudo vai levar -
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    sem razão para viver.
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    É claro que falei assim para fazer graça,
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    mas, falando sério, fantasias suicidas são bastante comuns
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    em traumas cranioencefálicos.
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    Acontece com um em cada três, e aconteceu comigo.
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    Meu cérebro começou a me dizer: Jane, você quer morrer.
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    Ele dizia: você nunca mais vai melhorar.
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    Dizia: essa dor nunca vai passar.
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    E essas vozes se tornaram tão persistentes e tão persuasivas
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    que eu comecei a, com toda a razão, temer por minha vida,
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    que foi o momento em que eu disse a mim mesma depois de 34 dias -
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    e eu nunca vou esquecer esse momento -,
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    eu disse: ou eu me mato
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    ou eu transformo isso num jogo.
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    Bem, por que um jogo?
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    Eu sabia, após passar mais de uma década pesquisando a psicologia dos jogos,
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    que quando jogamos esse tipo de jogo - e isso está na literatura científica -
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    nós enfrentamos desafios difíceis com mais criatividade,
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    mais determinação, mais otimismo,
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    e ficamos mais predispostos a nos aproximar dos outros para pedir ajuda.
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    E eu queria trazer essas características dos jogadores para o desafio que estava enfrentando na vida real.
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    Então, eu criei um jogo de RPG de recuperação
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    chamado "Jane, a Exterminadora de Concussões".
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    Assim, essa se tornou a minha identidade secreta,
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    e a primeira coisa que fiz como uma exterminadora
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    foi ligar pra minha irmã gêmea - eu tenho uma irmã gêmea idêntica chamada Kelly -
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    e dizer a ela: eu estou jogando um jogo para curar o meu cérebro,
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    e quero que você jogue comigo.
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    Esse foi um jeito fácil de pedir ajuda.
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    Ela se tornou minha primeira aliada no jogo.
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    Meu marido, Kiyash, foi o próximo,
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    e juntos nós identificamos os bandidos e lutamos contra eles.
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    Ora, isso não era nada que poderia disparar meus sintomas
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    e, consequentemente, tornar mais lento o processo de cura,
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    coisas como luzes brilhantes e lugares lotados.
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    Nós também acumulamos e ativamos energias.
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    Isso era algo que eu podia fazer mesmo nos meus piores dias
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    pra poder me sentir um pouquinho melhor,
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    apenas um pouquinho mais produtiva.
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    Coisas como abraçar meu cachorro por 10 minutos,
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    ou sair da cama e dar uma volta apenas no quarteirão.
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    Bem, o jogo era simples assim:
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    adote uma identidade secreta, recrute seus aliados,
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    lute contra os bandidos, ative as energias.
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    Mas mesmo com um jogo tão simples,
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    depois de apenas alguns dias jogando,
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    aquela nuvem negra da depressão e da ansiedade
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    desapareceu. Simplesmente sumiu. Parecia um milagre.
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    Bem, não era uma cura milagrosa de dores de cabeça
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    ou de sintomas cognitivos.
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    Aquilo ainda durou mais de um ano,
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    e foi o ano mais difícil da minha vida até então.
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    Mas mesmo quando eu ainda tinha os sintomas,
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    mesmo quando eu ainda estava sentindo dor, eu parei de sofrer.
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    Aí, o que aconteceu depois com o jogo me surpreendeu.
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    Eu coloquei alguns posts e vídeos on-line num blog,
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    explicando como jogar.
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    Mas nem todo mundo tem uma concussão, é óbvio,
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    nem todo mundo quer ser "a exterminadora".
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    Então eu renomeei o jogo para "SuperMelhor".
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    E logo comecei a ouvir pessoas de todos os cantos do mundo
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    dizendo que estavam adotando sua própria identidade secreta,
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    recrutando seus próprios aliados, e ficando "super melhores"
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    enfrentando desafios como câncer e dor crônica,
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    depressão e doença de Crohn.
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    Mesmo pessoas com doenças terminais como a Esclerose Lateral Amiotrófica.
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    E dava pra dizer, com base nessas mensagens e vídeos,
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    que o jogo estava ajudando essas pessoas da mesma forma
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    que me ajudou.
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    Elas diziam que estavam se sentindo mais fortes e corajosas.
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    Elas diziam que estavam se sentindo melhor compreendidas pelos amigos e familiares.
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    E falavam até que estavam se sentindo mais felizes,
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    mesmo sentindo dor, mesmo enfrentando
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    o desafio mais difícil de suas vidas.
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    Aí eu comecei a pensar com meus botões: o que será que está acontecendo?
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    Quer dizer, como é que um jogo tão simples pode interferir de forma tão poderosa
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    em casos tão sérios, mesmo em casos de vida ou morte?
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    Quer dizer, se não tivesse funcionado comigo,
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    eu não teria acreditado que era possível.
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    Bem, acontece que existe alguma ciência aqui também.
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    Algumas pessoas ficam mais fortes e mais felizes depois de um evento traumático.
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    E isso é o que estava acontecendo com a gente.
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    O jogo estava nos ajudando a experimentar
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    o que os cientistas chamam de crescimento pós-traumático,
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    que é algo sobre o qual normalmente não ouvimos falar muito.
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    Geralmente a gente ouve falar sobre a desordem do stress pós-traumático.
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    Mas os cientistas agora sabem que um evento traumático
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    não nos condena a sofrer indefinidamente.
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    Em vez disso, nós podemos usá-lo como um trampolim
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    para liberar nossas melhores qualidades e nos conduzir a uma vida mais feliz.
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    Aqui estão as cinco coisas mais frequentes que as pessoas com
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    crescimento pós-traumático dizem:
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    Minhas prioridades mudaram. Eu não tenho medo de fazer o que me faz feliz.
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    Eu me sinto mais próximo dos meus amigos e da minha família.
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    Eu me entendo melhor. Eu sei quem eu realmente sou agora.
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    Eu dei um novo sentido e um novo propósito a minha vida.
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    Eu sou mais capaz de focar nos meus objetivos e sonhos.
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    Bem, isso soa familiar?
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    Deveria, pois as cinco características no topo da lista do crescimento pós-traumático
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    são essencialmente o oposto direto dos cinco maiores arrependimentos dos que estão no leito de morte.
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    Bem, isso é interessante, não é mesmo?
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    Parece que, de alguma forma, um evento traumático pode liberar nossa habilidade
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    de levar uma vida com menos arrependimetnos.
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    Mas como isso funciona?
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    Como se vai do trauma até o crescimento?
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    Ou, melhor ainda, existe uma forma de conseguir todos os benefícios
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    do crescimento pós-traumático sem trauma,
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    sem precisar bater a cabeça?
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    Isso seria bom, não é mesmo?
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    Eu queria entender melhor esse fenômeno,
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    então eu devorei a literatura científica, e aqui está o que aprendi.
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    Existem quatro tipos de força, ou resiliência,
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    que contribuem para o crescimento pós-traumático,
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    e há atividades cientificamente validadas
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    que podem ser feitas todos os dias para desenvolvermos esses quatro tipos de resiliência,
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    e não é preciso ter um trauma para conseguir isso.
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    Bem, eu poderia lhes dizer quais são esses quatro tipos de força,
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    mas eu prefiro que vocês experimentem por si mesmos.
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    Eu prefiro que todos nós aqui juntos possamos experimentá-las agora.
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    Então a gente vai fazer o seguinte.
  • 12:28 - 12:30
    Vamos jogar juntos um jogo rápido.
  • 12:30 - 12:32
    Aqui é onde vocês ganham aqueles sete minutos e meio
  • 12:32 - 12:34
    de bônus de vida que eu prometi no início.
  • 12:34 - 12:37
    Tudo que vocês precisam fazer é realizar
  • 12:37 - 12:39
    os quatro primeiros desafios do "SuperMelhor".
  • 12:39 - 12:42
    E eu tenho certeza de que vocês conseguem. Eu confio em vocês.
  • 12:42 - 12:45
    Então, todo mundo pronto? Este é o seu primeiro desafio. Aqui vamos nós.
  • 12:45 - 12:48
    Escolha um: levante-se e dê três passos,
  • 12:48 - 12:51
    ou feche as mãos em punho e levante-as acima de suas cabeças
  • 12:51 - 12:53
    o mais alto que puderem por cinco segundos. Já!
  • 12:53 - 12:57
    Tudo bem, eu curto as pessoas fazendo ambos. Vocês são super empreendedores.
  • 12:57 - 12:59
    Muito bom! (Risos)
  • 12:59 - 13:01
    Muito bem, pessoal. Agora esse vale um plus
  • 13:01 - 13:04
    de resiliência física, que significa que seu corpo pode
  • 13:04 - 13:07
    aguentar mais stress e se curar mais depressa.
  • 13:07 - 13:09
    Agora a gente sabe, com base naquela pesquisa, que a primeira coisa
  • 13:09 - 13:13
    que se pode fazer para aumentar a resiliência física é evitar ficar parado.
  • 13:13 - 13:14
    Basta isso.
  • 13:14 - 13:17
    Cada segundo que vocês não ficam parados,
  • 13:17 - 13:20
    vocês estão melhorando de forma ativa a saúde do seu coração,
  • 13:20 - 13:21
    e dos seus pulmões e cérebros.
  • 13:21 - 13:23
    Todo mundo pronto para o próximo desafio?
  • 13:23 - 13:26
    Eu quero que vocês estalem os dedos exatamente 50 vezes,
  • 13:26 - 13:30
    ou contem até 100 de trás pra frente, de sete em sete números, da seguinte forma: 100, 93 ...
  • 13:30 - 13:31
    Já!
  • 13:31 - 13:34
    (Estalar de dedos)
  • 13:34 - 13:36
    Não desistam.
  • 13:36 - 13:38
    (Estalar de dedos)
  • 13:38 - 13:40
    Não deixem que as pessoas contando de trás pra frente
  • 13:40 - 13:41
    interfiram com sua contagem até 50.
  • 13:41 - 13:47
    (Risos)
  • 13:47 - 13:50
    Ótimo. Puxa, é a primeira vez que vejo isso.
  • 13:50 - 13:53
    Bônus de resiliência física. Muito bem, pessoal!
  • 13:53 - 13:56
    Agora esse vale um plus de resiliência mental,
  • 13:56 - 13:58
    que significa que vocês têm mais foco mental, mais disciplina,
  • 13:58 - 14:00
    determinação e força de vontade.
  • 14:00 - 14:02
    A gente sabe, com base em pesquisas científicas, que a força de vontade
  • 14:02 - 14:04
    funciona na realidade como um músculo.
  • 14:04 - 14:06
    Quanto mais vocês a exercitam, mais forte ela fica.
  • 14:06 - 14:10
    Por isso, enfrentar um pequeno desafio sem desistir,
  • 14:10 - 14:14
    mesmo um tão absurdo quanto estalar seus dedos exatamente 50 vezes
  • 14:14 - 14:15
    ou contar pra trás, a partir de 100, de sete em sete,
  • 14:15 - 14:19
    é, na verdade, uma forma cientificamente válida de fortalecer sua força de vontade.
  • 14:19 - 14:21
    Então, parabéns! Desafio número três.
  • 14:21 - 14:23
    Escolha um: agora, por causa do espaço em que estamos,
  • 14:23 - 14:25
    o destino já fez a escolha por vocês, mas aqui nós temos duas opções:
  • 14:25 - 14:28
    se você estiver dentro, encontre uma janela e olhe para fora.
  • 14:28 - 14:30
    Se você estiver fora, encontre uma janela e olhe para dentro.
  • 14:30 - 14:33
    Ou façam uma busca rápida nas imagens do Google ou do YouTube
  • 14:33 - 14:35
    por "filhote de [seu animal favorito.]"
  • 14:35 - 14:36
    Bem, vocês podem fazer isso nos seus telefones
  • 14:36 - 14:38
    ou podem simplesmente gritar alguns nomes de filhotes.
  • 14:38 - 14:39
    Eu vou encontrar alguns e colocá-los na tela pra gente.
  • 14:39 - 14:41
    Então, o que nós queremos ver?
  • 14:41 - 14:46
    Preguiça, girafa, elefante, cobra. OK, vamos ver o que a gente conseguiu.
  • 14:46 - 14:51
    Filhote de golfinho e filhote de lhama. Olha aqui pessoal.
  • 14:51 - 14:53
    Conseguiram?
  • 14:53 - 14:57
    OK, mais um. Filhote de elefante.
  • 14:57 - 14:58
    Nós estamos batendo palmas pra isso?
  • 14:58 - 15:00
    É impressionante.
  • 15:00 - 15:02
    Tudo bem, agora o que nós estamos sentindo aqui
  • 15:02 - 15:03
    é mais um plus de resiliência emocional,
  • 15:03 - 15:06
    que significa que vocês têm a capacidade de provocar emoções
  • 15:06 - 15:09
    poderosas, positivas, tais como curiosidade ou amor,
  • 15:09 - 15:10
    que sentimos quando olhamos para filhotes de animais,
  • 15:10 - 15:12
    quando você mais precisa delas.
  • 15:12 - 15:14
    E aqui vai um segredo da literatura científica para vocês.
  • 15:14 - 15:18
    Se vocês conseguirem experimentar três emoções positivas
  • 15:18 - 15:22
    para cada emoção negativa no decorrer de uma hora,
  • 15:22 - 15:25
    de um dia, de uma semana, você aumenta tremendamente
  • 15:25 - 15:28
    sua saúde e sua habilidade de enfrentar com sucesso
  • 15:28 - 15:30
    qualquer problema pelo qual esteja passando.
  • 15:30 - 15:33
    E essa é a chamada proporção três-para-um de emoção positiva.
  • 15:33 - 15:35
    É o meu truque favorito do SuperMelhor, então, continuem assim.
  • 15:35 - 15:38
    Tudo bem, escolham um, último desafio:
  • 15:38 - 15:39
    aperte a mão de alguém por seis segundos,
  • 15:39 - 15:41
    ou envie a alguém um rápido obrigado
  • 15:41 - 15:43
    por texto, e-mail, Facebook ou Twitter. Já!
  • 15:43 - 15:48
    (Conversas)
  • 15:48 - 15:50
    Beleza, beleza!
  • 15:50 - 15:53
    Ótimo, ótimo.
  • 15:53 - 15:56
    Continuem. Estou adorando!
  • 15:56 - 16:00
    Tá bom, gente, este é mais um plus de resiliência social,
  • 16:00 - 16:03
    que significa que vocês na verdade conseguiram mais força dos seus amigos,
  • 16:03 - 16:05
    seus vizinhos, sua família, sua comunidade.
  • 16:05 - 16:08
    Agora, uma excelente maneira de aumentar a sua resiliência social é a gratidão.
  • 16:08 - 16:10
    Tocar é melhor ainda.
  • 16:10 - 16:12
    Aqui vai um segredinho pra vocês:
  • 16:12 - 16:14
    apertar a mão de alguém por seis segundos
  • 16:14 - 16:17
    aumenta tremendamente o nível de oxitocina no seu sistema sanguíneo,
  • 16:17 - 16:18
    que é o hormônio da confiança.
  • 16:18 - 16:21
    Isso significa que todos vocês que acabaram de trocar apertos de mão
  • 16:21 - 16:24
    estão bioquimicamente propensos a gostar e a querer ajudar uns aos outros.
  • 16:24 - 16:27
    Isso vai durar até o intervalo,
  • 16:27 - 16:29
    por isso, aproveitem as oportunidades de fazer contatos.
  • 16:29 - 16:31
    (Risos)
  • 16:31 - 16:33
    Ok, bem, vocês conseguiram completar com sucesso seus quatro desafios,
  • 16:33 - 16:36
    então, vamos ver se eu fui bem sucedida na minha missão
  • 16:36 - 16:38
    de dar a vocês sete minutos e meio de bônus de vida.
  • 16:38 - 16:40
    E aqui é onde eu vou compartilhar um pouquinho mais de ciência com vocês.
  • 16:40 - 16:43
    Acontece que as pessoas que regularmente
  • 16:43 - 16:44
    aumentam esses quatro tipos de resiliência -
  • 16:44 - 16:47
    física, mental, emocional e social -
  • 16:47 - 16:50
    vivem 10 anos a mais que todo mundo.
  • 16:50 - 16:51
    Então é verdade mesmo.
  • 16:51 - 16:53
    Se você estiver adquirindo regularmente a proporção três-por-um
  • 16:53 - 16:55
    de emoções positivas,
  • 16:55 - 16:58
    se você nunca fica sentado quieto por mais de uma hora,
  • 16:58 - 17:02
    se você se aproxima de uma pessoa querida quase todos os dias,
  • 17:02 - 17:06
    se você enfrenta pequenos desafios para fortalecer sua força de vontade,
  • 17:06 - 17:08
    você vai viver 10 anos a mais que os outros.
  • 17:08 - 17:11
    E aqui é onde a matemática que lhes mostrei no início aparece.
  • 17:11 - 17:15
    Bem, a expectativa média de vida nos Estados Unidos e no Reino Unido é de 78,1 anos,
  • 17:15 - 17:18
    no entanto, nós sabemos através de mais de 1.000 estudos científicos
  • 17:18 - 17:20
    que é possível adicionar 10 anos de vida a esse número estimulando
  • 17:20 - 17:22
    seus quatro tipos de resiliência.
  • 17:22 - 17:24
    Assim, para cada ano que vocês
  • 17:24 - 17:25
    estimularem seus quatro tipos de resiliência,
  • 17:25 - 17:27
    vocês estão, na verdade, ganhando 0,128 anos a mais de vida
  • 17:27 - 17:32
    ou mais 46 dias de vida, ou mais 67,298 minutos de vida,
  • 17:32 - 17:37
    o que significa que a cada dia vocês estão ganhando 184 minutos de vida,
  • 17:37 - 17:40
    ou que a cada hora que vocês estimulam seus quatro tipos de resiliência,
  • 17:40 - 17:43
    como acabamos de fazer aqui juntos, vocês estão ganhando 7,68245837
  • 17:43 - 17:44
    minutos a mais de vida.
  • 17:44 - 17:46
    Parabéns, aqueles sete minutos e meio
  • 17:46 - 17:48
    são todos seus. Vocês os mereceram completamente.
  • 17:48 - 17:49
    (Aplausos)
  • 17:49 - 17:53
    É! Incrível.
  • 17:53 - 17:56
    Esperem, esperem, esperem.
  • 17:56 - 17:58
    Vocês ainda têm sua missão especial,
  • 17:58 - 17:59
    sua missão secreta.
  • 17:59 - 18:01
    Como vocês vão gastar esses sete minutos e meio
  • 18:01 - 18:02
    de bônus de vida?
  • 18:02 - 18:03
    Bem, aqui vai a minha sugestão.
  • 18:03 - 18:07
    Esses sete minutos e meio de bônus são tipo os desejos do gênio.
  • 18:07 - 18:11
    Vocês podem usar seu primeiro desejo para desejar mais um milhão de desejos.
  • 18:11 - 18:12
    Bem esperto, né?
  • 18:12 - 18:15
    Então, se vocês gastarem esses sete minutos e meio hoje
  • 18:15 - 18:18
    fazendo algo que os faça felizes,
  • 18:18 - 18:20
    ou que os mantenha fisicamente ativos,
  • 18:20 - 18:23
    ou que os coloque em contato com alguém querido,
  • 18:23 - 18:25
    ou mesmo simplesmente enfrentando pequenos desafios,
  • 18:25 - 18:27
    vocês vão aumentar sua resiliência,
  • 18:27 - 18:29
    e daí vocês vão ganhar mais minutos.
  • 18:29 - 18:32
    E a boa notícia é que vocês podem continuar assim.
  • 18:32 - 18:34
    Cada hora do dia, cada dia de sua vida,
  • 18:34 - 18:36
    toda a jornada até o seu leito de morte,
  • 18:36 - 18:38
    que agora será 10 anos mais tarde do que seria.
  • 18:38 - 18:42
    E, quando vocês chegarem lá, é bem provável que
  • 18:42 - 18:45
    vocês não terão qualquer desses cinco grandes arrependimentos,
  • 18:45 - 18:48
    porque vocês vão ter desenvolvido a força e a resiliência
  • 18:48 - 18:51
    para levar uma vida fiel aos seus sonhos.
  • 18:51 - 18:55
    E com 10 anos extras, vocês deveriam ter tempo suficiente até mesmo
  • 18:55 - 18:57
    para jogar mais jogos.
  • 18:57 - 18:58
    Obrigada.
  • 18:58 - 19:09
    (Aplausos)
Title:
Jane McGonigal: O jogo que pode lhe dar 10 anos a mais de vida.
Speaker:
Jane McGonigal
Description:

Quando a designer de jogos Jane McGonigal se encontrou em cima de uma cama e com pensamentos suicidas depois de uma séria concussão, ela teve uma ideia fascinante sobre como poderia melhorar seu estado. Ela mergulhou na pesquisa científica e criou um jogo de cura, o SuperMelhor. Nessa palestra tão tocante, McGonigal explica como um jogo pode estimular a resiliência - e promete adicionar 7,5 minutos à vida das pessoas.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
19:30

Portuguese, Brazilian subtitles

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