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Como se irão parecer os seres humanos daqui a 100 anos?

  • 0:03 - 0:05
    Eis uma questão importante.
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    [Será ético fazer evoluir o corpo humano?]
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    Porque estamos a juntar todas
    as ferramentas necessárias para o fazer.
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    Podemos fazer evoluir
    bactérias e plantas
  • 0:13 - 0:14
    e podemos fazer evoluir animais.
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    Estamos a chegar a um ponto
    em que temos de perguntar:
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    "Será realmente ético e queremos
    fazer evoluir os seres humanos?"
  • 0:21 - 0:23
    Enquanto pensam nisso,
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    deixem-me falar sobre
    o contexto das próteses,
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    as próteses do passado,
    do presente e do futuro.
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    Isto é a mão de ferro
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    que pertenceu a um conde germânico.
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    Adorava combater, perdeu o braço
    numa destas batalhas.
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    Não há problema, fez uma armadura
    de corpo inteiro,
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    vestiu-a,
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    uma prótese perfeita.
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    É daí que vem o conceito
    de governar com mão de ferro.
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    E claro, estas próteses têm vindo
    a tornar-se cada vez mais úteis,
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    cada vez mais modernas.
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    Podem segurar ovos escalfados.
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    Podem ter todo o tipo de controlos
    e enquanto pensam nisso,
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    há pessoas fantásticas
    como o Hugh Herr
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    que tem vindo a construir
    próteses absolutamente extraordinárias.
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    Tão fantásticas que a Aimee Mullins
    pode sair e dizer:
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    "Que altura quero ter esta noite?"
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    Ou então: "Que tipo
    de desfiladeiro quero escalar?"
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    Ou: "Alguém quer correr a maratona?"
    ou: "Alguém quer fazer danças de salão?"
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    À medida que se adaptam estas coisas,
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    o interessante das próteses
    é que têm vindo a entrar no corpo.
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    Então estas próteses externas
    tornaram-se joelhos artificiais.
  • 1:28 - 1:30
    Tornaram-se ancas artificiais.
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    E evoluíram ainda mais
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    para se tornarem
    não só algo bom de se ter
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    mas essencial de se ter.
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    Então, quando se está a falar
    de um "pacemaker" como prótese,
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    não estamos a falar de algo
    que é só "falta-me uma perna",
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    é: "se não tiver isto, morro."
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    Neste ponto, uma prótese
    tem uma relação simbiótica
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    com o corpo humano.
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    Quatro das pessoas mais inteligentes
    que alguma vez conheci
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    — Ed Boyden, Hugh Herr,
    Joe Jacobsen, Bob Lander —
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    estão a trabalhar num centro
    para biónicos extremos.
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    O interessante é que estamos a ver
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    que estas próteses são
    agora integradas no osso.
  • 2:08 - 2:10
    E são integradas na pele.
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    E são integradas nos músculos.
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    Um dos outros lados de Ed
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    é que ele está a pensar
    em como ligar o cérebro
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    usando luzes ou outros mecanismos
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    diretamente a coisas
    como estas próteses.
  • 2:25 - 2:26
    Se pudermos fazer isso,
  • 2:26 - 2:29
    podemos começar a mudar aspetos
    fundamentais da humanidade.
  • 2:30 - 2:34
    Então a rapidez com que reagimos a algo
    depende do diâmetro do nervo.
  • 2:35 - 2:39
    E claro, se tivermos nervos
    que são externos ou prostéticos,
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    digamos com luz ou metal líquido,
  • 2:42 - 2:44
    então podemos aumentar esse diâmetro
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    e poderemos teoricamente aumentá-lo
    até ao ponto que,
  • 2:47 - 2:51
    desde que vejamos o clarão,
    podemos desviar-nos de uma bala.
  • 2:52 - 2:55
    É esta a magnitude das mudanças
    de que estamos a falar.
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    Isto é um quarto nível de próteses.
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    Estes são aparelhos de audição Phonak
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    e a razão por que são tão interessantes
  • 3:03 - 3:05
    é porque estão no limite
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    entre as próteses serem algo
    para pessoas com uma "deficiência"
  • 3:10 - 3:14
    e tornarem-se algo
    que pessoas "normais"
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    possam querer,
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    porque estas próteses.
    o que é muito interessante,
  • 3:19 - 3:20
    não só nos ajudam a ouvir,
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    como focam a audição,
  • 3:22 - 3:24
    para que se possa
    ouvir a conversa ali.
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    Podem ter superaudição.
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    Podem ter audição em 360º.
    Podem ouvir estática.
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    Podem gravar, e já agora,
    Isto também tem um telefone.
  • 3:32 - 3:35
    Então isto funciona como aparelho
    e também como um telefone.
  • 3:36 - 3:41
    Neste ponto, alguém pode mesmo
    querer esta prótese de forma voluntária.
  • 3:42 - 3:45
    Todos estes milhares de peças
    vagamente interligadas
  • 3:45 - 3:46
    estão a juntar-se,
  • 3:47 - 3:49
    e está na altura de fazermos a pergunta:
  • 3:49 - 3:52
    "Como queremos que o ser humano
    evolua nos próximos dois séculos?"
  • 3:54 - 3:56
    Para isso, recorremos
    a um grande filósofo,
  • 3:57 - 4:00
    que é muito inteligente,
    apesar de ser adepto dos Yankees.
  • 4:00 - 4:02
    (Risos)
  • 4:03 - 4:07
    O Yogi Berra dizia que
    é muito difícil fazer previsões,
  • 4:07 - 4:08
    especialmente sobre o futuro.
  • 4:08 - 4:09
    (Risos)
  • 4:09 - 4:12
    Então, para começar, ao invés
    de fazermos uma previsão do futuro,
  • 4:12 - 4:16
    vamos ver o que está a acontecer
    no presente com pessoas como Tony Atala,
  • 4:16 - 4:18
    que está a redesenhar cerca de 30 órgãos.
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    Talvez a prótese definitiva não seja
    ter algo em titânio exterior.
  • 4:23 - 4:26
    Talvez a prótese definitiva
    seja pegar no nosso código genético
  • 4:26 - 4:28
    e refazer as nossas
    partes do corpo,
  • 4:28 - 4:32
    porque isso é muito mais
    eficaz do que qualquer prótese.
  • 4:32 - 4:36
    Mas, enquanto isso, podemos pegar
    no trabalho de Craig Venter e Ham Smith.
  • 4:36 - 4:39
    Uma das coisas
    que temos vindo a fazer
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    é tentar perceber
    como reprogramar células.
  • 4:42 - 4:44
    Se pudermos
    reprogramar uma célula,
  • 4:44 - 4:46
    então podemos mudar
    as células desses órgãos.
  • 4:47 - 4:50
    Então se pudermos mudar
    as células desses órgãos,
  • 4:50 - 4:52
    talvez possamos tornar
    esses órgãos resistentes à radiação.
  • 4:52 - 4:55
    Talvez os possamos fazer
    absorver mais oxigénio.
  • 4:55 - 4:56
    Talvez possam ser mais eficientes
  • 4:56 - 4:59
    a filtrar as coisas
    que não queremos no corpo.
  • 4:59 - 5:03
    Nas últimas semanas, o George Church
    tem aparecido muito nas notícias
  • 5:03 - 5:06
    porque tem falado sobre pegar
    numa destas células programáveis
  • 5:06 - 5:10
    e inserir nessa célula
    um genoma humano inteiro
  • 5:10 - 5:14
    Quando pudermos inserir
    o genoma humano numa célula,
  • 5:14 - 5:16
    então começamos a fazer a pergunta:
  • 5:16 - 5:20
    "Gostaríamos de melhorar
    alguma parte desse genoma?
  • 5:21 - 5:24
    "Queremos melhorar um corpo humano?
  • 5:24 - 5:26
    "Como quereríamos melhorar
    um corpo humano?
  • 5:26 - 5:28
    "De que forma será ético
    melhorar um corpo humano
  • 5:28 - 5:31
    "e de que forma não é ético
    melhorar um corpo humano?"
  • 5:32 - 5:33
    De repente, o que estamos a fazer
  • 5:33 - 5:36
    é este tabuleiro de xadrez
    multidimensional
  • 5:36 - 5:40
    onde podemos mudar
    a genética humana usando vírus
  • 5:40 - 5:42
    para atacar coisas como a SIDA,
  • 5:42 - 5:45
    ou podemos mudar o código genético
    através de terapia genética
  • 5:45 - 5:47
    para erradicar doenças hereditárias,
  • 5:48 - 5:49
    ou podemos mudar o ambiente,
  • 5:49 - 5:52
    e mudar a expressão
    destes genes no epigenoma
  • 5:52 - 5:54
    e passá-lo para as próximas gerações.
  • 5:55 - 5:58
    E de repente, não é só um pouco,
  • 5:58 - 6:00
    são todos estes bocados em monte
  • 6:00 - 6:03
    que nos permitem
    tirar pequenas porções
  • 6:03 - 6:05
    até todas as porções estarem juntas
  • 6:06 - 6:08
    e levarem-nos para algo muito diferente.
  • 6:10 - 6:12
    Muitas pessoas têm medo destas coisas.
  • 6:12 - 6:15
    É assustador e existem
    riscos em tudo isto.
  • 6:16 - 6:19
    Então por que motivo haveríamos
    de querer fazer estas coisas?
  • 6:19 - 6:22
    Porque quereríamos
    alterar o corpo humano
  • 6:22 - 6:24
    de uma forma fundamental?
  • 6:25 - 6:27
    A resposta em parte surge
  • 6:27 - 6:29
    com Lord Rees,
  • 6:29 - 6:31
    o astrónomo real da Grã-Bretanha.
  • 6:33 - 6:36
    Um dos seus ditados preferidos
    é que o universo é 100% malévolo.
  • 6:36 - 6:38
    O que é que isto significa?
  • 6:38 - 6:41
    Significa que, se pegarmos
    em qualquer um dos nossos corpos,
  • 6:41 - 6:42
    e o largarmos algures no universo,
  • 6:42 - 6:45
    o largarmos no espaço, morre.
  • 6:45 - 6:46
    Se o largarmos no Sol, morre.
  • 6:46 - 6:49
    Se o largarmos na superfície
    de Mercúrio, morre.
  • 6:49 - 6:51
    Se o largarmos numa supernova, morre.
  • 6:51 - 6:53
    Mas felizmente, tem
    uma eficiência de cerca de 80%.
  • 6:55 - 6:57
    Como um grande físico disse uma vez,
  • 6:58 - 7:02
    existem estes pequenos
    remoinhos da biologia
  • 7:02 - 7:07
    que criam ordem
    nesta corrente rápida da entropia.
  • 7:08 - 7:11
    Então, à medida que o universo
    dissipa energia,
  • 7:11 - 7:15
    existem estes remoinhos
    que criam ordem biológica.
  • 7:16 - 7:18
    Agora, o problema
    com estes remoinhos
  • 7:18 - 7:20
    é que eles tendem a desaparecer.
  • 7:20 - 7:22
    Eles mudam-se. Movem-se entre rios.
  • 7:23 - 7:25
    Por isso, quando um remoinho se muda,
  • 7:25 - 7:28
    quando a Terra se torna uma bola de neve,
    quando a Terra se torna muito quente,
  • 7:28 - 7:31
    a Terra é atingida por um asteroide,
    quando temos supervulcões
  • 7:32 - 7:33
    quando temos erupções solares,
  • 7:33 - 7:37
    quando temos acontecimentos
    que podem levar à extinção
  • 7:37 - 7:39
    como as próximas eleições,
  • 7:39 - 7:40
    (Risos)
  • 7:41 - 7:45
    Então, de repente,
    podemos ter extinções periódicas.
  • 7:45 - 7:48
    E já agora, já aconteceu
    cinco vezes na Terra,
  • 7:48 - 7:50
    logo, é muito provável
  • 7:50 - 7:54
    que a espécie humana na Terra
    se extinga um dia.
  • 7:54 - 7:56
    Não na próxima semana,
  • 7:56 - 7:58
    nem no mês que vem,
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    talvez em novembro,
    talvez 10 000 anos depois.
  • 8:02 - 8:05
    Enquanto pensam
    nas consequências disso,
  • 8:05 - 8:08
    se acreditam que as extinções
    são comuns, naturais
  • 8:08 - 8:10
    e normais e ocorrem periodicamente,
  • 8:10 - 8:13
    torna-se um imperativo moral
    diversificar a nossa espécie.
  • 8:15 - 8:16
    E torna-se um imperativo moral
  • 8:16 - 8:19
    porque vai ser muito difícil
    viver em Marte
  • 8:19 - 8:22
    se não mudarmos
    fundamentalmente o corpo humano.
  • 8:23 - 8:24
    Certo?
  • 8:24 - 8:25
    Partimos de uma célula,
  • 8:25 - 8:28
    a mãe e o pai juntam-se
    para fazer uma célula.
  • 8:28 - 8:30
    numa cascata para 10 biliões de células.
  • 8:30 - 8:34
    Não sabemos, se mudarmos
    a gravidade substancialmente,
  • 8:34 - 8:37
    se o mesmo vai acontecer
    para criarmos o nosso corpo.
  • 8:38 - 8:41
    Mas sabemos que, se expusermos
    o nosso corpo, tal como ele é agora,
  • 8:41 - 8:44
    a muita radiação, vamos morrer.
  • 8:45 - 8:48
    Enquanto se analisa isto,
    temos de repensar as coisas
  • 8:48 - 8:49
    só para chegar a Marte.
  • 8:49 - 8:52
    Esqueçam as luas de Neptuno ou de Júpiter.
  • 8:53 - 8:55
    E como diz Nikolai Kardashev,
  • 8:55 - 8:58
    vamos pensar na vida
    numa série de escalas.
  • 8:58 - 9:00
    Então, uma civilização "Vida Um"
  • 9:00 - 9:03
    é uma civilização que começa
    a alterar o seu aspeto.
  • 9:04 - 9:06
    Temos vindo a fazê-lo
    há milhares de anos.
  • 9:06 - 9:10
    Temos lipoaspirações
    e temos isto e aquilo.
  • 9:10 - 9:13
    Alteramos o nosso aspeto e dizem-me
  • 9:13 - 9:16
    que nem todas essas alterações
    são por uma razão médica.
  • 9:17 - 9:19
    (Risos)
  • 9:19 - 9:20
    Parece estranho.
  • 9:20 - 9:23
    Uma civilização "Vida Dois" é diferente.
  • 9:24 - 9:29
    Este tipo de civilização altera
    aspetos fundamentais do corpo.
  • 9:30 - 9:33
    Se injetarmos uma hormona de crescimento,
    a pessoa cresce mais,
  • 9:33 - 9:37
    ou se injetarmos x a pessoa engorda
    ou altera o seu metabolismo
  • 9:37 - 9:38
    ou acontece uma série de coisas,
  • 9:38 - 9:41
    mas estamos a alterar as funções
    de uma forma fundamental.
  • 9:41 - 9:44
    Para nos tornarmos
    numa civilização intra-solar,
  • 9:44 - 9:46
    vamos ter de criar
    uma civilização "Vida Três",
  • 9:48 - 9:50
    que é muito diferente
    da que temos agora.
  • 9:51 - 9:53
    Talvez nos injetemos
    com "Deinococcus radiodurans"
  • 9:53 - 9:57
    para que as células se reproduzam
    após muita exposição a radiação.
  • 9:58 - 10:01
    Talvez possamos respirar através
    do oxigénio a fluir no sangue
  • 10:01 - 10:03
    em vez dos pulmões.
  • 10:04 - 10:06
    Mas estamos a falar de mudanças
    extremamente radicais,
  • 10:07 - 10:11
    e uma das coisas interessantes
    que aconteceram na última década
  • 10:11 - 10:13
    é que descobrimos uma série
    de planetas lá fora.
  • 10:13 - 10:15
    Alguns podem ser como a Terra.
  • 10:17 - 10:21
    O problema é que, se quisermos
    algum dia chegar a esses planetas,
  • 10:21 - 10:23
    os objetos humanos mais rápidos
  • 10:23 - 10:25
    — Juno e o Voyager e tudo o resto —
  • 10:25 - 10:28
    levamos dezenas de milhares de anos
  • 10:28 - 10:30
    daqui até ao sistema solar mais próximo.
  • 10:31 - 10:34
    Então se quisermos explorar
    praias noutro lado qualquer,
  • 10:34 - 10:37
    ou ver um pôr-do-sol de dois sois.
  • 10:38 - 10:41
    estamos a falar
    de algo muito diferente,
  • 10:41 - 10:46
    porque temos de mudar a escala de tempo
    e o corpo do ser humano
  • 10:46 - 10:49
    de formas completamente irreconhecíveis.
  • 10:50 - 10:52
    E isso é uma
    civilização "Vida Quatro".
  • 10:54 - 10:57
    Não podemos sequer imaginar
    como isso poderá ser,
  • 10:57 - 10:59
    mas começamos a ter vislumbres
  • 10:59 - 11:02
    de instrumentos
    que nos podem levar mais longe.
  • 11:03 - 11:05
    Deixem-me dar-vos dois exemplos.
  • 11:05 - 11:07
    Este é o fantástico Floyd Romesberg.
  • 11:07 - 11:09
    Uma das coisas que ele tem vindo a fazer
  • 11:09 - 11:12
    é brincar com a química básica da vida.
  • 11:12 - 11:17
    Toda a vida do planeta é feita de ACGT,
    as quatro letras do ADN,
  • 11:17 - 11:20
    Todas as bactérias, plantas,
    animais, humanos, vacas,
  • 11:20 - 11:21
    e tudo o resto.
  • 11:22 - 11:27
    E o que o Floyd fez, foi mudar
    dois destes pares básicos,
  • 11:27 - 11:28
    então temos ATXY.
  • 11:30 - 11:35
    O que significa que temos
    um sistema paralelo para criar vida,
  • 11:35 - 11:40
    para fazer bebés, reproduzir, evoluir,
  • 11:40 - 11:42
    que não condiz com
    a maioria das coisas na Terra
  • 11:42 - 11:44
    ou, na verdade, com nada na Terra.
  • 11:45 - 11:48
    Talvez possamos fazer plantas
    imunes a todas as bactérias.
  • 11:48 - 11:50
    Talvez possamos fazer plantas
    imunes a todos os vírus.
  • 11:50 - 11:52
    Mas porque é isto interessante?
  • 11:52 - 11:55
    Isto significa que não
    somos a única solução.
  • 11:55 - 11:59
    Significa que podemos
    criar químicas alternativas
  • 11:59 - 12:04
    que poderão ser adaptáveis
    a planetas muito diferentes
  • 12:04 - 12:06
    que poderão criar vida
    e hereditariedade.
  • 12:08 - 12:10
    A segunda experiência.
  • 12:10 - 12:13
    ou a outra implicação
    desta experiência,
  • 12:13 - 12:18
    é que em todos nós, toda a vida
    é baseada em 20 aminoácidos.
  • 12:18 - 12:20
    Se não substituirmos dois aminoácidos,
  • 12:20 - 12:26
    se não for ATXY,
    se for ATCG + XY,
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    então passamos
    de 20 blocos para 172,
  • 12:30 - 12:33
    e, de repente, temos
    172 blocos de aminoácidos
  • 12:33 - 12:35
    para criar formas de vida
    de muitas maneiras diferentes.
  • 12:37 - 12:41
    A segunda experiência em que temos
    de pensar é realmente estranha
  • 12:41 - 12:43
    e tem vindo a ser realizada na China.
  • 12:44 - 12:48
    Alguém tem vindo a transplantar
    centenas de cabeças de rato.
  • 12:49 - 12:50
    Certo?
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    Porque é isto
    uma experiência interessante?
  • 12:53 - 12:56
    Bem, pensem nos primeiros
    transplantes de coração.
  • 12:56 - 12:57
    Uma das coisas que faziam
  • 12:57 - 13:01
    era ir buscar a mulher ou a filha do dador
  • 13:01 - 13:05
    para que o doado
    pudesse dizer aos médicos:
  • 13:05 - 13:07
    "Reconhece esta pessoa?
    Gosta desta pessoa?
  • 13:07 - 13:09
    "Sente alguma coisa por esta pessoa?"
  • 13:09 - 13:11
    Rimos disto hoje em dia.
  • 13:11 - 13:14
    Rimos porque sabemos
    que o coração é um músculo,
  • 13:14 - 13:17
    mas durante centenas de milhares de anos,
    dezenas de milhares de anos,
  • 13:17 - 13:20
    "Dei-lhe o meu coração. Levou-me
    o coração. Partiu-me o coração."
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    Pensávamos que isto
    era uma emoção
  • 13:22 - 13:25
    e pensávamos que a emoções
    fossem transplantadas com o coração. Não.
  • 13:26 - 13:27
    Então e o cérebro?
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    Dois resultados possíveis
    desta experiência.
  • 13:32 - 13:34
    Se pudermos arranjar um rato
  • 13:34 - 13:36
    que seja funcional,
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    depois podemos ver:
  • 13:38 - 13:40
    "Será o novo cérebro
    uma tela em branco?
  • 13:41 - 13:43
    E isto tem implicações!
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    Segunda opção:
  • 13:47 - 13:49
    o rato novo reconhece a Minnie.
  • 13:50 - 13:52
    O rato novo lembra-se
    do que tem medo,
  • 13:52 - 13:54
    lembra-se de como
    atravessar o labirinto.
  • 13:54 - 13:55
    Se isto for verdade,
  • 13:56 - 13:59
    então podemos transplantar
    memórias e consciências.
  • 14:01 - 14:03
    E então, a questão
    realmente interessante é:
  • 14:04 - 14:07
    "Se podemos transplantar isto,
    é este o único mecanismo
  • 14:07 - 14:09
    "de entrada e saída de dados?"
  • 14:09 - 14:12
    Ou poderíamos transplantar
    essa consciência para algo
  • 14:12 - 14:14
    que poderia ser muito diferente,
  • 14:14 - 14:16
    que poderia durar no espaço,
  • 14:16 - 14:18
    que poderia durar
    dezenas de milhares de anos,
  • 14:18 - 14:20
    que poderia ser um corpo
    completamente redesenhado
  • 14:20 - 14:24
    que poderia guardar uma consciência
    por um período longo de tempo?
  • 14:26 - 14:28
    Vamos voltar à primeira questão:
  • 14:29 - 14:31
    Porque haveríamos
    de querer fazer isto?
  • 14:32 - 14:34
    Bem, eu digo-vos porquê.
  • 14:34 - 14:36
    Porque esta é a "selfie" definitiva.
  • 14:36 - 14:38
    (Risos)
  • 14:38 - 14:41
    Isto foi tirado a
    6 mil milhões de km de distância,
  • 14:42 - 14:44
    e esta é a Terra.
  • 14:45 - 14:46
    É tudo o que temos.
  • 14:47 - 14:51
    Se aquela pequena coisa desaparecer,
    toda a humanidade desaparece.
  • 14:52 - 14:55
    A razão por que queremos
    alterar o corpo
  • 14:55 - 14:57
    é porque eventualmente
    queremos uma foto que diga:
  • 14:57 - 14:59
    "Estes somos nós,
    estes somos nós,
  • 14:59 - 15:01
    "e estes somos nós",
  • 15:01 - 15:04
    porque é assim que a humanidade
    vai sobreviver à extinção.
  • 15:05 - 15:08
    É por esta razão
  • 15:08 - 15:12
    que não é ético não fazer evoluir
    o corpo humano
  • 15:12 - 15:15
    apesar de ser assustador,
    apesar de ser difícil,
  • 15:15 - 15:18
    mas é o que nos vai
    permitir explorar, viver
  • 15:18 - 15:21
    e chegar a sítios com os quais
    nem sequer sonhamos,
  • 15:22 - 15:25
    mas que os nossos tetra-tetra-netos
    poderão um dia conhecer.
  • 15:26 - 15:27
    Muito obrigado.
  • 15:27 - 15:30
    (Aplausos)
Title:
Como se irão parecer os seres humanos daqui a 100 anos?
Speaker:
Juan Enriquez
Description:

Podemos fazer evoluir bactérias, plantas e animais — o futurista Juan Enriquez pergunta: Será ético fazer evoluir o corpo humano? Numa palestra visionária que abrange desde as próteses medievais até à neuroengenharia e ao ADN artificial da ciência dos dias de hoje, Enriquez fala das éticas associadas à evolução dos humanos e imagina as formas que vamos ter para transformar o nosso corpo se quisermos um dia explorar e viver em sítios que não a Terra.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:45

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