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Despertar de despertar | Nilton Bonder | TEDxLaçador

  • 0:09 - 0:12
    Então, sobre o que eu vou falar
    um pouquinho pra vocês?
  • 0:13 - 0:18
    Eu vou falar diretamente
    sobre esta questão da consciência,
  • 0:18 - 0:23
    tentar trazer um pouquinho
    essa questão do que é,
  • 0:23 - 0:27
    pelo menos a partir da tradição judaica,
  • 0:27 - 0:31
    que é o território
    onde eu mais funciono...
  • 0:31 - 0:34
    E, já que eu ia ser o primeiro da manhã,
  • 0:34 - 0:39
    eu quis colocar exatamente esta foto aí,
  • 0:39 - 0:44
    que é essa sensação, ainda mais nós aqui,
    com esse friozinho gaúcho,
  • 0:44 - 0:48
    e contar pra vocês duas histórias.
  • 0:48 - 0:50
    Vou contar algumas histórias,
  • 0:50 - 0:54
    é uma das formas de prática
    da tradição judaica, de muitas tradições,
  • 0:54 - 1:00
    que é a maneira de a gente,
    rapidamente, se contextualizar.
  • 1:00 - 1:04
    E a história sempre toca o coração
    de cada um de uma maneira pessoal
  • 1:04 - 1:07
    e esse pessoal é o que nos engaja.
  • 1:08 - 1:13
    Essas duas histórias são sobre um menino
  • 1:13 - 1:15
    que acorda no meio da noite.
  • 1:17 - 1:21
    Numa primeira história,
    ele acorda e o pai está estudando.
  • 1:21 - 1:23
    É um sábio, é um rabino.
  • 1:23 - 1:27
    E ele vem ao pai e pergunta pro pai...
  • 1:27 - 1:30
    curioso com a própria
    experiência de ter acordado,
  • 1:30 - 1:32
    ele pergunta pro pai:
  • 1:32 - 1:38
    "Pai, se existe acordar de estar dormindo,
  • 1:39 - 1:41
    existe acordar de estar acordado?"
  • 1:44 - 1:48
    E o pai responde: "Sim,
    existe acordar de estar acordado".
  • 1:52 - 1:56
    Na segunda história,
    todas elas relativas ao despertar,
  • 1:57 - 2:03
    o menino acorda tendo
    um sonho e ele vai ao pai,
  • 2:03 - 2:07
    que é um sábio, mesma condição,
    está lá estudando,
  • 2:07 - 2:09
    e ele pergunta ao pai:
  • 2:10 - 2:15
    "Pai, se eu estou no sonho,
    quando estou dormindo,
  • 2:15 - 2:20
    e agora, como tenho certeza
    que eu também não estou sonhando?"
  • 2:22 - 2:27
    E o pai diz: "Sempre que você
    estiver se fazendo essa pergunta,
  • 2:27 - 2:29
    você não está sonhando".
  • 2:31 - 2:34
    Então é um pouco
    sobre esses dois aspectos,
  • 2:34 - 2:38
    essa ideia de a gente estar desperto,
  • 2:38 - 2:41
    de estar acordado de estar acordado,
  • 2:41 - 2:45
    e essa ideia de a gente saber fazer
    perguntas que nos colocam lúcidos,
  • 2:45 - 2:50
    que nos colocam num lugar em que a gente
    não está num delírio ou numa ilusão,
  • 2:50 - 2:56
    num lugar que não é
    um território desperto.
  • 2:57 - 3:02
    Eu uso isso porque um dos mestres místicos
    mais importantes da tradição judaica,
  • 3:03 - 3:05
    Reb Nachman de Bratslav,
  • 3:05 - 3:10
    usava uma expressão, em iídiche,
    que é a expressão "gevalt".
  • 3:10 - 3:14
    E "gevalt" quer dizer
    uma espécie de: "Uau!"
  • 3:15 - 3:19
    E é uma expressão de a gente acordar,
    de a gente despertar,
  • 3:19 - 3:22
    de a gente se dar conta que as coisas
  • 3:22 - 3:25
    são de uma maneira diferente
    do que a gente imaginava.
  • 3:26 - 3:30
    Então vou querer fazer, rapidamente,
    um passeio com vocês...
  • 3:30 - 3:35
    Na verdade, eu vou voltar pra cá,
    porque, pra tradição judaica,
  • 3:35 - 3:42
    os grandes despertares acontecem
    em duas áreas importantes da vida:
  • 3:42 - 3:47
    uma que é a dimensão
    que a gente chama "emuna",
  • 3:47 - 3:49
    que tem a ver com fé...
  • 3:51 - 3:53
    com graça, fé...
  • 3:53 - 3:55
    e uma outra que se chama "bitachon";
  • 3:55 - 3:58
    mas eu já volto, porque quero
    terminar com elas.
  • 3:58 - 4:00
    E quero ir com vocês,
  • 4:00 - 4:04
    pensar rapidamente, um pouquinho,
    nesses lugares da gente despertar,
  • 4:04 - 4:06
    só pra gente fazer um exercício,
  • 4:06 - 4:09
    e depois eu volto pra esse lugar
    que é, pra tradição judaica,
  • 4:09 - 4:14
    e acho que em outras tradições,
    com outros nomes ou com outros olhares,
  • 4:14 - 4:19
    o grande despertar que todos nós
    temos que realizar.
  • 4:19 - 4:22
    Eu vou rapidamente fazer um passeio
  • 4:22 - 4:26
    por três áreas muito comuns pra gente,
  • 4:26 - 4:31
    porque talvez esses sejam
    os territórios mais simples
  • 4:31 - 4:33
    ou mais básicos da vida da gente,
  • 4:33 - 4:38
    que é o território que a gente
    sempre usa acoplado aos verbos,
  • 4:39 - 4:41
    que são os nossos pronomes.
  • 4:41 - 4:46
    O lugar do "eu", como a gente desperta
    um pouquinho nesse lugar do eu,
  • 4:46 - 4:50
    como a gente desperta nesse lugar do nós,
  • 4:50 - 4:53
    e como a gente desperta no lugar do tu.
  • 4:53 - 4:58
    Tu é perfeito pra cá.
    Pro Rio é você; aqui é tu, mesmo.
  • 5:02 - 5:07
    Vou trabalhar o eu como um lugar que tem
    a ver com a consciência da existência;
  • 5:07 - 5:12
    a nossa passagem do tempo, que é onde
    a gente elabora esse território mais.
  • 5:12 - 5:17
    Depois nós, não mais
    o tempo, mas o espaço;
  • 5:17 - 5:20
    assim como a gente está agora
    aqui, dividindo esse espaço,
  • 5:20 - 5:24
    e dividimos tantos espaços aí,
    em outros lugares,
  • 5:24 - 5:26
    na cidadania e tanto mais.
  • 5:27 - 5:32
    E o tu, que tem a ver com essa outra
    dimensão da nossa consciência,
  • 5:32 - 5:36
    que é onde a gente descobre
    que a gente está certo ou errado.
  • 5:36 - 5:40
    O outro é sempre a medida
    da nossa liberdade,
  • 5:40 - 5:45
    a medida em que a gente escuta
    uma fala diferente, etc.
  • 5:45 - 5:49
    E eu vou querer rapidamente
    olhar esses territórios,
  • 5:49 - 5:51
    pra gente pensar o que é
    acordar, um pouquinho,
  • 5:51 - 5:54
    e despertar um pouquinho
    nesses territórios.
  • 5:55 - 6:01
    Então, primeiro, essa relação nossa
    com a existência e com o tempo,
  • 6:03 - 6:08
    em que, muitas vezes, a gente
    racionalmente tem que ir pra esse lugar.
  • 6:08 - 6:14
    Mas acho essas duas histórias
    contemplam bem
  • 6:14 - 6:16
    o lugar de estar acordado no tempo.
  • 6:16 - 6:21
    Esta primeira história
    acho tem origem persa,
  • 6:22 - 6:27
    é dessas regiões onde eles fazem
    esses tapetes inacreditáveis,
  • 6:27 - 6:33
    que são tapetes que levam décadas,
    às vezes, pra serem realizados,
  • 6:33 - 6:36
    e em que uma pessoa
    vai visitar um desses artesãos
  • 6:36 - 6:42
    e vê esse artesão ainda no meio do trabalho
  • 6:42 - 6:44
    e pergunta pra ele:
  • 6:44 - 6:49
    "Você não tem medo de não conseguir
    concluir este trabalho?"
  • 6:51 - 6:53
    E o artesão responde:
  • 6:53 - 6:57
    "Não, mas não tenho medo de não concluir,
    porque eu não o comecei".
  • 7:00 - 7:03
    Este é um marco, um parâmetro pra nós.
  • 7:03 - 7:10
    O outro, uma história clássica
    lá do Meio Oriente,
  • 7:10 - 7:15
    onde você tem um senhor de idade já
    plantando um cedro
  • 7:15 - 7:19
    e vem uma pessoa e pergunta:
    "Por que você está plantando um cedro?
  • 7:19 - 7:23
    Porque esse cedro leva
    muitos anos pra crescer.
  • 7:23 - 7:29
    Até poder usufruir da sombra desta árvore,
    talvez você não esteja aqui".
  • 7:29 - 7:32
    E ele fala alguma coisa
    semelhante, e ele diz:
  • 7:32 - 7:35
    "Sim, mas meus antepassados
    plantaram cedros pra mim,
  • 7:35 - 7:38
    e eu estou realizando a mesma coisa".
  • 7:38 - 7:43
    Assim, por um lado é o despertar
  • 7:43 - 7:48
    de uma relação nossa
    com a própria existência,
  • 7:48 - 7:50
    com nossa própria finitude,
  • 7:50 - 7:54
    em que a gente se descobre desperto,
  • 7:54 - 8:01
    não iniciando nada nem concluindo
    quando a gente termina,
  • 8:01 - 8:04
    de a gente estar de alguma forma
    referenciado de outra maneira.
  • 8:04 - 8:08
    É o que na tradição judaica,
    na "Ética dos Pais",
  • 8:09 - 8:12
    a ética dos ancestrais, por assim dizer,
  • 8:12 - 8:14
    é um livro só sobre despertares,
  • 8:14 - 8:17
    tentativas de deixar
    um legado dos ancestrais
  • 8:17 - 8:19
    pra que as pessoas acordem
  • 8:19 - 8:24
    e que elas possam não ficar adormecidas
    durante sua vida, e isso diz:
  • 8:25 - 8:29
    você não tem que terminar nenhum trabalho.
  • 8:29 - 8:33
    A vida não tem nada a ver
    com conclusão de nada.
  • 8:33 - 8:37
    Ao mesmo tempo,
    você não tem como se eximir
  • 8:37 - 8:42
    da responsabilidade
    de fazer as coisas, de trabalhar.
  • 8:43 - 8:47
    Esse é um parâmetro de desperto
    muito interessante
  • 8:47 - 8:50
    de a gente se ver
    como parte de um processo
  • 8:50 - 8:54
    em que a gente não tem que terminar
    nem vai terminar nada,
  • 8:55 - 8:58
    mas que a gente tem
    uma responsabilidade enorme
  • 8:58 - 9:04
    de estar aí participando e aperfeiçoando
    durante a nossa existência.
  • 9:04 - 9:09
    E essa relação com o caminho,
    que é uma relação sempre tão difícil.
  • 9:09 - 9:13
    Eu botei aqui uma sobremesa,
  • 9:14 - 9:20
    porque talvez o lugar da alimentação é
    sempre o lugar mais direto pra todos nós.
  • 9:21 - 9:26
    E, quando a gente é criança,
    uma das grandes brigas da vida da gente
  • 9:26 - 9:29
    é a gente querer comer a sobremesa
  • 9:29 - 9:32
    e não ter que passar
    por todos os outros pratos.
  • 9:33 - 9:38
    Essa é uma briga que nós fazemos
    a vida inteira, como adultos.
  • 9:38 - 9:41
    A gente está sempre
    querendo chegar na sobremesa.
  • 9:41 - 9:45
    A gente está sempre querendo viver
    os processos da vida de forma adormecida.
  • 9:45 - 9:51
    Então a gente vai ao supermercado
    fazer uma compra,
  • 9:51 - 9:54
    e a gente já constrói a nossa vida,
  • 9:54 - 9:57
    que é uma maneira mais fácil
    pra gente controlar as coisas,
  • 9:57 - 10:02
    "Vou ao supermercado", e a gente vai
    ao supermercado sem estar acordado,
  • 10:02 - 10:06
    sem estar se relacionando com as coisas
    que vão acontecendo pelo caminho,
  • 10:06 - 10:10
    pelos sentimentos que a gente vai tendo,
    pelos vínculos que a gente vai fazendo,
  • 10:10 - 10:17
    porque a gente está sempre construindo
    a nossa vida de chegar nesse lugar final.
  • 10:18 - 10:22
    E a grande descoberta da sobremesa,
  • 10:23 - 10:29
    que é, na verdade - estávamos conversando
    há pouco sobre a gastronomia -
  • 10:29 - 10:34
    que é a capacidade de ensinar, neste lugar
    que é tão animal, em todos nós,
  • 10:34 - 10:39
    tão reptiliano que é o estômago,
  • 10:40 - 10:46
    de poder usufruir toda essa
    caminhada nutricional da comida.
  • 10:47 - 10:51
    E a gente às vezes se esquece.
    Porque o que é uma sobremesa?
  • 10:52 - 10:57
    A sobremesa é a parte da comida
  • 10:57 - 11:00
    que a gente come quando a gente
    já não tem mais fome.
  • 11:02 - 11:08
    É o lugar da maturidade
    da nossa experiência gastronômica.
  • 11:08 - 11:12
    Porque a gente senta à mesa
    morrendo de fome.
  • 11:12 - 11:16
    E se a gente for comer a sobremesa
    na hora em que a gente está com fome,
  • 11:16 - 11:19
    a gente vai fazer uma coisa
    totalmente equivocada;
  • 11:19 - 11:26
    caloricamente e no sentido,
    também, daquela experiência.
  • 11:26 - 11:28
    Então a gravidade
  • 11:28 - 11:32
    de a gente estar sempre querendo
    produzir esse efeito da sobremesa,
  • 11:32 - 11:35
    esse efeito infantil de todos nós,
  • 11:35 - 11:38
    é que a gente acaba saboreando uma coisa
  • 11:38 - 11:41
    que tem a ver com maturidade,
    com estar desperto,
  • 11:41 - 11:45
    num lugar de fome,
    num lugar totalmente equivocado.
  • 11:45 - 11:51
    Então este é um lugar
    pra gente trabalhar um pouco o nosso eu.
  • 11:52 - 11:53
    O nós.
  • 11:53 - 11:57
    Eu trago esta breve história do talmude,
  • 11:58 - 12:00
    do Baba Bathra, que é um dos tratados,
  • 12:00 - 12:02
    que conta sobre um homem
  • 12:02 - 12:08
    que estava tirando pedras do seu terreno
    e colocando no meio da rua,
  • 12:08 - 12:11
    e passa um sábio e diz pra ele:
  • 12:11 - 12:17
    "Por que você está
    jogando essas pedras fora,
  • 12:17 - 12:20
    de um terreno que não é teu,
    pra um terreno que é teu?"
  • 12:21 - 12:24
    E ele ri desse homem,
    não entende do que ele está falando.
  • 12:24 - 12:27
    Passam alguns meses,
    ele vende esse terreno,
  • 12:28 - 12:33
    e um dia ele está andando,
    tropeça nas pedras
  • 12:33 - 12:35
    e se dá conta: "Uau!
  • 12:35 - 12:37
    Como era sábio esse homem
  • 12:37 - 12:40
    que me disse que eu estava tirando
    do terreno que não era meu
  • 12:40 - 12:43
    e colocando no terreno que era meu".
  • 12:43 - 12:45
    Esse é o lugar desperto,
  • 12:45 - 12:47
    tão, tão na contramão
    do que a gente imagina.
  • 12:47 - 12:51
    Tudo que é do nós,
    tudo que tem a ver com o público
  • 12:51 - 12:57
    é muito mais nosso do que aquilo
    que é privado e particular.
  • 12:57 - 13:00
    E tem que despertar pra enxergar isso,
  • 13:00 - 13:03
    não é uma coisa muito simples.
  • 13:04 - 13:08
    Por último, o tu, que é
    a nossa relação com o outro,
  • 13:08 - 13:11
    com o que o outro pensa,
  • 13:11 - 13:16
    que tem uma função muito importante
    pra nos ensinar um pouquinho sobre a vida,
  • 13:16 - 13:19
    sobre a realidade, de forma despertada,
  • 13:20 - 13:23
    que é a possibilidade.
  • 13:23 - 13:24
    Conto pra vocês uma história,
  • 13:24 - 13:29
    um rabino que recebe
    dois indivíduos num litígio.
  • 13:30 - 13:33
    Eles estão brigando por terras,
    por demarcação de terras.
  • 13:33 - 13:38
    Ele escuta a fala
    de um dos que estão em litígio
  • 13:38 - 13:42
    e, ao término, balança a cabeça,
    concordando e diz: "Você tem razão".
  • 13:42 - 13:47
    Logo depois, ele ouve o outro indivíduo,
    que traz os argumentos dele,
  • 13:47 - 13:53
    e esse indivíduo também apresenta
    de maneira contundente ali a opinião dele,
  • 13:53 - 13:57
    o rabino balança a cabeça
    e diz: "Você está certo".
  • 13:57 - 14:00
    E o secretário, que estava ali
    observando tudo isso,
  • 14:00 - 14:03
    e vendo o rabino
    naquele lugar de arbítrio, de juiz,
  • 14:03 - 14:06
    tendo dito que um está certo
    e o outro está certo,
  • 14:06 - 14:11
    esse secretário diz: "Rabino, por favor,
    eles vieram aqui pra decidir um litígio.
  • 14:11 - 14:14
    Como o senhor diz que este está certo
    e que este está certo também?"
  • 14:14 - 14:18
    E o rabino olha pra ele e diz:
    "É, você está certo".
  • 14:18 - 14:19
    (Risos)
  • 14:22 - 14:28
    Porque uma das coisas mais incríveis
    de a gente estar desperto e consciente
  • 14:28 - 14:31
    é o fato de que não existe certo e errado.
  • 14:31 - 14:33
    Existem certos e errados,
  • 14:33 - 14:39
    mas não necessariamente
    você tendo um certo tudo mais é o errado.
  • 14:39 - 14:43
    A descoberta, a capacidade
    da gente conter outras narrativas,
  • 14:43 - 14:46
    que são as narrativas
    do outro, do outro olhar,
  • 14:46 - 14:51
    isso produz em nós uma capacidade
    de lidar com o paradoxal
  • 14:51 - 14:55
    e termos na nossa própria cabeça
    dois certos, três certos,
  • 14:55 - 14:57
    quantos forem necessários,
  • 14:57 - 15:01
    pra que a gente possa estar
    verdadeiramente desperto.
  • 15:02 - 15:06
    Então, realmente, rapidamente passando
    por todas essas questões
  • 15:06 - 15:12
    que são pra gente decodificar
    ou digerir pela vida afora,
  • 15:12 - 15:16
    eu queria, rapidamente,
    nos poucos momentos que me restam aqui,
  • 15:16 - 15:20
    antes de a minha finitude
    determinar o meu desaparecimento...
  • 15:20 - 15:21
    (Risos)
  • 15:21 - 15:25
    Mas eu não tenho que terminar,
    eu só tenho que cumprir esses 18 minutos.
  • 15:26 - 15:30
    Esses dois lugares aqui são
    dois lugares muito impressionantes.
  • 15:30 - 15:32
    Nós todos, pra estarmos despertos,
  • 15:32 - 15:35
    precisamos saber
    que a gente vive num mundo
  • 15:35 - 15:37
    em que a gente não controla as coisas.
  • 15:39 - 15:41
    Daí o lugar da fé.
  • 15:41 - 15:43
    E a palavra graça tem a ver com fé.
  • 15:43 - 15:47
    Porque as coisas que a gente faz
    nem sempre vão dar certo,
  • 15:47 - 15:50
    vamos ter controle e dar certo.
  • 15:50 - 15:54
    E todos nós temos que estar
    despertos de tal maneira,
  • 15:54 - 15:57
    que a gente consiga trocar
    os grandes problemas da gente,
  • 15:57 - 16:03
    que são as nossas compulsões,
    nossos hábitos, nossos vícios do passado,
  • 16:03 - 16:06
    e, em relação ao futuro, os nossos medos.
  • 16:07 - 16:13
    Se a gente ficar engolido pelas nossas
    compulsões, pelos nossos hábitos
  • 16:13 - 16:15
    e pelos nossos medos,
  • 16:15 - 16:18
    a gente nunca vai ter a graça
    de não perder a graça
  • 16:18 - 16:21
    quando as coisas não acontecem
    como a gente espera.
  • 16:21 - 16:23
    E as coisas não acontecem
    como a gente espera,
  • 16:23 - 16:26
    porque essa é parte
    da realidade de não controle
  • 16:26 - 16:28
    em que a gente está imerso.
  • 16:28 - 16:34
    E esta segunda aqui, que é o lugar
    da gente ter confiança,
  • 16:34 - 16:35
    fé, de acreditar numa coisa que...
  • 16:35 - 16:38
    Os americanos usam
    uma expressão muito bonita,
  • 16:38 - 16:44
    que diz: "Muito mais do que o bezerro
    quer mamar, a vaca quer dar o leite".
  • 16:45 - 16:48
    Nós estamos imersos, também, num universo
  • 16:48 - 16:51
    que, às vezes, não desperto,
    a gente não reconhece.
  • 16:51 - 16:54
    Conto pra vocês uma coisa:
    estou saindo daqui correndo
  • 16:54 - 16:57
    de volta pro Rio, pra um almoço
    na casa do Luciano Huck,
  • 16:57 - 17:02
    que está celebrando eles terem se salvado
  • 17:02 - 17:06
    de um acidente aéreo um ano atrás.
  • 17:06 - 17:11
    Nesta semana, uma pessoa
    que é diretora da pediatria do INCA,
  • 17:11 - 17:13
    do Instituto Nacional do Câncer
    no Rio de Janeiro,
  • 17:13 - 17:19
    me ligou e disse: "Nilton, você consegue
    um contato com o Luciano?
  • 17:19 - 17:20
    A gente está fazendo uma reforma,
  • 17:20 - 17:24
    e precisamos da força dele
    pra levantar fundos".
  • 17:24 - 17:25
    Eu disse: "Vou tentar".
  • 17:25 - 17:29
    Desliguei o telefone,
    toca o telefone, é o Luciano.
  • 17:30 - 17:32
    Tocou na hora.
  • 17:32 - 17:34
    Eu disse: "Luciano?"
    Ele disse: "É..."
  • 17:34 - 17:37
    E ele: "Eu queria te pedir um favor".
  • 17:37 - 17:38
    Eu disse: "Sim?"
  • 17:38 - 17:42
    "Eu vou fazer uma semana aqui
    só de coisas de gratidão
  • 17:42 - 17:44
    e queria ajudar, de alguma forma.
  • 17:44 - 17:48
    Você tem alguma ideia de alguma coisa
    que eu possa fazer pra ajudar
  • 17:48 - 17:49
    e celebrar este momento?"
  • 17:49 - 17:50
    (Aplausos)
  • 17:50 - 17:53
    Eu disse: "Tenho uma ideia".
  • 17:53 - 17:55
    (Aplausos)
  • 17:55 - 18:00
    É esse lugar que eu convido vocês,
    agora de manhã cedo, de a gente despertar,
  • 18:00 - 18:02
    de a gente fazer
    esse esforço tão incrível,
  • 18:02 - 18:07
    porque o que a gente descobre ao despertar
    é: "Gevalt! Uau! Que incrível",
  • 18:07 - 18:09
    e às vezes a gente está dormindo.
  • 18:09 - 18:10
    Obrigado.
  • 18:10 - 18:12
    (Aplausos)
Title:
Despertar de despertar | Nilton Bonder | TEDxLaçador
Description:

O rabino Nilton Bonder nos leva para os lugares do despertar. Na tradição judaica, existe uma história sobre um menino que acorda no meio da noite e pergunta para o pai: “Pai, se existe acordar de estar dormindo, existe acordar de estar acordado? Se eu tenho um sonho quando estou dormindo, como vou saber que agora não estou sonhando?” Sempre que você se fizer essa pergunta, você não está sonhando.

Nilton Bonder é rabino e líder espiritual da Congregação Judaica do Brasil. Também tem realizado trabalhos de consultoria para empresas como Natura, IBM, Embratel, Vale, O Globo, entre outras. Dirige o Centro de Cultura Midrash no Rio de Janeiro. Seu livro “A Alma Imoral” foi adaptado para o teatro com grande sucesso, tendo sido considerado o melhor espetáculo em São Paulo no ano de 2008 pela revista Veja.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
Portuguese, Brazilian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:15

Portuguese, Brazilian subtitles

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